Eu o alcancei antes dele entrar no carro, seu rosto estava visivelmente irritado, mas seus olhos me diziam que ele estava magoado e isso eu não podia aguentar.
– Você tem que me ouvir. - falei.
– Para quê? Para você explicar os motivos de me deixar? Eu, sinceramente, não quero ouvir.
– Mas você vai ouvir. Vai ter que me ouvir.
Will me encarava com desconfiança, mas abaixou a mão que segurava a chave do carro. Ele se aproximou e ficou de frente pra mim.
– Estou ouvindo.
– Eu não vou largar você se é isso que está pensando, e eu também não me declarei pra ele.
– Jessica, depois de tudo, depois dele ser um idiota com você, depois de me ouvir conversando com a Megan, você ainda chora por ele. - eu limpei as lágrimas com raiva.
– Eu não estava chorando por ele, estava chorando por mim.
– Por você? - sua voz era de pura incredulidade.
– Sim, por mim. Eu chorei porque estava assustada demais com a verdade que se abateu sobre mim.
– Jessica, se você não for mais específica vai ficar difícil te entender. - eu respirei fundo e fechei os olhos.
– Eu passei cinco anos da minha vida gostando do Nathan, eu amava tudo nele e isso durou mais tempo do que eu gosto de admitir.
– Ah por favor... - eu abri os olhos e vi que ele se afastava.
– Não, me deixe terminar. - eu segurei seu braço e o puxei pra perto, segurei seu rosto e forcei a olhar pra mim.
– Fala Jessica.
– Eu realmente gostava dele, mas não podia ser diferente afinal foi ele que deu o meu primeiro beijo, meu primeiro amasso. - eu sorri. - Eu só não sabia como agir diante da amizade dele, principalmente porque ele estava sendo um fofo comigo.
– Jessie, você realmente...
– Cala a boca e para de me interromper. E depois de tudo isso a minha vida virou de ponta a cabeça porque você apareceu e me disse que ele não era o príncipe encantado que eu achava que era. William você me deu experiências, me ajudou a viver aventuras, me deu coragem e me confortou, você me entendeu. Eu comecei a te achar incrível e de repente as coisas mudaram. - eu soltei o seu rosto, mas ele continuou me encarando. - As coisas mudaram quando você me abraçou no campo da sua escola, as coisas mudaram quando você me beijou e me deu flores, as coisas mudaram quando você limpou as minhas lágrimas e falou que sempre estaria comigo. William Corrigan, eu estou me apaixonando por você.
Ele me encarou surpreso, seus olhos não piscavam e eu soltei seu braço. Seus olhos encaravam os meus de modo que se ele tentasse poderia enxergar minha alma.
– Eu sei que você pode achar que eu estou mentindo, mas eu não estou. Como eu disse pra você no seu quarto, você é importante demais para que eu consiga mentir. Cada vez que você me olha, me beija e me defende do mundo eu gosto mais de você. Isso me assusta, mas é verdade.
– Não faz isso comigo... - eu sorri.
– O que eu posso fazer? Me apaixonei por você, William Corrigan.
Will me beijou com intensidade, seus lábios pressionavam os meus com força, talvez ele estivesse com medo de que eu me arrependesse e fosse embora. De qualquer maneira, dessa vez nossos corações batiam como se fossem um, eu sentia a felicidade dele pelo jeito como ele me abraçava.
– Ah meu Deus, Jessica, não faça isso de novo. - eu sorri.
– Você que foi embora.
– Você que chegou chorando.
– Desculpe por isso, bom, o que faremos agora? - perguntei, ele sorriu e pegou minha mão.
– Eu tenho uma ideia.
>>o

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– Você me assustou, sua idiota. - Charlie estava irritada, eu não podia culpá-la.
– Sinto muito, estou bem. Na verdade, eu e Will estamos bem.
– Ele está aí com você? - eu olhei pra ele e sorri.
– Está, por isso não posso conversar muito com você.
– Sei, que bom que está bem. Fiquei preocupada que... Bem, não importa. Juízo, hem.
– Não sou você, Charlotte. - ela riu.
– Azar o seu. Boa noite.
– Boa noite.
Will me encarava com um sorriso e eu não pude deixar de sorrir. Engatinhei pela cama até ficar ao seu lado, ele me abraçou e apoiou seu queixo na minha cabeça gentilmente.
