P.O.V. Sophie

Meus pés definitivamente estavam doendo. O resto do corpo parecia nem sequer existir, parecia que eu não carregava peso nenhum, mas meus pés... Eles pareciam ter sido queimados, cortados e depois ainda chocados repetidamente contra uma pedra só para quebrar os ossos restantes. Certo, estou exagerando, não tanto, mas estou. Porém quem pode me culpar? Estamos caminhando a uns 20 minutos sem parar e sem saber se estamos no caminho certo, na verdade Lily tem certeza que esse é o caminho certo, mas eu já não acredito mais tanto depois que vi a terceira árvore parecida demais pro meu gosto.

- Ahhh! Porque estamos demorando tanto? - Lucy reclamou no meu lugar antes mesmo que eu pudesse pensar em falar – Devíamos ter ido direto pela lareira deles.

- Estamos quase chegando e obviamente não apareceríamos na lareira deles! Seria muito mal educado aparecer de repente dentro da casa de alguém! - Lily replicou ainda olhando pra frente e guiando todos nós.

- Vamos aparecer na casa deles de qualquer jeito! - Lucy disse refutando o comentário da ruiva.

- Pelo menos vamos estar do lado de fora! - Lily falou finalmente olhando para trás e balançando os braços. - Além do mais, não sei nem porque você está reclamando! Você fez o pobre Louis e carregar dês dos primeiros 300 metros!

Olhei pra trás também e vi Lucy apenas dar de ombros e se aconchegar mais nas costas do Louis, que parecia o mais cansado de todos, coitado.

- Eu não vim com tênis de caminhada! - Lucy tentou se defender. Não exatamente o melhor argumento né...

- Pelo menos ela tampa o sol... - Louis falou com um suspiro e tentou mexer os ombros o máximo que conseguiu, o que não era muito já que tinha uma ruiva baixinha, mas não exatamente leve, em cima dele. - Minha cabeça já estava queimando.

- Tá bom, vem Lucy, deixa o coitado do Louis respirar! - Hugo se aproximou deles e deu as costas para Lucy subir na dele.

Ela então pulou de repente das costas do Louis fazendo com que ele se desequilibrasse um pouco e caísse pra trás levando Lucy junto, que tentou se segurar no Hugo, que num reflexo se segurou em mim e só pra completar o ciclo, em me segurei na Lily. Foi realmente impossível não rir, caímos como um dominó, um levando o outro, no final, estávamos todos no chão um em cima do outro.

- Louis! Você não consegue se manter em pé não?! - Lucy reclamou enquanto tentava tirar o loiro de cima dela.

- Foi você que saiu do nada, nem pra avisar! - Louis disse enquanto tentava se sentar. - E Hugo, se puder sair de cima da minha perna...

- Estou tentando! Mas a Sophie está em cima de mim, não consigo sair não!

- A Lily tá segurando a minha perna, não estou conseguindo levantar sem ela! - Me defendi explicando o porquê de não me mexer, estava numa posição meio complicada com a Lily segurando a minha panturrilha e jogada em cima do Hugo, definitivamente não legal.

- Calma aí, acho que ralei meu joelho... - Lily disse e quando eu virei minha cabeça pra trás consegui ver um pouco de sangue no joelho dela. - Ai!

Depois de enrolarmos mais alguns minutos e demorarmos para conseguir sair um de cima do outro finalmente estávamos em pé e batendo nas nossas roupas. A minha jardineira jeans azul clara agora parecia mais marrom do que outra coisa, mas depois de umas quatro batidas já dava pra ver mais o jeans e a sujeira já parecia um pouco mais proposital, ou pelo menos não tão feia.

- Tá bom, sério! - Falei mais alto para que todos me ouvissem. - Estamos mesmo no caminho certo? Porque sinto como se já tivéssemos passado por aquela árvore umas três vezes e não estamos nem um pouco perto!

- Estamos no caminho certo, eu sei! - Lily revirou os olhos por estarmos duvidando dela pela milionésima vez. - Estamos quase lá! Eu acho...

- Estamos sim, é só subir o morro agora. - Louis disse como se não fosse nada de mais, ele até tinha as mãos no bolso.

