Pizza Fritza, localizada em um paralela à rua principal, era um ponto mais frequentado pelos moradores. Localizada no subsolo e com paredes de tijolos aparentes, tinha cerca de dose mesas laterais, seis centrais, e uma vitrola e um brinquedo eletrônico.

Apesar de uma noite agradável, o lugar não estava cheio, para uma sexta-feira à noite. Eu me dirigi à mesa maior, mas Ben parou, agarrou seus irmãos e literalmente empurrou-os para um dos bancos de uma mesa lateral menor.

- Queremos sentar aqui.- ele falou em nome dos irmãos.

Eu objetar, primeiro porque a mesa era pequena; segundo, porque eu e Bella teríamos que sentarmos no mesmo banco. Porem, percebi que ela também estava constrangida com a situação, e decidi entrar no jogo dos garotos.

- Por favor.- eu disse, indicando para que ela sentasse primeiro.

Ela deslizou desajeitada pelo banco desocupado tentando ficar o mais perto possível da parede.

Eu sentei ao lado dela, cuidando para não toca-la.

Ben sorriu, visivelmente satisfeito por ver nós dois sentados juntos.

- Puxa, isso não está divertido?

- Ah, sim. Muito divertido.- Eu e Bella murmuramos.

- Podemos jogar videogame?- ele pediu.

- Não.

Eu definitivamente não estou disposto a ficar sozinho com Isabella Swan. Até descansar meu corpo e relaxar daquele dia infernal, não desejo tenta-lo com a proximidade daquelas curvas.

- Mas eu quero jogar “ Os invasores do espaço”- Insistiu Erik.- Por favor, papai.

- Não.

- Ah, como não, papai- choramingou Ben.- uns joguinhos...

- Deixa, deixa, deixa?- implorou Mike.

- Não tenho moedas.

No momento em que falei, eu percebi que cometi um erro. Os rotos dos garotos se iluminaram como luzis de mercúrio.

- Aposto como Bella tem alguma.- lembrou Ben.- Ela sempre trás, só para nós. Não é verdade Bella?

Pv Bella

Me senti paralisada com os quatro pares de olhos me fitando. Que situação...

- O pai de vocês disse não.

- Mas se ele dissesse sim.- arriscou Ben, exercendo precocemente sua vocação para promotor.- Você nos daria?

- Bem, sim, mas...

- Eu sabia.- o garoto olhou ansioso para o pai.- Está vendo, papai? Bella tem moedas! Então, podemos jogar, por favor?

- Bem, já que ela tem as moedas...

O olhar de Edward para mim foi tão gelado que eu senti me esfriar por dentro. Mas, ainda assim, essa sensação era mais segura do que o arrepio que eu sentia quando ele se aproximava mais.

Com isso em mente, eu vasculhei a bolsa, tirei algumas moedas e dividias fraternamente.

- Uau! Obrigada!

Os três deslizaram rapidamente para fora do banco e saíram como balas, exceto Ben, que demorou o suficiente para dizer ao pai:

- Está vendo, papai, eu não lhe disse? Ela não é um barato?- Sorriu e deu um tapinha no ombro de Edward.- Agora vocês podem bater um papo. E não se preocupem com meus irmãozinhos porque vou tomar conta deles por vocês.

Eu olhai para Edward com o canto dos olhos.

- O que será que está acontecendo?

- Não faço a mínima ideia.

No instante seguinte, a garçonete chegou para anotar o pedido. Assim que ela saiu, Edward mudou para o banco na minha frente.

Eu precisei disfarçar um suspiro de alívio. Mas, mesmo assim, o silêncio incômodo só foi quebrado quando a garçonete retornou com torradas, refrigerantes e cindo copos. Edward encheu um e me entregou.

- Então você é amiga de Emmett...- ele começou.

- Sim, mas...

- Não no sentido bíblico.- ele terminou por mim.- Pelo menos foi o que você disse. Mas fique tranquila.- ele me olhou maliciosamente.- Você não é o tipo dele.

Eu achei melhor não perguntar o que ele estava querendo dizer com aquilo.

- Graças a Deus! Ele também não é meu tipo.

Ele mi fitou desconfiado, ante a minha resposta ríspida.

- Como ele está afinal?

- Ótimo.- eu sorri, evidenciando minha afeição por Emmett.- Na última vez em que o vi, ele estava em muita boa forma, fazendo comentários sarcásticos a respeito da cerveja italiana.

Um arremedo de sorriso formou-se nos lábios de Edward.

- E onde foi isso?

- Trieste. Estávamos chegando de uma semana na Bósnia, cobrindo os bombardeios.