– Charlotte? - perguntou ele.
– Sim, ela estava preocupada comigo. Com a gente.
– Eu posso entender o porquê. Quando ela veio falar comigo estava um pouco assustada e disse que você tinha ido embora chorando, eu saí correndo atrás de você. - eu dei de ombros.
– Sinto muito por isso, eu não sabia que você ia ficar desesperado e surtar. - ele revirou os olhos.
– Desculpa por surtar, mas a culpa é sua por sair daquele jeito.
– Tudo bem, tudo bem. Talvez eu tenha uma parcela de culpa nisso.
– Obrigado, agora nós vamos dormir porque eu estou muito cansado. - eu sorri.
– Tudo bem, eu poderia te pedir para dormir na cama debaixo, mas seria patético.
– E eu não iria. - eu ri e puxei as cobertas.
– Claro que não iria. Agora vem cá. - ele sorriu e se aproximou.
Ele deitou de frente pra mim e abraçou minha cintura, eu o beijei suavemente e ele me puxou pra perto. Eu acaricei seu cabelo e beijei seu pescoço.
– Temos mesmo que dormir. - falou Will bocejando.
– Tudo bem, boa noite.
– Boa noite. - eu fechei os olhos e rapidamente relaxei nos seus braços.

>>o Uma semana depois...


– Mãe, aceita, você não sabe cozinhar. - ela revirou os olhos e me encarou.
– Eu precisava tentar, não é? Não podia deixar o Richard cozinhar o jantar inteiro.
– Na verdade, você podia. Se você deixasse, íamos todos agradecer.
– Tudo bem, eu desisto. - ela sentou na cadeira e respirou fundo.
– Quem sabe você não faz a sobremesa? Ou faz alguma coisa para o Natal?
– Você acha?
– Com certeza, faz assim: deixa o Richard com o jantar de Ação de Graças e você fica com o jantar de Natal.
– Pode dar certo, vou ligar pra ele.
– Obrigada. - eu sorri e fui para o meu quarto ligar para o Will.
– E aí? - perguntei.
– Tudo ótimo e você?
– Na mais perfeita ordem. Escuta, o jantar de Ação de Graças vai ser na sua casa.
– Meu pai já suspeitava, porque ele comprou ingredientes para um jantar inteiro. - eu ri.
– No fundo ele sabia que minha mãe não cozinharia.
– Nesse quesito é melhor deixar por conta dele.
– Tem toda razão.
– Então, está em casa?
– Estou sim. E você?
– Na verdade estou na escola, vamos terminar um projeto.
– Mas está quase anoitecendo.
– Eu sei, é um projeto grande e estamos quase acabando. Quer vir?
– Conhecer seus amigos?
– Por que não? Eu já conheço a Charlotte e o Austin, até infelizmente o Nathan. - eu revirei os olhos.
– Que horas passa aqui?
– Passo aí em uma hora, tudo bem?
– Claro, vou me arrumar.
– Não precisa se preocupar com isso, são só meus amigos.
– Seus amigos de Nova York. Não quero estragar tudo.
– Eles vão ficar felizes em te conhecer, nós namoramos há quatro meses e eles só viram fotos nossas.
– Tudo bem. Estou te esperando.
– Ótimo, até daqui a pouco.
– Até.
Encarei o espelho e fiquei pensando se os amigos do Will eram legais, afinal eu não conhecia nenhum. Talvez o problema fosse eu, de qualquer maneira fiquei ligeiramente nervosa para conhecer os amigos dele.
– Mãe? - chamei na ponta da escada.
– O que foi?
– Eu vou sair com Will, tudo bem?
– Aonde vocês vão?
– Eu vou conhecer os amigos dele.
– Finalmente, agora está ficando sério. - eu revirei os olhos.
– Já era sério, mãe.
– Sei, tudo bem. Pode ir.
Voltei ao meu quarto para tomar banho, eu não sabia que roupa vestir. Charlotte dizia que no inverno as pessoas se vestiam melhor, eu discordo. No inverno eu só queria usar moletom e roupas quentes. Mas eu não ia desarrumada conhecer os amigos do meu namorado, até porque Will andava sempre bem arrumado. Imagine que horror se eles descobrissem que William Corrigan arranjou uma namorada desarrumada.
