FELICITY SMOAK

Desci do carro com meu olhar fixo a mansão a minha frente, eu podia sentir que Oliver observava meu perfil com atenção, mas ainda assim não deixei de admirar o local. Era de se esperar que morando em uma mansão tão deslumbrante como a que estava diante de mim, eu mostraria certa indiferença agora. Mas eu ainda era apenas uma camareira, esse tipo cenário sempre iria me impressionar. Toda essa opulência sempre seria inquietante para mim.

— Podemos entrar? – Encarei Oliver que me dirigia um olhar preocupado, senti o leve toque em meu cotovelo, afastando-me um pouco da entrada, a porta estava fechada, mas eu podia escutar a música suave através dela e os sons de algumas risadas, pelas janelas abertas eu tinha apenas um breve vislumbre dos vestidos elegantes e ternos escuros. Deixei meu olhar cair em Oliver que apesar de ter me chamado para entrar havia feito uma ação totalmente contrária as suas palavras. Deixei meu olhar confuso se encontrar ao seu e ele suspirou parecendo cansado. – Podemos ir para casa, se você preferir.

— É a festa da empresa. – Dei de ombros. – Temos que entrar.

— Sim, mas você claramente está se sentindo desconfortável. – Murmurou. Fiquei surpresa com o que disse, eu vinha tentando com muito esforço não demonstrar o desconforto que essa festa me trazia desde o momento em que eu soube. – Desde que saímos do consultório, você... Eu não sei, talvez devêssemos voltar para casa, passarmos um tempo com as crianças e então conversarmos sobre a sessão. – Sugeriu. – Nós realmente precisamos conversar sobre aquilo.

— Aquilo? – Indaguei tentando compreendê-lo.

— Você estava pronta para sabotar mais uma vez qualquer chance de aproximação. – Falou aborrecido.

— Eu estava brincando. – Dei de ombros. – Eu estava nervosa.

— Estava? – Questionou incerto. – Se ela concordasse, você teria feito alguma oposição?

— Oliver, eu acho que devíamos entrar. – Falei movendo-me inquieta. Ele meneou a cabeça percebendo que essa por si só era uma resposta. – Melhor aproveitar a hora seguinte tomando champanhe e comendo alguns aperitivos do que entrar em outra DR com você, de novo. – Suspirei.

— Megan...

— Eu estou pedindo uma pausa. – Confessei. – Todos os dias são sempre os mesmo. Abraçamos uma rotina na qual usamos as crianças para nos distrairmos, ignoramos nossos problemas, ou no máximo fazemos algum comentário passivo-agressivo sobre toda a situação. – Assenti. – Hoje fui surpreendia com uma terapia de casal que embora eu não queira muito, existe a chance de ser algo positivo para nós dois, mas ainda assim foi uma surpresa, eu não gosto de surpresas. – Dei de ombros. – Então eu estou mal humorada, e se eu posso fazer algum comentário passivo-agressivo no momento, não vai ajudar muito o fato de que estou entrando em uma festa coordenada pela mulher com que você me traiu. Onde você me traiu. – Ele abriu a boca pronto para argumentar. – Então eu quero entrar lá, e apenas seguir nosso plano, Ok?

— Nós temos um plano? – Foi sua resposta.

— É claro. – Falei segurando o seu braço. – Consiste basicamente em entrar, sorrir falsamente e sair após a primeira hora completa.

— Você não precisa fazer isso. – Murmurou me detendo. – Você não precisa encarar Isabel hoje, vamos para casa. – Pediu. Meneei a cabeça em negativa. Ele suspirou agitado. – Por que você precisa ser tão teimosa sobre isso?

— Por que eu sou uma mulher. – Falei erguendo meu queixo. – Sua mulher. – Seu cenho se elevou, surpreso com minha afirmação feita sem qualquer hesitação. Honestamente mesmo eu estava surpresa com minha determinação em não faltar a essa festa. - E o inferno irá congelar antes que eu deixe que ninguém menos que Isabel Rochev me impeça de ir a festa da minha empresa, na companhia do meu marido.

Oliver me encarou pelo o que pareceu ser longos segundos. Seu olhar me intimidando um pouco, eu não tinha certeza do que se passava em sua mente. Nunca tive, mas pelo menos antes eu tinha uma ideia, por que quase sempre Oliver estava chateado comigo, ou confuso com alguma de minhas atitudes. O olhar de Oliver era direto e inexpressivo. Sem nenhuma palavra a mais ele ergueu seu braço em um claro convite.

— Você tem certeza de que você quer isso? – Perguntei não podendo segurar minha língua. Nessas três semanas em que empurramos todo o assunto para debaixo do tapete ou nos limitamos a um breve comentário ácido, em nenhum momento Oliver me deixou saber se ele e Isabel havia tido alguma conversa séria. Claro, a promessa de que seu erro não se repetiria estava no ar. Mas em nenhum momento ele havia me dito se ele havia dito essas mesmas palavras a Isabel.

— Está tudo bem. – Murmurou indo até a porta, seu olhar se encontrou ao meu no breve momento em que esperávamos sermos recebidos. Um sorriso de canto indo até seu rosto. – Nós temos um plano.

Não pude responder ao seu comentário por que a porta se abriu e um empregado logo nos guiou para o grande salão. Não fiquei surpresa com toda a elegância que tudo estava decorado, ou pela enorme árvore de natal que tomava boa parte do lugar, desci as escadas com meu braço envolto ao de Oliver, meus olhos de forma automática dançando por entre as pessoas em busca de algum rosto conhecido. O que era tolice, esse não é meu mundo. Era o mundo de Megan e Oliver. A única razão pela qual eu parecia bem vestida no vestido vermelho e segurando em seu braço, era por que assim Megan parecia. Eu não conhecia ninguém aqui, uma razão pela qual eu veria temer essa festa em primeiro lugar.

Era quase certo de que eu escorregaria e cometeria algum erro de proporções gigantescas.

Épicas.

Ou não, talvez não fosse um desastre total, por que bem, para ser sincera, eu conhecia algumas daquelas pessoas. Tão logo chegamos ao fim das escadas Thea se aproximou junto a Alex, Sara e Tommy Merlyn. Os dois primeiros eu já conhecia bem e sabia lidar. Tommy eu havia visto apenas algumas vezes, rapidamente e sempre desacompanhado de sua esposa.

— Bem, se essa não foi uma entrada majestosa, eu não sei bem do que pode ser chamada. – Thea murmurou com um grande sorriso. Oliver mudou sua posição liberando meu braço, sua mão foi as minhas costas ficando ali.

— Não a provoque Thea. – Oliver alertou, havia certo humor em seu aviso. – Ela está mal humorada. Thea me encarou confusa.

— Eu ainda estou chateada com você. – Alertei deixando-a saber, que a sua pequena gracinha não seria esquecida. Marcar uma terapia de casais sem me consultar, desde que havia descoberto que eu não era Megan, Thea vinha se divertindo brincando de cupido, ou tentando forçar alguma situação de casados entre eu e Oliver. Agora mesmo, tudo o que ela fez foi apenas sorrir em resposta.

— Thea está certa. – Tommy murmurou entrando na conversa e compartilhando um sorriso com a própria. Sem dúvida nenhuma ela havia amado aquela frase. “Thea está certa.” – Eu mesmo tive muita dificuldade em resistir a fazer uma reverência.

