POV. Primery Dállia Rose.

Depois que deixamos a garota entrar, decidimos perguntar seu nome. “Army Lutely Jaspl”. Por incrível que pareça, tenho a impressão de já ter ouvido esse nome em algum lugar.

– Vill, eu acho que... Army! – Direciono minha atenção para ela. - Eu posso te chamar de Army?

– Uhum! – Army acena a cabeça positivamente.

– Army. Há alguém na sua família chamado Heckmand? Heckmand Jaspl?

– Eu acho que você quis dizer Hackmyn. É o meu tio. – Então eu me toquei. Lembro-me de meus pais conversando com um bispo do Rei, e seu nome era algo Heckmyn Jaspl. Ele estava lá no dia da minha coroação. Tento me lembrar do rosto, mas não consigo. Pego meu desenho e observo os bispos.

– Army, algum desses é seu tio? – Mostro o desenho ansiosa.

– Esse aqui – Ela aponta para o da direita.

– Ele ainda está vivo, não está?

– Sim.

– Certo, obrigada. Creio que você esteja com fome.

– Sim, muita!

– Gosta de frutas?

– Sim, gosto. Qual o nome de vocês?

– Ele é Villtish Bauw Meiden e eu sou Primery Dállia Rose.

Na verdade eu não conseguia prestar muito bem a atenção que eu deveria. Eu estava prestes a descobrir algum culpado pela destruição do meu planeta, o que era incrivelmente importante pra mim. Eu estava sendo o mais simpática possível, mas acho que Vill percebeu que eu estava muito artificial, pouco focada, preocupada; e ele simplesmente resolve falar para o mundo todo isso – tipo, mundo todo à Army.

– Ro, você está muito preocupada com isso, não é? Pode falar. – Sinto meu rosto ficando vermelho, não só por causa da vergonha, mas por causa da raiva também. Tento esconder, já que sou uma ótima mentirosa.

– Vill, eu não sabia que você prestava tanta atenção em mim. Não se preocupe, eu estou bem, então se cuide um pouco mais, tá meio decadente, hein?

Army solta um risinho e tenta disfarçar. Então me lembro de algo que pode desviar o assunto, e é realmente verdade.

– Gente, amanhã eu vou fazer 15 anos! YEY!

– Sério? Por que não me contou? – Disse Vill.

– Que legal! Você vai ser só dois anos mais velha que eu! – Disse Army com sua voz fina e inocente. Começo a achá-la fofamente legal.

– Você só tem 13 anos, mesmo? Foi o que eu supuz! – Disse eu com um ar engraçado na voz, fingindo um sotaque pirada, junto com uma careta. Ela dá uma risada inocente como se só tivesse 10 anos. Eu gostei disso nela. Como uma pessoa que foi criada numa família extremamente cruel e destruidora pode ser tão... Assim! Digo que ela é meio infantil demais, mas é no bom sentido.

POV. Army Lutely.

Eu realmente gostei daqui. Não acho que seria legal continuar naquela família. Eles não são um bom exemplo para mim. No momento em que pisei aqui dentro, soube que seria bastante legal. No início, não fui muito com a cara da Primery. Mas eu percebi que ela só é meio traumatizada mesmo. Comecei a gostar dela.

– Eu tive uma ideia. Só tivemos algum tempo aqui, e eu só ri um pouquinho. Vocês moram no parque! Vamos nadar, fazer algo divertido!

– Bom, Army, primeiro eu quero lhe perguntar uma coisinha. – Não gostei do ar da Primery, mas deixei-a prosseguir. – Você está na escola?

– Estou...

– Sabe química, física ou coisa assim?

– O básico de física e um pouco de biologia. – Não estava gostando do rumo que isso estava tomando.

– OK. Depois você me ajuda na minha pesquisa?

– E por que o Villtish não ajuda?

– Porque ele não sabe física ou química.

– Tá bom! Podemos ir agora?

– Claro! Vamos! – Disse a Primery, e percebi que ela estava animada com isso também. Depois nós saímos e a Primery chamou o Villtish. Mas ele parecia um pouco irritado.

POV. Villtish Bauw Meiden.

Não gostei da Ro ter falado tudo aquilo e ainda ter desistido do nosso dia. Estava completamente irritado e sem um pingo de vontade de “curtir o dia”. Mas seria melhor do que bancar o mimado trancado dentro de casa porque me chateei com algo e perder a diversão. Não garanto que vou melhorar, mas vou tentar aproveitar o dia ao máximo, quem sabe eu melhoro...

– Já estou indo... – Me levanto e corro para alcançá-las. Mas quando chego não vejo ninguém. Chamo por elas, mas ninguém atende. Ando um pouco pra frente. Olho pro rio (deem play, pessoal). Elas poderiam estar tomando um banho. Vou para a beira e grito por elas. Ninguém atende. Só me dou conta do que aconteceu quando sinto quatro mãos me empurrando, vozes rindo enquanto caio no rio. Elas riem e pulam juntas. Quando ressurjo, vejo que estão quase em cima de mim. E elas caem justo na minha cabeça. Levanto mas não as vejo. – Apareçam, por favor!

Quando me dou conta, elas já saíram do rio e estão subindo numa árvore próxima ao mesmo. Rose está ajudando Army. É incrível como as duas se entrosaram tão rápido. E elas pulam em formato de bola. Caem numa velocidade imensa, pois a árvore era alta, mas não se machucam. Rio e nem percebo que a minha raiva foi embora.

Decidimos fazer cabra-cega na água. Eu começo e fico de olhos fechados. Giro e começo a procurar. Elas me cutucaram, cutucaram meu pé, riram e nadaram pra longe; Ficamos lá até escurecer. Brincamos de corrida até a água e de tubarão. Brincamos de pique esconde no parque todo. E eu sempre era achado.

Depois subimos numa bananeira e pegamos algumas bananas. Rimos até o dia acabar. De noite, brincamos de “gato mia”, brincadeira em que as pessoas se escondem no escuro outra tem que procurar. Quando achar, pergunta gato mia. A pessoa mia e a que procura tem que dizer quem é. Eu nunca acertava. Mais tarde, lá pras 20:30, Army disse que estava com sono. A colocamos para dormir na cama e depois saímos. Sentamos numa parte mais elevada do solo. Era tipo uma ladeirinha natural da casa para o rio. Deitamos e começamos a olhar as estrelas.

POV. Primery Dállia Rose.

– São lindas, não são?

– São sim... – Vill comentou me admirando, olhando com um sorriso galanteador.

– Eu amei esse dia. – Disse eu, tentando disfarçar que corei com o sorriso dele.

– É, eu também. A Army é muito legal, não é? É como nossa filha agora.

Me levantei assustada, e se eu estivesse comendo eu engasgaria.

– Olha, bem, eu estou com sono, vamos dormir, OK? – Saímos caminhando e entramos em casa. Decidimos que eu dormiria com a Army e ele com o edredom de cobrir forrado no chão.

– Boa noite. – Disse eu, sonolenta.

– Boa noite.