– Eu não sabia que você causava tanta atenção por aí... - Will sorriu.
– Nem eu. Eu só fui te buscar, não falei nada, não fiz nada. Apenas fiquei parado te esperando.
– Apenas sendo sexy. - ele gargalhou.
– Sendo sexy? Não! Eu estava parado!
– Em uma posição sexy. - nós rimos por um tempo. Eu olhei pela janela e fiquei esperando ele dizer algo. Aonde a gente estava indo, por exemplo.
– Jessica?
– Hum... - eu não olhei pra ele, estava tentando me concentrar na paisagem a minha volta.
– Por que está tão calada?
– Eu só não tenho o que dizer.
– Você está pensando no fato de eu ter te beijado? - eu não respondi de imediato.
– Na verdade não. Eu só não queria pensar nisso.
– E por que não?
– Porque... - fiquei bem relutante em falar a verdade, mas eu sabia que ele ia acabar insistindo nisso. - Eu ainda tenho as minhas dúvidas sobre isso ser certo.
– O que tem de errado?
– Você é filho do namorado da minha mãe. - Will respirou fundo e se ajeitou no banco.
– Eu passei a noite pensando nisso, Jessie. Eu cheguei a conclusão de que a gente está pensando no que poderia acontecer se... E se... E se... Eu só cansei de pensar nas possibilidades e deixar de fazer o que eu quero. Não somos parentes de sangue.
– E as consequências?
– Não importa o que você faça vai ter consequências, baby. Então que seja fazendo o que quiser fazer... - eu não respondi, apenas voltei a encarar a janela. - Jessica, você não é obrigada a nada, se não quiser eu...
– Não, não é isso. Eu só tinhas as minhas próprias dúvidas. Mas já estão sendo resolvidas, dentro da minha mente.
– Você é uma garota complexa, Jessica Lowe.
– Isso é ruim?
– Não, é intrigante e isso é bom. - eu sorri.
– Intrigante é meio que a palavra da minha vida.
– Bom, eu não sou tão intrigante. Por isso, eu vou dizer aonde estamos indo.
– Diga, estou curiosa. - ele sorriu.
– Vamos a um festival em Coney Island. - eu levantei uma sobrancelha.
– Coney Island? Eu prentendo chegar em casa hoje.
– Não exagera. Coney Island é aqui do lado e você vai gostar. Tem um parque de diversões, música, comida e a bela vista do litoral.
– Tudo bem, pode ser divertido.
– Vai ser.
Passamos uma boa parte do tempo em silêncio, Will olhava sempre pra frente e eu me concentrava na janela. Embora tentávamos dizer que estava tudo bem, no fundo sabíamos que não estava tão bem assim.
– Eu nem perguntei. Você viu a reação do cara da janela? - eu sorri.
– Sinceramente, foi bem engraçado. Ele estava com muita raiva, ele ficava repetindo seu nome. Foi divertido. - ele riu e bateu palma.
– Missão: Concluída.
– A Megan também estava lá. - Will fechou a cara na hora.
– O que tem?
– Ela te reconheceu.
– E daí?
– Daí que ela ficou surpresa por te ver. Acho que no fundo ela ainda gosta de você.
– Isso não muda nada. - sussurrou.
– Por que você não conversa com ela para vocês voltarem? Afinal você gosta dela e ela com certeza ainda gosta de você. - Will respirou fundo, ele estava visivelmente irritado.
– Só gostar não basta. Quando eu mais precisei dela, ela não estava lá. Eu tinha acabado de perder a minha mãe, Jessie, eu precisava que ela fosse o meu apoio pelo menos por um tempo, mas ela fez exatamente o oposto. Ela se afastou de mim e me traiu com meu melhor amigo. - eu não soube o que responder, eu tentava entender a raiva dele. - Confiança, Jessie, isso é mais importante que gostar.
– Acho que entendo agora.
– Ótimo! Eu não queria descontar a minha indignação em você, mas eu já estou cansado de gostar de alguém que não merece nem uma fração do meu sentimento.
– Tudo bem, você não está errado. Pelo menos agora eu te entendo melhor.
– Desculpa de novo. - eu apenas assenti.
Eu não queria, mas não pude evitar pensar no Nathan e aonde ele estava se metendo. Megan até podia ser uma garota legal, mas se ele precisasse dela, ela ia deixá-lo na mão.
– Está pensando nele, não está? - eu dei de ombros.
– Eu sei, sou uma idiota. Mas não consigo evitar.
– Faz parte, Jessie. Veja eu: estou me lamentando a respeito de uma megera lunática.
– A paixão é engraçada. - ele sorriu.
– É, hilária!