— Agora vocês estão sendo ridículos. – Murmurei sem me conter. – Tudo o que fizemos foi descer uma escada, Merlyn. – Tommy me encarou surpreso, essa devia ser a primeira vez que falava tão diretamente com ele. O que eu podia dizer? Tommy Merlyn me intimidava. Com todo o seu charme e sorriso de menino. Claro que ele não dirigia seus sorrisos para mim, era sempre para a ocasião. Mesmo por trás daquele sorriso e jeito desprovido de seriedade havia algo em seus olhos, estes me diziam que não se podia enganar pelo sorriso de Tommy, ele observava a tudo, absorvia tudo. E era com isso que eu devia me preocupar. Eu não tinha muito contaQueeto com Tommy, isso era certo, mas apenas por que procurava me ocupar com qualquer outra coisa tão logo ele chegava em casa, as crianças, a cozinha ou o cachorro. Qualquer coisa. – Boa noite Sara. – Murmurei tentando preencher o silêncio formado. Sara me encarou com certa desconfiança, mas fez um pequeno aceno com a cabeça. Um olá contido, uma resposta obrigatória. Educada.

— Como foi a terapia? – Tommy perguntou diretamente a Oliver, que logo ficou tenso, seu olhar fuzilando Tommy.

— Então, basicamente todo mundo sabia, menos eu. – Perguntei encarando a Oliver. Sua mão deslizou em minhas costas como se buscasse me acalmar. Boa tentativa, realmente muito boa, mas não ia funcionar.

— Eu já disse, eu não sabia. – Negou. – Ao menos não até saímos de casa..

— Eu sei, eu me lembro. – Falei me referindo ao fato de que ele já tinha dito algo semelhante no consultório. Lancei meu olhar acusatório até Thea.

— Não olhe para mim. Eu apenas marquei a coisa toda. – Thea falou sem pressa. – Eu não contei a ninguém. – Meu olhar retornou a Oliver.

— Eu contei quando você foi ao banheiro. – Confessou. – Ele queria saber por que estávamos atrasados. – Defendeu-se.

— E ainda somos nós mulheres que ganhamos a fama de fofoqueiras. – Meneei minha cabeça com certa diversão.

- Ora se não é a família Queen em toda sua glória. – Desviei meu olhar até a voz masculina que nos saudava, eu não o conhecia é claro. Mas Megan sim, ela havia me mostrado sua foto, era mais um de seus amantes. Ela foi breve quando falou sobre Adrian Chase, ela disse que eu nunca teria me preocupar com ele, por que Chase era o tipo de homem com que você transava e esquecia, por era exatamente isso que ele fazia com você. Segundo Megan, Chase não entraria em contato atrás de mais sexo, nem provocaria Oliver sobre o assunto, mas ele certamente não negaria a uma chamada por mais. – E os Merlyn é claro. – Tommy ergueu uma sobrancelha em resposta. A forma como Chase falou os tinha reduzido, parecia que estava se referindo aos criados.

— Diga-me chefe, quanto tempo eu preciso ficar antes de ir embora? – Adrian perguntou deixando seu olhar cair em Oliver. Eu estava confusa, Megan não havia se dado o trabalho de avisar que Chase trabalhava na Queen Consolidated , e a forma com que falava com Oliver era muito irreverente para ser de fato um subordinado, sem falar que aquele “Chefe” não poderia ser dito em tom mais irônico.

— Se você quer ir embora, apenas vá Adrian. – Endireitei-me tensa ao escutar a voz feminina responder. Contornando Chase, Isabel surgiu. Seu olhar dançando por Oliver e passando por mim com desafio. – Além de ainda não estar oficialmente no quadro dos empregados, nós não quereremos que ninguém fique aqui para provar algo.

— Eu estou confuso. – Tommy murmurou a encarando. – O que Adrian iria querer provar?

— Que ele merece estar aqui, talvez. – Isabel murmurou com um sorriso ardiloso. – Que ele faz parte daqui. – Sorri sabendo o que ela estava tentando fazer. Eu não ia me dar o trabalho de cair nisso.

—Agora eu estou um pouco confuso. – Adrian a encarou. – Não sei se você tentou me mandar algum tipo de indireta, estou cada vez mais indeciso se deveria ou não ficar.

— Na dúvida sempre se ofereça para pegar uma bebida para a anfitriã. – Isabel respondeu com um pequeno sorriso, a dispensa estava clara. Chase correspondeu seu sorriso e assentiu. Ele ergueu sua mão e chocou não só a Isabel, mas como a todos nós a estendê-la para mim. A casa era de Isabel, mas eu era a esposa do dono da empresa, a festa era da empresa, para Chase a lógica parecia ser simples.

— Permita-me. – Chamou-me. – Eu acho que a Srª Queen já ficou tempo o suficiente parada aos pés de uma escada sem sequer uma bebida de consolo. - Surpreendi-me ao desejar ir com ele. Não por que me sentia atraída por seu charme, ou por querer fugir de Isabel, mas achei sua atitude desafiadora muito divertida, além de negar a Isabel o papel de anfitriã, ele ignorou completamente a figura masculina que possessivamente me segurava, sua mão me apertava mostrando que não havia achado muita graça na pequena brincadeira de Chase.

Adrian Chase era audaz.

Eu gostei disso.

Oliver não.

— Não se preocupe com minha esposa. – Oliver falou em tom cortante. – Ela já tem quem possa se preocupar com suas necessidades. – Oh, péssima escolhas de palavras Oliver. Era mais certo que em Starling City tenha sido Chase o último homem que cuidou das necessidades de Megan. Ou Alex.

Ou qualquer um da sua listinha de amantes.

Chase não se importou com a frase dita, ele na verdade sorriu em resposta. Como se apenas ele tivesse entendido uma piada, ele me encarou divertido e eu quase temi que bem ali ele me soltasse uma piscadela, mas tudo que fez foi baixar sua mão.

— É claro. – Assentiu. – Eu acho que isso responde minha pergunta, eu acho que é melhor eu ir. Vemo-nos segunda, chefe. – Com um aceno ele se afastou subindo as escadas. Eu fiquei tentada em observa-lo se afastar, mas minha atenção estava em Isabel que tal como eu, vestia um vestido vermelho.

— Eu acho que devíamos circular um pouco. – Alex murmurou para Thea ao perceber a tensão que crescia nessa breve troca de olhares. Thea parecia em dúvida se aceitava o chamado de Alex ou não, ela me encarou esperando alguma objeção minha, mas tudo o que fiz foi lhe dar um aceno a tranquilizando.

— Estaremos por perto. – Murmurou antes de aceitar a sugestão de Alex e acompanha-lo. Em nenhum momento dedicou a Isabel um aceno sequer.

Isabel a observou sair e nos encarou com ar divertido.

— Fiz algo para ofender sua irmã? – Murmurou para Oliver. – Ela sequer me cumprimentou.

— Ninguém aqui lhe cumprimentou. – Tommy murmurou com um seu típico sorriso. A frase teria saído ácida se não tivesse vindo com esse sorriso. Como resultando Isabel não sabia se de fato havia sido uma provocação, ou ele apenas estava constatando um fato. – Mas para ser justo você também não nos cumprimentou.

— Tommy Merlyn sempre se livrando de tudo com um sorriso no rosto. – Isabel murmurou lhe dedicando um sorriso forçado. – Mas você está certo, eu cometi uma gafe. Boa noite a todos. – Acenou levemente com a cabeça. – A casa já está cheia, não falta bebida e espero que essa seja uma noite divertida e despretensiosa. – Seu olhar voltou a cair em mim. – Interessante até.

