Ninguém além de mim e Nicolas tinha percebido o problema.

Depois que ele nasceu Carlisle o deixou comigo até o cordão parar de pulsar, quando parou, Nicolas cortou o cordão umbilical.

Os olhos dele estavam apenas azuis agora. Ninguém tinha visto nada de errado além de nós dois.

Depois de uma noite de sono muito mal dormida, porque ninguém me deixava ficar com meu filho, já que Carlisle queria fazer todos os exame possíveis e deixa-lo em observação por algumas horas, só para ter certeza que estava tudo bem.

Nicolas passou a noite com ele e eu mal descansei, quando amanheceu eu estava ansiosa demais.

Passar a primeira noite longe dele foi estranho. Ele não era mais só meu agora. Não estava mais dentro de mim.

Eu me sentia vazia.

Algum tempo depois Nicolas entrou no quarto trazendo com ele uma bandeja com comida, onde tinha um enorme x-burguer.

—Bom dia – Se sentou ao meu lado colocando a bandeja em cima de mim. -Você está bem?

—Cade o bebê? Como ele está? Você o deixou sozinho?

—Calma - me beijou e sorriu. - Ele está bem, com seu avô. E você precisar comer alguma coisa.

Eu estava com fome sim, mas essa era a primeira vez que eu ficava sozinha com Nicolas.

Eu remexi na bandeja e não consegui comer nada.

—A gente precisa conversar - disse empurrando a bandeja para longe.

Nicolas parecia cansado e estava estranho também.

—É a gente precisa, mas não agora. - suspirou fechando os olhos. - Por favor, não vamos estragar esse momento.

Ele pediu quase suplicando. Ele não estava normal, mas quem estava?

Eu sentia que as coisas estavam fora do lugar. Não sabia se isso era o pós parto ou loucura da minha cabeça.

—Atrapalho? – Carlisle abriu a porta do quarto com meu pacotinho nos braços.

—De maneira alguma – Nicolas respondeu.

—Posso voltar outra hora, se quiserem? – perguntou sem graça quando viu que estávamos conversando.

—Não. - eu quase gritei - Quero me acostumar com ele nos braços, sabe, para não deixa-lo cair depois.

—Alice quem escolheu a roupa - Disse trazendo-o para mim - Ela me mataria se fosse outra.

Ele entregou o meu bebê e eu o peguei como um cristal. Ele estava todo embrulhadinho e eu o aconcheguei em meus braços.

Ele era tão pequenininho. Tão lindo.

Eu o imaginei de tantas formas, e agora ele superou todas as minhas expectativas. Ele parecia um anjo, realmente a cara do pai, do jeito que eu queria que ele fosse.

Aqueles olhos meigos e azuis, a boquinha perfeita, as bochechinhas rosadas, os cabelos bem pretinhos escovados cuidadosamente para o lado.

Meu Deus, ele era meu filho.

—Sei que vai dizer que ele parece comigo - Nicolas disse o olhado também. - Mas acho que ele tem os seus olhos.

Eu sorri concordando.

Por mais que ele tivesse olhos azuis como o da espécie dele, ele tinha o formato dos meus. Puxado nos cantos e com cílios longos.

—Tem uma família ai fora doida para entrar. Eu já vi esse príncipe, agora vou deixar com o resto. Volto daqui a pouco para expulsa-los. – Carlisle avisou saindo do quarto.

Meu avô fechou a porta nos deixando sozinhos.

Eu estava com o coração cheio, sentindo uma coisa que nem sabia definir direito.

Esse lance de ser mãe era novo demais, eu ainda não acreditava que ele estava em meus braços e não na minha barriga.

Ele se remexeu no meu colo e eu suspirei ainda sem acreditar no amor que estava sentindo. A cada segundo que eu olhava para ele, esse amor só aumentava como um tsunami dentro de mim.

Era surreal sentir isso. Ele parecia um boneco de porcelana de tão perfeito.

—E então, como vamos chama-lo? - Nicolas perguntou.

Olhei para o bebê de novo e dei um longo suspiro.

—Bem, esses dias estive pensando muito sobre isso. Sobre toda a nossa história e a história que ele vai construir. Então, acho que ele precisa de um nome que tenha um significado, ao menos pra gente.

