Capítulo 8

— Até que você não surfa mal não Jesse! — Foi dizendo Paul, mas não em um tom sarcástico, ele estava sorrindo até demais, e o Jesse também sorriu.

— É verdade! — Foi dizendo calmamente — Para um cara que trabalhou a sua vida inteira para cuidar de sua família, e não jogou tênis a vida inteira! Até que eu não fui mal não — Foi debochando da cara de Paul, sendo assim, nem eu me impedi de dar uma risada. Mas uma coisa realmente da minha cabeça não saía: Como-eles-tinham-virado-amigos-tão-rápido...

— Hahaha! — Foi retrucando o Paul — Nada! Isso não é justificativa não Jesse, sei que surfo muito melhor que muito marmanjo aí! — E em seguida, Paul levantou-se de sua posição sensual, e se virou para Jesse, mostrando metade de sua língua, que um dia, quase tocou a minha. Então ele se levantou totalmente, pegando refrescos para nós, e servindo-nos. Página 86

Mesmo com a temperatura nos 30ºC, eu conseguia me consentir em concordar e sorrir com o que eles estavam falando. Por que, sinceramente, aquelas coisas não saiam do meu pensamento.

Aquela coisa que, quando me vem à cabeça, me causa certos calafrios, aquela coisa que, quando chamo pelo nome, me falta morrer de arrepios, essa coisa, é, bem, Jesse.

Até que todos calaram. Não conseguia não parar de olhar para meu Deus grego, simplesmente não.

— Jesse eu!...

Mas saiu. Foi mais forte que eu. Então eles começaram a olhar para mim, arregalando os olhos, espantados com minha surpresinha.

Ai como eu sou burro, por que disse isso!

Então eles me olharam com cara de tacho. Até que Jesse resolveu dizer algo:

— O que Foi hermosa? — Ele me olhou com cara de preocupação.

Jesse era preocupado comigo. Era como se, algum dia, alguma coisa de ruim fosse acontecer comigo, Jesse faria qualquer coisa para me salvar, mesmo se fosse arriscar sua vida por a minha.

Mais não saiu. Minha voz não saiu. Então a temperatura começou a subir, e comecei a suar, suar e sentir certos calafrios em meu corpo.

Posso confirmar caramente que, bem, eu nunca fui colaboradora de tudo, e, é sempre fui teimosa sim. Mas em defesa dos meus atos, posso dizer que até você acharia estranho que o arque rival de seu namorado começariam a conversar. E então, do dia para o outro, eles viram grandes amigos.

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Então observei como Jesse estava tão... Alegre, tão... Solo, e bem, tão lindo. Estava de sunga, preta. Seus cabelos eram de um tom tão brilhante como a cor dos seus olhos.

Jhonny Depp! Isso, pareciam idênticos, seus músculos, não conseguia parar de pensar nessa hipótese. Já Paul, Paul, seus olhos brilhavam. Seus cabelos anelados também brilhavam em contraste com seu corpo bronzeado.

E, depois de ficar muito bem, presumi que eu estava errada, Errada por que mesmo com todas essas burradas que o Paul sempre faz, ele estava feliz, e bem, muito bem, e diferente do cara que ele já foi um dia. E acima de tudo isso, o Jesse também estava muito feliz, feliz como a minha mãe fica quando ganha alguma promoção onde trabalha, na TV Monterey. Os olhos de Jesse com certeza brilhavam mais que o sol, e isso era o que importa. Esquecer todos esses míseros pensamentos não foi uma escolha tão mal assim, pois afinal de contas, me senti mais leve.

Então o dia foi se passando, e enquanto mais o tempo passava mais eu descobria que gostava mesmo da praia, do seu cheiro, da areia fresca entre os dedos do pé, do gosto do sol na pele e sentindo a brisa fresca.

— Hermosa, vai levando essas trouxas para o carro, vou ali e já volto. — Foi dizendo o Jesse, me dando, quase gentilmente, as toalhas molhadas das quais acabaríamos de molhar, diante aos trajes molhados, que, alegremente, havíamos molhado enquanto tomávamos um refrescante dia de ondas na praia.

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Bom, talvez eu tenha visto o filme do tubarão vezes demais, mas sempre fiz questão de nunca entrar em água mais funda do que a minha cintura em nenhum oceano. Mas Paul me fez perceber que era bobagem, e depois de uns empurrõezinhos, ele me fez partir para a água e esquecer um pouco o meu filtro solar desmanchando no meu corpo em segundos.

