Devido ás janelas abertas,os cabelos negros de Alexia esvoaçavam dentro da Van preta que a levava do orfanato até o colégio de Saint Mona. Estava ansiosa em saber que dali á alguns dias ela e suas colegas do orfanato iriam até a praia.Ao pegar sua mochila e sair da van, ela olhou para o alto e se deparou com o sol desaparecendo por entre as nuvens naquela manhã de quarta-feira. Alexia gostava de ficar sob o sol, pois eram nesses dias que seus olhos castanhos esverdeados brilhavam e lhe davam um toque sombrio e ao mesmo tempo charmoso.

O estacionamento era grande, isso porque não era apenas para os professores e funcionários,mas também para os alunos do Ensino Médio. Enquanto as crianças tínhamos aulas no terceiro andar, estudantes do EM ficavam no segundo andar e os alunos da quinta e sexta série ficava no primeiro. Os intervalos tinham uma duração de quarenta minutos e havia uma lanchonete e algumas máquinas de refrigerante e ao lado de cada porta das salas de aula ficavam os bebedouros.

Mesmo que Alexia morasse num orfanato, ela quase não tinha amigos que não fossem a cozinheira Carrie e o inspetor James, e ainda havia a diretora de uns sessenta anos de idade chamada Rachel.Ela parou lá pouco depois da morte da mãe, vítima de câncer no pulmão e do falecimento do pai, que se suicidara menos de um mês após ter enviuvado,deixando a pobre Alexia sozinha naquela cidadezinha hostil e assustadora, a garota não teve outra opção se não ir até a polícia relatar o que lhe ocorrera. Ela foi mandada para o conselho tutelar que por sua vez a encaminhou até um orfanato em que ela permanecera até agora.

As aulas mal haviam começado quando Alexia pediu permissão para ir beber água, o que a professora aparentemente nervosa e estressada consentira. Saindo da sala e indo até o bebedouro, ao apertar o botão de água morna e ver saindo um pouquinho de água de cada vez, Alexia sentiu um frio na espinha ao ouvir a voz da menina que mais detestava, April Laverne.

– Olha só se não é a orfãzinha... Seus pais ainda estão no hospício? - Diz ela, aparecendo diante de Alexia. Sua pele morena,seus olhos castanhos e seu jeito de "filhinha de papai" causavam inveja em muitos, mas nojo em Alexia. - Ah é mesmo, me esqueci, você não tem pais,hahaha. - Ela ri ao terminar a frase.

– Vai cuidar de alguém do seu tamanho, sua patricinha mimada. - Ao dizer isso, ela aperta o botão do bebedouro com mais força e, após isso só se ouve uma explosão do tipo "BAM" que deixa April ensopada, mas que não molha Alexia de jeito nenhum. E isso a faz abrir um sorriso de orelha a orelha no rosto. Temendo ser pega, Alexia corre para sua sala no exato momento em que vê vários alunos aparecendo nas portas das classes para ver o que havia ocorrido, e assim como Alexia, todos caem na risada como se acabassem de ouvir a coisa mais engraçada do mundo.

Acontece que, bem longe dali numa imensa mansão, Charles Xavier soube sobre a explosão de um bebedouro - o que foi detectado como "atividade mutante" - ocorrida no interior de uma escola de alta classe no bairro de Saint Mona. Curioso quanto á quem provocara a explosão, acompanhado de seus alunos e amigos, o professor Xavier foi até a escola para saber quem havia feito aquilo.

Ele dividiu seus alunos em grupos, e cada qual foi para um dos três patamares do prédio. No entanto, uma das alunas de Xavier que passava pelo terceiro andar ouviu um nome que fez os pelos de sua nuca se eriçarem: Alexia Alvers. Assustada, ela bateu na porta da classe de Alexia e rapidamente foi atendida por um dos alunos.

– Com licença, posso falar com a Alexia? - Ela perguntou. Alexia se levantou da cadeira e seguiu a garota que lhe chamara.- Me desculpe por lhe tirar da aula, mas eu preciso que venha comigo, é melhor que pegue suas coisas na sala pois vai demorar para explicar.Alexia voltou para a sala correndo, guardou todas as coisas na mochila e voltou até a garota. - Por favor, seja sincera comigo, você estava no bebedouro na hora em que ele explodiu?

– Por que quer saber? - Alexia perguntou, desconfiada.

– Por favor Alexia, precisa saber que pode confiar em mim e em meus amigos. Mas mudando de assunto, você por acaso teria um irmão?

– O que isso teria á ver com a explosão?

– Seu sobrenome Alvers não é, eu conheço um rapaz com esse sobrenome também. - O rosto de Alexia se ruborizou.

– Sim, eu tenho um irmão. - Alexia abaixou a cabeça para que a menina não visse as lágrimas brotando de seus olhos.

– Então venha comigo. Eu sei onde ele está.

– Não quero vê-lo! - Alexia gritou.

– Mas por que, o que ele lhe fez de tão mau para que não quisesse vê-lo?

– Ele me abandonou quando eu tinha oito anos. - Alexia secou as lágrimas com a manga de sua blusa.

– Olha Alexia, sei que deve estar magoada, mas dê uma chance ao Lance novamente, quem sabe você entenda a situação de uma forma melhor?

– Tudo bem. - e dizendo isso, Alexia seguiu a menina até chegarem á uma espécie de avião.