— Mãe, você vai me deixar louca com isso. - ela sorriu.
— Desculpe, eu estou ansiosa.
— Por favor, mãe, é só a formatura.
— Minha pequena vai ser formar. - eu sorri e beijei sua testa.
— Acho que sim. Não se preocupe, você vai passar por isso mais uma vez na faculdade.
— Espero que sim, mas agora eu quero que curta esse momento ao máximo.
— Vou curtir, vou curtir.
Minha mãe conseguia ser bem sentimental quando queria, era o último dia do colegial. Último dia em que eu ia ver aquela escola como aluna. Eu ia vestir uma beca azul e sorrir para todos os professores, alunos e pais que também sorriam, choravam e tiravam fotos.
— Queria que seu pai estivesse aqui. - essa afirmação me pegou de surpresa. Desde que minha mãe tinha começado a namorar com o Richard Corrigan, ela não falava mais no meu pai.
— Ele estaria orgulhoso de mim, eu sei.
— Estaria mesmo e eu já sei o que ele diria: Jessica, vai lá e não diga nada inteligente. - eu ri tentando não chorar.
— Quase pude ouvi-lo falando. - minha mãe estacionou o carro e respirou fundo.
— Agora vai lá, querida. E não fale nada inteligente. - eu sorri e beijei o topo da sua cabeça.
Saí do carro e fui me juntar aos outros alunos, a primeira pessoa que vi foi o Nathan. Ele já estava com a beca e encarava seu armário com nostalgia.
— Já está com saudade? - ele se virou para me encarar surpreso, depois sorriu.
— Duvido que você não.
— Estou, mas uma saudade boa. Agora tem a faculdade. - falei e ele sorriu.
— A faculdade. Isso está me aterrorizando.
— Vai mesmo para a Universidade da Califórnia? - perguntei e ele assentiu.
— Você foi a primeira pessoa que disse que eu deveria ser ator. - eu sorri.
— Mas eu não estava sendo legal. - ele sorriu de volta.
— Eu sei, mas acho que não custa tentar. Gosto de verdade dessa área e quem sabe eu posso usar o meu talento como carreira?
— E a Megan? Ela vai com você?
— Vai, ela vai comigo. - eu me aproximei devagar.
— Tomara que tenha tomado a decisão certa.
— E você? Podia escolher qualquer faculdade, qualquer uma. Por que a Universidade de Nova York? - sorri.
— Porque eu amo Nova York. Simplesmente sou apaixonada. Não é pelo Will, se é o que está pensando.
— Seja sincera, Jessica. Nem um pouquinho? - eu ri.
— Talvez um pouquinho. Mas também pela minha mãe. Vamos todos nos mudar pra lá. Richard falou comigo que vai pedir a mão dela em casamento. - ele sorriu.
— Isso é fantástico, Jessica.
— Eu sei. Pensei se não era uma decisão precipitada, mas eles são adultos. Namoraram um ano e sabem o que melhor pra eles.
— Está certa. - ficamos um tempo em silêncio. Corri para abraçá-lo e ele retribui com força.
— Por que você tinha que ir para tão longe? - perguntei e o senti sorri.
— Não é tão longe, só 5 horas de avião.
— E dois dias de carro. - falei e ele me abraçou mais forte.
Depois de tudo o que aconteceu entre a gente no fim ficamos amigos, as coisas aconteceram do jeito que tinham que acontecer, eu acho.
— Jessica, eu estou te procurando. - era Charlotte, irritada como sempre.
— Desculpe, eu estava conversando com o Nathan.
— Eu percebi, agora vamos. Vocês são vizinhos, terão tempo para se despedir depois. Estamos atrasados.
— Tudo bem, aonde eu pego a beca? - perguntei.
— Vem comigo. - eu olhei para o Nathan, que sorria, antes de ser arrastada pela Charlotte.
— Não precisa ser tão mandona. - falei.
— Eu sempre fui mandona, por que abriria uma exceção hoje?
— Tem razão.
Entramos em uma sala e no canto estava uma beca no cabide com meu nome em cima, na hora fiquei nervosa. Agora era real, eu estava me formando, estava acabando.
— Eu sei, também estou enlouquecendo. - falou Charlotte.
— E de repente acabou? - perguntei, ela deu de ombros.
— Acho que é meio inevitável.
— Me ajuda com a beca? - Charlie me ajudou em silêncio, eu sabia que ela estava fazendo força para não chorar.
Fiquei pronta e me olhei em um pequeno espelho no canto oposto da sala. Meus olhos estavam começando a ficar vermelhos, eu não queria chorar, não ainda.
— E agora, Charlie?
— E agora vamos para o campo.