- Pera... Você sabe onde é?! - Hugo perguntou confuso. - Estamos esse tempo todo confiando na Lily que “acha que sabe” onde é e você tinha certeza?!

- Não sabia de início, mas depois que alcançamos o barranco homem manco eu me achei. - Ele deu de ombros e olhou pra frente, pro morrinho. - É só passar pelo morro que a casa vai estar a uns 100 metros, pouca coisa pros 1400 metros que já andamos.

- Louis... - Lucy disse colocando a mão no ombro do loiro. - Já disse que você é muito estranho?

Louis apenas sorriu envergonhado e abaixou a cabeça. Coitado, mas infelizmente não posso negar, ele as vezes parece mais um Scamander do que os próprios Scamander de tão desligado que é. Eles na verdade são até parecidos em aparência, bom, não exatamente, eles tinham olhos e cabelos bem parecidos, mas o rosto deles era bem diferente. Eu não sou muito de ficar reparando nas características das pessoas, mas se fosse pra arriscar eu diria que Louis tem um rosto mais delicado com traços mais suaves, deve ser por conta da parte veela.

- Agora como temos certeza do caminho, como eu já tinha antes... - Lily disse e lançou olhar raivoso pro Hugo. - Vamos seguir caminho logo e tirar essa história a limpo.

- “Como eu já tinha antes”... Uhum, sei - Hugo debochou enquanto seguia a Lily. - Dava pra ver que você sabia exatamente pra onde estava indo, nem parecia que só estava indo na sorte.

- Eu não estava indo na sorte! - Lily olhou pra trás ofendida. - Eu só estava um pouco confusa no começo, mas de...

- Calma ai! - Lucy berrou fazendo os dois pararem e todos olharem pra ela. - Hugo fica parado que eu não quero caminhar e quem vai me levar agora é você.

Com um revirar de olhos Hugo se abaixou um pouco e deixou que Lucy subisse nas costas dele, mas antes que ele pudesse começar a caminhar Lucy berrou e fez ele parar, na verdade ela pediu que ele chegasse um pouco pra trás. Ela então pegou o chapéu dela, aqueles redondinhos bonitinhos só que com abas maiores e botou na cabeça do Louis.

- Pra proteger a cabeça do sol. - Ela disse simplesmente depois se arrumou em cima do Hugo e passou os braços pelo pescoço dele. - Agora podemos ir! Ah, e você podem continuar a DR de vocês, estava engraçado.

- Não estávamos tendo uma DR!- Lily corou dos pés a cabeça e as sardas dela pareceram desaparecer, quase da mesma cor que a pele agora. - Só vamos seguir caminho logo!

Não consegui evitar rir, tudo estava tão engraçado, era impossível ficar mais cômico! Quando eu ouvi uma risada atrás de mim eu me virei, só pra provar que eu estava errada eu ri mais ainda. Louis estava simplesmente hilário com aquele chapéu da Lucy, ele era meio rosa queimado, tipo um vinho e não combinava em nada com a roupa do Louis, que era uma mistura de verde e de azul. Você pode estar achando que ele está usando uma roupa muito estranha já e que com essas cores nas roupas o chapéu nem piora tanto, mas não é verdade, uma coisa que todos já aceitaram e ninguém mais contradiz é que Louis tem um ótimo gosto e que só ele consegue combinar coisas que ninguém consegue de um jeito que ele fica lindo, maravilhoso. Não me leve a mal, não gosto do Louis de um jeito romântico, mas é impossível negar que ele é muito bonito. Enfim, mesmo com aquela magia dele em combinar tudo ele definitivamente não estava esperando pelo chapéu vinho de abas largas e era muito difícil não rir daquilo, mas é claro que ele teve que estragar tudo quando levantou a cabeça e sorriu pra mim mostrando as covinhas, o que me fez corar igual a Lily. Maldito sangue veela que faz ele ficar bonito de qualquer jeito! Se fosse eu que estivesse com aquele chapéu, ia parecer que tinha sido engolida por ele!

Enfim, tirando as reclamações da Lucy, as ditas “contra reclamações” do Hugo e as também ditas “para-reclamações” da Lily nós chegamos na frente da casa dos Scamanders tranquilamente e eu devo dizer, uau! Aquela casa era completamente fora do normal ao mesmo tempo que a cara deles, as paredes de vidro e as árvores que cercavam a casa... tudo parecia tão Scamander!

