A porta do quarto de Zen abriu-se, e ele não estava lá dentro. Aquela que havia aberto a porta era Lillian, que desde que a guarda de Balran havia os resgatado na Gruta até agora, tentava falar com Zen. A Loira ficou parada na porta, olhando para o quarto por alguns segundos antes de fechar a porta novamente. E atrás da porta, estava o Atormentado, com o corpo comprimido contra a parede. Ele havia escutado os passos dela de longe, quando ela entrou no corredor, ele já tinha corrido para se esconder atrás da porta, quando essa fosse aberta.

Ele espirou, aliviado, e então caminhou até seu leito, jogando-se sobre ele. O corpo ainda estava dolorido como nunca. A velha anciã da Casa de Sariel não ficou nada surpresa quando viu Zen entrando pela porta da enfermaria, coberto de sangue e poeira. Já era esperado que esse aí voltasse, mas você é meio raro. A velha falava de Lillian. Zen não havia notado, mas a Loira havia se ferido consideravelmente na batalha. Será que ela está bem? , ele se perguntou, enquanto olhava para o teto alvo e monótono. Não teve coragem de perguntar para ela, não teve nem mesmo a coragem para olhar outra vez na cara dela depois que foram resgatados. Ela se ferir, Rey ter feito aquilo, Damon ter visto o que foi feito do irmão, tudo aquilo foi culpa dele. Se ele ao menos tivesse escutado a si mesmo, talvez a Cavaleira, o Bandido e o Menino ainda estivessem bem e levando a vida do jeito deles. Ou talvez não.

O Atormentado sentou em sua cama, encostando-se a cabeceira dela. Será que ela escutou aquilo? , era esse o maior motivo para Zen ter evitado Lillian com todas as suas forças. Por que eu disse aquilo? O que raios eu tinha na minha cabeça quando disse aquilo? , ele franziu o cenho, refletindo. Ele ainda lembrava bem das palavras que havia dito logo antes daquela enorme pedra esmagar os três. Mas ela nunca esmagou. E agora o Atormentado estava realmente sendo atormentado por suas palavras. Eu te... , ele lembrou-se delas e então balançou a cabeça, afastando-as de seus pensamentos. Foi algo no impulso, nada mais, nada menos. Eu vou me recuperar e sumir daqui de vez. Não aconteceu nada demais. Ele sorriu e balançou a cabeça de novo, decidido. Batidas na porta o fizeram se jogar para o chão e rolar para debaixo da cama.

— Senhor... Zen? — uma voz feminina desconhecida falava do outro lado da porta. — Trouxe seus remédios. Posso entrar?

O homem suspirou, aliviado mais uma vez. Saiu de debaixo da cama e sentou-se sobre ela.

— Sim, pode entrar.

A porta abriu, e uma jovem usando um vestido branco entrou, empurrando um carrinho de madeira com medicamentos em cima. Eram vidros foscos e transparentes, com pílulas, líquidos e todo um leque de medicinas desconhecidas para o homem. Ele olhou para tudo aquilo com certo medo, mas já havia experimentado o poder de cura milagroso daqueles medicamentos.

— Sente-se melhor? — ela perguntou, sorrindo para ele.

— Antes não tanto, mas agora que você entrou me sinto ótimo, docinho — ele deu um sorriso, voltando a recostar as costas na cabeceira. A garota deu um risinho. — A criança que estava junto de mim, ela está bem?

— O menino Rey? Ele já se recuperou, não sofreu ferimento algum além de arranhões leves — ela respondeu, enquanto misturava o conteúdo dos vidros.

— E aquele outro rapaz mais feio que eu? — ele perguntou, atento a tudo que ela misturava.

— Foi embora logo quando amanheceu. Ignorou nossos pedidos e sugestões para que ficasse até se recuperar por inteiro.

— Ei, por que ele pode ir embora quando quer e eu não? — Zen franziu o cenho, olhando com olhos cínicos para ela.