—Aonde quer chegar? - perguntou curioso.

—Quero que ele se chame Ariel.

Nicolas processou o que eu disse e trocou olhares de mim para o bebê.

—Como a sereia? - disse fazendo careta e eu ri. - Que tipo de significado importante isso tem?

—Não bobo, como a lua. - disse olhando para ele que continuava dormindo tranquilamente. - Ariel é umas das luas que órbita em volta de Urano. Entre todas, ela é a mais brilhante. E esse é um gigante planeta azul. Tão azul quanto os olhos do nosso filho. É assim que eu quero que ele seja. Um gigante, forte e poderoso, e tão brilhante e especial como a lua que vai dar origem ao nome dele. Esse é o significado e propósito que eu quero para ele.

Nicolas sorria ao me ouvir explicar o que eu tinha decidido antes dele nascer. Mas só tive certeza quando o vi pela primeira vez.

—Ariel - ele repetiu o nome processando a informação. - Adorei o significado que você deu. É perfeito para a situação. Ariel Cullen Roller.

—Isso, sem nome composto.

—Achei perfeito - ele se inclinou beijando a testa do bebê. - Ariel. O nome de uma lua. Você pensa em cada detalhe.

—E não é uma lua qualquer.

Nos dois rimos e eu continuava vagando por vários futuros incertos para a vida dele.

A porta do quarto se abriu e balões foram a primeira coisa que vi, antes do tio Emmett colocar a cabeça para dentro.

Alice passou por ele resmungando algo, logo Tia Rose passou empurrando todos e tio Jazz veio logo atrás.

—Ai meu Deus – disse me abraçando quase me fazendo derrubar o bebê. Depois ela encarou aquele garotinho em meus braços. – Ah ele é tão lindo. Se parece muito comigo.

Não aguentei e tive que rir.

—Parece é? Foi você que viu Jesus, claro que ele é a sua cara – ironizei.

Emmett a empurrou para longe, entregando aqueles milhares de balões sorrindo que nem um idiota.

—Alice esta louca. – afirmou o observando – Ele é bonito demais para se parecer com ela.

—Da licença, da licença. – Lucy apareceu no meio da multidão com meus pais, Renesmee e Jacob. – O Filho da Lua mais lindo do mundo já está entre nós. – disse pegando um enorme urso. – Olha o que a titia comprou pra você.

—E mais uma loja inteira de brinquedos - sussurrei em seu ouvido.

—Filha como você está? – Bella perguntou chegando mais perto de mim.

—Mãe, me diz como aguentou duas? – perguntei.

Todos riram, mas eu estava falando sério. Minha mente não compreendia aquilo.

—Porque estava desacordada e a base de morfina - respondeu dando de ombros.

Renesmee veio para o meu lado e puxou meu cabelo de leve.

—Ridícula, quase quebrou minha mão. – choramingou.

—Me desculpe, mas como irmã preciso te aconselhar a não ter filhos. Adotar é um ato tão lindo, e muito menos doloroso.

—Te trouxe isso. – Jake me entregou uma caixa de chocolate – Pra te acalmar.

—Você é o melhor. – disse eufórica

Ninguém estava ligando para mim. Pegaram o bebê do meu colo e ele foi passando de um por um enquanto eu e Nicolas ficamos sentados olhando a cena.

A briga pelo meu filho continuou enquanto todo mundo queria pega-lo. Nos dois estávamos absortos comendo o chocolate e rindo da cena.

Finalmente tocaram no assunto do nome dele. Nos contamos a nossa decisão e o significado que tinha para gente e todos esboçaram uma reação diferente.

—Eu preferia Emmett - o próprio disse com o bebê no colo.

—Eu amei, mas é um nome tão curto, não vai ter apelidos - Alice disse decepcionada. Ela adorava dar apelidos aos outros.

Todos os apelidos que tinham na família foi ela quem deu. Inclusive o meu, certeza que ela ia acabar arranjando um para ele.

—Ariel é um nome lindo, não precisa de apelido - Esmee disse satisfeita. - Achei perfeito o significado Liza.

—Eu também achei - Daniel disse no fundo do quarto. - Significou muito pra gente.

—Pra nós também.

Carlisle apareceu na porta do quarto e deu ordem para que todos saíssem.