- Sabe, só agora que eu me toquei que nunca estive aqui antes – Lucy disse olhando com olhos arregalados para a casa. - E devo dizer que eles conseguiram me surpreender... Não achei que eles conseguiriam fazer isso mais.

- Eu e o Lou viemos aqui quando eles terminaram a quadra de quadribol. - Hugo explicou com os olhos brilhando. - É tão perfeita! Uma pena que não temos espaço na nossa casa pra construir uma quadra...

- Tenho quase certeza que sua mãe não deixaria nem mesmo se tivesse espaço. - Apontei o fato o que fez Hugo murchar um pouco e soltar um muxoxo. - Mas... Agora fazemos o que? Só tocamos a campainha? Será que eles têm uma campainha considerando que a casa deles é praticamente no meio do nada e que eles provavelmente não esperam visitas sem um aviso prévio?

- Ahn... Podemos só bater na porta talvez... - Lily sugeriu meio contrariada.

Mas antes que pudéssemos fazer qualquer coisa ou até mesmo cogitar ideias melhores do que tocar do nada, um dos gêmeos apareceu na porta sorrindo pra nós. Era impossível saber qual era, ou melhor, eu não conseguia, era até uma vergonha considerando que eu gosto do Lorcan, mas eles são idênticos! O meu único consolo é que eu não sou a única a não conseguir reconhecê-los de cara, quase que certeza que nenhum dos que estão aqui sabem qual dos dois é que está parado na porta nos encarando. Lorcan/Lysander começa a vim na nossa direção correndo seguido por um crupe malhado.

- Oi pessoal! - Lorcan/Lysander se aproximou sorrindo e acenando com suas roupas coloridas e o cabelo bagunçado, depois sorriu pra mim especificamente mostrando o pequeno buraco entre os dentes da frente – Oi Sophie!

Lorcan. Definitivamente Lorcan.

- Oi Lorc... - Disse meio tímida de repente, sabe, isso é ridículo! Eu devia ser racional e não me encolher toda quando o garoto que eu gosto me diz um simples oi! Mesmo que esse oi tenha sido diretamente pra e estamos em um grupo de 5 pessoas... Nada de mais.

- Certo, certo, não queremos ser o castiçal daqui não, então só diga... - Lucy disse enquanto saia das costas do Hugo, fazendo ele soltar um suspiro de alívio, e se esgueirando para chegar na frente de Lorcan. - A Lulu tá mesmo aqui?

- Nossa Lucy, que delicada que você é... - Lou debochou do modo como Lucy foi direto ao ponto, uma coisa que realmente não podemos negar é que Lu é extremamente direta.

- Sarcasmo não combina com você Louis. - Lucy lançou um olhar mortal na direção dele e o mais surpreendente é que ela não esboçou nenhuma reação, nem mesmo rindo dele ou então aquele choque ao perceber que ele daria um ótimo modelo até mesmo com as combinações mais estranhas, não que ele usasse roupas estranhas, ele não era os gêmeos Scamander. - Enfim, ela está ou não? Uhm? E porquê? Aconteceu algo? Ela e o Lys já se mataram?

- Não esqueça o bloquinho para anotar Lu, você provavelmente não vai querer perder nenhum detalhe pra reportagem. - Lily sorriu fazendo graça da onda frenética de perguntas da outra, que lançou novamente um olhar mortal agora na direção da outra ruiva.

- Infelizmente o sarcasmo é a sua cara. - Ela se virou novamente pro Lorcan, o que tinha sua graça já que ela era bem mais baixinha que o loiro, uns bons 20 centímetros. - E então?

- Ahnn... Eu já me perdi nas suas perguntas – Lorcan disse com um sorrisinho. - Mas sim, a Luiza está aqui, ela na verdade está ajudando minha mãe a fazer os biscoitos de gengibre com beterraba e banana!

Quase, mas bem quase mesmo, consegui segurar a careta, mas quando eu imaginei como isso ficaria até minha barriga reclamou. Nunca, nunquinha, vou entender como o estômago deles aguenta todas as coisas que eles comem. Lucy ia começar a falar novamente, mas Hugo foi mais rápido e tapou a boca dela e falou no seu lugar, ignorando totalmente o olhar mortal da ruiva.