— A senhorita Lillian deixou bem claro que é para que mantenhamos você aqui, sob rédea curta, até que se recupere por inteiro. Como foi que ela disse mesmo? Ah sim — ela juntou as mãos a cintura, tomando a pose da Cavaleira — “Se aquele imbecil tentar uma de suas fugas mirabolantes, apaguem ele e o amarrem a cama.” — e deu uma risada, voltando a preparar o medicamento.

Zen não teve dificuldades em imaginar Lillian falando aquilo.

— Ela disse é — ele olhou para o lado, estreitando levemente os olhos. Perguntou então com certa retidão — e como é que ela tá?

A curandeira parou por um instante de fazer sua mistura, olhando para Zen com um rosto sério. Zen voltou a olhar para ela e então franziu o cenho.

— O que é? — ele perguntou, e ela sorriu, dando uma risada, voltando a preparar o remédio.

— Ela diz estar bem, e que não sente dor alguma — falou a garota —, mas ela deve estar mentindo como sempre faz.

Zen estranhou.

— Sempre faz? Você a conhece? — a garota confirmou, balançando a cabeça.

— Eu sou uma Mulher de Sariel afinal. Eu cuido dos enfermos e feridos. No passado, quando Lillian ainda era jovem e apenas uma soldada de Balran, ela vivia arrumando problemas e vinha toda ferida e chorando para cá. — Ela deu outra risada, mostrando um olhar nostálgico. — Eu cuidava de cada machucado que ela fazia, e todo dia era um novo. Era uma rotina. Eu me tornei uma amiga que ela podia contar. Até que aconteceu uma coisa, e ela parou de vir tratar seus ferimentos.

Zen estava surpreso, e acreditava que não estava demonstrando isso em seu rosto, mas estava. Imaginar uma Lillian que arranja problemas um atrás do outro, que vivia chorando, e que era amparada por uma Mulher de Sariel, era algo que ele não tinha capacidade. A imagem que ele tinha criado de Lillian era a de uma mulher de coração frio, que presa pela justiça diante de qualquer coisa. Parece que as coisas não são bem assim, ele pensou, e realmente não eram. Passou por sua cabeça a imagem da Cavaleira abraçando o pequeno Rey, que havia acabado de esfaqueá-lo.

— Que coisa aconteceu? — a mulher parou outra vez, fitando Zen. Então voltou a seu emplastro.

— Não tenho o direito de falar sobre o passado dela — ela respondeu, levantando repentinamente a camiseta que o Atormentado vestia. — Se for para você saber, ela mesma irá conta-lo, não é mesmo? Agora fique parado enquanto eu aplico essa gosma que talvez te envenene.

— Espere, talvez me envenene? — ele esbugalhou os olhos, e ela deu uma risada.

Antes que ele tivesse qualquer reação, ela abriu um espaço entre as faixas que envolviam o abdômen de Zen, e aplicou o emplastro verde e gosmento no ferimento de adaga, que havia sido costurado. O Atormentado teve que se esforçar para não soltar um grito de dor quando aquilo tocou seu ferimento e começou a arder como nunca. Para completar, a mulher pegou um pano úmido e aplicou sobre o emplastro, em seguida retornando as faixas ao lugar.

— Pronto, isso vai ajudar a cicatrizar mais rápido — ela falou, limpando as mãos numa toalha que tinha no carrinho.

— E eu que achei — falou Zen, escorregando o corpo para deitar. — Que você não era uma bruxa como as outras.

Ela riu, e disse. — Não somos bruxas, senhor Zen. — Então ela sorriu e completou. — Pelo menos, não todas nós. — E com isso ela foi embora, acompanhada por um olhar assustado de Zen.

E ele, não muito depois de ela sair, fechou os olhos e pegou no sono.

Lá estava o Mundo dos Sonhos, aguardando sua chegada. Nele havia campos verdes que seguiam até o horizonte, e o céu era multicolorido, adornado por estrelas brilhantes. E no topo de uma dessas colinas, havia um arco enfeitado com flores, joias e seda. Uma multidão enfileirada, sentada em cadeiras brancas estava ali. Todos observando o casal em frente ao casamenteiro. Um deles era Zen, a outra era uma mulher, com o rosto escondido por um véu branco.

