No capitulo anterior de A Maldição.

Corro até não poder mais. Nunca imaginei que essas sombras pudessem ser mais rápidas que eu, uma humana. Pois é, talvez elas não queiram mesmo que eu desvende o mistério. Paro para respirar num corredor deserto e escuro. Não consigo enxergar nada, o que me apavora. Qualquer um acharia que eu não tenho medo de nada, justamente pela minha personalidade, mas eu tenho medo sim. A única coisa que me apavora como nenhuma outra é o escuro. Respiro fundo, tentando esquecer que não há luz aqui.

Até que sinto alguém me puxar para o lado. Tento gritar, mas minha boca tá tampada por uma mão forte. Paro num corredor estreito, que tem luz. Olho para a pessoa que me trouxe aqui e vejo Pedro Pattinson, com um sorriso maldoso no rosto. Sabia que ele não era confiável.

— O que quer? - Pergunto, irritada.

Ele continua com aquele sorriso sinistro na cara e se aproxima de mim a passos largos.

— Quero você! - Exclama.

E então me beija.

(..)

Fico completamente parada, e tento não retribuir ao beijo de Pedro. No entanto ele me aperta cada vez mais contra si e parece querer forçar a entrada da lingua dele na minha boca, o que acho extremamente nojento. Tento me soltar, mas está sendo impossível. Até que vejo sombras vindo na nossa direção e nos rodeando. Sorrio ao constatar que Pedro me solta assim que as avista. As tais sombras negras começam a rodar em voltar do garoto e encostam nele, como se estivessem pregando-lhe uma peça. A cena chega a ser engraçada mas me contenho o quanto posso para não rir.

Pedro me olha, furioso.

— Nosso assunto nao acabou por aqui, Karol. - Ele fala, e sai do corredor.

Fico intrigada com uma coisa. Porque me chamou de Karol se eu me chamo Luna?

Tento tirar isso de minha cabeça e sorrio para as "coisas" negras voadoras que me salvaram daquele mala.

— Obrigada, sombras! - Exclamo, e logo depois ouço um zunido vindo delas, como se estivessem me agradecendo. Curiosa, me aproximo mais delas e estendo minha mão para poder as tocar, mas quando pisco os olhos e os abro novamente não há nada no local, a não ser eu mesma. Suspiro. Isso já é típico. Quando vou tentar descobrir mais sobre as sombras, elas desaparecem.

Saio do corredor escuro e começo a andar, sem rumo. Meus pensamentos acabam recaindo sobre Matteo Balsano, e no quão lindo ele é. Parece um Deus Grego. Mas, eu também devo me lembrar que ele foi extremamente grosso comigo. Ninguém me trata mal e não recebe um troco. Estampo um sorriso um tanto quanto malvado ao pensar no que farei com o moreno de olhos escuros.

(..)

Entro na sala de aula, que tá consideravelmente cheia. O professor, que é careca, alto, magro, e que mais parece um espantalho olha para mim com cara feia que chega a ser ridícula. Não me contenho e dou uma resposta um tanto quanto ousada.

— Sempre recebe seus alunos com essa cara? - Indago, com um sorriso falso. - Saiba que cara feia pra mim é fome, professor. - Completo, e todos os meus colegas riem. Já o velho espantalho me fuzila com o olhar, entretanto não me intimido nem um pouco.

— Eu sou Reynaldo Gutiérrez, o professor mais severo e responsável dessa instituição. E ninguém, ninguém mesmo brinca comigo, senhorita. Agora sente-se ao lado do Matteo, que é o único lugar vago. - Diz o homem.

Puxo minha cadeira e sento ao lado de Matteo. Não posso evitar olhar atentamente para ele, enquanto Reynaldo começa sua aula tediante, na qual não presto nenhuma atenção. Em um determinado momento Matteo vira seu rosto para mim, e me sinto envergonhada ao ser pega o admirando. Ele olha-me de maneira enigmática e sorri de lado. Uma simples ação que me desestabiliza toda e faz meu coração palpitar mais forte dentro do meu peito.

— Luna, acho que começamos mal. Quero muito ser seu amigo, e acho que podemos recomeçar do zero. Que tal? - Pergunta o garoto, e me encara fixamente esperando minha resposta. Por um momento perco a voz, mas sinto que esse interesse repentino dele em mim vai ser ótimo pra minha vingança.

— Também acho que começamos mal, Matteo. Mas, como sabe meu nome se nem ao menos me apresentei a você naquele incidente no refeitório? - Quero saber, curiosa.