— Estamos contando com isso. – Murmurei em resposta, aceitando seu desafio. Oliver parecia cada vez mais tenso, pois seu aperto aumentou. Ele estava esperando o momento em que sairíamos do diálogo cortês. Não demorou muito.

— Parece que temos gosto iguais Megan. – Murmurou sugestivamente fazendo com que Sara se engasgasse com sua bebida. – Nossos vestidos. – Sorriu amplamente. – Não são idênticos, mas a cor faz com sejam próximos o suficiente, sem dúvida alguma temos o gosto parecido. Não seria a primeira vez. – Completou com seu olhar caindo em Oliver.

— Não. – Acenei em concordância. – Mas como todas as outras vezes sempre ficou melhor em mim. – Seus lábios se apertaram em resposta provavelmente devido ao fato de que Tommy foi incapaz de disfarçar sua risada.

— Irrelevante considerar apenas sua opinião. – Murmurou por fim.

— Não para mim. – Sorri com descaso. Meu olhar caiu sobre Oliver que parecia mais interessado em olhar para qualquer outro lado, do que nos encarar. - É irrelevante Oliver? – O questionei sem deixa-lo escapar.

— Perdão? – Murmurou como se de fato não tivesse acompanhado toda a nossa conversa.

— Estamos falando de vestidos meu querido. – Murmurei descansando minha mão em um lado de seu rosto o fazendo me encarar. Ele respirou fundo enquanto seu olhar fixava ao meu.

— Não acho que sou bom o suficiente para discutir vestidos. – Murmurou por fim.

— Não? – Indaguei um pouco decepcionada com sua resolução em recuar.

— Não. – Negou sério, então seus olhos brilharam, o início de um sorriso vindo neles. – Ao menos que seja para dizer quanto está linda nesse. – Concluiu com um sorriso íntimo. Eu não deveria, sabia que o que eu e Isabel estávamos discutindo ia além de vestidos. Mas foi impossível para mim, apenas ignorar seu elogio. Logo eu estava lhe respondendo com um sorriso que igualava ao seu, para acabar ainda mais com minhas defesas, Oliver segurou minha mão que ainda tocava seu rosto e beijou levemente a parte interna do meu pulso. – Vermelho definitivamente é sua cor.

— Eu acho que essa é a hora em que eu digo que devíamos circular um pouco. – Tommy murmurou para Sara.

— Apenas se você for um covarde como Alex. – Sara respondeu fazendo com que eu sorrisse divertida. Tommy lhe lançou um olhar aborrecido.

- Agora eu estou extremamente ofendido. – Meneou a cabeça com falsa mágoa. – Ser comparado com Alex.

— Oliver não devia vir em defesa do seu cunhado? – Sara lhe perguntou. Oliver apenas bufou em resposta.

— Se houvesse um ataque a Alex, definitivamente seria Oliver quem lideraria. – Tommy observou com humor. - Não peça ao pobre homem para defender Alex, como cunhado ele seria obrigado a fazê-lo já que estamos em público. – Acrescentou. Isabel me encarou aborrecida, estava evidente que não ser o centro das atenções a estava irritando. Ela parecia prestes a dizer algo para chamar atenção de volta a si quando Oliver nos surpreendeu ao falar:

— Já que vocês não parecem ter outra coisa a não ser fofocar, eu vou atrás daquela bebida para Megan. Se nos dão licença. – Murmurou já se afastando e me levando consigo, mas não antes de ouvirmos a resposta de Tommy.

— Vá em frente meu amigo, nenhum de nós gostaria de impedi-lo de suprir as necessidades de sua esposa. – Meneei a cabeça não deixando de perceber mais uma vez que se fosse de outra forma, eu adoraria ter Tommy Merlyn como amigo.

— Essa foi sutil. – Murmurei.

— É Tommy. – Oliver respondeu acenando de vez em quando para algum conhecido. – Ele não sabe o significado dessa palavra.

— Eu estava falando de você. – Retruquei fazendo com que ele parasse. Felizmente nessa hora um garçom passou por nós e eu o parei pegando uma taça de espumante. Eu não ia enfrentar essa noite sem pelo menos ter algum teor de álcool em meu corpo. Talvez o suficiente para explodir um bafômetro.

Eu não costumava beber, mas essa era uma noite para fazer exceções.

— Falava de mim? – Oliver indagou também se ocupando de pegar uma para si.

— Oliver você me arrastou para longe de Isabel. – Murmurei lhe apontando o óbvio.

— Você queria continuar lá? – Perguntou não realmente acreditando nessa possibilidade.

— Não, mas há maneiras menos evidentes. – Sorri antes de levar a taça aos meus lábios, seu olhar acompanhou o movimento, me estudava com atenção. O fato de ter tomado a bebida como fosse água devia ter me denunciado e chamado sua atenção.

— Pretende agir como se estivesse tudo bem? – Perguntou se aproximando.

— Não. – Meneei a cabeça em negativa e já deixando a taça vazia sobre a bandeja mais próxima. – Mas não vou deixar Isabel me deixar desconfortável. – O lembrei.

— Ela irá lhe provocar por toda a noite. – Murmurou sério.

— E irei responder a altura por toda noite. – Sorri me aproximando. – Na verdade, eu também sei ser provocante. Eu acho que você já esqueceu disso. – Ele soltou um sorriso irônico em resposta.

— Pode-se dizer que sim. – Assentiu, seus olhos baixaram até minhas mãos que correram pela lapela de seu paletó antes de envolver seu pescoço. – Megan? – Murmurou ao notar meu rosto mais próximo do seu, seu braço livre envolvendo minha cintura. Eu não sei bem no que eu estava pensando, me aproximar assim dele era perigoso, perigoso para mim. Talvez eu estivesse sendo uma boba, tomando posse do que realmente não era meu, era tolo da minha parte fazer isso, mas encarando seus olhos tão de perto, com sua boca apenas alguns centímetros da minha, eu não conseguia me lembrar de nenhuma razão boa o suficiente para me fazer parar.

Em seus olhos eu podia notar que nada o faria.

— Felicity? – O chamando não veio de perto, mas chegou aos meus ouvidos como um grito ensurdecedor. Com meu sangue gelado desviei meus olhos do de Oliver, afastando meu rosto, olhei por cima do seu ombro. Apenas alguns passos atrás dele Barry Allen me encarava perplexo. Atônita o vi abrir um enorme sorriso e avançar em nossa direção, sem hesitar me afastei de Oliver imediatamente. Seu olhar confuso ficou registrado em minha mente enquanto eu já voltava olhar para Barry percebendo que ele havia sido interceptado por um homem alto de cabelos negros, sua atenção não estavam em mim, por hora.

— Eu... – Murmurei encarando Oliver que segurou meu braço ao perceber que eu já me afastava.

— O que foi? – Seu tom de voz trazia consigo uma preocupação, que se eu não tivesse tão nervosa e ansiosa para fugir, teria apreciado mais.