Zen já conhecia aquele sonho. E não gostava nem um pouco do resultado. Com receio, viu-se repetir as mesmas palavras que havia dito da última vez, e viu o casamenteiro fazer o mesmo discurso, e no final soltar uma pomba branca, que voou para longe. Então vieram as palavras.

“Pode beijar a noiva”. O Atormentado não queria isso, ele sabia que aquela atrás do véu era a maldita velha da Casa de Sariel. E mesmo assim, viu suas mãos se moverem sozinhas e segurarem delicadamente o véu que cobria o rosto de sua noiva. Ele fechou os olhos e o removeu. Ficou por uns segundos no escuro, aguardando para ver se conseguia ir embora daquele sonho, ou melhor, pesadelo. Então abriu os olhos, e a própria Luz do Sol ofuscou seus olhos. Cabelos dourados feito trigo, e a pele cálida e alva de uma beleza incomparável. Em sua frente, estava a mulher mais bela que ele já vira alguma vez na vida. É...Ela. Conseguiu dizer. O casamenteiro pigarreou e falou outra vez. “Senhor Zen, pode beijar a noiva.” Ele não escutou, e se escutou ignorou o homem. Permaneceu estagnado, observando a mulher que começava a enrubescer de tanto ser encarada. Ela desviou o olhar, baixando levemente a cabeça. “Senhor Zen?”, o casamenteiro disse outra vez. “Pode beijar a noiva.” O Atormentado escutou aquela vez, erguendo levemente a mão, tocando o queixo da loira com a ponta do dedo. Vagarosamente, ele guiou o rosto dela de volta a sua direção, para que pudesse contempla-la ainda mais. “Zen”, disse uma voz, provavelmente do casamenteiro. O Atormentado aproximou o rosto. “Zen”, a voz falou de novo. Viu a mulher adiante de si fechar os olhos, aguardando o momento. “Zen”, mais uma vez. Zen fechou os olhos e se aproximou para finalmente — Zen! — um grito o arrancou de seus sonhos, fazendo-o quase saltar da cama.

Sentou-se. Estava arfante, ainda perdido, a mente vagando pelo caminho de volta ao Mundo Real. Olhou para os lados e viu que estava de volta ao seu quarto, na Casa de Sariel. Fechou os olhos e deixou o corpo cair, deprimido. Ele nunca mais conseguiria voltar àquele sonho, era o que pensava. Se não fosse essa maldita voz me chamando , praguejou em sua mente, e então algo chamou sua atenção. De quem era a voz? , quando olhou outra vez para o lado, procurando o dono da voz, tomou um susto.

Ali, parada, trajando sua armadura e portando sua espada presa ao cinturão, estava Lillian. Ele quase soltou um grito, enquanto rolava para o lado e caía no chão.

— O que raios está fazendo?! — ela gritou outra vez, surpresa pela reação do homem.

— Você quase me matou do coração de susto! Como pode invadir o quarto de um enfermo a beira da morte sem nem bater na porta antes?! — ele gritou do chão, se afastando dela.

— Eu bati na porta! Você não respondeu então achei que tinha fugido outra vez! E quando entrei me deparei com você se contorcendo na cama! — ela bradou, franzindo o cenho. — Que tipo de sonho você estava tendo, afinal?

— Não — ele encontrou a parede, parando de se afastar. — Não é nada educado perguntar sobre os sonhos de um jovem rapaz na flor da idade, sabia?! Acharia bom se eu começasse a perguntar sobre os sonhos que você tem?!

Ela abriu a boca para falar qualquer coisa, mas por algum motivo decidiu não dizer, como se algo tivesse surgido nos pensamentos dela. Zen percebeu isso, franzindo o cenho. A Loira fechou os olhos e suspirou, balançando a cabeça.

— Você é um imbecil mesmo, um imbecil completo — disse, desanimada, com as mãos na cintura. — Enfim, está se sentindo melhor?

Zen levantou-se vagaroso, sem tirar os olhos dela. A Cavaleira agora o encarava com uma expressão neutra, sem tirar as mãos da cintura.

