Capitulo 7 - Royal Teathre

Vagueava há quase uma semana. As forças começavam a faltar-lhe. Notava-se no andar. Arrastava os pés quase a cambalear. Passava as noites em becos escuros e fétidos e comia dos caixotes do lixo.

Desesperado, perdido e confuso, chegou a desejar que alguém do orfanato o encontrasse e levasse de volta. Podia não ser o melhor lugar mas ao menos tinha uma cama onde dormir e comida decente. «Não» Pensou. «Não posso voltar para aquele lugar». «É terrível demais». A fraqueza apoderou-se dele e caiu no chão húmido.

Acordou, passado algum tempo. Já não estava na rua. Olhou em volta. O lugar onde estava parecia um armazém de carnaval pois tinha toda a espécie de adereços, desde perucas, vestidos, sapatos, sombrinhas e cartolas. Também tinha pedaços de tecido e de madeira. A cama onde estava deitado era de palha forrada com uma manta.

— Vejo que já acordaste.- Uma voz soou bem perto de si. Virou-se. Um homem de cabelo e olhos castanhos com aspeto envelhecido embora não aparentasse ter mais que a idade da sua mãe. Estava vestido com umas calças castanhas largas para disfarçar a perna manca, uma camisa de mangas em balão e um colete da cor das calças. Os sapatos eram pretos.

— Toma, deves ter fome.- Disse, estendo-lhe um pão e um copo de sumo.

Shaoran recebeu-os agradado. Comeu com prazer.

— Obrigado, senhor.- Agradeceu.

O homem sorriu.

— Chama-me John, rapaz.- Disse.

O rapaz apresentou-se:

— Eu sou o Shaoran. Muito Prazer.-

John, então, olhou para ele com uma expressão confusa.

— Já vi muita coisa neste mundo, mas nunca tinha visto nada como o que tens aí.- Apontou para o olho.

Shaoran ficou surpreso. O que teria o seu olho? John estendeu-lhe um espelho. Quando olhou, Shaoran fez uma expressão assustada.

—Tenho de tapar isto.- Apressou-se a dizer. – Ninguém o pode ver!-

Rapidamente, procurou qualquer coisa e encontrou uma máscara branca. Pediu uma faca a John. Este negou-lha.

— Ainda és muito novo para mexer em facas. Eu faço isso.- Sugeriu.

Shaoran consentiu. John agarrou na faca e cortou a máscara á medida da cara do rapaz. Depois, entregou-lha. Assim que a colocou, sentiu-se estranho, mas depois até gostou. Sorriu e agradeceu a John.

…

Sakura e Tomoyo passeavam pelas ruas de Paris. Tinham acabado mais um dia de aulas e desfrutavam do fim de tarde da cidade.

Ao passarem por um mercado de rua, Sakura não pôde deixar de admirar as joias que estavam expostas numa das bancas. Mas o que lhe prendeu a atenção foi um gancho de cabelo com uma rosa de cor-de-rosa. Resolveu comprá-lo. Iria usá-lo em ocasiões especiais.

…

No teatro, Shaoran aprende com John a pintar cenários, arranjar adereços e esconder-se nos bastidores durante os ensaios. Aquela cave tornara-se no seu sítio favorito. Lá, podia ser ele mesmo.

Sempre que estava só, tirava a máscara e admirava o seu segredo. Ainda lhe fazia confusão, mas já começava a habituar-se.

Á frente de John, podia não usar a máscara, mas sempre que tinha de ir a outros sítios levava-a.

Continua….