— Eu... – Repeti procurando uma desculpa convincente para sair dali o mais rápido possível, usava o corpo de Oliver como esconderijo enquanto dedicava um outro olhar a Barry que parecia pronto para finalizar sua conversa com homem que agora eu podia ver o perfil e identificar como Ray Palmer. – Eu preciso ir ao banheiro. – Murmurei forçando um sorriso. – Volto já. – Menti logo antes de lhe dar as costas e me afastar, sem saber muito bem para onde estava indo, sempre tendo o cuidado de olhar para trás para ter a certeza de que Oliver ou Barry não havia me seguido. Apenas parei quando após testar algumas portas me vi conseguindo girar o trinco de uma que dava para uma sala pequena destinada a leitura. Havia uma poltrona no centro junto a uma pequena mesinha, o restante dos móveis estavam cobertos com lençóis brancos fazendo-me perceber que Isabel não usava aquela casa, ela devia ter aberto apenas para essa recepção, ansiosa para bancar a anfitriã para Oliver. Meneando a cabeça forcei-me a encarar minha atual situação.

— Merda. – Murmurei avançando alguns passos e parando em frente a poltrona, minha vontade era de me jogar nela e abraçar meu joelhos enquanto me escondia de tudo e de todos, mas ao invés disso limitei-me a andar de um lado para o outro, repetindo uma e outra vez minha palavra favorita. – Merda, merda, merda, merda. – Parei virando-me e exalando um suspiro. – O que diabos ele está fazendo aqui?

Barry estava na festa da QC.

Logo, Barry devia ser funcionário da QC.

Logo, eu estava fodida.

— Oh merda. – Repeti percebendo que sem dúvida alguma Barry havia me visto abraçada a Oliver. Minha mãe tinha contato com a de Barry, isso não podia chegar aos seus ouvidos. E o nome Felicity jamais deveria chegar tão perto dos ouvidos de Oliver novamente. Eu havia o deixado lá, no meio do salão com um olhar confuso e magoado, com Barry próximo a ele. E se Barry havia se aproximado de Oliver e perguntando por mim? E se Oliver falasse para Barry que não conhecia nenhuma Felicity, que a mulher em seus braços era Megan, sua esposa? Barry ficaria confuso e não aceitaria essa resposta por que em meu reflexo automático eu o encarei tão logo me chamou pelo meu nome. Oh Deus, teria Barry realmente se aproximado de Oliver?

Merda.

Eu precisava voltar e encontrar Barry as escondidas, conversar com ele e se nenhum estrago havia sido feito, pedir que ele ficasse calado. Eu precisava dar um jeito de sair daqui sem que Oliver me visse, precisava falar com Barry.

— Tanto para se fazer de forte, de altiva e está escondida em minha biblioteca. – Parei meu andar de imediato e voltei-me para encarar Isabel. Ela estava junto a porta, um sorriso contente em seus lábios. Senti vontade de revirar os olhos, nesse atual momento, um combate com Isabel era a última de minhas preocupações. – Parece-me que não é tão fácil assim ignorar o que aconteceu entre Oliver e eu. – Ergui meu queixo ao notar que fechava a porta atrás de si para então se aproximar.

— Ao que me parece, você é a pessoa que não consegue ignorar. – Murmurei por fim. – O que você quer Isabel?

— Você sabe. – Sorriu sem se importar com o fato de que eu não parecia nem um pouco levar essa conversa adiante. – Tripudiar um pouco, trocar detalhes íntimos, plantar algumas dúvidas, o comportamento padrão. – Eu tinha que lhe dar o crédito por ser tão honesta quanto a sua intenção. – Afinal foi você que disse uma vez, que eu podia tentar o quanto quisesse, Oliver jamais a trairia comigo, pois você sabia como mantê-lo preso a si.

Deus a arrogância de Megan não conhecia limites.

— Eu disse. – Limitei-me a dizer. – Qual é o seu ponto?

— Você está ficando descuidada Megan. – Murmurou. – Quase não a vejo mais como uma concorrente.

— Desculpe, quando você disse tripudiar eu pensei que falava em levar alguma vantagem sobre o que aconteceu. – Falei erguendo uma sobrancelha.

— Eu transei com Oliver. – Falou ficando confusa. – Eu tive o que queria, e terei muito mais. Aqui está minha vantagem.

— Oliver sabe disso? – Debochei. – Ou isso está apenas em sua delirante mente? – A observei cerrar os dentes. – Você tem razão, você realmente conseguiu uma rapidinha com meu marido, e eu suponho que devo felicita-la por isso, tanto tempo o cercando, jogando seu charme e dignidade, apelando e se rebaixando por alguns poucos momentos de prazer. – Ironizei. – Mas isso não faz de você a próxima Srª Queen, honestamente isso não faz de você sequer a próxima foda. – Movi-me para ficar frente a frente com ela. – Espero que tenha aproveitado sua chance, por que eu posso garantir que jamais voltará a acontecer.

— Por quê, você acreditou nele quando disse essa frase idiota? – Riu. – Homens sempre fazem promessas que não vão cumprir.

— Oh não. – Sorri. – Essa é uma promessa que eu estou fazendo para você. – Percebi que eu falava a sério, meu marido ou não, Oliver não era alguém que eu gostaria de ver junto a Isabel. E se eu pudesse fazer alguma coisa para garantir que ele não trocasse um erro por outro, eu faria. Isabel me encarou lívida. Ciente de que eu falava a sério, resolveu continuar me atacando.

— Eu posso ver que você realmente acredita nisso. – Meneou a cabeça com um novo sorriso. – Mas você não tem mais poder sobre Oliver, você nunca teve. Oliver casou-se por que precisava de uma mãe para as crianças, e é isso que ele vê quando a olha. Apenas uma esposa troféu que é boa o suficiente para ser uma mãe. E Megan, eu posso fazer isso também. – Seu sorriso aumentou. – Na frente de Oliver eu posso ser a mãe mais amorosa do mundo, eu posso fazê-lo precisar de mim. Você torna-se totalmente desnecessária. Tudo o que preciso fazer é sorrir da forma certa para aqueles estúpidos pirralhos. – A encarei sentindo pela primeira vez em anos um forte ódio por uma pessoa. Uma emoção que quase nunca chegava até mim. Agora era dirigida completamente a Isabel, avancei mais um passo, tão perto que pude ver o medo em seus olhos. Ela não esperava por isso, me ver tão irritada. Tive certo prazer nisso.

— Fique longe dos meus filhos. – Murmurei muito lentamente. – Há poucas coisas que você possa se arrepender de fazer Isabel, mas se aproximar de Alexia e William está no topo delas.

— O quê? Vai bancar a mamãe urso justamente comigo? – Perguntou divertida. – Eu não caio nessa, pode funcionar com Oliver, como nós duas sabemos, ele é um tolo a esse ponto, mas não comigo.

— Considere-se avisada. - Murmurei passando por ela. Preferia enfrentar Barry a ter mais alguns segundos de sua companhia.

— Esteja pronta para assinar os papeis. – Murmurou quando eu já estava para abrir a porta. Eu não devia me virar de volta, sabia que era isso que queria, mas com o tom usado, foi impossível não fazê-lo.

— Como é que é?

— Os papeis. – Sorriu. – Aqueles que ele mantêm em sua gaveta no escritório. – Engoli em seco ao me dar conta do que isso significava. - Que me permitiu ver. – Acrescentou impregnando certa dose de veneno. – Os papéis do divórcio. – Deu de ombros como se minimizasse a importância do assunto. – Você diz que fui apenas um erro, uma foda. Ele fez você acreditar nisso, certo? Prometeu que nunca aconteceria. – Assentiu. – Disse que não significava nada? Eu me pergunto então por que só depois desse erro, que ele finalmente tomou a iniciativa de entrar com os papéis.