— Estou — falou ele por fim, olhando por cima do ombro lá para fora. O Sol brilhava forte, não devia demorar muito para chegar meio dia. — E você? Está melhor? — dedicou seu olhar para Lillian.

— É claro, eu não sou tão fraca a ponto de me ferir com uma pancada ou duas — disse ela, cruzando os braços. — Aquilo que...

Zen engoliu em seco, pronto para se jogar da janela. Lá vinha a pergunta mortal, que ele queria evitar a qualquer custo. Aquilo que...

— Aquilo que Rey fez — falou ela. O Atormentado espirou aliviado, fechando os olhos.

— Não foi nada. Ele não fez porque quis. — Conclui Zen, indo até a cama, onde se sentou.

Lillian ergueu uma sobrancelha.

— Como sabia?

— Não tinha nenhuma vontade de matar em Rey, e ele evitou qualquer ponto vital — falou, dando um sorriso. — O ataque mais letal vem daquele que não quer matar ninguém. Se Rey realmente estivesse fazendo aquilo por vontade própria, ele teria perfurado meu rim ou coisa parecida. Ele tem bons olhos, e atingiu numa área onde evitou meus órgãos.

A Cavaleira estava surpresa, e demonstrava isso claramente.

— Isso é bem incrível para uma criança da idade dele — falou ela, admitindo a surpresa de vez.

— Não é tão difícil, na idade dele eu já — cortou-se, quando percebeu o que estava falando. Antes que desse brecha para Lillian fazer alguma pergunta, mudou de assunto. — E você, como sabia que ele não tinha feito aquilo por querer? Eu estava consciente quando você o... abraçou.

Ela baixou a cabeça, olhando para o chão enquanto baixava as mãos.

— Eu apenas... Não pude acreditar que ele faria algo daquele tipo por vontade própria. Quer dizer, eu percebi como vocês dois se dão bem, e estão sempre fazendo idiotices juntos. Você é igual a um... pai... para ele. Ninguém no mundo iria ferir o próprio pai de propósito... Ninguém.

O Atormentado estreitou os olhos. Havia notado uma profunda melancolia na voz dela. Mas decidiu deixar para lá. Como a enfermeira havia dito, se fosse para ele saber do passado dela, ela mesmo iria contar para ele, certo? Ele apenas balançou a cabeça, concordando com o que ela havia dito, e então fechou os olhos.

— Zen — falou Lillian.

— O que foi? — perguntou, sem abrir os olhos.

— Lá na Gruta — ela continuou.

O rapaz abriu os olhos por um instante, olhando para o teto, e então voltou a fechá-los.

— O que tem? — perguntou depois de alguns segundos, com certo receio.

— Quando aquela... Pedra, quando aquela pedra ia nos esmagar. Eu, você e Rey. — O rapaz engoliu em seco. Tentava esconder seu nervosismo, mas isso era impossível para ele naquele momento. — O que foi que você falou?

Ele soltou o ar, sentando-se na cama, enquanto abria os olhos. Ela não escutou! , ele abriu um sorriso, e então olhou para ela. Lillian estava levemente enrubescida. Ele franziu o cenho. Ela não escutou, certo?.

— O que eu falei? — ele deu um sorriso sem querer sorrir.

— Você disse algo, mas eu só escutei o começo. — Ela olhou para o chão, juntando as mãos, entrelaçando os dedos. — Eu te...

Ele levantou-se da cama, virando-se para a janela, caminhando em direção a ela enquanto engolia em seco, considerando se a queda daquele andar seria suficiente para mata-lo. Escutou passos, e quando olhou para trás, a Loira estava logo em sua frente. Ela esticou o braço, barrando seu caminho, apoiando a mão na parede. Zen recuou para essa parede e ela se aproximou. A distância entre o rosto deles devia ser de no máximo uns vinte centímetros.

Eu te... Eu te o que? — ela perguntou, depois de ambos se encararem em silêncio por um curto tempo.

