–Já sei!- disse Marcelina.

–Fala.- pediu Mário.

–Os que conseguiram entrar lá no laboratório para pegar essa poção, deviam entrar novamente e procurar um antídoto. Toda poção tem antídoto.

–Acho que deve sim ter um antídoto por lá.- disse Malicha.

–Então vamos lá ver se encontramos.- falou Chaves, se levantando.

Assim, Chiquinha, Chaves e Malicha voltaram ao laboratório, mas eles precisavam ser rápidos e silenciosos, pois Professor Inventivo estava tomando banho e sairia de lá em breve. Quando entraram, Chaves sugeriu:

–Meninas, para andar mais rápido, vamos nos separar e procurar pelo antídoto. Eu vou por aqui, Chiquinha por aqui e Malicha por aqui, tá?

–Ótima ideia Chavinho.- elogiou Chiquinha.

–E quem encontrar dá um grito?- perguntou Malicha.

–Pode ser, acho que o Professor não vai ouvir mesmo.- disse Chaves.

E assim, Chaves procurou no canto esquerdo, mas só encontrou uma poção pra fazer crescer o cabelo, uma super-cola, entre outros. Mas nada de antídoto. Malicha também não encontrou nada, simplesmente viu outras invenções aparentemente muito divertidas, mas não encontrou o antídoto. Mas com Chiquinha, a coisa foi diferente: ela foi pelo mesmo corredor onde foi encontrada a poção rejuvenescedora e procurou ao lado dela o antídoto. Não tinha. Virou-se de costas, e lá estava ele. O antídoto.

–Eu já encontrei!!- gritou ela e Chaves e Malicha foram correndo até ela.

–Cadê? Cadê?- disse Chaves.

–Aqui. Está escrito "antídoto geral".

–Que bom, isso quer dizer que podemos fazer todas as poções se reverterem com esse único antídoto!- exclamou Malicha.

–Exatamente, agora vamos, não podemos perder tempo.- falou Chiquinha.

Mas quando eles estavam saindo, ouviram a voz de Lorenzo:

–Eu não tenho certeza, mas parece que foram três crianças que entraram aqui no laboratório para pegarem não sei o quê.- dizia ele e todos se esconderam embaixo da estante que Chiquinha encontrou o antídoto.

–Tem certeza que tinha alguém?- perguntou Professor Inventivo.

–Tenho. Eu ouvi a voz de alguém, mas a porta fechada abafou o som.- respondeu o papagaio.

–Não tem ninguém por aqui, acho que você... espera um pouco.

Logo, eles ficaram com o coração batendo mais forte, pois se o professor os pega ali, invadindo o laboratório dele sem permissão, sabe-se lá o que ele poderia fazer.

–O que foi professor?- perguntou Lorenzo.

–Está faltando uma coisa aqui nessa prateleira.- respondeu ele.

–Que coisa?

–O meu antídoto para as poções.

–Alguém daqui de dentro deve ter roubado.

–Sim, mas quem?

Chiquinha, sabendo que não podia mais aguentar aquilo, decidiu aproveitar que o Professor havia agora passado para a outra estante e saiu debaixo daquela, estendendo a mão para os amigos saírem também. Ao ver a porta do laboratório entreaberta, ela percebeu que era só sair dali rápido e em silêncio que nada aconteceria, mas quando chegou perto da porta, viu o professor retornando ao corredor onde estava e congelou com o medo. Malicha, esperta e travessa, pegou uma outra poção do professor e jogou ela longe, fazendo-a quebrar. Claro que aquilo ia ser muito prejudicial para ele, mas pelo menos agora ele já não prestava mais atenção neles e poderiam sair do laboratório em segurança.

–Tem um fantasma aqui dentro!!- berrou Lorenzo.

–Que fantasma coisa nenhuma Lorenzo!- repreendeu o professor- Alguém que está escondido aqui quebrou um frasco de poção.

Quando o professor pegou os cacos de vidro, percebeu que ele poderia tentar colar o frasco novamente, mas a poção não. Ele teria que fazer outra, o que também não seria problema para ele, apesar do trabalhão que deu. Assim que conseguiram sair do laboratório, Chaves, Chiquinha e Malicha apareceram na sala com o antídoto na mão.

–Conseguimos!- comemorou Chiquinha.

–Ótimo, então vamos logo com isso.- disse Marcelina.

Como Jaiminho estava cansado e suado, as crianças decidiram aproveitar que ele se sentou na sala para descansar e foram pegar um copo d'água pra ele.

–Agora o antídoto, cuidado para não transbordar.- pediu Chiquinha para Chaves.

Assim que colocaram o antídoto no copo com água, foram até Jaiminho:

–Toma Jaiminho, acho que precisa um pouco disso.- falou Chaves.

–Muito obrigado Chavinho.

Então, ele tomou tudo, mas logo em seguida, ele voltou a ficar de pé e ainda foi colocar o copo na pia da cozinha, sendo que normalmente, se o antídoto tivesse surtido efeito, ele pediria para levarem o copo na cozinha.