Saí do banho e encarei as minhas roupas, eu estava começando a fazer o meu armário para o inverno. Ainda não tinha nada glamouroso, mas acho que tinha alguma coisa para uma saída entre amigos. Eu olhei pela janela e estava nevando. Peguei uma calça de couro preta e uma blusa branca, coloquei um sobretudo marrom que ia até o joelho, um cachecol bege, uma bota de verde bem fechado, quase cinza. Eu queria usar um chapéu por causa da neve, e para minha surpresa o verde não tinha ficado tão ruim. Passei perfume, coloquei algumas coisas na bolsa, passei maquiagem e assim que coloquei o chapéu, Will me mandou uma mensagem avisando que tinha chegado.
Desci as escadas correndo e vi minha mãe assando biscoitos na cozinha, algo estranho e totalmente inesperado. Nem sabia que ela sabia fazer biscoitos.
– Mãe, por que isso agora? - ela deu de ombros.
– Queria testar.
– E estão bons? - ela pegou uma vasilha e me deu.
– Coloquei alguns aqui para você comer com o Will.
– Está certo, obrigada. - ela assentiu e eu saí.
Assim que abri a porta o frio me atingiu, já estava com saudade do calor. Apertei mais o sobretudo sobre o peito e corri em direção ao carro.
– Tudo bem? - perguntou Will e eu sorri.
– Frio, muito frio. - ele sorriu.
– Eu já liguei o aquecedor, daqui a pouco passa.
– Obrigada. - beijei levemente seus lábios.
– Está bonita. Não precisava se arrumar tanto. - dei de ombros.
– Fiquei com medo dos seus amigos me acharam desarrumada.
– Falei que não precisava se preocupar com eles. São legais e não se importam muito com isso.
– Claro, mas mesmo assim é Nova York. - ele riu e saiu com o carro.
– Você subestima Nova York.
– Na verdade é Nova York que obriga você a isso. Você vê poucas pessoas desarrumadas em Manhattan e quando aparece uma, as outras pessoas olham pra ela como uma anomalia.
– Ah não exagera, Nova York é a terra dos esquisitos e grosseiros. - eu ri.
– Isso é o tipo de coisa que um nova iorquino diria.
– Eu desisto de discutir com você.
– Nem sei porque tentou. - ele riu e ligou o rádio.
Passamos o resto do caminho em um silêncio confortável, eu estava começando a ficar ansiosa. Eu odeio causar má impressão nas pessoas, eu sou meio neurótica com essas coisas.
– Sei o que está pensando e por favor, para com isso.
– Não, não sabe. Não tem como saber.
– Claro que sei, está pensando se eles vão gostar de você. - não respondi, apenas voltei a encarar a janela. - Eu te conheço, Jessica Lowe.
– E isso ás vezes é um saco. - ele riu.
– Já me disseram isso.
O caminho para a escola do Will me era um pouco familiar, já tínhamos invadido o campo uma vez. Era estranho voltar lá, eu me sentia um pouco criminosa.
A escola dele aparentemente era parecida com a maioria das escolas americanas, mas a diferença começava no estacionamento. Os carros estacionados eram todos mais caros que a minha casa, sinceramente, eu tinha a impressão que o carro do Will era mais caro que a minha casa. Talvez nem tanto.
– O que está encarando? - perguntou curioso.
– Nada, nada não.
– Sei, vem. Vamos conhecer os desajustados que andam comigo.
Estava nevando novamente e eu andei colada no Will, sua mão aquecendo a minha, seu corpo aquecendo o meu, mesmo por cima de todas aquelas roupas. Atravessamos o corredor da escola e paramos em um armário perto da porta de um laboratório.
– Só vamos pegar uns livros no meu armário. - eu assenti em silêncio. Na porta do armário dele, na parte de dentro, tinha várias fotos nossas coladas entre coraçõezinhos que eu cortei de palhaçada enquanto ele fazia um trabalho, na casa dele.
– Sério que você guardou isso? - ele sorriu sem jeito.
– Ah, bom, mesmo que tenha sido de brincadeira você fez pra mim. - eu sorri.
– Que coisa mais linda, as fotos também são incríveis. Até a foto nossa dormindo que a minha mãe tirou está aqui.
– Essa foto está engraçada.
– Na verdade ela é linda. - ele beijou minha bochecha e bateu a porta.
