A Joia de Sangue
Minha mente rebela-se contra estagnação
Todos encaravam o doutor, surpresos, estupefatos, intrigados e admirados, pois conseguiu esconder um fato desse até de Sherlock Holmes!
Depois de um momento processando aquela informação e buscando palavras e o ar, Holmes foi o primeiro que se manifestou.
– Nunca me disse que tinha um meio irmão, ou que algum parente seu ainda estivesse vivo.
– Talvez porque eu quisesse esquecer dessa história e seguir minha vida. Já pensou nessa possibilidade?
– E se lembra que somos amigos e que este é um fato que deve ser compartilhado?
Emma limpa a garganta, olhando entre os dois com um sorriso irônico. Toca nos ombros de Sherlock, o que deu ao mesmo a oportunidade de aspirar seu embriagante perfume, que ele não sentia desde a adolescência.
– Tenho certeza que essa é uma discussão que queira prosseguir com calma e quando estiverem sozinhos. Agora, eu realmente gostaria que me ajudasse, Sherlie.
Ela dá aquela piscadela e ele levanta as sobrancelhas à menção do 'Sherlie'.
– Tem passado muito tempo com meu irmão; e você com certeza é inconveniente até pra ele e seus modos organizados. Emmy, Watson e eu nos encontraremos amanhã às 20:00 na Oxford Street. Em ponto.
– Muito bem, parece que não tenho escolha. Senhor Watson foi um prazer conhecê-lo! E foi bom revê-lo, Holmes.
– O prazer foi todo meu, senhorita Borough!
Os dois notaram um certo desapontamento nos olhos de Emma no instante em que ela despediu-se deles. Ou medo, já que ao que parece, Lord Winstead não era a melhor pessoa do mundo. Sabe-se lá o que fez o doutor esconder esse personagem de sua história, sabe-se lá o que ele seria capaz de fazer a Emma. Holmes se preocupava com ela, mais do que admitia e queria; e claro, se importava com John, afinal ele era praticamente seu irmão. Pra ele, ela era como uma versão mais jovem e imatura de Irene Adler, mas não deixava de ser surpreendente e fascinante. E agora que passaria mais tempo perto dela, ele seria capaz de dizer que o que sentia era algo real, ou apenas a adrenalina e a necessidade de aventura, já que sua mente rebela-se contra a estagnação.
Assim que ela partiu, os dois se entreolharam. Holmes queria mais explicações sobre a coisa do 'meio irmão', Watson mantinha seu olhar de 'Nunca mais quero tocar nesse assunto'.
– Assim como você cultiva seus segredos, Sherlie, também me considero no direito de esconder fatos dolorosos da minha vida.
– A guerra foi um fato doloroso de sua vida, e você não fez essa cerimônia para descrevê-la.
– Creio que sejam duas situações diferentes. Holmes, não me faça usar minha perna boa para chutar sua cara.
– Vamos tomar café?
Normalmente, as guerras entre eles terminava assim, e Holmes sabia que Watson não chutaria sua cara. Apenas... lhe daria um soco - bem forte - no nariz.
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