— Não, você entendeu. - ela olhou pro chão.
— Eu entendi, mas não quero responder a isso.
— Não consigo imaginar minha vida sem você. - falei e ela me abraçou em lágrimas. Seu abraço era apertado e cheio de tristeza, uma saudade que já existia.
— Nem eu, Jessica.
— Eu prometi pra mim mesma que ia ficar totalmente feliz por você ir pra Yale, totalmente. Mas não consigo parar de pensar...
— Eu sei, eu também. Mas olhe pense bem, eu estou a apenas 1 hora e 34 minutos de distância de você. Se eu for de carro.
— Isso é longe, Charlie. - antes que ela pudesse responder, Austin apareceu na porta.
— Hora de ir, meninas. - eu assenti.
— Vamos nos formar? - perguntei e ela sorriu.
— Claro, vamos lá.

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Estavam todos lá, minha mãe, Richard e Will. Eu podia ver o sorriso da minha mãe de longe, além dos olhos brilhantes do Will. Sentei entre Charlie e Nathan, eu apertava a mão dela com força, e ela retribuía na mesma intensidade.
Quando o Nathan levantou para fazer o discurso, eu sorri. Ele estava nervoso e a Megan o encoraja. Não sei exatamente em que momento eles começaram a gostar um do outro, mas de alguma forma agora o sentimento existia.
— Pais, família, professores e alunos, não sei exatamente escrever. Fiquei surpreso por ser escolhido pra fazer isso, mas tentei dar o melhor de mim. O colegial é um período que marca a vida de todos, descobri que é aqui que os verdadeiros amigos nascem. Esse é o período das brigas, das discussões, das brincadeiras, das festas e dos romances. Caímos e levantamos porque somos adolescentes e é isso que fazemos. Rimos e choramos porque somos mentalmente instáveis. Temos medo e coragem porque a vida nos impulsiona a isso. No colegial aprendemos que as experiências que aqui vivemos moldam a nossa personalidade, começamos a entender quem nós somos e qual é o nosso papel no mundo e na sociedade. Mas no fim não é isso que importa pra nós, só queremos ser o que quisermos. Estrela do rock, jogador de basquete, professor ou astronauta. Queremos fazer Paleontologia porque ninguém ganha dinheiro com isso, queremos ir para os lugares mais distantes só pra fugir dos pais. Somos o que somos porque aprendemos aqui que o cair é humano, mas o levantar também. - ele sorriu e olhou diretamente pra mim. - Obrigado.
Os aplausos vieram acompanhados dos assobios, Nathan desceu do palanque devagar e pude perceber uma pitada de orgulho em seus olhos, no fim ele fez um bom trabalho.
— O que achou? - perguntou ele pra mim em um sussurro.
— Brilhante. Não sabia que sabia escrever. - ele sorriu.
— Nem eu.
Voltamos a olhar pra frente estava na hora da entrega dos diplomas, os professores estavam arrumados em fila e nós levantamos. Estávamos sendo chamados pelos nomes, obviamente o primeiro dos meus amigos foi o Austin. Seu rosto estava ligeiramente vermelho, quando seu nome foi chamado eu vi várias pessoas levantando na arquibancada. Depois de várias pessoas, era a vez da minha amiga.
Charlie sorria com seus cabelos curtos e maquiagem bem feita. Seus pais levantaram aos aplausos, sua mãe chorava e sorria ao mesmo tempo. Várias pessoas se passaram até:
— Jessica Lowe. - eu caminhei até o palanque calmamente.
Minha mãe, Richard e Will levantaram sorrindo e aplaudindo. Sem conseguir se controlar, minha mãe tirou várias fotos enquanto eu pegava o diploma e cumprimentava os professores com um sorriso que não cabia em meu rosto. E era oficial, eu estava formada.


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— Mais fotos, Charlie? - perguntei pela milionésima vez. Eu já tinha tirado fotos com ela e Austin; ela sozinha; ela e Nathan; ela, Austin e Nathan; ela, Austin, Nathan e Megan; e todas essas mesmas fotos com o Will. Eu só não aguentava mais.
— Jessica, temos que ter lembranças porque eu não sei se você sabe vai haver um dia em que você não se lembrará apenas com a sua própria memória. - eu revirei os olhos.
— Eu sei, sua chata. Só mais uma. - ela sorriu.
— Ótimo.
Meia hora depois, finalmente ela me liberou para falar com minha mãe que sorria de braços dados com o Richard. Will não saia do meu lado, ele parecia orgulhoso de mim, embora fosse só o colegial.
