— Hey! Já passou da hora de acordar.

— Am... O quê? – disse confusa.

Tentei abrir os olhos, mas a luz do meu quarto estava muito forte, o que era estranho.

— O... O que eu estou fazendo aqui?

Eu mal conseguia falar. Ali não era o meu o quarto, ali nem se quer era a minha casa. Eu o encarava sem entender muita coisa, estava sentido uma dor de cabeça muito forte, então ele estendeu a mão e me entregou uma xícara enorme:

— Toma, você deve estar precisando.

— O que é isso? - consegui pronunciar ainda com muito sono e peguei a xícara de sua mão.

— Café, o que mais seria?

— Não sei. Eu espero qualquer coisa vindo de Chuck Bass.

Ele riu.

Levantei da cama e bebi todo o café.

— Está se sentindo melhor?

— Sim. Obrigada.

Eu ainda estava com sono e com dor de cabeça. Eu não me lembrava de nada o que aconteceu depois da mensagem da Gossip Girl.

Olhei para cama e depois para mim, ele apenas riu:

— Não se preocupe, você está vestida. E não, não aconteceu nada.

— Desculpa, é que eu... Eu não me lembro de muita coisa que aconteceu ontem...

— Qual é a última coisa que você se lembra?

— De receber uma mensagem da Gossip Girl.

Ele me olhou preocupado:

— Bom... ontem depois da briga e de você ter insistido em cuidar de mim mesmo eu dizendo que estava bem...

Ele parou e ficou encarando o chão, como se estivesse pensando em uma forma de me contar o que tinha acontecido.

— Eu me lembro disso, e...?

— Você recebeu a mensagem da Gossip Girl e em seguida sua mãe te ligou...

Eu o olhei confusa:

— Me ligou? Mas por quê?

— Ela te ligou para te falar que... que seu pai sofreu um acidente.

— Um... um acidente? Que tipo de acidente?

— O carro que ele estava capotou.

— E como... como...- eu não conseguia falar, não conseguia pensar direito, não conseguia segurar as lágrimas - como ele está?

— Sua mãe disse que tinha sido grave e ele teria que passar por uma cirurgia, mas ela ligou uma hora atrás e disse que ele já está melhor, só que ainda está inconsciente.

Agora era eu que encarava o chão, se é que ainda existia chão ali. Meu mundo havia desabado, eu sei que só via meu pai uma vez por ano, mas ele ainda era o meu pai.

— Então depois que você soube disso, você quis beber e você bebeu muito...

A essa altura da conversa eu não ouvia mais nada do que C falava, não aguentei e comecei a chorar.

—Chuck...

Eu não conseguia se quer montar um frase.

—Vai ficar tudo bem.

— E se não ficar?

—Vai ficar, o pior já passou, a cirurgia já acabou - ele me abraçou.

— Eu preciso vê-lo. Eu... eu tenho que ir para Washington.

— Eu sei, eu sei disso. Liguei para a sua casa e a Anne, acho que esse é o nome dela, já mandou suas malas e tem um jatinho esperando por nós.

O olhei e eu não conseguia acreditar naquilo:

— Chuck Bass sendo gentil? Obrigada.

Troquei de roupa, lavei o rosto e subimos até o teto do Empire, onde o jatinho Bass estava.

Chegamos ao hospital, vi minha mãe sentada e fui até ela, enquanto Chuck conversava com um médico.

— Mãe... como ele está?

— O David vai ficar bem, não se preocupe querida.

Ela me abraçou e chorei de novo. Eu queria ser forte, queria não chorar, mas eu não conseguia.

— Você acredita mesmo que ele vai ficar bem?

— Acredito.

Dei um sorriso fraco para ela:

— Então eu também acredito.

Ela sorriu para mim e Chuck chegou:

— Parece que a imprensa já sabe o que aconteceu com o deputado.

— Como assim?

—Tem alguns fotógrafos ai fora - ele respondeu se sentando.

Sentei ao seu lado e minha mãe saiu dali dizendo que ia beber água. Dava para ver como ela estava estressada com tudo aquilo.

— Obrigada... por vir comigo. Você deveria voltar, você ainda está machucado.

— São só alguns arranhões.

Sorri para ele que fez o mesmo.

Minha mãe voltou e se sentou em nossa frente:

— Liz... tem alguém te procurando.

— Quem?