Oliver já tinha os papéis do divórcio?

Por que então passamos uma hora naquele consultório?

E por que diabos isso me importava? Não era de mim que ele estava se separando, eu devia apenas pensar no que isso ia significar em meu papel como Megan. Encarei Isabel que parecia esperar alguma resposta minha, mas eu estava cansada demais desse jogo de poder, então apenas inclinei minha cabeça reconhecendo que ela havia saído vencedora nesse último round.

— Boa noite, Isabel. – Murmurei lhe dando as costas.

— Você está diferente. – Falou por fim. Percebi então que eu não a havia enfrentado como Megan, não forcei uma risada divertida, não a chamei de minha querida, nem debochei de suas tentativas de me ver irritada. Eu havia a enfrentado como Felicity Smoak. Suspirei percebendo meu erro, mas não me arrependia ao ponto de querer conserta-lo.

— Já você continua igual. – Falei antes de finalmente abrir a porta e fecha-la atrás de mim. O suspiro de alívio veio tão logo me afastei alguns passos, mas a sensação não durou muito, pois logo eu estava sendo alcançada por Thea que se aproximava parecendo preocupada.

— Onde você estava? – Queixou-se. – Ollie a está procurando por todo lugar. Ele pensou que você havia ido sem ele.

— Não fui, mas preciso sair daqui o quanto antes. – Falei segurando seu braço e afastando o máximo possível da porta.

— O quê? Por quê? – Perguntou confusa.

— Barry Allen. – Murmurei simplesmente. – Ele...

— Está aqui para uma consultoria com a QC. – Cortou-me. – Acabei de conhecê-lo, o que há de errado com ele? É um amante de Megan? – Perguntou parecendo aborrecida com a possibilidade. – E eu achando-o um rapaz decente.

— É um pouco pior de que isso. – Falei procurando por Oliver e Barry entre as pessoas e me mantendo junto a uma pilastra. Thea me encarou sem muita paciência. – Barry é meu ex.

— O quê?!! – Perguntou incrédula.

— Mais precisamente meu primeiro namorado. – Esclareci. – Ele também costumava ser meu melhor amigo, honestamente se eu não tivesse tão assustada com o que isso pode significar para mim, eu o estaria abraçando agora mesmo. Perdemos contato nos dois últimos anos, eu não sabia que ele havia se mudado para aqui. Eu queria conversar com ele, por que ele já me viu, mas aqui é muito arriscado. – Ainda mais agora que percebi que Isabel podia continuar me seguindo pelos cantos. – Então, minha única opção é ir embora, tem como você chamar Oliver e dizer que estou passando mal ou algo do tipo?

— Melhor. – Abriu sua bolsa exibindo as chaves. – Vamos fugir nós duas. – Franzi o cenho diante sua proposta.

— Eu só quero ir para casa. – Confessei.

— Eu só quero sair desse inferno de festa. – Retrucou. – Esse lugar me lembrou por que não saio com Alex em público e por que eu já devia há muito tempo ter me separado daquele idiota. Talvez eu deva procurar Sebastian e falar com ele sobre papéis. Eu preciso voltar a ser solteira, eu não consigo me lembrar como era ser solteira, devia ser mais fácil, certo?

Sua menção a papéis de divórcio me fez lembrar da conversa com Isabel, me fez lembrar que o próprio Oliver já havia ido atrás disso e vinha sendo desonesto comigo sobre o assunto. O pensamento me deixou um pouco irritada, como se esperasse pelo momento oportuno para aparecer observei Oliver conversando animadamente com Sara e Tommy, seu olhar passando brevemente por mim, e então voltando ao perceber que havia me visto.

— Vamos. – Concordei. Thea me encarou confusa com a seriedade em minha expressão. – Vamos embora Thea. - Pedi. Ela assentiu concordando.

— Ok. – Falou andando junto comigo perdendo a expressão de Oliver quando demos a costa a ele. – Eu realmente não consigo mais ficar com Alex aqui, fingindo ser um casal feliz. E eu também não quero voltar para casa agora, para um quarto vazio. – Suspirou. – Podemos ir a outro lugar? – Perguntou quando paramos ao lado de seu carro.

— O quê? – Perguntei percebendo que havia caminhado distraída e em silêncio desde o momento em que saímos do salão.

— Eu quero ser solteira hoje. – Falou sem se alterar. Sorri diante sua expressão, a princípio pensei que brincava, mas então ao longo dos segundos percebi estar errada. Thea falava sério.

— Thea? O que você tem em mente? – Perguntei incerta de onde ela queria chegar.

— Eu sou jovem, e bonita. E nesse vestido eu posso dizer sem me preocupar em soar convencida, eu estou sexy. – Declarou. – Eu dancei com meu marido e percebi que em nenhum momento ele queria estar ali comigo, em nenhum momento desde que saímos de casa ele elogiou minhas roupas, ele não disse que eu estava linda. Eu sinto falta de ser linda para alguém. – Confessou. – Eu quero ir a algum lugar divertido e dançar, conversar com você sobre Barry e beber um pouco, por que eu sou patética ao ponto de que o mais próximo de amiga que eu tenho é a garota que está enganando toda a minha família. Eu quero flertar e rir. Eu quero ser solteira essa noite. Podemos não voltar para casa?

Suspirei percebendo que diante o que disse, eu não tinha muito escolha.

— Leve-me para onde quiser, apenas me tire daqui. – Falei abrindo a porta do carro e entrando. Ela sorriu contente e entrou, não demorou muito e estávamos longe da pretenciosa festa. – Para onde vamos?

— Eu já ouvi falar em um lugar bom o bastante para o que tenho em mente. – Comentou vagamente.

— Ótimo por que seu irmão está me procurando, e não quero ser encontrada. – Falei olhando para a tela do celular, a foto de Oliver, a mesma pela qual Helena tanto havia babado, me informando de sua chamada.

Isso chamou sua atenção.

— O que aconteceu? Achei que vocês estavam bem, por um momento achei que ia rolar um beijo. – Comentou. – O que houve? – Repetiu.

— Isabel houve. – Falei. – Mas não quero falar sobre isso.

— Ótimo. – Falou parando no sinal. A observei tirar sua aliança e entregar para mim. – Hoje estamos solteiras, nenhuma de nós vai usar alianças. Tire a sua. – Ordenou.

— O quê? – Perguntei atônita. – Não, para todos efeitos sou Megan e Megan ama estar casada, só não respeita isso, não vou tirar a aliança. Com minha sorte, vou perder. – Falei guardando a sua na minha pequena bolsa. Ela suspirou enquanto voltava a acelerar agora que o sinal havia ficado verde.

— Ninguém vai se aproximar se você estiver com aliança. – Argumentou.

— Eu não quero que se aproximem. – Retruquei.

— Não importa, eu quero. – Falou. – Você vai estar comigo ,então não quero que você atrapalhe isso, e eu acho que você precisa flertar um pouco também, você está toda cheia com esses problemas de casada, sem estar realmente casada, o que é muito injusto. Então tire essa aliança, por que hoje estou te dando a noite de folga, você não vai ser Megan, vai ser você mesma. E antes de argumentar comigo pense no que Helena te diria.