Depois da formatura fomos para um coquetel na casa do Nathan, era algo para pouco gente, mas íamos conversar sobre o futuro e se despedir. Will foi comigo, dois dias depois era a formatura dele, e prometi que ia com ele a festa na casa da Trina.
Eu ainda estava com o vestido e Will estava de suéter e gravata, nós estávamos sentados na sala com copos de chocolate quente na mão.
— Então vocês vão para a Yale? - perguntou Nathan para Charlie e Austin.
— Sim, nós vamos. - falou ela sorrindo.
— Você, Charlie, eu até entendo. Mas como o Austin conseguiu isso? - ele sorriu.
— Para sua informação eu sou extremamente inteligente e Yale percebeu isso em mim. Quem é você Nathan Gilbert para dizer o contrário? - nós rimos enquanto Charlie revirou os olhos.
— Na verdade ele só entrou por causa do basquete.
— Agora tudo faz sentido. - falou Nathan e Austin jogou uma almofada nele.
— E você? Está feliz com a Universidade da California? - perguntei.
— Claro, vou para fazer cinema e Megan para dança.
— Resolveu levar o ballet a sério? - perguntou Will diretamente para a Megan. Era a primeira vez que ele falava diretamente com ela depois de tudo, pegou todos nós de surpresa inclusive ela.
— Ah, é... Sim, eu sempre gostei do ballet, e acho que pode mesmo dar certo. - ele sorriu.
— Que bom, você sempre foi muito boa. - eu o encarava surpresa.
— Obrigada. - respondeu sem jeito. O clima ficou um pouco constrangedor, Austin que sempre percebe as coisas bem rápido, logo reverteu a situação.
— E vocês, hem? Enquanto todo mundo vai para longe vocês resolveram escolher Nova York. Por quê? - eu dei de ombros.
— Não queria deixar minha mãe sozinha e logo agora que nos damos bem.
— Tem certeza que é só isso? - perguntou Megan sorrindo.
— Bom, talvez o fato de Will ir pra lá ajude. - ele sorriu.
— Mas eu não influenciei na sua escolha.
— Eu sei, e também tinha a Chelsea e a Trina. São minhas amigas também, é bom ter alguém conhecido logo de cara.
— Chelsea? Como ela está? Faz tanto tempo que eu não a vejo. - falou Megan.
— Está bem, ela está namorando o Derek. E está feliz. - falei.
— Ah, que bom. O Derek é um garoto tão legal.
— Ele é mesmo um garoto incrível.
— Sem querer interromper esse momento lindo de amizade, mas existem outras pessoas nessa sala que não conhecem essas pessoas mencionadas. - falou Charlie nos fazendo rir.
— Isso é ciúmes, Charlotte? - perguntou Nathan com um sorriso.
— Não seja ridículo, por que eu estaria com ciúmes?
— Porque você me ama. Mas não se preocupe, eu jamais te substituiria. - falei e ela sorriu.
— Não estou preocupada, não sou do tipo de pessoa que possa ser substituída.
— E a velha Charlie voltou. - comentei.
— E agora acabou. É isso? - falou ela. Ninguém respondeu, todos olharam pra baixo meio sem jeito.
— Parece meio irreal. - falei.
— Passou rápido demais. Logo o último ano, passou rápido demais. - comentou Nathan.
— Quando mais a gente quer que o tempo desacelere, ele acelera. - falou Megan.
Ninguém estava muito contente com isso, mas Austin levantou fazendo piadas e chamando a gente para jogar Just Dance em casal. De alguma forma aquilo fez a gente esquecer por um momento do que estava acontecendo, mas só acabou. Quando piscamos, era hora de dizer adeus.

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>>o Dois dias depois
— Mãe, vamos embora agora. - falei gritando no pé da escada com a chave do carro na mão.
— Pare de me apressar, Jessica.
— Ah, você não gosta quando os papéis se invertem? Pois bem, que pena. Nós temos que ir.
— Eu sei, me desculpe. - falou ela pegando a chave da minha mão.
— Eu não quero chegar atrasada na formatura do Will.
— Está certo, estamos indo.
— De lá, eu e ele vamos a uma festa, tudo bem?
— Claro, vai dormir por lá?
— Na casa do Will? Vou. - ela sorriu e entrou no carro.
— Prefiro que fale na casa do Richard, me dá uma segurança maior. - eu ri.
— Não confia em mim? - ela deu uma risada de escárnio.
— Confio o máximo que se dá para confiar em um adolescente.
— Fico feliz, nesse voto de fé.
— Não seja dramática, quando tiver seus próprios filhos vai entender. - dei de ombros sem responder.