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


>>o
O festival de Coney Island era colorido com fitas, balões e muitas pessoas com aspecto tranquilo. O fundo era o mar, lindo, belo e extenso com toda a sua magnitude. Só de estar lá, eu fiquei animada.
– O que você quer fazer primeiro? - eu encarava tudo com extrema curiosidade.
– Acho melhor a gente ir na montanha russa e depois comer, não quero vomitar. - Will riu.
– Você tem toda razão. Vem, vamos gritar um pouco.
A fila não estava tão grande porque estava cedo, de acordo com William quando começasse a anoitecer o festival ia ficar bem mais lotado.
– Gosta de velocidade, Jessie?
– Na verdade não muito, mas gosto de desafios. - ele sorriu.
– Então conheceu a pessoa certa. Adoro lançar desafios.
– Ou seja, fazemos a dupla perfeita.
Sentamos lado a lado na montanha russa, meu coração batia acelerado e Will pegou a minha mão. Fiquei feliz por ele ter feito isso, não queria ter que pegá-la.
– Pronta? - eu assenti sem falar nada. Quando o carrinho começou a se mover, eu apertei a mão dele com força e esperei.
Quanto maior a velocidade mais eu gritava, mas eu não soltei a mão do Will em momento nenhum. De alguma forma eu me sentia mais segura sabendo que ele estava do meu lado. Embora parecesse que o meu coração ia sair do meu peito, eu gostei da sensação combinada de altura e velocidade.


>>o
– Eu confesso que achei que você fosse vomitar. - eu sorri.
– Acredite eu também. Mas até que eu aguentei bem.
– Estamos todos surpresos. E o que quer fazer agora?
– Comer. - Will riu.
– Eu estava torcendo para que dissesse isso.
– Vamos comer o quê? - ele deu de ombros.
– Se você não for muito fresca, podemos comer um cachorro quente lotado de coisas. - eu sorri.
– Eu estava torcendo para que dissesse isso.
Andamos em direção a barraquinha onde algumas pessoas se aglomeravam. Depois de muito tentar conseguimos pegar os nossos cachorros quente e fomos para o deck.
Sentamos na beirada e ficamos encarando o mar enquanto comíamos aquele cachorro quente gigante. O vento que batia no nosso rosto deixava tudo mais perfeito.
– Sabe, Jessie, mesmo que dê tudo errado no final, eu não vou me arrepender de ter passado momentos como esse com você. - eu sorri.
– Por que tão sentimental de repente?
– Porque tem uma grande chance de dar errado. Começando pelos nossos pais. Eles se gostam e queriam que nos dessemos bem, mas meu pai mesmo não está muito feliz com o jeito que eu te trato.
– Íntimo demais? - foi a vez dele de sorrir.
– Acho que podemos colocar assim.
– Você mesmo disse que não devíamos pensar nas consequências. Eu tenho uma ideia: nós vamos sair, vamos nos divertir e até, quem sabe, nos beijarmos, mas não podemos deixar que isso chegue a níveis sérios demais. - Will pareceu pensar, porém logo depois estendeu a mão.
– Combinado. - eu a apertei com firmeza.
– Ótimo, agora vamos terminar os cachorros quentes e voltar para jogar Acerte ao Alvo.
– Você que manda!