- Certo... - Ele disse confirmando com a cabeça lentamente. - Mas Lorcan, ahn, como ela chegou aqui? Ou melhor, se não for indelicado – Ele olhou sugestivo para Lucy que ainda tinha a boca tapada. - Porque ela está aqui?

- Ahhh! - Lorcan sorriu mais ainda, se era possível sem rasgar o rosto dele. - Sim, sim! Ela contou pros avós dela que ela era da Lufa-Lufa daí acabou que não deu muito certo, então ela apareceu no meio da noite pela lareira!

Todos, sem exceção, encaramos ele pasmos. Tipo... Não... Assim... Quê? É, bem isso. Olhei pros outros pra ver se alguém já tinha entendido algo, mas estavam tão ruins quanto eu, acho até que o Louis estava pior, ele estava com a boca meio aberta e o rosto inclinado, parecia um peixe morto, corrigindo, um peixe morto com chapéu de abas largas e ainda assim charmoso. O que posso dizer, alguns são abençoados, outros lutam com o rímel pra não parecer que dormiram em cima da tarefa de História da Magia. Olhei pra Lily, na esperança de não ser a única com cara de taxo, e ela não me decepcionou tanto, mas ao invés de um olhar super confuso ela estava mais com uma cara tipo “coitadinho, tem algum problema na cabeça certeza”. Olhei de novo pra Lorcan, que por sinal ainda sorria como se não fosse nada de mais, certo, ele definitivamente não sabia o impacto das palavras dele.

- Quê?! - Foi Lucy que disse com uma careta de quem chupou limão azedo, fazendo o que todos tínhamos vontade.

- Querem entrar? - Ele perguntou amigável.

Então assim, em alguns segundos já estávamos dentro da casa Scamander olhando em volta maravilhados com tudo naquela casa, bom, eu estava assim pelo menos, não me importo como o resto estava, aquela casa era... muito, muito muito, se é que me entendem. O teto era alto e era tudo colorido, tudo alegre, a maior parte da parede era de vidro e parecia até mesmo mais iluminada do que o lado de fora.

- Lys! - Sou tirada da minha contemplação de arquitetura maravilhosa ao mesmo tempo que inesperada pelo grito do Lorcan. - Desce aqui!

- Ah! - Um grito soa aparentemente do andar de cima e seguido dele vem um grasnado. - Não, não! Eddie para, volta aqui! Não no guarda roupa! Ai também não! - Um barulho alto de vidro quebrando. - Ah não! Para de correr ganso ingrato! Eu só preciso te dar o remédio!

Aí chegamos ao ponto alto da ida até a casa dos Scamanders, um ganso com uma gravata de bolinhas colocada obviamente errado correndo escada abaixo seguido pelo Lysander com as roupas sujas de terra e berrando pra ele parar. Claro que só melhorou quando Lorcan tentou pegar o ganso também e então os dois começaram a correr atrás do animal pela sala dando voltas e mais voltas, então o ganso veio em nossa direção e fez a Lily e o Hugo caírem no chão e derrubarem um cesto que tinha do lado da porta. Só depois de uns bons minutos tentando pegar o ganso foi que ele parou de repente por alguns segundos e depois correu para a cozinha em direção a Sr. Scamander que tinha um pedaço de presunto estendido e estava agachada no chão, pronta para dar pro Eddie (acho que esse é o nome) o pedaço de carne.

- Pronto, pronto – Ela diz enquanto acaricia a cabeça do ganso comendo. - Agora me passe o remédio Lys.

Lysander então desperta de seu estupor ao encarar a cena e procura o remédio nos bolsos da calça, só pra depois perceber que na verdade o remédio já estava na mão dele. Ele então estende o comprimido pra ela que só o põe na mão e bota na frente do ganso, que sem reclamar mastiga ele logo em seguida.

- É surpreendente como ela tem um jeito com todos os animais. - Escuto uma voz atrás de mim que não deveria estar ali e quando me viro vejo os cachos dourados da minha amiga logo em minha frente.

