—Liza, anda logo ou iremos chegar atrasados! – afirmou meu pai gritando da sala.

Ótimo o grande dia havia chegado e eu não estava nem um pouco ansiosa para isso.

Acordei mais lenta do que o normal sentindo todas as misturas de emoções da minha família. Alice e Renesmee estavam empolgadas e ansiosas, minha mãe e meu pai estavam nostálgicos por voltar a escola onde eles se conheceram e poderia até dizer que minha mãe choraria se ela conseguisse. Tio Emm e tio jazz estavam mais ansiosos para caçar depois das aulas e tia Rose queria causar boas impressões. Eu estava tentando me manter indiferente sobre hoje, mas estava dificil.

Pra variar o dia estava chuvoso e fazia muito frio, então coloquei minha calça jeans e minhas botas de salto alto pretas, vesti um sobretudo vermelho que ressaltou minha palidez e peguei meu material. Fui para a sala onde todos estavam esperando para sairmos juntos.

—Animados para o primeiro dia de aula? – perguntou Alice - Estamos de volta a escola de Forks depois de 15 anos, isso não é empolgante?

—Olha pra minha cara e vê se tem alguma empolgação nela Alice – respondi fazendo tia Rose rir e Alice revirar os olhos me ignorando.

Fala sério que tipo de vampiro se anima pra ficar perto de humanos ou voltar à escola pela milésima vez? Bom, só Alice Cullen mesmo.

—Liza – Meu pai me chamou até o canto da sala onde ele estava sentando. Sua cara já dizia tudo sobre o que ele iria falar, tanto que antes dele começar a dizer eu já estava revirando os olhos. - Por favor minha filha se comporte esse ano. Eu não posso ficar colado em você o dia todo. Não queremos ser expulsos de mais uma escola por sua causa. Tem como você se controlar esse ano e evitar demais confusões e chamar menos atenção? – falou meu pai – Já conversamos sobre isso, lembra?

— Vou ver o que posso fazer – disse distraída.

—Estão todos prontos? – perguntou Carlisle entrando na nossa casa. Ele era a figura de maior autoridade entre nos, mas era um avô super amoroso e dedicado. Era difícil descrever a admiração que toda família sentia por ele. Carlisle definitivamente tinha um coração sobrenatural. - Vamos repassar o grau de parentesco da família para vocês não se perderem.

Fazia um tempo que todos nos não íamos a escola juntos, era uma situação complicada, tantos adolescentes de uma mesma família, não dava para dizer que eramos irmãos e todos tínhamos a mesma idade. Ninguém que olha-se Carlisle e Esmee diria que eles tem 8 filhos com a mesmas idades.

—Rose, Jazz e Bella são irmãos que vieram do Alasca e estão morando conosco. Edward, Alice Emmett são nosso filhos biológicos e Liza e Nessie são nossas filhas adotivas. Mas para todos os efeitos são todos irmãos. Ok? - perguntou meu avô.

—Ok – tia ali respondeu animada – Mais um ano vai começar. – falou batendo palminhas e eu tive vontade de vomitar nessa hora.

—Sério? Por que você é sempre a única a ficar animada? Exceto esse projeto de gente – disse apontando pra Renesmee que me lançou um olhar raivoso.

—Nem teu mau humor vai estragar meu dia hoje. – falou saindo.

—Nos vemos na escola – papai se despediu.

—Tenham um bom dia crianças. - meu avô desejou sorte, mesmo exalando preocupação. Primeiros dias de aula sempre eram tensos, a primeira impressão é a que fica.

Tio Emmett foi no seu jipe com Rose, Alice e Jasper. Meu pai foi no seu volvo com minha mãe e Ness. E eu fui no meu bebe, minha moto MV Agusta F4CC o meu bem mais precioso. A ganhei no verão passado depois de quase 3 anos implorando por ela..

Enfim montei na minha moto e segui para a escola. Como fui a ultima a sair de casa, fui a ultima a chegar. Estacionei a moto perto do jipe do tio Emm. Eles estavam me esperando lá dentro, desci da moto guardando meu capacete e me juntei a eles.

—Senti saudade dessa escola – disse minha mãe disse com a voz embargada – Foi aqui que conheci o pai de vocês.

—Sem recordações Bella, por favor - pedi já sendo atingida pela sua nostalgia e depressão.

