A Melhor Amiga Da Noiva

Hope is always the last to die


No dia seguinte, Emma levantou bem cedo, tomou um café preto bem forte e pegou suas malas, levando-as rapidamente para o carro. Não acreditava que estava realmente fazendo aquilo, mas ela não podia simplesmente continuar naquele lugar e ver Regina se casar, seria doloroso demais. Ela havia falhado e não tinhas mais chances. Regina assistia aquela cena da janela. Sua vontade era ir até ali e impedir Emma de ir embora, mas seu orgulho falava mais alto, impedindo-a de tal ato.

– Sinto muito amor.

Ruby se aproximou e a abraçou por trás.

– Lamento que você e a Emma tenham brigado.

– Sou a melhor amiga dela, ela está com medo de me perder.

Regina se aconchegou nos braços de sua noiva.

– Ela vai superar.

– Vai sim, tenho certeza.

Ruby deu um demorado beijo na cabeça da morena, enquanto assistiam o carro onde Emma estava partir.

***

O casamento era apenas em algumas horas e todos estavam se arrumando, extremamente ansiosos para a celebração. Ruby estava tão nervosa, que assim que terminou de se vestir, foi correndo para a igreja, arrastando toda sua família e convidados junto. Regina, sua mãe, sua avó e as damas de honra, só iriam mais tarde. Enquanto as mulheres ao redor da morena falavam o quanto estavam felizes para o casamento, a única pessoa que vinha em sua cabeça era Emma. Regina estava tão pensativa e preocupada, que quando se deu conta, já estava na balsa, a caminho da igreja.

– Está tudo bem querida?

Cora perguntou se aproximando da filha, que estava sozinha em um canto específico da balsa, olhando para o nada.

– Está sim, mãe. Eu só estou...com medo.

Regina estava realmente com medo, mas não era do seu casamento em específico.

– Isso é normal.

A senhora disse abraçando-a.

– Vai dar tudo certo. Pode confiar em mim.

– Obrigada mãe.

A morena respondeu retribuindo fortemente a aquele abraço, que sempre lhe fazia tão bem.

Enquanto isso, Emma seguia sua viagem de volta para casa. O motorista não tinha coragem nem de puxar uma conversa com a loira, percebendo que tudo que ela mais precisa era de um tempo em silêncio, para conseguir pensar melhor nos problemas que provavelmente deveria estar tendo. Quando de repente, Emma foi surpreendida por uma parada brusca.

– Desculpe senhorita.

O motorista disse rapidamente.

– O que houve?

– Rebanho descontrolado.

– Hã?

A loira perguntou confusa.

– Ali, olha.

O motorista apontou para frente e foi aí que Emma notou que várias ovelhas atravessavam.

– Isso demora muito?

– Um pouco. Se a senhorita quiser, pode sair do carro para dar uma esticada nas pernas.

– Obrigada.

Emma deu um meio sorriso e fez o que o motorista havia dito, mas no momento em que se abaixou para tocar seus pés, na tentativa de relaxar seus músculos, seu celular caiu do bolso do de sua jaqueta.

– Droga!

A loira bufou e o pegou do chão. Quando virou sua tela para ver se ainda estava inteira, seu coração deu um salto. Seu plano de fundo era uma foto sua e de Regina. As duas pareciam tão felizes. Então foi como se passasse uma luz por sua cabeça, clareando suas ideias e a levando a fazer o que deveria ter feito há muito tempo. Emma voltou para dentro do carro rapidamente e disse ao motorista:

– Retorna, por favor. Eu preciso voltar.

– Tudo bem.

O motorista foi o mais depressa que pôde, mas assim que chegaram até o porto onde as balsas ficavam, era tarde demais.

– Ei, senhor, eu preciso de outra balsa!

Emma disse exasperada, se aproximando de um homem, que usava um boné e tinha uma prancheta na mão.

– Desculpe, mas todas as nossas balsas já foram para a igreja. Não tenho mais nenhuma disponível.

– E tem outro jeito de chegar lá?

– Tem, você pode ir de carro.

– Carro! Ótimo!

– Mas senhorita, de carro levaria uma hora e meia.

O motorista interveio.

– Não, vai demorar muito!

Emma respondeu aflita.

– Você pode nadar ou ir a pé pela praia.

O senhor tentou ajudar ao ver o quase surto da loira.

– O quê? Não, eu preciso de algo rápido!

Emma estava definitivamente desesperada. Como ela iria fazer para impedir o casamento, se não estava conseguindo nem achar um meio de chegar até ele? De repente, a loira ouviu um relincho e quando se virou para trás, deu de cara com um carro que trazia um cavalo.

– Senhor, por favor, eu preciso do seu cavalo!

Emma exclamou já se aproximando do animal e montando em cima dele.

– Moça, o que está fazendo? Vai se machucar! Desça daí!

– Senhor, eu preciso chegar até igreja! Olha, se você me emprestar o seu cavalo, eu te dou três centavos por cada luva de copo usada no mundo todo. Faz as contas, vai ver a fortuna. Por favor!

A loira implorava, com o sofrimento estampado em suas feições, e o homem não teve como recusar.

– Ah, então tudo bem. Boa sorte garota!

– Obrigada!

Emma sorriu e em alguns minutos já estava bem longe dos três homens que ficaram ali no porto.

Ao mesmo tempo em que isso acontecia, Regina já estava entrando na igreja com o pai de Ruby, ao som da marcha nupcial. Todos estavam muito felizes por estarem ali e Ruby teve que segurar suas lágrimas ao ver a sua amada, que estava simplesmente deslumbrante naquele vestido. Assim que chegou ao altar, Bongô entregou Regina a sua filha, que não se conteve e lhe deu um selinho, sussurrando o quanto ela estava linda.

– Todos sentados, por favor.

Reverendo Marcelo se pronunciou e deu início a cerimônia.

– Estamos aqui hoje para unir essas duas maravilhosas mulheres, nesta magnífica celebração do amor.

Ruby não conseguia parar de sorrir para Regina, que tentava ao máximo forçar seu sorriso, afinal, ela não queria magoar a garota, que era uma excelente pessoa.

– Para Ruby, o amor se celebra por meio das lembranças do amor de seus pais e para Regina, através dos quadros de Modigliani. Sendo assim, se algum dos presentes aqui quiser se pronunciar, fale agora ou cale-se para sempre.