—Suze — Ele havia ido onde disse que ia, mas depois, percebendo minha dificuldade para abrir a porta do carro, e guardar as trouxas, ele voltou — deixe que eu pego isso — Ofereceu-se generosamente, pegando nossas trouxas, e enfiando no primeiro espaço que via no porta-malas do For Edge. — Espera um minuto — E foi indo em direção ao Pacífico.

Fiquei olhando para o Paul, seus cabelos ainda estavam molhados, e sua pele estava ainda mais bronzeada, depois daquela tarde ensolarada na praia de Carmel. Estava virado ao oceano, segurando uma lata de Coca-Cola na mão, seus peitos sem camisa,me deixando uma vista, bem, para suas costas.

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Uma leve brisa agitou por um momento seus cabelos brilhantes. Não demorou muito para que Jesse chegasse até ele. Quando alegres, conversavam sobre coisas que eu nunca imaginaria que eles podiam estar conversando. Então eles pararam de conversar, foi o tipo, imediato, eles simplesmente pararam. Foi quando Jesse veio vindo até a mim. Ele estava rindo, ainda. Ele apenas deu meia volta, e ainda, estava rindo. Mas o meio sorriso que Paul havia dado, desapareceu. Seu rosto possuía tanta expressão quanto à parede do Jimmy’s, o mercadinho logo em frente à escadaria da praia.

Acho que eu devo ter saído um pouco de órbita, pois me deparei com nada mais nada menos que, Jesse na minha frente.

Eu comecei a prestar atenção no que ele estava falando um pouco tarde demais. E eu não podia perguntar o que ele estava falando. Por que aí, ele ia querer saber no que eu estava pensando em vez de prestar atenção no que ele falava.

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— Pode ser então Suze? — O Jesse olhou para mim, com aqueles olhos escuros. O que mais eu podia fazer além de concordar e sorrir?

— Claro— Eu disse, sem ter a menos idéia do que eu estava respondendo.

— Fico feliz hermosa — Foi dizendo o Jesse, levantando minha atenção ao lugar até onde estava seu peitoral, revelando seus duros abdomens extremamente musculosos, até o rosto. Um rosto que, como provavelmente não preciso enfatizar, é totalmente incrível, a não ser por uma das sobrancelhas cortadas.

Jesse infelizmente pegou as chaves do carro da minha mão, e em seguida, vestiu suas blusas pólo, de um azul marinho muito escuro. Colocou as chaves no contato, e ligou o carro, totalmente calmo. Jesse não fez uma coisa que eu esperaria de sua parte, pelo ou menos não por enquanto. Jesse pegou um simples Ray-ban Nilwei, um óculos com as armações e lentes escuras. Bem estiloso, assim, tive a certeza de que Jesse, mesmo sendo um latino do século XIX, era um homem bem estiloso.

Certo, eu também peguei os meus, o solestava se pondo, mas mesmo à tardinha, os raios solares de Califórnia ainda estão bem fortes. De modo que às vezes, me dava arrepios, olhar para ele, e descobrir que, aquele gato ao meu lado, é, bem, meu namorado!

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Jesse segurou o volante com força, enquanto tentava se ajeitar no banco de motorista do carro do Andy. Ele coçou um pouco sua cabeça enquanto entrávamos no que, para Carmel, significava o tráfego da hora do rush: Um único ônibus de turismo e um Volkswagen cheio de pranchas de pranchas de surf parou à nossa frente, eu parei e olhei para fora da janela, na matéria de romance, isso não é exatamente o que eu chamaria de uma seção agarra-agarra das melhores. Big Sur talvez, o baile de inverno seria bom, mais a estrada de caminho da praia para minha casa?

Jesse virou a cabeça rapidamente para me olhar, depois de modo igualmente rápido, virou-se de novo para a estrada. Olhei-o, estávamos seguindo pelo litoral, e o sol, afundando na água, tinha pintado tudo em sombras profundas. A luz refletia nos óculos de Jesse, e sua expressão estava totalmente calma.

Finalmente, o ônibus de turismo começou a andar, e Jesse pisou no acelerador. E assim, fomos até chegar em casa, onde gentilmente, Jesse ia me ajudar levando as trouxas da praia.

