A Jornada Para o Último Céu
Capítulo 12 - Ilusão
- Irmão, irmão!
Yuan-Shui balançava violentamente o corpo de Huo-Lei em sua cama enquanto gritava.
— Ei, pode parar de gritar? Vai acordar todos os hóspedes! O que foi?
Huo-Lei ainda meio sonso se levantou enquanto acendendo a lamparina ao seu lado.
— Irmão, não é possível que eu acorde alguém.
— Hã? Por quê?
— Não tem mais ninguém na pensão!
Huo-Lei achou que Yuan-Shui estava ficando louco e quase voltou a se deitar, isso se não fosse por ele não ter percebido nenhum barulho do lado de fora nem da pensão.
— De fato está silencioso, mas não quer dizer que todos estão dormindo?
— N-não, eu verifiquei, eu fui até o quarto da irmã Jia e não tem ninguém! Nem na recepção nem nada, eu até gritei no corredor mas ninguém saiu.
Huo-Lei não podia acreditar na história de Yuan, mas decidiu verificar por si mesmo.
Os dois saíram do quarto e carregando a lamparina iam em direção aos corredores da pensão fracamente iluminados.
— Aliás, por que diabos foi ao quarto da irmã Jia?
Huo-Lei olhou torto para Yuan-Shui enquanto franzia os olhos de maneira ameaçadora.
— Não é o que pensa! Eu apenas fiquei preocupado e...
Huo-Lei deixou isso de lado por enquanto e se focou em procurar a gerente.
— Oii? Gerente Gao?
Huo-Lei gritou algumas vezes mas realmente ninguém respondia ou dava sinal de vida.
— Será que é uma armadilha?
Huo-Lei desceu para a recepção junto de Yuan-Shui, o silêncio tomava conta do ambiente forrado em madeira fosca.
— Tem algo errado mesmo.
Os instintos de Huo-Lei o fizeram pegar em sua espada, Yuan-Shuin também ficou atento.
— Pra onde acha que foram, irmão?
— Se isso foi uma armadilha deviam ter nos pegado já, se o objetivo era nos entregar para a ordem... Ou então eles apenas queriam a Jia-Li?
Huo-Lei começou a se sentir culpado por não ter deixado sua irmã dormir em seu quarto.
— Isso é culpa minha, eu não devia ter nos separado, confiei demais naquela garota e na velha, no final, estão todos contra nós mesmo!
Huo-Lei segurou sua espada com raiva querendo se apunhalar de frustração.
— Calma irmão, nem sabemos o que tá havendo...
Enquanto falava, Yuan-Shui viu algo lá fora e saiu para olhar, Huo-Lei o acompanhou, mas quando chegaram nas ruas da cidade, era apenas um gato preto.
— Sei que não tinha muitas pessoas quando chegamos mas isso parece mais vazio do que o comum.
— Eiiii! Alguém?
Huo-Lei começou a andar pelas ruas e a gritar, Yuan-Shui seguiu por outro caminho na busca de sinal de alguma pessoa, mas todas as casas e comércio ao redor pareciam abandonados.
— Irmão-Huo, isso é estranho demais, as casas...Elas parecem abandonadas há anos!
— É, eu percebi.
Huo-Lei começou a olhar por todos os cantos rapidamente.
— Se isso é uma armadilha, o que eles pretendiam? Será que essa cidade estava abandonada desde o começo e apenas juntaram um pouco de gente pra nos fazer dormir e pagarem a Jia-Li!?
Huo-Lei se sentou em cima de um barril velho e começou a pensar levanto sua mão a testa.
— Não acho que seja o caso, eles não nos deixariam vivos, ao menos que não sejam pessoas da ordem mas...
Yuan-Shui foi interrompido quando notou algo mais peculiar.
— Irmão!
— O que foi? Está atrapalhando minha concentração, estou tentando pensar.
— Veja, olhe naquela direção.
Yuan-Shui apontou para o sul, mas Huo-Lei não via nada a não ser escuridão, a lua também não era visível àquela noite, parecia que tudo e todos haviam os abandonado.
— Não vejo nada.
— Pois é, mas aquela direção é a cidade de Tiang-Su! Quando chegamos aqui conseguíamos ver algumas luzes nitidamente.
— Falando nisso... Não era lua minguante também? Ela devia ainda estar no sul.
Huo-Lei e Yuan-Shui se entreolharam e decidiram ir até a entrada da cidade.
Quando passaram pelo portão principal, após uma rocha, eles viram uma pequena barraca estendida e ao redor dela algumas casas.
— O quê? Essas casas existiam aqui antes?
Yuan-Shui perguntou coçando a cabeça.
— Não existiam...
Huo-Lei continuou a andar ainda mais rapidamente, até que ele viu algo que o espantou.
— Na verdade, existiam sim.
Ele parou Yuan-Shui que se chocou contra seu corpo.
— Existiam? Eu não me lembro!
— Veja bem irmão Shui..
Huo-Lei apontou para as ruas.
— Olhe aquela casa, aquele local de venda de poções, e olhe mais à frente.
Yuan-Shui viu a alguns metros a pensão onde estavam antes.
— A pensão!? Voltamos pra cá? Essa cidade tinha essas ruas labirintos?
— Yuan-Shuin, se prepare e não baixe sua guarda.
Huo-Lei entrou em posição de combate e começou a focar seus olhos em todas as direções.
— Porque acho que acabamos de cair em uma ilusão.
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