Em público não podia chama-la de mãe. Todos achariam estranho já que parecíamos irmãs.

—Ah, se anima vai! – disse tio Emmett dando tapinhas nas minhas costas me encorajando. Eu preferia estar morta.

Entramos na famosa escola de Forks. Era o meu primeiro ano naquela escola e da Nessie também. Não achei grande coisa.

Pra mim sempre foi mais difícil conviver com os humanos pelo fato de ser sensitiva. Eles têm sentimentos fortes e são muito frágeis e como sensitiva eu sinto exatamente a mesma coisa que eles. Agora imagine você dentro de uma escola com centenas de alunos a sua volta exalando diversos tipos de emoções ao mesmo tempo. É horrível. É cansativo ter que lidar com isso. Eu era atingida por emoções que não eram minhas a cada segundo como um soco na cara.

Acho que é por isso que dizem que sou problemática. Passo muito tempo organizando as emoções dos outros pra não surtar e acabo esquecendo das minhas. O sinal havia acabado de bater, olhamos nossos horários e minha primeira aula era de biologia e a da Nessie também.

A aula passou arrastada e muito chata, ela falou tudo que eu já sabia e só de pensar que seria o ano todo assim eu morria um pouco por dentro. Aquela vontade básica de fugir pra outro planeta, ou sei lá, corta os puços o que no meu caso não daria em nada...

Horas depois estava eu no corredor da escola indo guardar meus livros da ultima aula que tive. Era o intervalo e marcamos de nos encontrar. Enquanto isso eu fui deixar meu material no meu armário.

—Hey – chamou um garoto encostando-se ao meu armário – Vai rolar uma festa amanhã na minha casa. Aparece lá. – falou me estragando um papel com o endereço.

Esperei ele sair do corredor e joguei o papel no lixo sem nem ver. Esses garotos me irritam, não podem ver um rostinho bonito que as emoções e hormônios explodem.

Larguei meu material lá e fui para o refeitório, toda família já estava sentada na mesa, e fui me juntar a eles.

Quando estávamos todos juntos era engraçado ver a reação das pessoas ao nosso redor. Elas nos encaravam como fossemos alienígenas. Uns sentiam inveja, outros sentiam medo, o que era um instinto natural humano deles avisando pra manter distância. Já outros sentiam raiva ao nos ver. Eu queria poder ser meu pai nessas horas pra entender o que se passava na mente deles.

Hoje estava sendo um dia cansativo pra mim porque estávamos sendo muito observados, era muitas sensações alheias que eu tinha que lidar. Eu sabia que nos próximos dias seria mais fácil pois as pessoas acostumariam com nossa presença. Mas isso já estava me dando enxaqueca. Eu já me sentia atacada a cada segundo pelos sentimentos desses humanos.

—Tudo bem? - meu pai perguntou quando me viu fechar os olhos com as pontas dos dedos. Eu somente balancei a cabeça positivamente sem abrir os olhos. - Vai ficar mais fácil nos próximos dias. Ajuda se você pensar que eu estou sofrendo também.

Eu sabia que também não era fácil pra ele ouvir a mente de toda aquela gente. Era como estar num lugar com varias pessoas gritando com você. Pois é, nem tudo é flores. Todo dom tem seu preço, tudo tem seu lado negro.

—Como foram as suas primeiras aulas? - Alice perguntou mudando o assunto. Todos começaram a contar seu dia e eu não conseguia nem conversar, me sentia exausta e minha cabeça doía demais.

Ser humana e sentir dor também é outra coisa da qual detesto.

Ficamos lá até o sinal bater. O resto do dia foi uma merda completa. Quando as aulas acabaram eu voei pra casa, não via a hora de me isolar por algumas horas e ter um pouco de paz. Eu mal tinha chegado em casa e fui direto deitar pra ver se minha dor passava.

[...]

Pov. Renesmee

—Nessie - mamãe me chamou do andar de baixo - Jake no telefone.

Ela nem terminou de falar direito e eu já desci as escadas correndo atropelando tudo que estava na minha frente. Meu pai estava sentado na sala com a cara enfiada no notebook e minha mãe cozinhava alguma coisa pra jantarmos.

Agarrei o telefone eufórica para ouvir sua voz.