Havia acabado o horário de visitas, graças a Deus.

—Qualquer coisa é só gritar – disse Bella.

—Pode deixar.

Nicolas foi junto, pois disse que precisava resolver uma coisa e quando voltasse nos iriamos conversar.

Todos saíram e ficou somente eu e o bebê.

—Ariel - sussurrei passando a mão em seu cabelinho escuro. Ele sorriu na mesma hora me deixando com um sorriso bobo. - Você gostou do seu nome? Você é a minha lua Ariel, vai iluminar a mamãe nesses tempos difíceis.

Levantei com dificuldade e o coloquei no berço ao lado da minha cama. Ele estava em um sono profundo.

Ouvi a porta bater assim que me deitei de novo.

Me ajeitei na cama e a porta abriu. Era a lauren.

—Pensei que não fosse aparecer. – disse quando ela fechou a porta.

—Não enche o saco. – me ignorou indo até o berço. Lauren olhou para ele dormindo por uns minutos e suspirou sem expressão. – Ele é a cara do Nicolas. - Então ela sorriu passando a mão nele. - Seja bem vindo a família Ariel. E boa sorte. - Lauren se afastou do berço vindo até mim. - Trouxe um presente.

Ela me estendeu uma sacola, e depois voltou sua atenção ao bebê.

Abri o presente e vi que e
era um álbum de fotos.

—Ele vai precisar sabe, virou o novo modelo da família. – disse acariciando ele.

—Obrigada Lauren, é perfeito. – disse sem jeito com os detalhes do álbum em capa dura todo delicado.

Ela me encarou com um meio sorriso.

—Vou indo, a hora de visitas acabou.

—Obrigada por vir.

Ela só sorriu, deu uma última olhada em Ariel e saiu do quarto fechando a porta.

Eu estava tão cansada que não demorou muito pra que eu dormisse.

[...]

Acordei 2 horas depois com ele chorando. Levantei, troquei ele de roupa e o amamentei, enquanto fiz isso minha ficha ia caindo aos poucos que agora eu era mesmo mãe.

Ariel era meu. E isso era a loucura mais deliciosa que eu já tinha vivido.

Quando ele dormiu de novo aproveitei para tomar meu primeiro banho.

Não tinha feito 24 horas ainda que ele tinha nascido, mas meu corpo estava fazendo um belo trabalho em se recuperar. Eu ainda estava inchada, minha barriga um pouco alta, mas quase não parecia recém parida.

—Me assustou - disse quando sai do banheiro vestindo uma camisola, e vi Nicolas com Ariel na varanda do quarto.

—Estava esperando sua família sair para poder subir. E ele estava chorando.

Eu nem escutei.

Nicolas parecia levar jeito. Ariel estava acordado com os olhinhos abertos encarando o pai que o balançava.

Eu fui até a varanda com ele e suspirei ao olhar ao redor.

Nem parece que tinha acontecido uma tempestade ontem enquanto eu dava a luz, o clima estava relativamente bom, o céu limpo e estrelado e tinha uma brisa leve que parecia clima de verão.

—Ícaro apareceu ontem - ele disse do nada encarando o céu. Eu olhei para ele na hora. - Nos brigamos, mas ele não queria fazer nada além de me ameaçar.

Eu respirei fundo sendo pega de surpresa com essa informação.

—Por isso você demorou e chegou daquele jeito ontem?

—Sim - ele se virou pra mim enquanto ninava nosso filho. Seu rosto estava preocupado e agora o meu também. - Olha Liza, eu não sei se posso levar Ícaro a sério...

—O que ele disse? - Ele engoliu em seco receoso em falar. - Fala pra mim.

—Disse que a natureza não estava contente com o nascimento do Ariel. Que estavamos desequilibrando as coisas.

Eu digeri as palavras lembrando da noite caótica de ontem, com ameaça de furacão e tudo.

—Talvez ele tivesse razão. - sussurrei perdida em pensamentos. - E se ele tiver razão?

—O que? Não, ele só queria nos assustar...

—A tempestade parou assim que Ariel nasceu. - disse olhando para ele. - Nos dois sabemos que ele não é um Filho da Lua comum. Você viu o mesmo que eu. Você viu os olhos dele quando ele nasceu.