- Ah...- Edward ficou observando o líquido em seu copo.- Como você foi terminar aqui? Este lugar parece muito estranho para uma repórter em férias.

Eu fiquei indecisa entre mentir ou compartilhar com ele meus assuntos pessoas.

- Você acreditaria se eu dissesse que estou fazendo uma matéria sobre babás?

Ele endureceu a expressão.

- Não. Que tal se disser a verdade?

Determinada a manter um clima suave, eu suspirei intencionalmente.

- Meu medo era que você dissesse isso. Na verdade estou pensando em mudar de carreira, e seu irmão foi um doce em me oferecer a cabana para pensar com calma.

Certamente, não foi bem isso o que eu disse a Emmett. Para ele anunciei.

- Estou fora. Ponto final.

Ao que Emmett claro replicou.

- Por que diabos você quer fazer isso?

- É que... já não vejo mais graça.

- Já sei. É porque atiraram em nós quando voltávamos para o esconderijo, certo? Droga, eu deveria ter tomado a outra estrada. Se...

- O problema não é você, Cullen.- eu o tranquilizei.- Sou eu. Já faz tempo que ando pensando nisso. É claro que o risco faz parte do negócio, mas não é tudo.

- É só um trabalho, Swan.- assegurou Emmett.- Não é nenhuma missão sagrada. Há quanto tempo você não tira férias?

- Não sei. Já faz um tempão. E isso importa?

- Ora, se importa! Você não pode desistir. Além de mim, claro, você é a melhor jornalista que eu conheço, droga!- depois de alguns instantes, ele perguntou, finalmente:- Você gosta de criança?

Eu estreitei os olhos.

- Se vai começar uma conversa machista sobre o meu relógio biológico, pode esquecer.

Emmett levou a mão ao coração e assumiu uma expressão ferida.

- Por Deus, Swan, como você é sensível! Eu nunca diria algo parecido.- um ar malicioso iluminou os olhos castanhos claros.- No entanto, se você descobri que chegou a hora de ser mãe, estou disposto a sacrificar minha virtude pela causa.

- Virtude? Você conquistou mais territórios europeus que Napoleão e Hitler juntos.

- Está com ciúmes?

- Quanta pretensão!

Dando de ombros, ele tirou um molho de chaves do bolso, retirou uma e empurrou para mim, sobre a mesa.

- Perguntei se você gosta de criança, por causa disto. A chave é do meu cantinho neste mundão velho, uma cabana dentro da propriedade de meu irmão, ao norte de Seattle. Se está procurando um lugar para relaxar e não fazer nada este é perfeito. O problema é que os meus sobrinhos fazem parte do pacote. Mas não me entenda mal: os garotos são bárbaros, só que às vezes extrapolam um pouco.

Eu olhei para a chave, saboreando a ideia de viver em um lar de verdade, só para variar.

- E seu irmão e sua cunhada? Eles provavelmente não vão se sentir muito bem com uma estranha por perto.

- Não se preocupe. Edward comprou a casa depois que a mulher Tania, morreu. Vou escreve-lhe para avisar que você estará chegando, mas ele provavelmente estará tão ocupado trabalhando que nem vai perceber que você está lá.

Ficar em um lugar que não fosse um hotel era uma ideia muito tentadora para resistir.

- Quer saber? Vou aceitar. Mas só se você aceitar que eu pageu minha estada.

- Sem chance.- ele disse com firmeza.

Sentada em um banco no Pizza Fritza um mês e meio depois, eu sorri ao lembrar da discussão que se seguiu.

O sorriso sumiu, no entanto, ao me lembrar de como Emmett estava bonito naquele dia. Fiquei imaginado por que nunca houve atração física entre nós dois. Bem agora eu sabia. Estava esperando aquele irmão mais velho mal-humorado acendesse minha chama.

Como se estivesse lendo minha mente, Edward recostou-se e espreguiçou-se, sem deixar um segundo de ser elegante e sexy.

- E você realmente está pensando em mudar de profissão?

- Sim.- obviamente, ele não acreditou em mim.- Por que não deveria?

- Por que desistir quando está no auge?- ele instigou.- Afinal, você ganhou um Pulitzer.

Mas fora justamente após o prêmio que tudo começou a mudar, embora eu não conseguisse definir por que. Meneei o ombro.

- Gostaria de experimentar algo diferente.

- Por exemplo?

- Ainda não decidi.

Naquele momento, eu descobri que preferia fazer perguntas a responde-las.

- Estou pensamento em trabalhar como babá. Ouvi dizer que pagam muito bem.

Ele me fuzilou com o olhar.

- Muito engraçado...

- E você? As negociações acabaram bem?

