Eu me lembrava daquele rosto, não só de quando ele tentou me matar, eu já o conhecia antes disso, pois ele já tentara me matar, ele era Diego, o homem que tentou matar o meu Jesse, o homem que havia morrido quando eu mudei a historia. Não conseguia entender como podia não ter reconhecido.

-Ora, ora, mas o que temos aqui?

-Felix. -Falou Jesse com um tom de desprezo e raiva.

-Hector e sua prostituta.

Oh, como eu odiava esse homem!

-A única prostituta que eu conheço é a sua Maria. -Respondi com muito ódio e me segurando para não ataca-lo.

Jesse deu um passo para frente para ficar no caminho de Felix.

-Você tentou matar minha Suzannah, duas vezes, você não devia ter feito isso.

Jesse falou em um tom que eu nunca tinha ouvido, era puro ódio.

-Es la defensa de una prostituta.

Jesse havia me ensinado um pouco de espanhol para poder entender isso, mas eu não tive tempo de responder, pois ele se jogou em cima do Felix e os dois começaram a briga, essa era uma cena familiar, mas não igual, pois agora Felix era um fantasma muito velho e que poderia matar o meu Jesse.

Eu tentava chegar perto dos dois para levar Felix até o outro mundo, mas os dois rodavam pelo chão da sala, destruindo tudo por ali, Felix fazia com que alguns objetos saíssem de seus lugares e atingissem Jesse.

De repente Jesse conseguiu jogar o fantasma para longe e eu vi que essa era minha chance, eu corri e cheguei nele antes do meu amor e na mesma hora o levei ao outro mundo, mas mesmo eu tendo sido rápida para chegar primeiro que Jesse. Não fui para evitar o ultimo movimento de Felix, que fazer uma faca, esquecida de manhã na mesa, voar e acertar ele na barriga. Quando a informação de que Jesse havia sido ferido entrou na minha mente eu já estava no outro mundo.

Quando me vi lá a única coisa que pensava era que eu precisava voltar, precisa ir para o apartamento, fazer algo, pois não podia perder meu Jesse, nunca!

Então um braço passou por meu pescoço, comecei a me debater e tentar acerta-lo, pois se eu estivesse encostada nele enquanto voltava era possível que Felix voltasse comigo, não podia fazer isso, sabia que não.

Comecei a dar chutes para trás tentando acertar sua partes intimas, quando consegui ele afrouxou o aperto no meu pescoço e nós começamos a lutar. Eu dava socos e também levava. Nós éramos iguais, não de tamanho e nem de força, mas nós dois éramos fantasmas, quando eu consegui acertar seu estômago ele deu um passo para trás me largando e eu voltei na mesma hora para o meu corpo.

A sala estava um caos, mas a pior imagem era a de sangue no chão, sangue do meu Jesse, que estava deitado de olhos fechado e com uma faca em sua barriga.Corri até ele pegando o telefone no caminho.

-Jesse fique comigo!- Disse chorando e ligando para a emergência.

-Her...hermosa.-Ele sussurrou.

A emergência atendeu e eu pedi uma ambulância. Esperando por ela pensei em tirar a faca ma isso poderia fazer sangrar mais, então a única coisa que fazia era acariciar seu rosto, enquanto chorava desesperadamente.

-Não Jesse, não feche os olhos, fique comigo.

-Eu sempre vou estar com você, hermosa. -Disse ele em uma voz fraca e cansada.

-Não Jesse, você não vai virar um fantasma, nós vamos viver, vamos nos casar, ter filhos e ter uma vida longa e muito feliz.

Ele levantou a mão com dificuldade e passou pelo meu rosto, enquanto dava um sorriso pequeno.

-Eu não me importo de morrer agora, eu vivi pelo menos algum tempo com você,mi hermosa.

Nesse momento os paramédicos chegaram, passaram pela porta que não tinha sido fechada quando chegamos e começaram a cuidar dele, quando o colocaram na maca e começaram a retira-lo, um virou para mim.

-O que você é dele?

-Noiva.

-A senhorita sabe o que aconteceu.

Eu disse a primeira coisa que veio a minha mente.

-Roubo.

-Acompanhe-nos, senhora, você pode ir conosco na ambulância.

-Obrigada.

Na ambulância os paramédicos cuidavam dos ferimentos de Jesse, eu ainda não soltara sua mão que estava cada vez mais fria, vi eles colocando algo para segurar o sangue, mas Jesse fechou os olhos e sua pele estava muito branca.
Meu choro se intensificou, eu conhecia muita gente morta para saber quando isso ia acontecer.