— Ok. Trazer Helena para a conversa não é jogo limpo. – Acusei. Helena estaria aplaudindo a decisão de Thea. Mesmo minha mãe provavelmente. Tentei deixar de lado o pensamento de minha mãe opinando sobre essa situação, falei algumas vezes com ela nas últimas semanas, ela disse que os novos tratamentos a estava ajudando, mas estava preocupada em como eu iria pagar por tudo aquilo. Pedi que ela não se preocupasse com nada disso e pude perceber que como eu imaginava, minha mãe estava desconfiada sobre minha partida e por não poder estar a visitando.

— Eu dificilmente entro em jogos, mas quando o faço, não é para perder. – Veio sua resposta. Percebi que diminuíamos de velocidade e que mais uma vez meu celular vibrava informando-me de mais uma ligação de Oliver. Thea estacionou na lateral de uma boate, e pelo o que eu podia ouvir, estava tudo muito agitado. Percebi que embora houvesse parado, Thea não fez nenhum movimento para sair.

— O que você está esperando? – Perguntei com paciência.

— Eu preciso disso, Felicity. – Falou. – Eu tenho estado trancada naquela casa presa a um homem que já não me ama mais, com esperança de um dia possamos encarar um ao outro como fazíamos antes, mas isso não existe mais, eu posso perceber isso agora, por que eu vejo a forma como ele olhar para você. Como ele olhou para as outras mulheres hoje, era como se eu não estivesse presente. Eu quero me sentir apreciada novamente. Mas não sei ao certo como agir.

— Eu nunca fiz isso. – Admiti apontando com o queixo o prédio ao lado. – Sempre estive ocupada servindo as taças dos outros. Eu nunca flertei. Tive dois namorados, um era melhor sendo meu amigo e o outro se parecia um pouco com Alex, e agora eu estou “casada” e fui traída. Então eu meio que estou no mesmo barco. – Confessei. Olhei para minha mão esquerda, meus olhos fixando-se no anel que Megan havia me jogado sem qualquer interesse. No começo foi estranho, eu não era de usar anéis, e uma aliança então, uma coisa que para mim significava compromisso... Foi estranho. Mas eu não sabia quando, eu havia me acostumado com ela. Dois meses e já estava acostumada, e só havia recebido a parte ruim de tudo aquilo. Com um suspiro a tirei e entreguei para Thea. – Você cuida da minha e eu cuido da sua. – Sorri. – Eu posso ser sua amiga Thea, eu gosto da ideia. E se é para você receber alguns flertes inocentes, eu posso ser solteira hoje também.

— Obrigada. – Agradeceu com um sorriso sincero.

— Devo levar o celular? – Perguntei o elevando no exato momento em que Oliver mais uma vez me chamava.

— Sim. Solteira ou não, mesmo que de mentira você ainda tem dois filhos, nunca desligue o celular. – Lembrou-me. – Deixe-me me livrar desse probleminha. – Falou antes de pegar o celular de minhas mãos e levar ao seu ouvido. – Sim, Ollie? – Seu tom de voz inocente quase me fez revirar os olhos. Ela saiu do carro enquanto o escutava, com pressa a segui. – Por que estou com o celular de Megan? – Repetiu. Eu sabia que era apenas para que eu pudesse participar da conversa. – Por que eu tomei das mãos dela. – Respondeu sem nenhum remorso. O sorriso em seu rosto me fez menear a cabeça. Eu só podia imaginar a resposta de Oliver. – Nós saímos da festa por que estava chata, por que Isabel é uma piranha e por que não queremos estar perto dos nossos maridos agora, não, eu não vou passar para ela. Ela vai me ajudar com algo. – Andei ao seu lado tentando fingir que não queria saber exatamente as palavras que Oliver dizia. – Eu sei que você consegue ouvir a música, eu não me importo. Olá. – Murmurou para o segurança sem se dar o trabalho de ir até a fila. – Megan e Thea Queen. – Murmurou, e como um passe de mágica ele nos deixou passar. – A música está alta demais para te ouvir Ollie, te devolvo Megan mais tarde, prometo que em menos de dois dias. – Ela sorriu. - Ou você pode tentar nos procurar e dessa vez realmente encontrar sua esposa. – O desafiou. - Só cuidado, eu a ouvi falar que esta noite, ela não é nada além de uma garota solteira. – Concluiu me fazendo encara-la com queixo caído enquanto encerrava a ligação. – Agora isso será divertido. – Murmurou me entregando o celular.

— Por que você disse isso? – Perguntei irritada.

— Ollie conhece esse lugar, mas ele nunca vem. – Falou segurando em minha mão e me puxando para o bar. – Ele vai demorar um pouco a perceber que foi para cá que viemos, isso nos dá tempo o suficiente para nos divertimos, e dançar, talvez até falar um pouco desse seu ex, mas ele virá. Confie em mim.

— Eu pensei que o ponto todo era esquecer Oliver hoje. – A lembrei.

— Sim. Por algum tempo, quando ele chegar ele vai ver você se divertindo. – Sorriu. – Oliver precisa perceber que ele realmente precisa correr atrás.

— Esse é o ponto Thea, Oliver não quer. – Falei. - Oliver já tem os papéis.

— Oh. – Exclamou. Então percebeu no que sua última frase podia implicar. – Isso quer dizer que eu apenas acelerei a coisa toda?

— Provavelmente. – Suspirei. Sentando-me em frente ao balcão. – Isso vai cair apenas como mais uma razão para ele me entregar a maldita coisa.

— Desculpe. – Murmurou antes de entregar seu cartão ao bartender e pedir duas tequilas para nós. – Por que você não tomou o celular de mim? – Repreendeu-me. A encarei sem humor.

— Você não me deu chance. – A lembrei. – Eu não quero beber. – Falei lembrando-me que no início da noite essa havia sido minha intenção, mas eu não era de beber, aquilo foi apenas dito da boca para fora.

— Eu quero. – Retrucou. – E você precisa. – Entregou-me o copo. – Jogue tudo para dentro de uma vez. – Ordenou. – Só vamos para a pista depois de pelo menos duas delas.

— Eu também não quero dançar. – Murmurei antes de fazer como mandou e sentir o liquido quente arder em minha garganta. Fiz uma careta que se tornou motivo de sua risada.

— Confie em mim, depois de mais uma dessa você vai querer. – A encarei sem humor, mas ela estava certa duas tequilas foi o suficiente para me fazer ir até a pista e dançar, não deve ter sido muito bonito depois da terceira e da quarta dose. Fizemos como ela disse, flertamos, rimos, dançamos com estranhos e quando nos sentamos em uma parte mais privada falei um pouco sobre vida e sobre Barry, a própria Thea me contou um pouco de como era seu namoro com Alex.

— Você estava certa. – Murmurei olhando para a pista enquanto levava a taça da mais nova bebida que ela havia me entregado a boca. Após um gole da bebida doce e eu sabia que eu já tinha uma nova favorita. – Eu precisava disso.

— Eu sempre estou certa. – Sorriu. – Com o tempo você vai perceber isso. – Meneei a cabeça para o que disse. – Que tal um jogo?

— Eu estou bêbada demais para lidar com um jogo. – Falei descansando minha cabeça na parede e cruzando meus tornozelos sobre o puff a minha frente, meu vestido subiu, mas não me preocupei, eu ainda estava decente, acho.

— Eu escolho o homem ideal para você e você para mim. – Falou.

— Ideal para casar? – Perguntei já deixando meu olhar cair nos homens ao nosso redor.

— Claro que não, já fizemos besteira demais, nenhuma de nós serve para casamento. – Falou.