Matteo volta a sorrir, um sorriso misterioso que esconde algo que eu tenho que decifrar.

— Eu sei de tudo que acontece aqui, Luninha. - Ele fala apenas.

Sorrio. Ele esconde algo. Irei descobrir tudo sobre ele.

— Então, quer ir num lugar comigo mais tarde? - Pergunta, afagando minha mão delicadamente.

O toque dele me faz estremecer toda e um imenso calor percorre meu corpo. Nos olhamos intensamente por alguns segundos. Como não consigo falar, apenas movo minha cabeça, para que ele saiba que aceito seu convite.

— Para onde vamos? - Pergunto a Matteo duas horas mais tarde quando me encontro com ele duas horas mais tarde no jardim. Ao vê-lo engulo em seco, pois ele veste apenas uma bermuda preta, estando sem camisa. Sinto vontade de tocar no tanquinho definido dele, mas controlo-me. Afinal, o que tá acontecendo comigo? Como esse cara consegue me deixar tão derretida e encantada desse jeito?

Ele sorri largamente para mim e entrelaça minha mão na dele, fato ao qual não me oponho e assim caminhamos juntos, eu estando cada vez mais intrigada por ele ainda não ter me respondido.

Andámos por alguns quilômetros, nos afastando cada vez mais do campus principal da Blake até que chegamos num rio onde tem uma cachoeira. Simplesmente me encanto com o lugar. Tudo aqui é maravilhoso. Sorrio para o rapaz ao meu lado, agradecida. Ele solta minha mão e me olha por alguns segundos.

— Eu sempre venho aqui para passar o tempo. - Matteo explica, antes mesmo que eu possa perguntar. - Essa cachoeira é meu refúgio secreto. Vem, vamos entrar na agua. - Ele convida, e pula logo em seguida.

Eu sorrio. Tiro minha roupa, ficando apenas de calcinha e sutiã. Pulo no rio que esta gelado. Me aproximo sorrateiramente de Matteo, jogando agua nele. Ele vira-se, sorri e faz o mesmo comigo, e assim começamos uma guerra divertida, arrancamos um risadas do outro. Em um determinado momento ele se aproxima e acaricia meu rosto suavemente. Fico nervosa com essa proximidade de Matteo e respiro fundo. Novamente sinto aquela sensação de Dejavu, como se uma cena parecida já tivesse acontecido assim. Essas sensações que estou tendo são muito estranhas.

— Você é linda, Karol. - Matteo fala para mim. Novamente esse nome. Primeiro Pedro, e agora Matteo também me chama assim. Alguma coisa tá acontecendo aqui. Eu sinto isso. Será que estão me confundindo com uma garota chamada Karol? Meus pensamentos acabam quando sinto que Matteo me beija. Fico nervosa, mas retribuo. Gosto do beijo dele. O clima fica quente, e aprofundamos o momento. Então me separo por falta de ar, e lembro-me da minha vingança. Puxo a bermuda dele e saio do lago correndo.

— Luna, volte aqui. - Ele exige, furiosamente.

Eu sorrio ironicamente.

— Aprenda que ninguém mexe com Luna Smith, querido. - Jogo-lhe um beijo e vou embora, ainda rindo.

Eu sou genial. Me vinguei daquele metido direitinho. Mas, agora não consigo parar de pensar no beijo que ele me deu. Mal chego aqui e sou beijada por dois garotos? Se bem que eu gostei do beijo com Matteo. Até mais do que deveria.

Continuo andando sem rumo, pensando no moreno de olhos escuros quando percebo que me perdi. Estou numa floresta escura. Me desespero. O que farei agora? Então me lembro que foi numa floresta como essa que tudo aconteceu. O motivo pelo qual estou aqui nesse reformatório.

FLASHBACK On

— Então, acho melhor eu ir agora, tá ficando tarde. - Digo para Ramiro olhando para as árvores escuras. Estou com medo de ficar aqui nesta floresta assustadora, ainda mais com ele. Tento sorrir, e viro-me para ir embora, mas sou detida por ele, que segura meu braço.

— Calma, pra que a pressa? Você é tão linda. Fique aqui comigo. Podemos nos divertir. - Ramiro sorriu, acariciando meu rosto, e eu tremi com esse simples toque do jovem. Desde sempre ele me causava arrepios.

— Não, Ramiro. Acho melhor não.. - Começo, mas sou interrompida por Ramiro, que morde minha orelha.