—Oi Jake – disse.

—Ness, como é bom falar com você – respondeu com a voz empolgada e minhas bochechas arderam. - Como você esta?

—Estou ótima, vai vir aqui hoje? - perguntei ansiosa.

Meu pai revirou os olhos. Ai como eu odiava nossa falta de privacidade.

—Infelizmente não vou conseguir te ver hoje e nem nos próximos dias, muitos problemas na reserva estão tomando todo o meu tempo - respondeu e eu fiquei triste na hora. Não gostava de passar um dia sem vê-lo. - Mas, estou ligando porque sexta teremos uma festa aqui com todo o pessoal, uma fogueira e gostaria muito que você viesse.

—Sério? Que legal Jake. Mas não vai ter problemas se eu for?

—Você sabe que é bem vinda na reserva.

—Eu sei mas... É que da ultima vez que estive em umas dessas festas deu problema, lembra? – Disse.

Eu ouvi ele bufar e podia até imagina-lo revirando os olhos nesse momento.

—Não foi sua culpa, foi por causa da sua irmã – falou rindo – Mas foi apenas um mal entendido isso já passou. Ninguém se lembra mais disso. Vamos Nessie, por favor, vai ser legal.

Tinha como eu resistir a qualquer coisa que ele me pedisse?

—Tudo bem eu vou falar com os meus pais e mais tarde te ligo pra confirmar.

—Ótimo, agora eu preciso fazer ronda.

—Ok. Se cuida, nos falamos mais tarde.

Nos despedimos e eu desliguei o telefone com o coração pulando de ansiedade. Eu mal me virei pra falar com minha mãe e meu pai surgiu na cozinha.

—Você não vai. – já respondeu com tranquilidade enquanto dava um beijo na minha mãe.

—Ah pai, por favor! - disse dando pulinhos histéricos e ele me encarou sério.

—Esquece Renesmee, você já fica muito tempo com Jacob. Não vai a essa festa.

—A gente mal vai se ver essa semana - falei cruzando os braços - Não é nada demais pai. E eu juro que não vou chegar tarde. Serio, prometo!

—Ness, eu disse não.

Eu encarei minha mãe suplicando com os olhos e ela entendeu meu pedido silencioso.

—Edward, deixe ela ir, para de implicar com os dois. - disse ela.

—Não quero Renesmee em festas sozinha com aquele vira-lata pulguento! - rebateu ele.

—Eu não vou estar sozinha, os outros também estarão lá - disse.

—E se esse é o problema Liza pode ir com ela – falou minha mãe disposta a ajudar, só que ai ela arruinou tudo.

Meu pai começou a considerar a ideia e eu não queria isso de jeito nenhum.

—Não, não quero Elizabeth comigo na reserva de novo - esbravejei - Vocês sabem o que ela fez da ultima vez. Não, não, não.

—Essa é a unica maneira filha - minha mãe disse - Sua irmã vai ser sua responsabilidade.

É o que?

—Ta brincando comigo? Como vou me divertir com Jake assim?

—Não vai - meu pai sorriu gostando da ideia - Agora presta atenção, você só vai se a Liza for junto e eu acho bom que se ela for você a faça se comportar, não quero ter problemas com a reserva por causa dela de novo.

Eu fechei os olhos com força desejando sumir da face da terra.

—Eu não sou babá de ninguém, por favor não faça isso comigo - implorei desesperada.

—Ou a Liza vai, ou você não vai - minha mãe disse me dando as costas desistindo de discutir.

—Ok, mas eu não vou me responsabilizar por nada que ela fizer! - sai batendo o pé querendo derrubar essa casa no chute.

Ai Jacob o que eu não por você!

Agora quero ver a monstrinha concordar em ir comigo.

[...]

Pov. Liza

Minhas dores de cabeça são bem frequentes, mas nada que um cochilo e um pouco de paz não ajude.

Ter dormido por uns minutos ajudou a passar um pouco a dor, mas agora meu estomago estava roncando e não era comida que eu queria.

—Oi Liza – disse Nessie sentando na minha cama.

Levantei assustada e a encarei confusa. Ela estava sentada na beirada da minha cama me observando dormir com um sorrisinho no rosto.

—Como você entrou aqui? – perguntei.

—Pela porta. – disse como se fosse obvio.