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Nós fomos em silêncio mórbito, até quando Jesse finalmente parou em frente à n° 99 Pine Crest, a impossível casa vitoriana em Carmel, que minha mãe e meu padrasto tinham comprado há mais de um ano, mas que ainda não tinham acabado de arrumar. Mas vendo que tinha sido construída no século 19, e não no século 20, ela precisava de muita arrumação. Mas nem toda a luz do mundo poderia se livrar do passado violento da casa em fato, somente há alguns meses atrás, eles tinham desenterrado o esqueleto do meu namorado no jardim. E ainda não conseguia pisar no deck sem me sentir enjoada.

Eu estava prestes a sair do carro com ele sem dizer uma palavra, quando Jesse levantou e colocou as mãos em minhas cinturas. Jesse ofegou meu cabelo, e disse na voz mais suave que você pode imaginar

— Hermosa, só queria dizer... — Ele estava alisando meu cabelo com suas mãos — Que você é o amor da minha vida, para sempre. E, mesmo que algum dia, alguma coisa possa acontecer comigo, — Ele continuou, a pele em torno do seu olho enrugou — Nunca se esqueça hermosa — meus olhos estavam brilhando em lágrimas. Mas por que Jesse estava dizendo isso? O que pode ter acontecido? — eu vou te amar para sempre! — Então, ele sorriu para mim

— Je... — Eu tentei dizer algo, incapaz de controlar a pulsação na minha garganta. Ele me cortou, encostando seus dedos em meus lábios.

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— Shh... — Ele disse, inclinando minha cabeça de modo que nós nos olhássemos nos olhos. Eu levantei minhas mãos, e coloquei-as em seu pescoço. Então, sem dizer mais nada, ele me beijou. Mas eu não conseguia beijá-lo, não com aquelas coisas que Jesse disse, elas não saiam de minha cabeça. Nós nos olhamos durante um tempo, quando eu disse:

— Mais Jesse, por que isso, por que agora? Me conta, o que ta acontecendo, sou eu? — Foi como se eu saísse de mim, e fosse para bem longe. Longe, nos meus pensamentos, tentando compreender o que de fato estava acontecendo, mas não consegui. Não consegui, por que, não havia acontecido nada, nada nesses três dias do Jesse vivo em minha vida. Suas mãos ainda estavam ofegando meu cabelo, e Jesse ainda olhava fixamente para os meus olhos. Mas novamente, Jesse sorriu para mim.

— Não hermosa, você sabe que não, eu sei, é uma vida nova, novos acontecimentos, mas você sabe que pode confiar em mim, e eu posso afirmar que nada está acontecendo. Confia em mim? — Meus olhos brilhavam.

Eu estava incapaz de dizer alguma coisa como resposta. Então, sem dizer mais nada, ele me beijou.

— Sim. — Jesse sorriu para mim novamente, então em seguida, nós abrimos as portas do carro, meus pés afundaram nas folhas de pinheiro na grama.

Nós nos viramos, e fomos em direção a casa.

Andy, meu padrasto, tinha posto fogo em uma das várias lareiras da casa, o cheiro rico da madeira queimando encheu o cheiro da tardezinha, misturado com a essência da colônia de Jesse.

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Jesse fechou as portas do Ford Edge, e abriu as do porta-malas, pegando as coisas que usamos na praia, tampando praticamente todo seu rosto.

Pimenta. Era a noite de pimenta, como eu pude me esquecer? Atrás de mim, eu ouvi Jesse subir os degraus da escada da porta da frente, pisando nos quadrados de luz que saiam pelas janelas abertas da sala.

Mas eu não gritei estou em casa, como faço diariamente, não queria assustar Jesse.

Andy havia posto fogo nas lareiras da casa, e estava sentado em sua poltrona, tomando conta do ar quente que a lareira proporcionava. Até que ele notou nossa presença, quando de imediato, virou-se ainda sentado na poltrona, como nos filmes de suspense, onde de susto, gritamos quando vemos cenas bem iguais àquela.

— Jesse! — Foi recepcionando-o — Suze! Como foi? Se divertiram? — Andy estava usando calça de veludo cotelê verde. E um conveniente suéter de tricô, xadrez. Pelo seu modo de vestir, podíamos perceber que, Andy nunca foi muito deselegante.

Jesse ficou em silêncio, apenas sorrindo para Andy, quando me percebo olhando para Jesse, com cara de tacho, então acabo me virando para Andy

— Foi divertido — sendo assim, eu sorri para Andy.

Era incrível como eu sabia que esse dia seria o oposto do que aconteceu! Paul estava bonzinho, essa era a única parte que eu não havia entendido.