No dia seguinte, pontualmente às 20:30, Emma foi buscar Regina para as duas poderem ir para o casamento. Assim que estacionou seu carro, a loira mandou uma mensagem para a amiga avisando que já havia chegado e depois de alguns minutinhos, Regina apareceu no saguão de seu prédio. A morena estava muito sexy com um vestido preto justo, que ia até os joelhos, saltos pretos e batom vermelho para completar o look. Emma ficou de boca aberta e só saiu de seu transe quando Regina bateu no vidro do carro para que ela destrancasse a porta.

- Uau!

Emma exclamou assim que Regina se sentou ao seu lado.

- Você está incrível!

- Obrigada amiga. Você também!

As duas sorriram e a loira começou a dirigir rumo ao casamento. Assim que chegaram à igreja, Regina se sentou em um banco e Emma avisou que iria falar com seu pai. Ela caminhou até o altar e entrou em uma salinha próxima dali.

- Oi pai.

- Emma!

Robert, que estava sentado em um banco, todo elegante, se levantou e abraçou a loira.

- Ah, agora a festa realmente começou! Minha filha chegou!

O senhor falou animado, sorrindo largamente.

- E aí, como você está?

- Estou ótimo, mas você está linda! De verdade!

Emma trajava um conjuntinho de blazer e calça social azul escuro, com uma blusa branca por baixo e salto alto. Tinha uma maquiagem leve no rosto e seu cabelo estava preso em uma trança, deixando seu visual chique.

- Obrigada pai.

A loira agradeceu sem graça.

- Trouxe a maravilhosa Regina?

- Claro.

- Se você não for rápida, eu vou torná-la a número seis.

- Número sete, essa é a número seis.

Pedro, o advogado de Robert, que estava falando no celular, corrigiu o senhor.

- Isso, a número sete.

- Desculpe interromper.

O advogado se pronunciou de novo.

- Sua mulher disse que só quer duas vezes por semana.

- Ah não, Amanda meu prometeu cinco.

Robert falou emburrado.

- Ok, vou tentar falar com ela.

Assim que Pedro se distanciou um pouco, Emma comentou irritada:

- Pai, eu não acredito que você está negociando a quantidade de vezes que vai fazer sexo.

- Mas ela queria isso no pré-nupcial.

- Por Deus viu.

Emma se sentou no banco, bufando.

- Vai, pode falar. Pode jogar na minha cara.

Emma se controlou e lembrou-se do que Regina havia lhe dito.

- Eu estou feliz que esteja feliz.

- Não é isso que você quer dizer.

Robert se sentou ao lado da filha.

- São coisas do tipo: Você é velho demais pra ela. Ela não te ama. É constrangedor. Vai passar pelo quinto divórcio.

- É sexto, pai, mas eu estou feliz que esteja feliz. E me importo realmente com você.

- Consegui!

O advogado deu um grito e se aproximou novamente.

- Senhor, ela disse quatro vezes por semana, mas só se você se exercitar mais.

- Fechado.

Robert sorriu e Pedro foi fechar os últimos detalhes.

- Pai, eu já vou indo para lá, esperar a entrada da noiva. Boa sorte.

- Obrigado filha.

Robert deu outro abraço em Emma, que se retirou e foi se posicionar no altar ao lado de alguns parentes que já estavam ali.

O casamento correu tranquila e rapidamente. Com todas as tradições e coisas que se tem direito. Depois da cerimônia, todos foram para a festa, que era bem moderna, segundo Robert, mas como esse era o desejo de Amanda, ele deixou desse jeito mesmo. Enquanto o senhor dava passos simples e vagarosos na pista de dança, Amanda dançava animadamente ao som da música eletrônica.

Emma e Regina estavam sentadas nos banquinhos do bar, esperando servirem os bolos e os observando de longe.

- Então, você disse o que eu te falei?

- Disse.

- E também disse que o amava?

- Não, eu disse que me importava com ele.

- Não consegue dizer nem para o seu pai. Eu não entendo.

- É coisa minha.

- Emma.

- E você é a rainha do “eu te amo” né!?

A loira perguntou rindo.

- Você está falando sério?