Estava animada pela formatura, agora éramos formandos prontos para faculdade, minha melhor amiga ia para Connecticut, meu melhor amigo ia para Califórnia e eu ia ficar aqui do lado, Nova York.
— Está pensando no quê? - perguntou minha mãe.
— No futuro. - ela sorriu.
— Não gaste tanto tempo pensando no futuro, Jessica, quer o conselho de alguém que já viu bastante da vida? - eu dei de ombros.
— É claro.
— Nada melhor do que a surpresa. Depois de tanto tempo pensando no futuro você acaba se preparando para as coisas que estão por vir e tudo fica muito sem graça. - eu a encarei por um momento, sem saber o que dizer.
— Acho que você é relativamente inteligente.
— E você é relativamente boa com elogios.


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— Ele está lindo não está? - perguntei pra minha mãe que revirou os olhos.
— A resposta que eu dei a primeira vez que você me perguntou isso, ainda vale. - fiz uma careta.
— Sua sem graça.
— Você tinha que puxar a alguém, agora fique quieta que ele vai pegar o diploma.
E lá estava ele, lindo. Com um sorriso enorme e olhos claros, assim que pegou o diploma me encarou, naquele momento uma calmaria se instalou em mim. Era oficial, estávamos na faculdade.


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— Sinto muito pela minha mãe. - falei para o Will pela milionésima vez.
— Eu não me importo, deixa ela tirar quantas fotos quiser. Gosto quando ela me trata como filho. - eu sorri.
— Sua mãe era assim? - ele deu de ombros.
— Mais ou menos, era uma mulher tímida, mas acho que hoje ela estaria com um sorriso enorme.
— Isso você pode ter certeza. - falou Richard abraçando o filho.
— Pai, você acha que se as coisas fossem diferentes... - antes que Will pudesse terminar seu pai o interrompeu.
— William, as coisas são do jeito que são. Tente não pensar em como as coisas poderiam ser. Apenas agradeça pelas coisas que tem agora. - ele olhou pra mim e sorriu.
— Tudo bem, acho que está certo.
— Eu normalmente estou. Agora vocês não têm uma festa para ir?
— Claro, vamos para casa da Trina.
William estava lindamente arrumado, seus olhos pareciam brilhar diante da camisa azul escuro. Ele pegou minha mão e caminhamos devagar em direção ao carro.
— Jessie, eu estava pensando se você não deveria ir pra outra faculdade. - na hora, eu parei. Isso só podia significar uma coisa...
— O que você quer dizer com isso?
— Ah, eu fico pensando se você não está ficando em Nova York por minha causa. Não quero impedir seus sonhos, eu queria muito ser egoísta e deixar você pertinho de mim, mas não consigo. - primeiro digeri o que ele estava me dizendo, depois o abracei.
— Isso foi realmente fofo da sua parte, mas eu estou ficando em Nova York porque eu amo essa cidade, amo tudo nela. Mas obrigada por ser o melhor namorado do mundo. - ele sorriu.
— Ás vezes não consigo evitar. - ele me beijou intensamente de encontro ao carro. Uma das coisas que eu amava no Will era o fato de que não tira hora nem lugar específico para beijos intensos e calorosos.
— Com licença. - falou alguém atrás da gente, nos afastamos devagar, era a Chelsea.
— Sem querer ser uma estraga-prazeres, mas estamos esperando vocês para ir pra casa da Trina, então se vocês puderem adiantar aí. - eu sorri.
— Desculpe, estávamos só... - ela riu.
— Eu vi, agora vamos. Meu namorado está irritado porque não saímos no horário.
— Será que algum dia Derek vai parar de ser tão chato com horário? - perguntou Will.
— Eu duvido muito, o seu lado britânico sempre aflora nesse quesito. - Chelsea piscou e saiu com seu lindo cabelo ruivo.
Eu estava inquieta quando entrei no carro, de alguma forma agora que minha formatura tinha passado e a do Will também tudo parecia mais real e mais intenso. E como eu não conseguia esconder nada dele...
— Está tudo bem? - perguntou Will fazendo carinho na minha coxa.
— Acho que sim, só estou ansiosa.
— Pela festa?
— Não, pelo futuro. - ele sorriu.
— Jessica, relaxe e aproveite esse período de tempo que temos antes de sermos universitários. - eu dei de ombros.
— Você me conhecendo, acha que consigo relaxar?
— Não, não acho. Mas você deveria tentar. - suspirei e segurei sua mão.
— Você está certo, eu sei que está. - ele sorriu.
— Jessie, já está na hora. - eu o encarei confusa.
— De quê? - ele olhou dentro dos meus olhos com olhar zombeteiro.
— Viver novas aventuras. - não consegui parar de sorrir.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.