A Little Piece Of Heaven

Almost laughed myself to tears


Becky’s POV

No dia seguinte, quando Jimmy foi me buscar no colégio para me levar ao ensaio da banda, eu fui contando a ele sobre o sonho, sem deixar passar nenhum detalhe. Quando terminei, ele estava mais calmo do que eu esperava que ele fosse ficar.

–Uau, que sonho interessante. E você acha mesmo que aquele corpo jogado no chão era meu? Sério, Becky. Eu não saio morrendo por aí no apartamento dos outros. – ele deu uma gargalhada – Com certeza era outra pessoa.

–Ah, acho que não, Jimmy. Era você, pelos olhos...

–Francamente Rebecca! – ele disse imitando tom sério – Eu nem tenho tatuagens como as que o cara do seu pesadelo tinha. Mas é curioso... Parece um daqueles filmes de terror em que as pessoas sonham que vai acontecer algo e esse algo acontece. Será que você é alguma vidente? – Ele fez uma falsa cara de espanto.

–Não tem graça nenhuma, Jimmy.

– Ah, esquece isso! – ele respondeu – Foi só um pesadelo.

–É eu sei é só que...

–Chega! – ele disse me abraçando e me interrompendo – Não se fala mais nisso. Você vai acabar ficando obcecada por causa desse pesadelo, Becky! – ele deu uma risada.

–Tá. – eu disse rindo – Tá desculpa. É besteira eu sei.

–Ótimo! Bem, - disse ele mudando de assunto – os ensaios estão sendo na casa do Brian, pelo menos uma boa parte deles. Já estamos chegando. – e deu de ombros.

–Puxa, espero não ficar surda assistindo a esse ensaio.

–Ah, para com isso – disse ele rindo – nós somos ótimos – e deu uma gargalhada.

Algumas conversas e metros caminhados depois, o assunto do pesadelo não passava de uma lembrança e o foco agora, era o ensaio na casa de Brian.

Chegamos à casa de Brian e fomos recebidos na garagem por um Matt Sanders um pouco bravo.

–Rev! Até que enfim seu desgraçado, tá atrasado!

Rev? Ah, o nome artístico de Jimmy. Era estranho ouvir Matt falando assim. Acho que ele ainda não havia notado minha presença até que Jimmy deu um pigarro e olhou em minha direção.

–BECKY! – Matt exclamou me dando um abraço – Por isso o Rev tá atrasado! Dessa vez passa. Então, - ele continuou – pronta para ver o nosso ensaio? Os rapazes estão na cozinha junto com a Val e a Michelle, logo estarão de volta.

–Claro Matt. Espero que vocês sejam tão bons quanto o Jimmy diz. – eu ri.

–Então espero que ele esteja te dizendo que nós somos incríveis, porque nós somos... – ele riu – E agora, você pode me chamar de M. Shadows.

–Ah, sim. Desculpe Shadows.

–Perdoada. – ele riu.

Havia reparado que na garagem havia uma bateria simples montada, duas guitarras arrumadas, um baixo meio largado e um pedestal.

Alguns minutos depois, Johnny, Zacky, Brian, Val e sua irmã gêmea Michelle estavam na garagem. Nos cumprimentamos e os rapazes se posicionaram.

Eles começaram tocando uma música que, segundo Matt havia anunciado, se chamava Lips Of Deceit. A voz de Matt nos vocais era incrível. O modo de ele gritar era diferente de tudo que eu havia ouvido. Ele desafinava pouquíssimas vezes e cantava com a alma, isso dava pra ver. Brian e Zacky eram a dupla de guitarristas perfeita, pensei. Johnny, mesmo no baixo, dava tudo de si. Jimmy também tocava de uma forma diferente... Tocava com o coração. Eu sabia que Jimmy era apaixonado por tocar bateria e vê-lo tocando era uma coisa única.

Não eram profissionais, mas agiam como tal. Se continuassem assim, iriam longe. Muito longe. Tocaram mais umas quatro músicas e pararam. Já estava ficando tarde e os rapazes estavam um pouco cansados. Fomos para a cozinha de Brian e demos de cara com um Sr. Haner sorridente. Comemos algumas coisas e logo em seguida, eu e Jimmy dos despedimos. Ele me acompanharia até em casa.

No caminho, Jimmy perguntou:

–E então, o que você achou?