Zen estava encurralado. Ela não deixaria ele sair dali nem morto agora. Bem, só precisava inventar qualquer mentira, e tudo daria certo. Ele fizera isso antes, mais uma vez não faria diferença. Eu te... , ele pensou em algo que pudesse completar aquela frase, mas sua mente estava em branco. Nada vinha em seus pensamentos além de uma palavra que ele não poderia de maneira alguma usar. O que estava acontecendo, ele se perguntava. Quando percebeu, havia esquecido de respirar e seu coração estava acelerado, quase saindo do peito. Seus olhos desceram e encontraram os de Lillian, e ele engoliu em seco. Aqueles belos olhos azuis esverdeados o encaravam diretamente, aguardando uma resposta. E ele precisava dar essa resposta.

— Eu te — ele começou, engolindo em seco.

— Você — ela complementou, aguardando que o homem terminasse a frase.

Ambos voltaram a ficar em silêncio, um encarando o outro. O tempo parecia nem se mover agora, o mundo tinha girado cada vez mais devagar, até parar apenas para os dois. Apenas para que eles conversassem. Milhares de imagens explodiram na mente de Zen de repente, quando considerou o resultado que sua resposta poderia ter em seu futuro. E só era necessário uma simples palavra. Mas deveria ele dizer? Nem ele mesmo sabia. Uma gota de suor escorreu pelo canto do rosto, e ele achou por um momento que seu coração ia estourar, de tão rápido que pulsava no peito.

— Eu te — repetiu.

— Sim? — ela aproximou irracionalmente o rosto do de Zen, estreitando levemente os olhos.

Não aguentava mais, ele precisava dizer. Mesmo que o mundo explodisse, precisava falar o que estava sentindo. Sabia que se não fizesse, o arrependimento faria seu peito doer tanto, que ele se mataria. Abriu a boca outra vez, os olhos da Loira brilharam. Ia falar.

Batidas na porta o interrompeu.

— Senhora Capitã?! — era a voz de um dos soldados da Cavaleira.

Zen viu ela cerrar os dentes e o semblante dela encher-se de raiva, enquanto destinava o olhar para a porta.

— O que é?! — ela berrou. O soldado do outro lado deve ter se assustado, pois demorou uns segundos para responder.

— De — gaguejou — demandam pela sua presença, pela presença do Senhor Damon, e pela presença do Senhor Zen, no Castelo de Balran.

Atormentado e Loira franziram o cenho. Quem demanda algo assim? , foi essa a pergunta que a Loira fez. — Quem demanda isto?

— Lorde Galbrei, Senhora Capitã. A nobre que chegou esta manhã gostaria de falar com aqueles que salvaram a população de Balran a muito perdida na Gruta.

A Loira franziu ainda mais o cenho, praguejando em seus pensamentos. Ela olhou mais uma vez para Zen, que permanecera parado, encostado a parede. Então ela suspirou, fechando os olhos e se afastando dele. O Atormentado notou algo nela que não conseguiu decifrar o que era, mas ela parecia decepcionada com qualquer coisa.

— Estamos indo. — Ela disse, levando as mãos para a cintura. Os passos do soldado se afastando foram suficiente para entenderem que ele havia ido passar a mensagem. A mulher fitou Zen. — Depois... Depois terminamos essa conversa, agora devemos ir. — Ela encarou Zen, que permaneceu em silêncio, um tanto pasmado. Ela então deu um sorriso, baixando a cabeça tentando escondê-lo, e sem falar mais nada, caminhou até a porta, abrindo-a e saindo do quarto, deixando Zen sozinho no quarto.

Ele se afastou da parede, aturdido. Olhou na direção da porta aberta, por onde ela havia passado, e ficou um tempo parado, apenas observando. O que raios está acontecendo comigo? , ele se perguntou, apesar de já saber a resposta. Balançou a cabeça, afastando de vez os pensamentos. Pensou em convocar o Frio, mas o clima entre eles dois esteve... Bem quente... Para que ele conseguisse chama-lo para limpar sua mente.

— Deuses, por que não fui embora na primeira chance que tive? — ele suspirou.

Então foi atrás dela.