- Aham. Você fala isso o tempo todo, para todo mundo.

- Que mentira.

- Sei.

As duas riram.

Depois de um tempinho, os bolos chegaram. Uma fatia de bolo de limão e outra fatia de bolo de chocolate. Elas pegaram os garfos e começaram comendo um pedaço do bolo de limão.

- Hum! Está uma delícia!

Emma comentou.

- Está mesmo.

- Acho que só vou pedir esse daqui pra frente.

- Não vai não.

- Por quê?

- Porque você tem que pedir o bolo de chocolate para eu experimentar.

Elas sorriram e Amanda se aproximou.

- Vejam só a minha filha linda!

- Oi.

- Me dá um abraço aqui!

Emma estendeu os braços e quase foi sufocada por Amanda.

- Olha, se você for uma menina malvada eu vou ter que bater em você.

Amanda falou terminando o abraço e dando um forte tapa na bunda de Emma.

- Uou!

Emma exclamou totalmente espantada com a atitude da mulher.

- Eu quero que você saiba que se precisar de qualquer coisa, como dinheiro, um conselho ou se tiver problema com algum garoto ou garota, o que eu duvido.

Ela olhou para Regina rapidamente, mas logo voltou sua atenção para Emma.

- Eu quero que você pense em mim como se fosse sua mãe de verdade.

- Ah, obrigada.

Emma agradeceu falsamente, foi quando seu pai apareceu.

- Regina.

- Robert.

Os dois se abraçaram.

- Parabéns viu.

- Obrigado querida.

Eles sorriram.

- Vamos dançar amor?

- Vamos.

Robert e Amanda saíram dali e voltaram para a pista de dança.

- Será que foi impressão minha ou ela estava jogando charminho pra cima de você?

- Ela é uma descarada. Acabou de se casar e já está dando em cima da filha do marido dela.

- E será que seu pai sabe que ele pode namorar sem casar?

Regina perguntou em um tom divertido.

- Bom, eu acho que não sabe não.

As duas riram e continuaram sentadas no banquinho, comendo as fatias de bolo. Enquanto Regina observava vários casais dançando e se beijando, Emma estava concentrada em olhar para a morena, que estava mais linda do que nunca. Quando a loira resolveu parar de encará-la e olhar ao redor, deu de cara com Rosie.

- Essa não! Me esconde!

- Por quê?

- É a coordenadora de pacientes do meu pai.

Regina se virou e olhou na direção que Emma tentava evitar.

- Não, não olha.

Emma virou o rosto da morena delicadamente.

- Ela é obsecada por mim. Chegou até a criar um site: www.EmmaSwan.com.br.

- Ah, é essa a blogueira doida que você falou?

- Essa mesma. Agora vem, dança comigo.

A loira pegou a mão de Regina e as duas foram para a pista de dança, onde tocava uma música lenta.

- Ela até que é bonitinha Emma.

- Para.

- Eu estou falando sério.

- Vai me esconde.

Regina colocou seus braços ao redor do pescoço de Emma, que botou as mãos na cintura da morena, trazendo-a para perto de si e começando a dançar.

- O blog dela tem duas páginas descrevendo o meu rosto. Ela não acha que meu nariz é pequeno demais, nem pontudo e nem que meus lábios são muito finos.

- Quem disse isso?

- Você disse. Quando a gente se conheceu.

- Eu menti.

- Sério?

- Uhum. Eu te achava muito linda.

As duas sorriram.

- Você falou que eu parecia um cachorro.

- Ah, eu só falei aquilo porque eu estava tentando dormir com você.

- Por que não tentou mais?

Após perguntar isso, Regina se martirizou mentalmente. O que ela estava fazendo? Mas sua tortura mental acabou quando ouviu a resposta de Emma.

- Porque eu gosto de ter você na minha vida.

Elas continuaram a dançar, quando Rosie apareceu na frente das duas.

- Oi Emma!

- Oi.

- Quem é essa?

A mulher perguntou com certa raiva.

- Ela é...

Emma olhou para Regina.

- ...minha namorada.

As duas voltaram para dança, deixando Rosie de boca aberta.