—Sério? Achei que tivesse atravessado a parede. – falei irônica e ela revirou os olhos -Como você entrou no meu quarto se a porta estava trancada?

—A sim... É que eu fiz uma copia da chave do seu quarto pra eu não ter que ficar entrando sempre pela janela. – falou como se fosse algo normal – É cansativo sabia?

Fechei os olhos com força pra não voar no pescoço dela. Respira Elizabeth, respira...

—Renesmee Carlie, não acredito que fez isso...

—Relaxa maninha. – me interrompeu passando a mão nas minhas costas – Eu resolvo isso, sem problemas.

Foi então que eu parei o que estava fazendo e a encarei. Renesmee estava cheia das intenções. Estava agitada e carinhosa. E suas emoções estavam um misto de impaciência e euforia.

— O você quer? - perguntei desconfiada.

—Nada, não posso querer passar um tempo com a minha irmã? – sorriu e eu ri junto com ela e dessa sua tentativa falha de me enrolar.

—Você esta mentindo pilantra.

—Sabe que eu odeio o fato de você ser sensitiva, não sabe? - ela perguntou se levantando da minha cama e batendo o pé - Isso é muito insuportável.

—Não importa o que vai me pedir, a resposta é não.

—Isso é injusto eu nem disse nada ainda - disse ela e eu a ignorei encarando minhas unhas - Liza me ajuda, vai. Vai ter uma festa na reserva sexta-feira, mas o papai só me deixou ir se você for junto. Então...

—Por que eu preciso ir junto?

—Jake me convidou, mas o papai acha que vou ficar sozinha com ele. E além do mais a festa é a noite então ele só vai me deixar ir se você também for. - É ela tinha razão.

Eu podia sentir a irritação irradiando do meu pai no andar de baixo.

—Esquece, não vou voltar na reserva. - disse levantando da minha cama.

—Por favor Liza. - pediu implorando.

—Você quer que eu seja uma assassina Renesmee? - a encarei - As vezes eu acho que sim, porque você sabe que se eu voltar lá vou matar aquela cadela.

—Quem? Leah? – perguntou se fazendo de sonsa.

—Não. Madre Tereza de Calcutá! - Respondi colocando minha jaqueta. Era inevitável não usar a ironia, ela já fazia parte de mim.

—Ah, por favor, Liza eu praticamente não te peço nada e Leah já deve ter esquecido a ultima briga de vocês.

—Ela pode até ter esquecido, mas eu não. E se eu voltar lá vou arrancar a cara daquela cachorra! – falei sentando na cama pra calçar meu tênis.

—Não vai não, eu confio em você.

—Não devia. - sussurrei querendo rir do otimismo dela.

—E além do mais eu vou ficar te devendo essa – Disse apelando - Farei o que você quiser eu juro.

Hum. O que eu quisesse? Isso esta começando a ficar interessante pra mim.

—É mesmo? Qualquer coisa? – perguntei e ela me olhou assustada.

—Qualquer coisa.

Ela estava arrependida e eu podia sentir isso. Foi o que me fez soltar uma gargalhada animada. Eu amava fazer um inferninho.

—Começando por devolver a chave do meu quarto. – disse entendendo a mão pra ela. – Não gosto de você entrando aqui sem eu saber.

—Ta. - colocou a chave na minha mão, mas eu continuei com a mão estendida pra ela. - O que?

—Quero as outras também.

—Que outras? – perguntou fazendo cara de inocente.

—Nem se de ao trabalho de mentir pra mim, sei que você tem copias. Eu te conheço, dividimos o mesmo útero lembra?

—Ta bom, depois eu procuro e te dou.

—Pode ser. Vou nessa droga de festa, mas vou deixar claro se a Leah me provocar eu vou arrancar a cabeça dela fora antes de você tentar me impedir. – falei saindo do quarto. - E não quero você em cima de mim ou dizendo o que eu tenho que fazer, eu não preciso de babá.

—Estou me arrependendo disso – falou pra si mesma, mas eu tinha ouvido.

Já estava fora de casa quando percebi que ela estava deitada na minha cama.

—E saia do meu quarto - disse do jardim de casa e ela saiu batendo a porta resmungando.

Bom foi ela quem escolheu, não é? Eu não tenho nada haver com as conseqüências.