Jesse apertou minha mão e sussurrou: te amo.

Quando essas palavras saíram de sua boca eu perdi meu foco, tudo era um borrão, nós chegamos ao hospital e os paramédicos levaram meu Jesse embora, para dentro do hospital, eu me sentei na sala de espera, mas não esperava pelos médicos, esperava pelo meu homem voltar a ser meu fantasma, no momento minha vida era um grande nada.

-Suze?

Olhei para cima e vi minha mãe com toda a minha família, Cee Cee e Adam. Todos vindo à minha direção.

Corri para os braços da minha mãe e ela me abraçou forte e começou a sussurrar que "ele ficara bem".

-Vocês são a família do Senhor de Silva?

Afastei-me da minha mãe, com o rosto provavelmente vermelho e inchado, e cheguei mais perto do médico, já sabendo sua resposta.

-Sou a noiva dele.

-Senhora nós viemos avisar que a cirurgia foi um sucesso e que ele já está no quarto para se recuperar.
Ele estava vivo!

Essas palavras se repetiam em minha cabeça, meus joelhos perderam a força e eu cai no chão chorando de soluçar, ele não voltara a ser um fantasma, ele estava vivo e se recuperando.

Senti os braços de alguém em volta de mim me ajudando a levantar mas o único rosto que eu via era o do médico.

-Eu... Eu posso ir vê-lo. –Perguntei no meio dos soluços.

-Sim, mas só pode entrar, ou ficar, um no quarto.

-Eu vou.

Sem olhar para ninguém segui o medico que me esperava, saindo percebi que quem me abraçara era minha mãe, mas a verdade é que no momento eu não ligava para nada que não fosse ele.

Quando entrei no típico quarto de hospital, vi o Jesse deitado, um pouco pálido, o que era difícil de acontecer com a sua pele morena, com muitos fios ligados a ele e dormindo calmamente.

-Vai demorar para ele acordar?

-No máximo três horas.

-Obrigada.

O médico saiu e eu me sentei na cadeira perto do Jesse, segurei sua mão e a acariciei.

-Eu amo você, se eu soubesse o que ia acontecer eu nunca tentaria me lembrar daquela noite, ficaria satisfeita por simplesmente saber meu futuro. Jesse eu tive certeza que você morreria, eu só esperava pela resposta do médico para voltar para sua casa, pois eu iria voltar no tempo, por que não me importa quantas vezes eu tenha que fazer isso, por que quero você vivo e comigo. Eu amo você, meu Jesse, eu realmente amo você.

-Her..mosa- Jesse sussurrou piscando os olhos. E era como se meu coração voltasse a bater.

-Sim. –Falei, mas saiu abafado porque eu estava de novo chorando.

-Eu também te amo - Falou ainda sussurrando.

Um sorriso brotou em meu rosto.

-Você estava acordado?

-Sim. –Falou tentando sorrir.

Eu me aproximei para beijar-lhe os lábios, o nosso beijo foi calmo, porém cheio de paixão, quando nós paramos eu encostei minha testa na sua e fechei meus olhos.

-Ele foi embora?

-Oh, sim, o levei até o portão e depois chutei sua bunda para dentro, nenhum fantasma tenta machucar meu noivo. –Disse fungado por causa do choro.

Jesse soltou uma baixa risada e me deu um selinho antes de voltar a dormir.

Aquela foi à noite mais longa da minha vida, ficar ali do lado do meu Jesse, contando seus batimentos cardíacos, além de ver sua pele normalmente morena, totalmente pálida, era simplesmente o meu inferno particular.

Jesse se mexia muito na cama o que me fazia achar que ele estava tendo um pesadelo, então eu pegava sua mão sussurrava em seu ouvido e ele se acalmava, eu estava me sentindo uma mãe, mas ser esposa é ser mãe também, é cuidar de alguém e ama-lo incondicionalmente.

Ele era o amor da minha vida e eu sabia que seriamos felizes, sabia que tudo iria dar certo, sabia que mesmo daqui a 30 anos nós iremos nos olhar da mesma forma em que nos olhamos agora, porque amor como nosso, um amor que supera até morte, varias vezes a propósito, nada nem ninguém consegue acabar com ele.

-Hermosa.

Jesse falou em meio do sonho e interrompeu meus pensamentos.

-Amo você.

-Eu também, Jesse. -Sussurrei em seu ouvido e beijei sua testa.

Sentando de novo na poltrona ao lado da cama eu segurei sua mão e adormeci naquele quarto de hospital, ao lado do homem que amo.