>>o
– Não acredito que você não consegue acertar um simples pato em movimento. - falei para Will que tentava a todo custo mirar em apenas um pato.
– É que eu quero acertar aquele com o bico rosa.
– Para com o orgulho. Acerta qualquer um, eu quero o panda e o boné.
– Tudo bem, mas vou gastar meu dinheiro até conseguir acertar aquele pato. - eu revirei os olhos e peguei a arma da mão dele.
– Deixa que eu acerto.
– Não seja ridícula, eu estou tentando a... - antes que ele terminasse de falar eu já tinha acertado. - Mas, como?
– Você tava atirando antes. Quando ele aparecesse você mirava e acertava antes dele chegar ao meio.
– Brilhante!
– Obrigada, agora vamos pegar os meus brindes.
Ganhei um panda enorme branco e preto, e um boné vermelho dos Yankees. Tivemos que voltar ao carro para guardar o panda antes que acertasse as pessoas com ele, o boné eu coloquei na cabeça, para minha surpresa não ficou tão ruim.
– O que faremos agora? - perguntou Will
– Kart - ele riu.
– Tudo bem, mas saiba que eu não sei demonstrar clemência.
– Não faz diferença pra mim porque eu não sou de implorar por misericórdia.
– Então vamos lá.
O que fazer quando o seu meio irmão/boy/protetor/melhor amigo quer te vencer no kart a qualquer custo? Eu tinha feito uma descoberta importante sobre William: ele era muito competitivo, mesmo.
– Você não vai me vencer. - ele sorriu.
– Espere a última volta para você ver o que é dirigir de verdade.
– Você é patético! - eu tinha que vigiar, porque sempre que Will tinha oportunidade ele tentava me jogar para fora da pista.
Quando chegamos na última volta ele acelerou e eu fiz o mesmo. Tentei jogá-lo para fora em vão, Will estava mais rápido que nunca. E infelizmente, ele acabou ganhando (com uma ajudinha minha).
– Sabe, Jessie, é sempre um prazer vencer, mas vencer você é algo indescritível.
– Fico feliz que eu te divirto. Agora que já tem sua vitória, aonde quer ir?
– Que tal a roda gigante?
– Claro, vamos lá. Pelo menos na roda gigante não tem competição. - ele sorriu sem jeito.
– Eu sei que ás vezes eu exagero, sinto muito.
– Não tem que se desculpar. Vamos lá?

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


>>o
– Quer que eu segure sua mão de novo? - eu fiquei sem jeito.
– Não precisa.
– Mas, se eu quiser? - sorri.
– Então pode. - ele pegou minha mão e juntos sentamos na cadeirinha dentro da cabine, colocamos o cinto e esperamos.
Depois de um tempo, a roda começou a girar devagar e parou quando estávamos bem em cima. Acho que para preencher as cabines que ficarão vazias. Estávamos encarando a vista à nossa frente e ouvindo a batida dos nossos corações.
– Sabe, Jessie, você é uma garota legal.
– Você também é um garoto divertido. E competitivo. - ele riu.
– Realmente você não precisava conhecer esse meu lado.
– Ah, por que não? Faz parte de você não faz? Então, por que não?
– Está certo. Agora me diz, Jessica, existe uma parte de você que você tenta esconder das pessoas? - eu precisei pensar.
– Tem uma parte de mim que odeia pensar. Pensar no futuro, no que fazer, no que eu estou sentindo... Mas eu tento sufocar essa parte de mim o tempo inteiro deixando apenas aparecer a parte que ama pensar.
– Jessica, na minha mais humilde opinião, acredito que devemos sim ás vezes agir por impulso. O não agir gera arrependimento, e quando a gente se arrepende de algo por não ter feito é bem pior do que ao contrário. Porque somente aí tem a consciência de que tentou. - e somente nessa hora eu percebi que ele estava certo, então eu fiz o que estava afim de fazer desde que o vi: eu o beijei.
Primeiro veio a surpresa, mas ele se recuperou rápido. O seu beijo de início era suave, era como uma dança e eu estava muito feliz por deixá-lo conduzir. Logo depois ele acelerou o ritmo e apertou minha cintura me puxando pra perto. Eu senti o coração dele bater e a respiração controlada, quando ele beijou me pescoço. Eu sentia as mãos dele subindo pela minha coluna e depois puxando meu cabelo. Eu não sabia como fazer, como reagir, como respirar...
Quando a roda gigante voltou a se mexer nos assustamos e nos afastamos. A minha respiração estava um pouco (talvez, muito) descompassada, mas a dele estava controlada embora seu coração estivesse acelerado.
– Acho que você entendeu o que eu disse. - eu sorri.
– Eu prestei atenção. Impulsividade = coisas boas. Mais uma tese confirmada. - ele riu e me abraçou.
– Jessica, você está cada vez mais apaixonante. - eu dei de ombros.
– Talvez seja um dom meu, que estou descobrindo aos poucos. - novamente ele gargalhou.
– Acho que depois de tudo podemos ser sinceros um com o outro.
– Claro.
– Então, você é realmente boa nisso. - eu não podia ver, mas tinha certeza que estava vermelha.
– Você também não é nada mal. - Will piscou e me beijou novamente. Com calma dessa vez e paciência, eu curtia os momentos porque sentia tranquilidade da parte dele e consequentemente da minha.
Eu não sabia exatamente onde isso ia nos levar, mas estava simplesmente amando o caminho até lá.