–É, escuta Jaiminho... você por acaso não acha que levantar e trazer o copo para a cozinha não te deixa fadigado?- falou Malicha.

–Não, pelo contrário, me fazem me sentir muito bem, por quê?

–Por nada.

Afastaram-se da cozinha, decepcionados.

–Chiquinha, tem certeza que esse é o antídoto?- perguntou Chaves.

–Sim, estava escrito ali "antídoto das poções"!- garantiu Chiquinha.

–Então acho que a gente esqueceu de alguma coisa, porque não deu muito certo o plano.

–Eu também não entendi o porquê disso!

–Então foram vocês?- perguntou Professor, chegando na sala.

–Professor?- Malicha e Chaves disseram juntos, mas logo Chiquinha tomou a frente deles.

–Olha professor, nós sabemos que o senhor tem toda razão de estar bravo com a gente, mas deixa a gente explicar porquê fizemos isso.- disse ela, fazendo Professor Inventivo sentar no sofá e logo explicou tudo.

–Crianças, eu sei que o que vocês fizeram foi na melhor das intenções, mas tinham que ter falado comigo antes.- disse ele.

–Eu sei, nós pedimos desculpas, mas é que a ansiedade de fazer o Jaiminho parar de pedir as coisas fáceis pra gente era tanta que acabamos nos precipitando.- falou ela.

–Tudo bem. Bom, vou explicar porque não deu certo: o antídoto só funciona com o mesmo tipo de bebida que a pessoa tomou com a poção. Se não funcionou, é porque não foi com água que ele tomou né?

–Não, foi com café.- falou Chaves.

–Pois então, vocês terão que dar café com esse antídoto pra ele, senão ele não volta ao normal.- explicou Professor.

–Mas crianças de dez anos não tomam café! Se dermos à ele, o Jaiminho vai recusar.- disse Chiquinha.

–Ah, é mesmo. E agora?- disse Malicha.

–Eu acho que devemos arriscar, pode ser que ele tome, porque o meu amigo Centi toma café.- falou Chaves.

–Sério Chavinho?- Chiquinha ficou surpresa.

–Sim, e ele é bem mais novo do que o Jaiminho. Quer dizer, tem menos de dez anos assim como eu.

–Então vamos tentar.

Assim, Chiquinha logo fez o café e Chaves colocou o antídoto nele.

–Bom, agora veremos se funciona ou não.- disse ele.

Como depois que o Jaiminho colocou o copo de volta na pia, ele foi para o seu quarto, todos se dirigiram pra lá. Chiquinha bateu na porta.

–Entre, está aberta.- disse Jaiminho.

Mesmo com receio da reação dele, Chiquinha ofereceu-lhe o café.

–Nunca provei café antes, que gosto será que tem?- ele disse, pegando a xícara.

Assim que o café acabou, ele estendeu o braço, devolvendo a xícara.

–Podem me trazer mais por favor?- disse ele e Chaves, só para confirmar, perguntou:

–Mas o senhor não pode ir pegar sozinho? Esqueceu aonde fica a cozinha?

–É que eu quero evitar a fadiga, hihihi.

–Tudo bem, já trago seu café.- disse Chaves.

Ao saírem, os três comemoraram, o antídoto funcionou e Jaiminho, por sorte, aceitou o café, mesmo correndo risco de não aceitar. As crianças ficaram tão felizes que prometeram para Jaiminho sempre fazer favores pra ele quando possível e ainda prometeram ao Professor Inventivo que nunca mais tocariam no que não é deles sem permissão.

–Que bom que aprenderam a lição.- disse o Professor, sorrindo.

–Mas o senhor não vai contar pro Seu Lúcio né?- falou Chaves.

–Não Chavinho, como vocês se arrependeram, vou deixar passar, mas não se repita.

–Pode deixar.

E assim, as crianças decidiram ir brincar sozinhas em seus quartos, a fim de descansar e evitar mais confusão.

Enquanto isso, algo radioativo e estranho começa a perambular pela mansão. Pois no dia seguinte, já no café da manhã, Dona Florinda entrou na cozinha com uma cara de brava:

–Bom dia!- disse Lúcio.

–Quê que tem de bom?- respondeu ela, ríspida, se sentando.

Porém, como todos da vila já sabiam que ela era assim, decidiram deixar pra lá.

–Ela é assim mesmo, não se preocupe.- sussurrou Chaves para Mário, fazendo-o ficar mais aliviado.

Porém, a coisa começou a ficar mais séria alguns minutos depois:

–Mário, pega aquela jarra de suco pra mim?- pediu Marcelina.

–Qual delas?- perguntou ele.

–Qualquer jarra, caramba!

–Tá bom, calma.

E Mário, mesmo estranhando a reação da amada, decidiu deixar pra lá, talvez ela estivesse na TPM, pois não teve nada estressante no dia anterior.