— O casamento não serve para nós. – A consertei.

— Qual a diferença?

— Não gosto de pensar que não presto para algo, aquele algo é que não presta para mim. – Ela riu diante minha frase.

— Está bem. – Concordou. – Eu escolho primeiro?

— Vá em frente. – Falei. – Mas aviso que sou exigente e que provavelmente vai ter quer escolher outro.

— Agora percebo por que é virgem. – Falou me lançando um olhar superior.

— Fala a garota que só transou com um cara. – Devolvi.

— Ok. – Cedeu. Seu olhar dançou pelas pessoas retornando sua busca. – Que tal aquele. – Apontou o queixo em direção a um homem se aproximava de uma ruiva e lhe sussurrava algo no ouvido, a mulher sorriu em resposta e assentiu. – Definitivamente parece saber o que dizer a uma garota.

— Hum, não faz meu tipo. – Neguei com meus olhos ainda fixos nele.

— Ele é lindo. – Protestou.

— Então fique para você. – Dei de ombros.

— Por que não faz seu tipo? – Perguntou insistente.

— Não gosto da forma que apenas chegou lá e já ganhou a garota. – Falei.

— Isso mostra que ele sabe o que fazer. – Argumentou.

— Exato. É experiente demais, logo faz todo santo dia a mesma coisa, é um galanteador. – Expliquei. – Olhe, ele vai cumprimentar o bartender, sabe o que isso significa? Já é de casa. É um cara que não gosta de compromisso, gosta da rotina. Ele já sabe onde ir quando quer ficar com alguém, o sorriso fácil, a frase pronta, até o jeito de andar extremamente confiante. – Meneei a cabeça. – É um jogador, e não adianta colocar na cabeça que vai diferente com você, por que não vai.

— De novo: Por isso que é virgem. – Encarou-me com olhos estreitos.

— Minha vez. – Falei a ignorando.

— Ainda não encontrei o seu. – Reclamou.

— E me deve outra bebida por isso. – Falei sem piedade. – Se eu não conseguir um para você, você tenta outro para mim. – Cedi. – Agora deixe-me ver quem eu arranjo para você... – Murmurei voltando a olhar em volta. – Tem que ser um completamente diferente de Alex.

— Eu agradeceria. – Falou tornando a beber. – Você sabe que não temos como voltar sem ligar para meu irmão, certo? Eu bebi demais e você pior ainda.

— Você que me empurrou bebidas. – A lembrei ainda em minha busca. – E bêbada ou não, você não me quer pegando em seu carro.

— Tão ruim assim? – Perguntou descrente.

— Segundo Megan, sim. – Falei. – Achei! – Comemorei. – Aquele...

— Não. – Cortou-me.

— Mas você mal olhou para ele! – Reclamei.

— Muito baixo. – Negou. – E eu percebi que evitou completamente falar sobre Oliver.

— Ele é da mesma altura que você, e você está de salto. – Retruquei seguindo minha regra de ignorar meu marido postiço.

— Não importa, ou eu olho para cima ou não me serve. – Negou.

— Depois eu que sou exigente. – Suspirei.

— Minha vez. – Falou sorrindo. Meneei a cabeça com diversão. Eu me sentia leve, não achava que estava bêbada, um pouco agitada talvez, mas nada que pudesse me fazer cometer algum deslize, ou rir bobamente. Acho que eu era chata até quando estava bêbada.

— Você não é uma bêbada chata. – Thea negou.

— Eu falei isso? – Perguntei incrédula. Thea apenas riu.

— Tem bem meia hora que você fala coisas incoerentes sem perceber, como Oliver e seu abdômen. – Provocou-me.

— Você está mentindo! – Protestei. Eu nem havia pensando em Oliver, não até o momento. – Não está? – Isso a fez rir ainda mais.

— Estou, mas que precise perguntar me mostra que você realmente está bêbada. – Meneou a cabeça.

— Eu não estou. – Neguei. – Estou muito ciente de tudo. Não estou tropeçando em minhas palavras, nem subindo sobre a mesa.

— Você não precisa seguir um roteiro, há tipos e tipos de bêbados, pelo menos você não fica triste nos cantos. – Deu de ombros. – Você só está... mais leve.

— Que seja, cadê meu cara? – Reclamei.

— Que cara?

— O que você ia arranjar para mim. – A lembrei. – Precisa ser um homem bonito, não ouso pedir lindo, alto. Eu gosto de homens com sorrisos bonitos, mas não precisa estar sorrindo a toda hora, como um comediante. O que me lembra, homens engraçados só se for de forma natural, pode ser moreno, alguém como aquele Ray Palmer. – Falei lembrando-me de vê-lo brevemente na festa, o reconheci por que já havia visto um foto sua em um artigo de uma revista.

— Nah. – Negou. – Você não quer sair com Ray Palmer. Você precisa de alguém como Adrian Chase, eu vi como ele te olhou esta noite.

— Você estava de olho em tudo o tempo todo? – Perguntei divertida.

— Te tirar de apuros é minha nova função. – Brindou.

— Ele estava olhando para Megan. – Falei em um suspiro.

— Vocês são iguais, e por mais que eu não goste de admitir, ela é linda. Então pare de ficar nesse eterno “Não sou eu que ele quer é Megan” pois é irritante. – Falou voltando a passear seu olhar em volta.

— Você não entendeu. – Falei. – Ele estava olhando para Megan. – Repeti.

— Oh. – Murmurou se dando conta do que isso significava. – Adrian e Megan. – Assenti. – Que merda, o advogado do meu irmão e a esposa dele? Será que ninguém consegue ficar sem trair Oliver? – Questionou.

— Tommy se importa com Oliver. – Falei. – Ele não está na lista de amantes.

— Mas isso é por Oliver, ou por que ele é apaixonado por Sara? – Deixou a pergunta no ar. – Megan já tentou algo com Tommy? – Balancei a cabeça em negativa.

— Ela mesma disse que a lealdade de Tommy é grande demais para sequer tentar. – Respondi. – Onde está meu cara, Thea? – Perguntei impaciente.

— Está bem. – Suspirou. Voltando sua atenção para a tarefa de antes. – Ruivo não, loiro demais, baixo demais, humm... Aquele tem cara que deve rir no sexo.

— Como é cara de alguém que ri no sexo? – Perguntei tentando encontrar o cara. – E por que alguém riria durante o sexo.

— De nervoso. – Explicou sem se aprofundar no assunto. – Aquele ali. – Apontou. Ia esticar-me para ver quando seu olhar voltou-se para minha direção, mais precisamente atrás de mim. – Oh encontrei o seu cara. – Sorriu. Seu sorriso amplo demais. Logo desconfiei daquele sorriso. Não havia dúvida de quem havia colocado aquele sorriso nela.

— É Oliver não é? – Perguntei sem humor. Ela assentiu. – Droga, estava sendo divertido.

— Pode continuar sendo. – Falou simplesmente. Maldita tendência de ser cupido. - Ele está se aproximando. Parece irritado. – Murmurou franzindo o cenho. – Na verdade eu nunca tinha visto Ollie assim.

— Por que será, Thea Queen? – Questionei lembrando-me de como ela desligou o celular logo após dizer que saí dizendo para todo mundo que estava solteira. – Isso é sua culpa.

— Eu... – Sua frase foi interrompida tão logo Oliver nos cercou.