Me virei acompanhando o olhar dela. E não! Não! Qualquer pessoa menos essa, por favor! Mas, já era tarde demais, ele havia me visto e eu não tinha forças para sair correndo dali e nem para brigar com ele ou xingá-lo.

— Liz! - ele veio correndo até mim.

— Oi, Leonard- disse seca - O que você esta fazendo aqui?

— Eu fiquei preocupado com você e com o seu pai.

— E por que você ficaria preocupado?

Levantei, saí de perto deles e ele me seguiu.

— Liz, nós precisamos conversar... Mas sei que agora não é a hora certa.

— Eu não tenho nada para conversar com você.

— Só que eu tenho.

—Eu não quero mais saber de você, Leonard!

Dei as costas para ele e estava saindo do hospital para tentar fugir não só dele, mas talvez de tudo o que estava acontecendo.

Quando estava chegando na porta de vidro, vi os paparazzi e dei meia-volta esbarrando nele.

— O que você quer?

— Que você me perdoe.

— Isso não vai acontecer - e fui em direção ao banheiro, mas ele me seguiu de novo.

—Leonard, para! – meus olhos já estavam cheios de lágrimas. - Para de me seguir, para de achar que nós vamos voltar, porque nós não vamos. Você mesmo disse que agora não é a hora certa... meu pai... não está bem. Para.

Ele chegou mais perto:

—Elizabeth...

— Não me chama assim.

Eu encarava o chão.

Ele se aproximou mais ainda, ergueu o meu rosto com os dedos e tentou me beijar. Quem tenta beijar alguém numa situação dessas?

— Nunca! Nunca mais faça isso!

Fui até a minha mãe e me sentei ao seu lado:

— O que aconteceu?

— Como assim?

— Com o Chuck.

— O que tem ele?

— Ele acabou sair daqui.

— Pra onde ele foi?

— Ele não disse. Aconteceu alguma coisa para ele sair daqui desse jeito?

— Não, quer dizer, eu acho que não...

Nisso o médico chegou:

— David Redford?

— Sim, somos a família dele - respondi me levantando.

Mesmo depois do divórcio minha mãe quis continuar com o sobrenome do meu pai, já que esse era o nome que ela havia dado a sua marca. Apesar de tudo ainda somos uma família, minha mãe ainda se reocupa com ele e ele com ela.

— Liz? A filha dele?

— Isso - confirmei.

— Bom, seu pai está muito machucado e não pode fazer muito esforço, mas ele está acordado e quer falar com você e depois com a Sra. Redford.

— Comigo? – minha mãe disse surpresa.

— Então isso significa que ele está bem?

— Sim, não cem por cento, mas logo vai ficar - sorri para ele.

Eu podia sentir o chão de novo, era como se nada mais pudesse me atingir.

Segui o médico até uma porta e ele a abriu fazendo um sinal para que eu pudesse entrar.

— Oi, filha- ele disse com uma voz fraca.

—Oi, pai...

Eu queria muito chorar, mas eu não podia. Quando eu era pequena meu pai sempre brigava comigo quando eu chorava, ele dizia que apenas os fracos choravam. Só que eu não consegui segurar as lágrimas, era impossível segurá-las.

Eu ri para ele chorando:

— Eu te amo... desculpa se eu nunca te disse isso.

— Eu também te amo.

Pude ver uma lágrima escorrer pelo seu rosto.

— Lembra que você me dizia que chorar era para os fracos?

— Então nós dois somos uns fracos querendo ser fortes - nós sorrimos.

— Eu senti saudades, pai. Você nunca mais me ligou...

— Desculpa Liz... Eu também senti saudades.

Abaixei apara abraçá-lo no meio de todos aqueles fios e aparelhos.

— Eu te amo... - ele sussurrou no meu ouvido- nunca se esqueça disso.

Sorri para ele.

— O paciente não pode se cansar muito - ouvi o médico dizer enquanto abria a porta.

—Tchau, pai.

Fui pegar um pouco de água e Leonard veio atrás de mim. Ele ainda não havia ido embora.

— Liz... Eu sinto muito pelo o que eu fiz. Não devia ter tentado te beijar.

— É bom mesmo que você esteja arrependido. Mas eu te perdoar sobre tudo não significa que nós vamos voltar. Hoje foi o último dia que a gente se vê, entendeu? Tudo o que eu te disse aquele dia continuar sendo verdade. Agora vai embora.