Ele tomou um gole e meneou a cabeça enquanto punha o copo sobre a mesa.

- Sim, mas deu muito trabalho. Devo estar no Sudeste na semana que vem e já estava começando a crer que não daria tempo.

- Ah...- ela não consegui disfarçar o tom de desapontamento.

Ele franziu as sobrancelha.

- Algum problema?

- Não, é claro que não- respondi rapidamente.- É que... você mal chegou em casa.

- É verdade. E já estou de saída na semana que vem. Preciso sustentar uma família, como todo mundo.

- Mas...

- Ouça, tenho certeza de que suas intenções são as melhores.- ele disse com impaciência.- E eu realmente aprecio o que você fez, assumindo tudo nos últimos dias. É óbvio que os garotos a adoram. Mas não preciso que ninguém me diga como cuidar de meus filhos. Sou perfeitamente capaz de proporcionar tudo o que eles precisam.

- Exceto o seu tempo.- eu murmurei.

Edward projetou a cabeça para frente.

- Desculpe-me?

- Nada.- eu respondi, desconcertada com minha própria presunção.- Eu só...

Felizmente, antes que eu pudesse me meter em apuros, as vozes dos garotos atraíram a nossa atenção.

- É minha vez Erik!

- Não é! Eu ainda tenho direito a mais um jogo, Ben!

Edward ergueu-se rapidamente.

- Com licença. Preciso cuidar daquilo.

- Claro.

Ele saiu antes que eu terminasse de falar e, surpreendentemente, resolveu a disputa com algumas palavras firmes. A seguir, abaixou-se para ouvir o que Mike tinha a dizer. Ele meneou a cabeça e desapareceu para em seguida surgir com um cadeirão que posicionou na frente de um videogame mais adequado ao menininho.

Eu tive que admitir que fiquei surpresa com a performance inesperada. Ele não estava agindo como um pai distante e indiferente. A sensação aumentou quando depois de erguer Mike até a cadeira, o pequeno o abraçou agradecido.

A garçonete ainda me encontrou extasiada em meu devaneio.

- Uma de pimentão com queijo extra e uma à moda da casa.- a mulher anunciou alegremente, depositando as bandejas redondas sobre a mesa.

Eu mal tive tempo de me encolher contra a parede em meio aos gritos de “Oba!” e “ Já estava na hora!” parecia que fazia meses que os garotos não comiam. Demorou um certo tempo até que se pudesse estabelecer algum tipo de conversa.

- Você está se divertindo?- Ben finalmente perguntou a mim, depois de ter abocanhado quatro pedaços quase sem parar para respirar.

- É claro que sim!- respondi, sorrindo agradecida por ele e o irmão terem me livrado da tensão entre eu e Edward.ele sorriu.

- Isto é bom.- e voltou-se para Edward.- E você?

- Lógico.- ele disse rispidamente.

Ben voltou-se para mim.

- Tio Jasper diz que papai é um bom partido, sabe? Diz que ele tem um grande carro, uma grande casa e um grande...

- Benjamim!- advertiu o pai.- Agora chega.

- Ih, pai, eu não falei nada de errado, falei?

- É que não é muito educado repetir o que outra pessoa contam a você.- Edward explicou, evitando o meu olhar divertido e acenou em seguida, para pedir a conta.

- Ah, sei...- o garoto parecia meditar profundamente.- Você quer dizer que não devo dizer que o Tio Emmett disse que você é assim emburrado só porque quase não tem tempo para fazer...

- Benjamim!- o tom de voz do pai foi letal.

Ben, no entanto, não se intimidou.

-...um relaxamento?- ele terminou, inocentemente.

Eu inclinei a cabeça fingi tossir para disfarçar a vontade de gargalhar.

Porém antes que Ben pudesse se voltar para a comida, a garçonete chegou trazendo conta. Automaticamente, eu estendi a mão para pega-la, e Edward fez o mesmo. Nossos dedos se tocaram. A mão enorme de Edward cobriu a minha mão delicada. Nós dois nos olhamos e eu senti o calor cobri meu corpo.

Isso não é nada, eu disse a mim mesma. Provavelmente eu estava com alguma doença encubada. Um resfriado. Uma gripe. Uma carência sexual aguda.

Edward disse com firmeza:

- Eu pago.

Eu afastei a mão e tentei sorrir com descontração.

- Como quiser.

Por um milésimo de segundo, eu poderia jurar ter visto algo perigoso brilhar nas profundezas daqueles olhos dourados. No entanto, Erik conseguiu entornar um copo de refrigerante gelado no colo do pai, fazendo-o saltar praguejando.

Desnecessário dizer que isso acabou com aquilo.