— Então... – Oliver murmurou ao parar em nossa frente. Ele havia trocado de roupas, o traje formal havia ido embora, vestia uma jaqueta de couro marrom escura, camisa azul e jeans escuro. Seus olhos estavam em minhas pernas, lembrando-me da minha posição displicente. – Você está solteira hoje. – Observei sua mandíbula rígida, me fazendo perceber que trincava os dentes enquanto aguardava minha resposta. Eu não tinha certeza por que, mas eu tinha vontade de rir.

Rir de nervoso. Era isso.

— Thea está certa. – Falei após conter minha vontade.

— Estou?

— Sobre o quê? – Oliver perguntou ignorando sua irmã.

— Você me parece puto. – Falei sorrindo. Oliver respirou fundo como se reunindo paciência.

— Como você ficaria se eu mandasse dizer por aí que eu estou solteiro? – Perguntou cruzando os braços diante de si. Inclinei minha cabeça considerando sua pergunta, lembrando-me bem por que eu estava irritada.

— Eu não sei. – Dei de ombros. – Provavelmente sairia de casa e sumiria por dois dias. – Pisquei para ele. – Mas eu já fiz isso, então não posso usar de novo.

— Megan...

— Ou, eu poderia quem sabe entrar com os papéis de divórcio as escondidas. – Falei fazendo-o ficar tenso e surpreso. – E mostrar para meu amante, e ele te contar enquanto você como um idiota que é, tenta enfrentar tudo com dignidade.

— Isso, não foi assim. – Negou. – Eu...

— Mas não importa. – Falei. – Por que eu estou solteira hoje, e ao que parece em breve também, então saia da minha frente e me deixe analisar com minha futura ex-cunhada as opções que eu tenho.

— Você não está solteira. – Falou aborrecido.

— Eu estou. – Falei lhe mostrando minha mão nua. – Saia.

— Onde está sua aliança? – Perguntou atônito.

— Joguei fora. – Menti. – Agora saia da minha frente, preciso encontrar meu futuro marido.

— Mas já decidimos que casamento não é para nós. – Thea murmurou ganhando um olhar cheio de ódio do irmão.

— Verdade. – Concordei. – Então eu só vou pegar um cara aleatório e transar.

— Agora sim. – Thea assentiu.

— Megan pare. – Oliver falou possesso. – E Thea você não está sendo melhor.

— O quê, eu tenho que ir para casa e esperar meu homem de forma obediente e humilde? – Thea o perguntou erguendo uma sobrancelha. – Devo ignorar o fato de que ele transa com qualquer mulher menos eu?

— É claro que não. – Oliver negou. – Eu sempre achei que vocês não deveriam mais estar juntos, mas eu não podia impor isso a você. Vamos, eu vou levar vocês duas para casa.

— Eu gosto daqui. – Neguei.

— Você está chateada comigo. – Falou se agachando em minha frente. – Eu fiquei chateado quando você foi embora e me deixou na festa após termos aquela conversa antes de entrarmos. Eu pensei que mais uma vez você havia fugido. Nós tínhamos um plano lembra? – Pisquei diante sua frase, pela primeira vez me sentindo um pouco culpada. - Mas se trata de um desentendimento, assim como essa história dos papéis, vamos para casa e poderei lhe explicar melhor. Eu juro que não estava querendo ser desonesto com você e que nunca mostrei nada a Isabel. – Sua mão segurou a minha. Seu olhar mais uma vez se concentrando na minha mão desprovida de anel. Seu cenho se franzindo – Não tem marca.

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— O quê? – Perguntei confusa. Olhei para minha mão percebendo o que dizia, é claro que não tinha, eu só estava usando esse anel a um par de meses, podia até ter, mas era muito pálida. Não era algo como uma mulher casada há dois anos teria.

— Quantas vezes você tira sua aliança? – Perguntou-me parecendo genuinamente irritado.

— Ih. – Encarei Thea que poderia ter reagido melhor.

— Eu tenho marca, está escuro demais para perceber. – Falei rapidamente. – E Isabel foi quem me falou sobre tudo.

— E você vai acreditar em Isabel? – Perguntou-me descrente. – Ela está irritada, nossa conversa não foi fácil, era por isso que eu não queria que você fosse hoje a noite.

— Oliver, apenas vá. Eu vou voltar com Thea, amanhã conversaremos. – Falei me ajeitando. Ele meneou a cabeça em uma clara negativa. – Oliver. – Murmurei em tom eloquente. O observei descrente tirar a própria aliança.

Eu não gostei.

Pareceu errado.

— Se você está solteira, imagino que eu também. – Falou colocando sua aliança no bolso interno da jaqueta. – O que devo fazer agora?

— Eu não sei Oliver, faça o que diabos você quiser. – Falei começando a ficar irritada, o sorrisinho de Thea não amenizou meu humor. – Vá em frente e pegue a mulher mais bonita daqui, seja feliz. – Peguei a bebida da mão de Thea ciente de que agora mais do que nunca eu precisava ficar completamente bêbada. Ele me encarou irritado e se levantou.

— Se é isso o que você quer. – Falou me dando as costas e entrando na massa crescente de pessoas dançando.

— Oh não, você realmente fez isso? – Thea perguntou admirada.

— Eu não me importo. – Falei. – Ele não é nada meu.

— Você está morrendo de ciúmes, Felicity. – Thea falou. – Assim como ele. Pare de mentir para si mesma.

— Eu...

— Tome isso. – Murmurou abrindo sua bolsa e me entregando a aliança de volta. – Coloque antes que ele perceba que a iluminação é uma desculpa de merda.

— Não quero.

— Coloque isso.

— Eu. Não. Quero.

— Eu tomo minhas palavras de volta, você é uma bêbada chata. – Falou com um suspiro. – Coloque isso! – Exigiu.

-Está bem. – Suspirei. – Mas não faz diferença nenhuma. Ele não vai voltar, ele foi atrás de uma mulher qualquer para transar.

— Você o mandou ir. – Lembrou-me.

— E Oliver sempre faz tudo o que eu digo. – Argumentei de forma infantil. – Quer saber, eu não gosto do seu irmão, ele sempre dá um jeito de fazer com que eu pareça a errada, você viu como ele falou? Como se eu o tivesse abandonado na festa. Ele sempre se faz passar como quem foi abandonado.

— Você fugiu da festa. – Falou.

— Fique do meu lado. – Exigi.

— Você saiu sem dizer para onde ia. - Lembrou-me.

— Com você.

— Eu não mandei você me escutar.

— Eu... Ok, eu o deixei para trás, mas apenas por que soube daqueles malditos papéis. – Reclamei. – Como alguém que mantêm isso por perto ainda me faz ir para uma terapia de casais, como se realmente estivesse tentando algo? Ele é hipócrita e desonesto, ele...

— Voltou. – Thea falou fazendo com eu virasse meu rosto procurando por Oliver de imediato. – E você está louca por ele.

— Não vou responder a isso. – Falei enquanto observava Oliver se aproximar novamente. Seu semblante decidido e obstinado. A determinação em seu olhar quase me fez recuar, talvez pedir desculpas pela minha atitude, até eu tinha que admitir que o que fiz foi um pouco infantil. – Eu pensei que que você tinha indo atrás de alguém.

— Eu estou. – Concordou segurando meu pulso e fazendo-me me erguer, meus olhos de imediato prendendo-se aos seus. – Da mulher mais bonita daqui. – Falou antes de tomar minha boca em um beijo.