Logo em seguida, quando o café da manhã acabou, Professor Inventivo disse que iria ao mercado para tentar encontrar algo para reconstruir sua poção que foi quebrada no laboratório. Enquanto ele estava de fora, a campainha tocou e Dona Florinda foi atender. Era Professor Girafales.

–Dona Florinda, eu lhe trouxe esse humilde presente.- ele disse, sorrindo.

–Traste, EU ODEIO FLORES E VOCÊ SABE DISSO!!- berrou ela, pegando o buquê de flores e jogando longe, assustando todos que estavam lá, inclusive o professor, que saiu da sala e foi até o jardim se esconder da Dona Florinda.

Lá, ele encontra Mário, Daniel e Paulo, também sentados numa mesa que ficava na beira da piscina. Os três pareciam tensos falando.

–Oi meninos.- disse o professor.

–Oi professor.- falou Daniel.

–Do que vocês estão falando? Parecem meio tensos.

–Estamos sim, você acredita que a Marcelina gritou na mesa comigo só porque ela pediu uma jarra de suco, mas tinham várias, aí eu perguntei qual ela queria e ela gritou que podia ser qualquer uma.- disse Mário.

–Sério? Impressionante.

–Mas isso não é nada!- disse Paulo- A Alícia também veio brigar comigo só porque depois do café nós viemos aqui no jardim andar um pouco de skate e ela acabou errando uma manobra e caiu. Quando eu perguntei se ela estava bem, ela gritou: "estou bem sim idiota, não vê que não tive um arranhão?"

–Meu deus.- exclamou o professor.

–E eu tive uma situação parecida.- falou Daniel- A Maria Joaquina estava andando de patins e levou um tombo, só que eu fiquei com medo de ajudá-la e machucar ela mais ainda, aí eu fiquei indeciso se ajudava ou não e enquanto isso, ela me xingou ordenando que eu a ajudasse a se levantar.

–Que impressionante. E eu também não entendi o que houve com a Dona Florinda.- disse o professor.- Ela sempre gostou muito de flores, mas hoje, quando eu cheguei aqui com um buquê, ela jogou ele fora dizendo que odeia flores, lhe dão alergia.

–Sério? Mas ela sempre gostou das flores que o senhor traz.- disse Chaves.

–Eu sei, por isso mesmo que eu fiquei chocado.

–Deve ter alguma coisa errada acontecendo.- disse Paulo.

–É, mas o quê pode ser?- perguntou Mário.

–Eu não sei, mas acho que pra descobrirmos, teremos que enfrentar as mulheres lá dentro pra verificar.

–Tem razão, vamos todos juntos nessa então.

E lá foram os meninos entrando dentro da mansão novamente para tentar descobrir o que pode ter feito as mulheres agirem daquela forma, quando eles estavam passando pelo corredor dos quarto, Lorenzo viu pois a porta estava aberta e logo perguntou o porquê do desespero deles.

–A gente quer saber o que está deixando as mulheres tão irritadas hoje.- disse Paulo- Parece que elas entraram na TPM ao mesmo tempo.

–Mas a Dona Florinda, Dona Clotilde, Dona Cotinha e Dona Aglimaoldolina já estão na idade para entrar na menopausa!- respondeu o papagaio.

–Eu sei, por isso estamos estranhando.

Ainda com pressa, os quatro entraram no quarto do Professor Inventivo e viram que a porta do laboratório continuava entreaberta, mostrando um pequeno vapor saindo de lá e indo em direção do corredor.

–Gente, acho que é essa fumaça toda que está indo pro corredor que deixou as meninas assim.- disse Daniel - Porque talvez já tenha se espalhado pela casa inteira.

–Será isso mesmo Daniel?- disse Mário.

–Não sei, talvez seja.

–Essa é uma poção que derrubaram de propósito aqui no laboratório do professor, aí ela ficou vaporizando até agora, mas o Professor já foi comprar um novo vidro pra ela e deve estar chegando.- disse Lorenzo.

–Meu deus, se foi mesmo essa poção que causou tudo isso, é melhor fazermos um antídoto logo!- falou Paulo.

–Exatamente. Pode deixar que eu ajudo vocês a fazerem o antídoto!- disse Lorenzo.- Mas vocês farão mesmo?

–Claro que faremos, queremos muito nossas doces namoradas de volta.

–Eu só vou ajudar porque também não aguento mais ouvir as mulheres reclamando sem parar daqui do quarto. Venham comigo até o laboratório, eu sei como fazer o antídoto.

E assim, os quatro começaram a agir rapidamente na hora de procurar os ingredientes da poção com a ajuda o Lorenzo enquanto ele ditava o que eles teriam que colocar na poção, afinal, ele é o animal de estimação do Professor Inventivo e sabe das invenções malucas dele, portanto, saberia como fazer o antídoto. Mas será que a poção ficará pronta a tempo? E será que vai dar certo?