Depois de algum tempo naquela discussão, Mário não aguentou e puxou Marcelina dali, deixando Marcelina oposta furiosa.

—Como voltaremos pra casa agora?- perguntou ele.

—Conseguimos achar a invenção dele!- disse Paulo.

—Meninos, achamos, mas infelizmente minha invenção está quebrada, acho que algo bateu nela quando chegamos aqui.- disse Professor Inventivo.

—E agora?- perguntou Mário.

—Agora, eu preciso achar um jeito de encontrar as peças.- disse Professor Inventivo.

—Eu vou procurar com você.- disse Carlitos.

Os dois então saíram. Nessa hora, todos as crianças opostas saíram de seu estado de choque começando a entender um pouco o que estava acontecendo.

—Olá, será que podemos falar com o dono da casa?- perguntou Lúcio.

—Claro que podem.- disse um homem igual à Lúcio, mas obviamente o oposto dele - Quem são vocês?

—Nós somos vocês, mas acho que, como somos meio... opostos, podemos dizer que não sabemos como viemos parar aqui, foi só uma invenção de um amigo meu que nos trouxe pra cá, mas não vamos fazer mal à ninguém.

—Não tem nenhuma arma escondida aí com vocês?

—Não mesmo.- Lúcio disse, mostrando as vestimentas.

Quando todos mostraram que eram do bem, Lúcio oposto se acalmou e começou a conversar com sua cópia.

—Será que podemos ficar aqui nessa mansão enquanto não descobrimos como voltar pra casa?- perguntou Lúcio.

—Claro que podem.- respondeu Lúcio oposto - Venham comigo.

Todos seguiram Lúcio oposto, menos as crianças daquela dimensão. O Lúcio oposto começou a mostrar a mansão para todos e ela era exatamente igual à da dimensão deles, todos ficaram chocados com o lugar, parecia tão surreal tanto por dentro quanto por fora. Quando voltaram à sala, passou um tempo e Carlitos e Professor Inventivo chegaram.

—Gente, tenho duas notícias: uma boa e uma ruim.- disse o professor.

—Conte a boa.- falou Lorenzo.

—A boa é que consegui as peças para consertar a minha invenção.

Todos vibraram de alegria.

—E qual é a má?- perguntou Lorenzo.

—A má é que ela vai levar algum tempo indeterminado para ficar pronta. - ele disse e todos pararam de vibrar. Depois, ficaram sem fala, não sabiam quanto tempo levariam lá. Então, Lúcio oposto chamou todos novamente e começou a escrever em um papel e logo pendurou ele em uma porta. No papel dizia: "Mário e Mário oposto".

—Como assim Seu Lúcio?- perguntou Kokimoto.

—Já que aqui nós temos clones nossos e não temos mais quartos sobrando, vocês dividirão os quartos com eles, não teremos outro jeito.- disse Lúcio oposto, abrindo a porta do quarto e mostrando duas camas.

—Bom, pelo menos não será na mesma cama.- Mário sussurrou.

Os outros não discutiram, viram que não teria mesmo jeito de dormirem e assim, ficaram todos conhecendo seus quartos. Um tempo se passou até que Lorenzo viu que Dona Florinda passava por perto enquanto Seu Madruga oposto saía do banheiro, então ele que já conhecia a rixa entre os dois, decidiu aprontar com eles:

—Como vai patas de galinha!- ele disse com a voz de Seu Madruga.

—Quem disse isso?- perguntou ela.

—Ora, não reconhece a minha voz ou está surda?

—Falou o meio quilo de bofe né Seu Madruga?-

—Como assim Dona Florinda?

—Ora, não me venha com tolices. Sabe do que eu estou falando!

—Não sei não.

—Pois ouça bem o que eu vou dizer:- ela disse, apontando o dedo na cara dele - É a última vez que você fala de minha desse jeito, senão...

—Senão o quê?- ele desafiou.

—Senão você vai se ver comigo.

—E eu lá tenho culpa que a senhora sabe que parece patas de galinha e não quer admitir?

—Como é que é?

—É isso aí que a senhora ouviu!

—Mas é muito cara de pau mesmo né?

Então, ela levantou a mão para lhe dar um tapa, mas ele segurou seu braço.

—O que pensa que está fazendo? Não é assim que se castiga os outros velha coroca!- ele esbravejou.

—Ui, agora você vai ver só!- ela resmungou tentando avançar em cima dele.

—Vai fazer o quê? Hã?- ele desafiou de novo a olhando furiosamente e ela se assustou.

—Nada. Esquece.- ela disse, recuando, pois havia percebido que para enfrentá-la desse jeito, aquele não poderia ser o verdadeiro Seu Madruga, por isso, era melhor não intimidá-lo.

—Ah, mas o verdadeiro Seu Madruga me paga! Eu vou acabar com ele!- ela resmungou e saiu dali furiosa, deixando Seu Madruga oposto ali, parado. Mas logo depois saiu também enquanto Lorenzo caía na risada por ter aprontado com Dona Florinda. Depois de um tempo, enquanto Professor Inventivo tentava consertar a máquina, Mário oposto foi pra sala e Mário o seguiu.

—Ei.- disse Mário tocando o braço de sua cópia, que se virou e dobrou os ombros.

—Oi- ele disse baixo.

—Qual o seu problema? Tá chateado ou é tímido mesmo?

—Um pouco dos dois.

—Triste por quê? Porque eu estou aqui? É por pouco tempo.

—Não é isso, juro.

—Então o que é?