—Sim, eu vi.

—Ele puxou uma parte minha que a gente não sabia que podia acontecer.

—A gente nem sabe o que isso significa Elizabeth. - disse frustrado. - Sim ele nasceu um Filho da Lua. E sim os olhos dele estavam com o fundo vermelho. Mas isso pode não ser nada, pode ser só uma marca de nascença.

Eu suspirei passando a mão no cabelo totalmente perdida.

—Você acha mesmo que aquilo nos olhos dele era uma marca de nascença?

—Eu não sei - Nicolas sussurrou.

—Se fosse uma marca de nascença não teria desaparecido minutos depois. - Nicolas ficou quieto, considerando o que eu disse. - O que exatamente Ícaro disse?

—Que você era um erro, que ia dar a luz a outro erro. E sequências de erros geravam consequências. Se eu não resolvesse isso ele ia resolver, porque ele não é o único a se preocupar com o desequilíbrio que a gente está causando.

Eu abracei meu corpo sentindo vontade de chorar, mas me segurei. Em vez disso quem chorou foi o bebê.

Eu o peguei do colo de Nicolas e ele se aconchegou no meu peito. Não queria nunca mais solta-lo.

—Nascer um Filho da Lua já é raro, só que ele não puxou só o seu genes. -expliquei a ele - Algo do meu genes foi para ele também. Ele não é só um Filho da Lua. Ele é muito mais que isso.

Nicolas não estava feliz ouvindo nada daquilo, ele estava inquieto e parecia irritado.

—Vamos tentar acreditar que aquilo era só uma marca de nascença, ta bom? Até termos certeza de alguma coisa.

Eu me virei para ele realmente querendo acreditar na sua teoria. Mas não dava.

—Eu passei a ter esses ataques com os olhos vermelhos a poucos anos. Eu não nasci assim. Lógico que isso sempre esteve em mim, mas desabrochou depois de muitos tempo. Com Ariel não. Ele nasceu com os olhos desse jeito, os olhos dele estavam azuis e de repente tinha um fundo vermelho, e logo depois não estava mais lá...

—Ele é só um bebê meu amor.

—Sim, agora - disse apertando os braços em volta dele com desespero. - Mais e daqui uns anos? E Ícaro?

—Elizabeth, para - ele segurou meu rosto com as duas mãos. - Demos um jeito até agora com tudo que já aconteceu e vamos continuar dando. Há coisas que não tem como a gente saber agora, só com o tempo. É novo pra todo mundo. Só tenha calma.

Eu respirei fundo, mas foi uma noite difícil. Minha família voltou e fingimos que estava tudo bem.

A primeira noite com Ariel foi bem cansativa e sufocante naquela casa.

[....]

1 semana depois...

—Eu não quero que você vá. – disse Alice choramingando e me abraçando.

—Pelo amor de Deus. Eu não vou para outro mundo. Estarei literalmente, aqui do lado. – disse, mas ela chorava sem lágrimas.

—Filha, promete que qualquer coisa vai me ligar? – perguntou minha mãe me balançando pelos ombros.

—Mãe, eu estou tão perto que posso gritar e vocês ainda iram me ouvir.

—Não sei se vou conseguir ficar tanto tempo longe do Ariel – Tia Rose choramingou com ele nos braços.

—Olha pra mim Rose – disse respirando fundo – Pela milésima vez, estarei aqui perto, gente a mansão dos Roller é aqui do lado. É como atravessar uma rua. Eu estarei ali. E além do mais, é capaz do bebê chorar no quarto dele e vocês ouvirem daqui. Para com esse drama.

Nicolas já me esperava com as malas na mão, impaciente porque já fazia meia hora que eu tentava ir embora.

Tentei pega-lo do colo de Rose, mas ela não quis solta-lo.

—Tia, me dá – Pedi tentando pega-lo e ela não quis entrega-lo – Rosalie, me dê meu filho. – exigi e ela entregou fazendo beicinho.

Como odeio despedidas sai sem dar tchau para ninguém.

Não precisava disso tudo, eu estaria ali do lado e pelo que conheço dessa família eles viriam aqui todos os dias.

Eu só queria tentar viver um dia de cada vez e aproveitar meu filho enquanto ele era só um bebê e dependia totalmente de mim.