Depois desse pequeno
detalhe que ocorreu na praia, eu decidi ir para casa, sem ao menos entrar na
água.



Falei com Cee Cee, para que a gente fosse
embora, porque eu tinha mais coisa pra fazer, do que ficar pensando nesse
ocorrido.



Horas depois, eu já estava no meu quarto, de
banho tomado e arrumando minha mochila com algumas coisinhas que eu ia
precisar, para sair de casa de noite. Deixei a mochila embaixo da cama, pronta
pra mim usá-la, quando chegasse a hora.



Coloquei corda, luvas, lanterna, isqueiro
- nunca se sabe quando se vai precisar. - repelente de insetos, água, etc... Tudo pronto para uma fuga rápida.



Depois disso, passei o dia em
casa; resumindo, passei o dia em frente a TV, assistindo filmes, e mais filmes,
até que minha mãe chegou em casa, dizendo:



- Oi filha! Como foi seu dia?



- Bem mãe. – disse sem
entusiasmo. – fui na praia, e depois passei o resto do dia aqui, do jeito que a
senhora ta vendo. – Disse, apontando para mim mesma.



- O que aconteceu? – perguntou ela,
se sentando ao meu lado. – Esse passeio a praia que te deixou assim, ou algum
telefonema?



- Ai mãe, eu não sei o que fazer!
– Disse com lágrimas nos olhos – Tem uma guria, mais velha do que eu e que ta
tentando tirar o Jesse de mim. Ela foi a praia e me encontrou La, e disse um
monte de coisas para mim. – Eu já estava debruçada em cima do colo da minha
mãe, e chorando horrores. – Eu não sei se posso competir contra ela mãe. –
Disse simplesmente.



O que será que estava acontecendo
comigo em? Suze Simon, chorando? Isso é impossível, pelo menos era nisso que eu
queria acreditar. Uma mulher forte que eu sempre era, chorando por causa de um
homem, que ao invés de estar ao lado dela neste momento, deve estar com aquela
ruiva falsa.



Minha mãe afagou meus cabelos e
falou calmamente para mim.



- Suze, minha filhinha. Eu sei
que você gosta dele de verdade. Mais como um velho ditado diz: “Se você ama
algo, deixe o ir, porque se for pra ser seu, ele voltara.” Então minha filha,
não se preocupe, se ele te ama de verdade e você também o ama não ninguém nesse
mudo que ira separar os dois.



Eu queria acreditar nas palavras
de minha mãe, mais eu não queria deixá-lo ir, do mesmo jeito que eu não quis
que ele fosse embora, quando ele era um fantasma, mais eu deixei, mesmo sem
querer, eu acabei o deixando ir, e no final ele voltou para ficar comigo, então
se a vida não o tirou de mim, não é uma ruiva falsa que ira tirar, e tenho
dito.



Enxuguei meus olhos e me levantei
do colo de minha mãe, não queria mais ficar chorando. Essa menina chorando,
deitada ao colo de sua mãe, não era eu, então tratei de me recompor e me
despedi de minha mãe e fui para o meu quarto.



Fiquei deitada na cama até a hora
de me chamarem para o jantar; depois que jantei, subi novamente e fui tomar um
banho.



Coloquei uma calça preta, um all
star preto, uma camiseta preta, e deixei a jaqueta jeans, pendurada na cama.



Me deitei e tapei-me até a
cabeça, para o caso de minha mãe ou Andy, viesse me ver.



Esperei até dar meia noite, e
perceber que todos já estavam dormindo para poder pegar a jaqueta pendurada na
cama e vesti-la e pegar a mochila embaixo da cama. Coloquei meu celular no direito
da minha calça, e sai em direção a janela.



Abri a janela com cuidado para
não fazer barulho e acordar os outros e passei para o telhado, fechando a
janela em seguida. Desci o telhado com o maior cuidado do mundo, para que não
acordasse minha família inteira.



Assim que estava no chão, eu saí
correndo em direção à garagem, peguei a mesma bicicleta que havia usado quando
fui atrás da Heather na missão, pois seu pegasse o carro, eu ia acabar
acordando a casa inteira com o barulho, então deixei quieto e saí com a
bicicleta mesmo.



Quando estava chegando no final
da rua, a bicicleta para de andar, do nada. Na mesma hora eu levei um susto e
quase cai da bicicleta, mais alguém me segurou, então eu pude ver quem era.



- Jeferson. – Disse simplesmente.



- Olá Suze, aonde esta indo a uma
hora dessas? – Perguntou ele.



- Quero ir até onde vocês
morreram. – Disse de imediato.



- Você sabe aonde agente morreu? –
Perguntou ele.



Foi então que a minha ficha caiu,
eu estava indo para um lugar que nem eu sabia onde, que bonito em Suze.



- Não havia pensado nisso. –
confessei. – Mais acho que você pode me ajudar. – Eu disse alegre.



- Porque você quer tanto se
livrar da gente? – Perguntou ele.



- Eu não quero me livrar de
vocês. – Eu disse. – É que é a lei da vida. As pessoas têm que sair desse mundo
depois que morrem, e não ficar vagando por ai, sem rumo. Não acha?



- Talvez, mais eu não sei o
motivo de estarmos aqui. – Disse ele, parecendo sincero.



- Você me leva até onde vocês
morreram? – perguntei meio com medo da resposta dele.



- Levo. – Disse ele, com um
pequeno sorriso se formando no lado esquerdo de sua boca.



- No caminho até La, você pode me
contar como vocês morreram? – Eu perguntei.



Ele assentiu e começou a
história.



- Nós estávamos indo para a praia
na hora. – Disse ele, parecendo se lembrar da cena. – Havíamos passado no
mercado, e comprado cerveja, refringentes, salgadinhos e muitas outras
coisinhas. Quando saímos do mercado, pegamos o carro e não andamos nem 300
metros direitos, e batemos o carro em um caminhão que fez ultrapassagem na hora
errada e então eu me lembro de ter acordado perto do local do acidente. Percebi
que Patrícia e Jonata estavam do meu lado, olhando pasmos para algum lugar, e
foi então que eu vi nosso carro completamente irreconhecível e quando olhei
mais fixamente para o carro, conseguir enxergar nós três La dentro, esmagados,
junto com as ferragens. – Disse ele por fim.



Eu fiquei paralisada com uma
história dessas, três jovens com tudo pela frente, morrendo desse jeito.



- Chegamos. – Disse ele,
apontando para frente.



Foi então que eu vi onde estava,
era uma rodovia, aonde eu costumo passar sempre que vou a praia. Naquele lugar,
as ultrapassagens eram proibidas, pois o índice de acidentes por conta disso
era muito alto, o que acabou resultando na morte deles ainda por cima.



- Foi aqui? – Perguntei, olhando
ao redor.



Percebi que mal podia enxergar,
pois estava bastante escuro, então peguei minha mochila das costas e tirei a
lanterna de La. Liguei a lanterna e comecei a vasculhar o local, atrás de
alguma coisa e foi então que eu encontrei uma caixinha azul, bem pequena.
Agarrei-a do meio do mato que ali havia e abri.



- Nossa! – Disse Jeferson, olhando para o que havia ali dentro.