- Lulu! - Deixando um pouco mais do meu lado racional e conservador de lado eu abraço ela rapidamente, que retribuí o abraço. - Pelas barbas de Merlin, como assim você está aqui e não me contou nada?! Perdeu a mão por acaso e por isso não consegue escrever uma simples cartinha contando o que aconteceu?!

- Me desculpa, você está certa, devia ter falado alguma coisa. - Ela diz depois de rir da minha bronca, por algum motivo que eu não entendi, foi uma bronca bem séria que eu dei nela.

- Obviamente eu estou certa! Eu vivo certa, sobre vários motivos diferentes, mas esse eu estou absurdamente certa! - Falei séria, porque né, é a verdade.

- Oh tá bom, modéstia mandou lembranças Sophie e ela já está beeeeeem longe! - Hugo disse exagerando propositalmente no bem mais pra me irritar.

- Enfim – Falei decidida a ignorar o comentário do ruivo. - Vamos ignorar idiotas e ir direto ao ponto, melhor, começar do início. Como em sã consciência você veio parar aqui?

- Ai que tá a parte engraçada - Luiza disse. - Eu não estava exatamente me sã consciência.

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- Acho que meu cérebro deu um bugue agora, mas tudo bem... - Lily disse com uma careta confusa.

- Ainda bem que você veio parar aqui e não em algum lugar perdida do Beco Diagonal – Hugo acrescentou. - Ou pior, na Travessa do Tranco.

- Sim, mas eu sinto que estou incomodando a cada segundo que fico aqui. - Lulu disse enquanto ajeitava a saia florida que provavelmente era emprestada da Sra. Scamander. - Me sinto mal de ficar atrapalhando.

- Você não está atrapalhando! É ótimo ter uma convidada e nossa mãe aprecia bastante toda a ajuda que você está dando! - Lorcan disse sorrindo gentilmente pra Luiza que sorriu de volta, o que causou em mim uma série de sentimentos estranhos e uma raiva repentina. - Não é Lys?

- Hmm? - Lysander parou de repente de fazer o que estava fazendo, que era enfiar um monte de biscoitos na boca e devorá-los em segundos, e nos olhou como se fosse pego no flagra. Ele terminou de mastigar rápido e deu uma tossida pra só ai responder. - Ah sim, claro, ninguém aqui em casa quer ajudar a cuidar dos occami filhotes.

- Verdade! - Lorcan disse sorrindo, porque, senhor, ele não conseguia ficar sem sorrir por um minuto! Não que eu esteja reclamando, adoro quando ele sorri, fica tão bonito e alegre, dá vontade de sorrir junto. - Dá última vez que nosso pai foi tentar dar comida pra eles, ele quase perdeu um dedo, depois nunca mais quis se arriscar!

- Pera.. Vocês têm occamis filhotes aqui? Isso não é, tipo, ilegal? - Lucy perguntou parecendo surpresa.

- Nheee – Lysander fez descaso da pergunta. - Eles estão aqui sob permissão do Ministério, a mãe deles está sofrendo com uma doença recém descoberta na espécie deles o que faz com que ela não consiga cuidar deles e essas coisas, então nosso pai ficou responsável.

Um “Ahhhn” geral suou e então todos balançaram a cabeça como se fizesse sentido, mesmo que não fizesse tanto assim, Scamanders num geral não faziam tanto sentido assim. Mas ao invés de continuarmos a conversa e não entendermos mais algumas coisas, a Sra. Scamander apareceu na entrada do campo de quadribol, onde nós só estávamos sentados no meio comendo biscoitos já frios de tanto tempo que ficamos aqui e conversando. Ela andou até nós e quando se aproximou o suficiente foi possível ver em seu rosto uma preocupação fora do normal, minha pequena grande parcela de ansiedade não gostou disso.

- Lucy, - Ela disse quando parou na nossa frente e ainda olhou diretamente para a Lu. - Sua mãe acabou de me mandar uma carta, pelo visto sua irmã fugiu de casa.

- Oi?! - Lucy levantou num pulo. - Como assim?! Pelas barbas de Merlin! O q-que..?

- Eles já ligaram para todos e estão procurando por ela. - Sra. Scamander disse interrompendo aquele raciocínio doido da Lucy que obviamente ninguém entendia. - Eles só queriam ver se você estava aqui mesmo e se ela não tentou falar com você.

