Eu estava dento do carro do Paul, e ele
correndo a mil por hora. Nós estávamos tão rápido que eu só conseguia enxergar
os borrões ao olhar pela janela.



- Onde estamos indo? – Perguntei aflita.



Depois de toda esta confusão eu me lembrei do
mestre, havíamos deixado ele plantado na porta da escola. Pois com toda aquela
confusão, eu nem cheguei a entrar na escola e depois sai correndo com o Paul.
Mas como eu sabia que mestre era esperto, ele ia saber se virar.



- Vamos para a sua casa. – Disse ele
simplesmente.



- Vamos voltar pra La, por quê? – Eu perguntei
curiosa. Porque pelo o que eu saiba, La não tem nada que faça com que saibamos
onde Jesse se encontra.



- Vamos pensar La.



- Pensar?! – Eu perguntei em choque. – Você me
arrastou para cá deste jeito, só pra gente poder pensar?



- Claro! – Disse ele, sem tirar os olhos do
caminho, porque creio que dirigir naquela velocidade deve ser muito perigoso, e
ainda mais sem estar olhando para o caminho. – Você acha que íamos ficar
pensando em algo coerente lá na escola? Ou, você pensa que a irmã Ernestina ia
deixar a gente ficar la na porta parados?



- Ta. Sei que você um pouco de razão, mas não
era necessário me arrastar daquele jeito. – Disse firme.



- Tive uma idéia! – Gritou ele do nada.



- Desembucha.



- Sabe onde o Jesse mora não é?



- Sim. – Disse.



- Então vamos pra la. – Disse ele. – Só tem um
detalhe, como vamos entrar?



- Problema resolvido. – Eu disse, já tendo uma
idéia.



Eu comecei a explicar o caminho em que deveríamos
seguir até a casa do Jesse, então quinze minutos depois Paul já tinha
estacionado o carro e estávamos parados em frente a portaria do prédio.



Eu avistei o porteiro que estava como de
costume dentro da guarita, sentado com os pés pra cima, assistindo TV. Eu andei
até a guarita e disse:



- Oi. Jesse me pediu para eu vir pegar uns papeis
que ele esqueceu – De tão boa que eu era em mentir, que a mentira saiu
naturalmente.



- Oi Suze. – Disse ele, ao se levantar da
cadeira em que estava deitado. – Claro, pode entrar.



- Só tem um detalhe, eu me esqueci de pedir a
chave para o Jesse. – Eu dei um sorrisinho de inocente.



- Sem problema. – Disse ele, com um leve
sorriso no rosto, e indo na direção de um chaveiro que estava pendurado na
parede.



Ele pegou um molho de chave e disse:



- Tome. – Disse, ao desprender uma chave do
molho.



- Obrigada.



Eu andei em direção a entrada do prédio, com
Paul logo atrás e disse:



- O que vamos fazer la dentro?



- Para uma deslocadora você é bem burra. –
Disse Paul, rindo da minha cara.



- Valeu pela parte que me toca. – Apertei o
botão do elevador.



- Vamos procurar alguma pista que mostre o
paradeiro do Jesse.



- Hmm, eu já sabia, só estava te testando. –
Disse séria.



O elevador chegou, e nós entramos.



Assim que chegamos no andar correto, fomos
para a porta do apartamento. Eu peguei a chave que o porteiro me deu, e girei-a
na porta, e entrei.



Tudo estava como era, nada fora do lugar, tudo
direitinho.



- Aconchegante – Disse Paul, com indiferença
olhando para tudo quanto é lado.



- Resumindo, você achou uma casa de pobre. –
Eu disse, pois sabia que era verdade, Paul sempre viveu no luxo, e de repente
se repara com uma casa humilde como a de Jesse.



- Claro que não. – Ele disse.



- Ta. Vamos ao que interessa.



- Você procura algo no quarto dele e eu fico
aqui na sala. Beleza?



- Ta. – Eu respondi, me dirigindo ao quarto do
Jesse.



Nunca havia entrado no quarto do Jesse antes,
na verdade nunca tinha entrado na casa dele. Pois a primeira vez que vim aqui,
a ruivinha estava, e na segunda vez, nem cheguei a entrar, pois Jesse já estava
de saída.



Olhei ao redor, tudo tinha aquele ar de século
IXX. A mobília toda trabalhada em madeira, bem antigo mesmo. Era óbvio que
tinha coisas do século XXI também, como um computador velho, um relógio em cima
do criado mudo, e assim vai. Eu parei de ficar olhando o resto das coisas,
quando meu olhar bateu em cima de um porta retrato, que estava ao lado do
relógio, em cima do criado mudo.



Eu cheguei mais perto, e peguei o porta
retrato nas mãos. Ali havia uma foto nossa. Eu estava com um sorriso enorme e o
Jesse estava dando um beijo estalado na minha bochecha, o que a meu ver, tinha
ficado uma foto linda.



Quando eu estava depositando o quadro no
local, ouvi o grito de Paul.



- Suze, olha o que eu achei!