Caminhamos de mãos dadas pelo corredor e entramos na última sala. Tinha um grupo de quatro pessoas na sala, duas meninas e dois meninos, eles riam de alguma coisa e estavam de costas pra gente.
– Ei, pessoal. - chamou Will e eles viraram. Anotação mental: Will não tem amigos feios, nenhum deles. Nem os meninos, nem as meninas.
– Então você é a Jessica? - perguntou uma garota ruiva de olhos verdes (sinceramente, essa era a mais bonita).
– Sim, sou eu. - falei sem jeito.
– Deixa eu apresentar vocês. Jessica, essa é a Chelsea Lodge. - o nome combinava com ela.
– Muito prazer. - falei sorrindo, ela sorriu de volta. Seus dentes eram assustadoramente brancos.
– O prazer é todo meu.
– Essa ignorante aqui é a Trina Connor. - ela revirou os olhos. Trina tinha cabelos loiros e olhos bem pretos, combinação diferente para uma americana. Tinha um nariz empinado e ar de irritação.
– Não liga pra ele, a culpa não é minha se eu não aguento a mania dele de perfeição. - eu ri.
– Para ser sincera, ninguém aguenta. - ela apertou minha mão com um sorriso.
– Acho que vamos nos dar bem.
– Amizade errada, Jessica. Enfim, esse com cara de idiota é o Josh Lodge. - para ser sincera, o Josh não tinha cara de idiota, era um gato. Pelo sobrenome era irmão da Chelsea, igualmente bonito.
– Não tinha dito que sua namorada era tão gata. - eu sorri sem jeito.
– Josh, você está dando em cima da minha namorada?
– Talvez. - ele beijou a minha mão fazendo Will revirar os olhos.
– Enfim, e por último o único que é realmente legal Derek Scott.
– Eu só finjo ser. - eu apertei a mão dele com um sorriso.
– É um prazer finalmente conhecer todos vocês.
– Bom, agora que está aqui e nós te conhecemos você vai querer sair conosco? - perguntou Josh.
– Claro, por que não? - ele riu.
– Will, você arranjou uma namorada legal demais para você.
– Eu digo isso sempre pra ele. - falei fazendo todos rirem.
– Ah que ótimo, juntei a máfia.
– Não exagera, seremos amigos legais para a Jessie. - falou Chelsea.
– Então tente controlar seu irmão, Chelsea. - ela riu.
– Ninguém consegue controlá-lo, infelizmente. - Josh deu de ombros.
– Faz parte do meu charme.
– Ah por favor, Jessica não ligue para o Josh. Ele tenta fingir que é charmoso com todas as garotas, até com as que tem namorado. - falou Derek.
– Até comigo que sou a irmã dele. - falou Chelsea e eu ri.
– Só que, querida irmã, Will e Jessica são quase irmãos e mesmo assim namoram.
– Totalmente diferente, não fomos criados juntos, não somos irmãos de sangue. Isso não é pecado. - falou Will.
– Só é estranho. - falou Josh e Trina revirou os olhos.
– Ignore o Josh assim como nós e vai conseguir suportá-lo. - falou ela.
– Vamos ser sinceros, nós só suportamos o Josh porque ele é irmão gêmeo da Chelsea. - disse Will e Josh deu de ombros.
– Podem falar o que quiserem, mas no fundo todos vocês me amam. E Jessica, se começar a andar conosco vai me amar também. Isso é um fardo que todos que andam comigo tem que carregar.
– Então vou procurar evitar. - falei e Will piscou pra mim enquanto os outros riam.
– Essa é a minha garota.
– Will, nós terminamos aqui. Vamos tomar um chocolate quente? - perguntou Derek.
– Claro, vamos lá.
Enquanto o pessoal pegava o casaco e as suas coisas, Will me levou para o canto com um sorriso.
– E aí? O que achou?
– Eles são legais, até o Josh que parece ser meio idiota. - ele riu.
– Ele é mesmo. Depois de um tempo você se acostuma.
– Obrigada por me apresentar a eles.
– Obrigado por gostar deles. - eu o beijei devagar, mas Will me puxou pra perto e intensificou o beijo.
– O casal aí pode dar um tempo? - falou Trina.
– Claro. Vamos lá. - falou Will pegando a minha mão.

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