— Shii. Eu sou o aniversariante, querida. Tem que me obedecer e fazer todas as minhas vontades. E eu quero você. - Fala, me pensando contra uma árvore bruscamente e me segurando fortemente.

Eu tremo e ameaço começar a chorar. Ramiro sempre me pareceu estranho, mas nunca imaginei que ele faria algo assim comigo. Ramiro sorri e segura os meus braços com força, para que eu não me mexa. Então, me beija violentamente. Mas como eu não retribuo o beijo, fica furioso. Volta a morder a minha orelha, desta vez mais fortemente.

— Vamos. Retribua ao meu beijo. Estou mandando. - Exige. Eu consigo ver a fúria em seus olhos então atendo a seu pedido.

Naquele momento as sombras aparecem, rodeiam Ramiro, que logo em seguida cai sem vida. Grito, completamente chocada. Eu não faço a minima ideia de como isso aconteceu, mas sei que as sombras mataram Ramiro, me salvaram.

FLASHBACK Off

Começo a chorar ao lembrar daquele fatídico dia. Como eu era a única presente no local na ocasião da morte dele, obviamente fui apontada como a principal suspeita de o ter matado. Eu não podia falar sobre as tais sombras, pois me chamariam de louca, e era por isso que eu, Luna Smith agora estava no Blake South Reformatory, estava pagando por um crime do qual eu não havia cometido.

Fico surpresa ao ver uma das sombras perto de mim, ela zune e me aproximo.

— Karol, Karol. - Ela parece repetir, mesmo que seja impossível para uma sombra falar. Eu sei que não estou louca, pois havia visto essas sombras fazerem tanta coisa durante toda minha vida que essa não era de longe a mais anormal.

— O que querem comigo? - Grito, irritada - Me digam de uma vez!

Mas, quando eu pisco os olhos apenas por uns segundos e volto a os abrir, somente eu estou no local. Respiro fundo, tentando absorver tudo o que vem acontecendo comigo desde que cheguei neste internato.

Então Matteo me encontra, e abre um sorriso malicioso. Fico completamente vermelha na presença dele, e tento ao máximo olhar somente pro peito dele. Entretanto, ele arranca a bermuda das minhas mãos e a veste, me lançando sorrisos provocantes enquanto o faz.

— Boa pegadinha, Luna. - Debocha ele - Mas não é das melhores. - O garoto ri.

Mostro a lingua para ele.

Matteo anda para perto de mim, e agarra meu rosto novamente.

— Apesar de tudo, eu sei que gostou do meu beijo, Karol - Sussurra o garoto, sedutoramente. Então me beija novamente, mas dessa vez me afasto. Preciso saber mais sobre esse nome, Karol.

— Quem é Karol, Matteo? - Pergunto, com as mãos na cintura. Eu não descansarei ate saber toda a verdade.

Matteo olha para mim e suspira.

— Ok, eu vou te contar tudo, afinal tem o direito de saber a verdade. - Ele fala.

POV's Ámbar

Procuro Luna por todos os lados, mas nao a encontro. Estou começando a me preocupar com ela. Nada pode dar errado dessa vez. Tem que haver uma maneira de quebrar essa maldita maldição e salva-la de uma vez por todas.

Sou parada por Pedro Pattinson, que agarra meu braço. O moreno sorri para mim maldosamente.

— Onde pensa que vai, loirinha? - Indaga ele, num tom de voz que me enche de medo, mas não posso parecer fraca na frente dele.

— Me solta! - Grito, me debatendo. - Ou chamarei minha mãe!

Pedro ri.

— Isso mesmo, chame Priscila. Ela vai adorar saber que a filhinha querida dela pensa em trair nossa confiança e salvar Karol - Ele fala, com sarcasmo.

Suspiro. Eu não tenho mais nada a fazer. Pedro vai me entregar para Priscila, com certeza.

— SOLTE-A IMEDIATAMENTE! - Esbraveja Simón, parecendo furioso. Nunca vi o nerd assim.

Pedro me solta violentamente e acabo caindo no chão. Vejo-o ir atrás de meu amigo e temo por ele.

— ACHA MESMO QUE PODE ME ENFRENTAR, NERD IDIOTA? - Pedro grita, agarrando Simón pelo colarinho.

— Ele não pode, mas eu posso! - Exclama um punk morena com roupas pretas e mechas vermelhas no cabelo. - Vai querer encarar Nina Simonetti? - Pergunta ela, sorrindo largamente.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.