–Incrível. – respondi e ele riu.

–Ainda faltam alguns detalhes; desafinação, erros... Mas corrigiremos isso aos poucos. Que bom que gostou. No final, nem somos tão ruins, não é?

–São melhores do que eu esperava – eu ri e ele também.



Jimmy’s POV

Quando estávamos na rua de Becky, uma figura masculina foi se aproximando. Conforme foi chegando mais perto, pude distinguir a forma de um rapaz quase do meu tamanho de cabelos negros caídos e olhos verdes. Usava um jeans surrado e um tênis sujo parecido com os que Becky usava e uma camiseta preta. Segurei Becky pela cintura. Não estava com um bom pressentimento sobre aquele sujeito.

–Hey! Becky! Há quanto tempo, garota! – disse o rapaz. Então eles se conheciam...

–Daniel! – ela se desvencilhou dos meus braços e deu um abraço leve no rapaz. – O que você está fazendo aqui?! Não tinha ido morar... Onde mesmo?

–L.A, baby. – o rapaz riu – Mas decidi voltar, não me acostumei ao modo de vida deles. Cheguei hoje, ainda cedo.

–Puxa, que legal. – Becky respondeu. Eu não estava gostando daquele sujeito. – Daniel Stewart, esse é James Sullivan, meu ah, namorado. – ela sorriu.

–Ah, - respondeu o tal Stewart, apertando minha mão – muito prazer, Sullivan.

–Igualmente. – respondi apertando sua mão rapidamente.

–Então, – disse Stewart soltando minha mão e se voltando à Becky – nós podemos sair um dia desses, o que acha?

–Ah, podemos ver – disse ela sorrindo.

–Tudo bem. Eu estou na casa da minha mãe...

–Na rua de trás! – Becky respondeu.

–Você lembra. – ele disse sorrindo – Bom, eu vou indo. Prazer em revê-la, Becky – ele disse em um tom que me irritou profundamente. Virou-se para mim – Prazer em conhecê-lo, Sullivan.

Becky se despediu dele. Acompanhei-a até sua casa, mas sem segurá-la pela cintura ou pela mão. Ela deve ter percebido que eu não estava contente com aquele “encontro caloroso” entre ela e o tal Stewart. Aquele cara me irritava...

–Me diz o que foi que aconteceu? – ela perguntou quando chegamos na porta de sua casa.

–Nada.

–Sei. Você está com ciúmes do Daniel, Jimmy?

–Não.

–Ah, sério mesmo? – ela perguntou ironicamente.

–Não é ciúme, é só um mau pressentimento...

–Aham, sei.

–Desde quando vocês se conhecem? – perguntei impaciente. Eu tinha uma leve desconfiança sobre desde quando eles se conheciam...

–Eu e Daniel nos conhecemos há bastante tempo. Ele sempre morou ali na rua de trás. Nós saímos às vezes. Eu ele e Alice.

–Só isso? Vocês eram amiguinhos, então?

–É... Quase isso.

Ela parecia nervosa. Parecia que não queria me contar algo, então, respirou fundo e começou a falar:

–Eu e Daniel... Namoramos por um tempo, mas terminamos justamente por ele ter tido que ir morar em Los Angeles com o pai. Mas não foi nada, - ela disse - só um namoro idiota de poucos meses. - fez-se silêncio por alguns minutos.

–Entendo. – eu disse por fim. Estava um pouco mais calmo agora que ela havia me contado. Mas de qualquer forma, aquele Daniel me assustava. Parecia que ele tentaria ficar com a Becky de novo. – Espero não ter que competir com ele pra ver quem vai ficar com você, não é?

–É - ela deu um riso nervoso – eu também espero que não. Não estou afim de servir de prêmio para vocês. – ela riu.

Eu a abracei e ficamos nisso por um tempo, quando ouvi a voz da senhora Johnson na janela:

–James, já pode soltar a Becky, ela precisa entrar. – e deu uma risada.

–Claro Sra. Johnson. – gritei de volta. Afastei Becky para poder beijá-la. Esperei ela entrar, gritei um tchau para a Sra. Johnson e fui embora, caminhando lentamente.

Minha cabeça doía e meu coração estava um pouco apertado. Algo me dizia que aquele tal Daniel Stewart não queria continuar sendo só amigo de Becky.