- Eu... - Lucy começou a tatear os bolsos feito uma doida até que tirou um celular e o deixou cair, ela mal estava conseguindo mexer nele.

- Certo! - Louis levantou, fazendo com que todos levantássemos também, e tirou o celular das mãos da Lucy e abraçou ela de lado. - Vamos com mais calma, que tal irmos para sua casa? Assim seus pais podem ver que você está bem e podemos entender melhor a história.

- S-sim, uma boa ideia... - Lucy agora parecia mais calma, mas seus olhos estavam arregalados ainda de surpresa e susto.

- Isso, vamos voltar para as nossas casas e ver o que está acontecendo. - Hugo disse também e todos concordamos.

- Obrigada pela comida e desculpa todo esse alvoroço tia Luna, mas será que podemos usar a lareira de vocês? - Lily perguntou o mais educadamente possível, bem diferente do que ela normalmente era.

- Sim, sim, vamos logo crianças - A mãe dos gêmeos respondeu e então nos guiou para dentro.

Eu andei junto a todos e vi seus rostos preocupados e suas teorias mirabolantes, dizendo “Molly talvez iria para...” ou então “Será que ela faria isso?”, até Lorcan e Lysander tinham seus palpites para dar e contribuir para aquele falatório, mas não eu. Conhecia Molly, mas nunca conheci ela, só a encontrava nos corredores e nós acenávamos a cabeça uma para a outra, não éramos da mesma idade, nem do mesmo grupo, pra mim ela era mais como a irmã mais velha de Lucy, isso talvez porque eu não fazia tanta parte desse grupo gigantesco, ou melhor do “Clã Weasley”. Como eu posso explicar o que é o Clã Weasley? Bom, é basicamente todos os Weasleys e mais alguns que foram agregados a família por assim dizer, como os Potters, os Scamanders, os Longbottom e até mesmo o Malfoy já é considerado parte. Mesmo os integrentes desse clã não sabendo de sua existência e nem ligando para isso, eles são quase uma elite, é como se fosse uma máfia fechada, porque mesmo que não seja a intenção deles e eles nem percebam, eles só andam uns com os outros. Não os culpo, eles são tantos que eles não precisam se preocupar em fazer mais amigos, eles sempre vão ter um amigo com quem contar e nunca vão estar sozinhos, eles são sempre tão juntos. Eu sei o que vocês podem estar pensando: “Mas Sophie, você não faz parte do clã? Você é uma Longbottom!”. Sim, sim, eu sou uma Longbottom e faço parte do “Clã Weasley”, mas não totalmente, o único Longbottom que faz parte realmente é a Alice, eu e o Frank ficamos apenas... nas bordas dessa grande família. Talvez seja pelo fato de a subdivisão do meio do clã ser a menor, então não é difícil entrar ali, mas vejam os mais novos, os menores do clã não precisam de mais ninguém, eles já são 4 realmente Weasleys (isso considerando a Lily uma Weasley, porque ela é, só tem um sobrenome diferente, mas ninguém pode negar que os Potters são completos Weasleys), eles já são um grupo grande sozinhos, mas daí entra os gêmeos, Lorcan e Lysander era tudo que faltava pra completar, são meio doidos mas são divertidos, excêntricos, enquanto eu... Eu sou só eu, meio excluída de todos, não tenho nada que me destaque, só estou no meio disso porque sou uma Longbottom, mas nem isso pareço ser...

- Acho que não posso ter muita opinião sobre isso, mal conheço a Molly – Sinto Luiza passar o seu braço no meu e sussurrar no meu ouvido – Vamos só deixar que eles falem mesmo, acho que prefiro não ter mais problemas pra resolver.

Então ela piscou pra mim e sorriu. Já havia reparado antes, mas ainda era surpreendente o quão diferente ela estava, não de aparência obviamente, mas ela já não parecia triste, sua boca agora parecia estar contendo um pequeno sorriso constante e seus olhos pareciam mais verdes. Ela parecia mais feliz e nem se importava em ser quase uma forasteira ali, assim como eu.

- Senti sua falta – Falei meio sem pensar e logo fechei a boca, mas então ela olhou para mim e sorriu mais ainda.

- Também senti.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.