- Por que você não me disse que tinha namorada?

- Porque eu não te devo satisfações.

- Mas sabe, eu e a Emma temos um relacionamento bem aberto.

Regina se pronunciou pela primeira vez.

- Ah é?

Rosie perguntou animada.

- Então princesa, era sobre isso que eu queria falar. Eu não quero ficar com mais ninguém além de você.

- Eu não sei se estou preparada para isso, você conhece minhas regras.

Regina falou se segurando para não começar a rir, porque ela estava imitando o jeito que Emma agiria em uma situação real.

- Mas eu vou pensar com carinho, prometo.

- Obrigada amor.

Rosie que assistia e ouvia tudo com uma enorme raiva, foi ficando vermelha e antes de se retirar, fez um último comentário:

- Acho que eu vou criar um novo blog agora.

E saiu pisando alto.

- Eu estou com medo.

Regina falou se agarrando mais em Emma.

- Não liga, ela é doida.

Emma correspondeu ao abraço, acolhendo a morena em seus braços e voltando a dançar a música no ritmo certo, algo que havia sido impedido por Rosie.

As duas ficaram dançando por um tempo. Regina estava se sentindo tão leve, tão segura, como ela nunca havia se sentido. Estar nos braços de Emma daquele jeito estava sendo tão bom. Claro que ela já havia dançado ou ficado abraçada com a loira antes, várias vezes, até dormir na mesma cama elas já tinham dormido, mas aquela dança estava sendo diferente. Um diferente inexplicável. Mas quando ela retomou sua consciência percebeu que com quem estava dançando era Emma “sua melhor amiga”, não Emma “sua namorada”, isso nunca aconteceria.

Regina não conseguia entender o por que estava sentindo aquilo. Concluiu que era por causa das palavras ditas por Emma anteriormente para Rosie, mesmo que fossem mentira, e também pelo fato da loira dançar bem. Regina foi tirada de seu raciocínio pela dona de seus pensamentos, que quebrou a proximidade de seus corpos e a puxou pela mão.

- Vem, vamos nos sentar. Rosie já saiu daqui.

- Vamos.

Elas voltaram para os banquinhos e ficaram conversando, rindo, comendo e bebendo o resto da festa inteira. Só foram embora quando já estava amanhecendo e como estavam um pouco bêbadas, preferiram caminhar, afinal, o buffet não ficava muito longe do apartamento de cada uma.

- Lembra daquela casa antiga da Escócia com quadros incríveis que eu te falei?

Regina perguntou enquanto ela e Emma andavam em direção a um local que parecia ser uma ponte, mas não era estreito, era bem bonito por sinal. Elas tinham seus braços entrelaçados.

- Claro...que não.

- Emma.

As duas riram.

- Finalmente eu consegui que os diretores aprovassem os quadros para a nossa coleção permanente.

- Sério?

- Uhum, mas eles querem que eu vá para Escócia para poder resolver tudo.

- Quando você vai?

- Daqui dois dias.

- Quanto tempo vai ficar lá?

- Seis semanas.

- É muito tempo.

- Verdade.

- Mas pelo menos vai ser uma grande oportunidade pra você.

- É, vai sim.

Elas pararam na ponte e ficaram observando o amanhecer do sol.

- Seis semanas.

Emma repetiu.

- O que eu vou fazer sem você durante seis semanas?

- Eu posso imaginar muito bem.

- Ei! Assim você me ofende.

A loira disse fingindo indignação e colocando a mão no coração, arrancando uma gargalhada de Regina. Ela então resolveu subir na cerca da ponte.

- Emma, o que você está fazendo?

- Eu vou pular. Seis semanas é tempo demais.

- Será que você não consegue levar nada a sério?

As duas riram.

- É claro que consigo.

- Então desce daí.

Emma obedeceu e elas voltaram a caminhar.

- Obrigada por ter ido ao casamento.

- Foi divertido. Eu mal posso esperar pelo sétimo.

- Quer dizer que você mudou de ideia e vai me acompanhar?

- Vou.

- Isso é ótimo, porque o próximo não vai demorar muito.

Elas sorriram e voltaram a entrelaçar os braços.