—Não sei se devo contar.- suspirou.

—Tudo bem, eu entendo. - Mário se levantou.

—Espera!

Mário parou de se mexer e ficou olhando o outro.

—Eu vou contar.- disse o Mário oposto.

—Mas se não quiser, não tem problema, eu entendo. Afinal, ainda não nos conhecemos por completo.

—Eu preciso desabafar.

—Então tá. Fale.

—Bom, eu gosto de uma menina daqui, mas não consigo achar uma forma de falar.- suspirou outra vez.

—Que menina?

—Promete que não vai contar?

—Claro.

—Eu gosto da Marcelina.

Mário sorriu, até gostar da mesma pessoa eles são iguais, embora todos sejam os opostos.

—Qual Marcelina?- perguntou ele confuso.

—A que estava de maquiagem.- respondeu baixo.

Mário respirou aliviado, não era sua Marcelina, pois assim como a Marcelina oposta gostou dele, sua cópia poderia gostar da sua Marcelina também, mas não.

—Se quiser, eu posso te ajudar.- disse ele.

—Como? Eu já tentei de tudo.

—Tudo o quê?

—Já tentei falar com ela, já tentei escrever uma carta de amor, já tentei dar um presente com um cartão, mas não adianta.

—Pois eu sei exatamente o que fazer, comigo aqui vai dar certo.- disse ele, sorrindo.

—Se você diz... o que eu preciso fazer?

—Vem comigo.

Ambos foram para o quarto novamente. Um pouco mais tarde, Marcelina oposta e as outras meninas da dimensão foram pra sala assistir tevê, mas ao invés de assistirem novela, foram assistir futebol. Depois de alguns segundos, Mário apareceu na sala.

—Marcelina?- ele chamou e as duas se viraram pra ele.

—Sim?

—Eu estou falando com você.- ele diz, apontando para a Marcelina com mechas.

Rapidamente, Marcelina oposta se levanta e vai até ele.- Sim Mário?

—Chegou essa carta pra você.

— Mas não é o Jaiminho que entrega as cartas?

—Sim, mas o Jaiminho oposto do seu é preguiçoso e me mandou entregar para você pra "evitar a fadiga".- ele deu ênfase.

—Então tá, obrigada.- ela diz dando um rápido beijo no rosto de Mário, que fica envergonhado e Marcelina arregala os olhos e fecha os punhos, furiosa.

Depois que ela sai, Mário vai até sua Marcelina e explica sobre o plano que teve para unir Marcelina oposta e Mário oposto.

—Que excelente ideia Mário.- elogiou ela.

—Vamos ver se vai dar certo?- sugeriu ele.

—Claro.- ela sorriu e os dois foram de mãos dadas pra trás da mansão, onde Mário oposto esperava Marcelina oposta, que seguia as instruções da carta.

— O que uma pessoa guardaria atrás da mansão se ali só tem piscina?- sussurrou Marcelina oposta para si mesma. Só parou quando viu Mário oposto a esperando.

—Mário?- ela disse.

—Marcelina.- ele disse, se aproximando dela.

—O que está fazendo aqui?

—Preciso te contar uma coisa.

—Que coisa?

—Eu...- ele se atrapalhou, mas enfrentou a timidez, deixou a vergonha de lado e continuou - Eu gosto de você Marcelina. ele disse.

—Eu sei Mário, somos amigos né?

—Não Marcelina, estou dizendo gostar de verdade. Eu gosto de você desde que nos conhecemos, mas nunca tive coragem pra falar, por esse meu jeito tímido, mas hoje pensei em mil maneiras de te falar e agora estou aqui.- ele disse, a olhando nos olhos.

—Sério mesmo?

—Sim.

A garota ficou chocada.

—Marcelina Guerra, quer namorar comigo?- ele perguntou pegando suas mãos.

—Mário, eu..- ela sussurrou.

—Sim?

—Não sei o que dizer.

—Só diga que aceita.

Marcelina suspirou.

—Olha Mário, eu gostaria muito, mas não poderei dizer isso.- disse ela.

—O quê? Por quê? - Mário perguntou chocado.

—Eu estou gostando do outro Mário. A sua cópia.

—Mas ele tem namorada.

—Sim, mas mesmo assim eu gosto dele e não quero te iludir e acabar te machucando. Por favor, me entenda.

Diante da resposta dela, Mário começou a sentir seu coração se desmanchar e seus olhos se encheram de lágrimas. Depois, saiu correndo. Marcelina, triste por ter deixado seu amigo triste, voltou pra sala.

—E aí? Como foi? - perguntou Mário ao lado de Marcelina.

Marcelina oposta não respondeu, passou pelos dois com passos rápidos e sem olhar pra eles.

—Pelo visto, não foi nada bem.- disse Marcelina.

—Não mesmo. E eu já sei porquê, o Mário oposto deve estar me odiando agora.- disse ele.

—Não fique assim. - o abraçou.

Assim, os dois decidem esquecer o ocorrido e voltaram para a sala, onde ficaram assistindo televisão. Mais tarde, quando já havia anoitecido, Lúcio oposto chegou gritando:

—Crianças, o Mário sumiu!

—Sumiu? Como sumiu?- perguntou Marcelina oposta.

—Não sei, eu chamei ele pra me ajudar, mas procurei no quarto ele não estava. Depois procurei pela casa inteira e não o encontrei!

—Essa não, aonde ele deve ter ido?- disse Paulo oposto.

Todos fizeram essa mesma pergunta: onde estava Mário oposto?