— Elizabeth Bennet! – Lizzie acordou umas quatro ou cinco horas mais tarde com sua irmã chamando. – Não achei que você fosse o tipo de pessoa que dorme até as três da tarde, isto não é nada bonito.

– Me deixa! – Elizabeth jogou seu travesseiro em Jane, rindo.

Jane se acomodou na beirada da cama, observando a irmã se apoiar nos cotovelos para se sentar.

— Lizzie, desculpe te acordar, mas eu estava com tantas saudades!

— Ah, não desculpo – ela sorriu. – Você não sabe o quão ruim foi meu voo! Turbulência, uma criança chutando minhas costas durante a viagem inteira, enfim, não dormi nadinha!

— A pior parte de visitar nossos pais – Jane observou. – E falando nisso, como estão todos?

— Mamãe continua insistindo para nos casarmos com alguém daqui – Elizabeth começou ao que sua irmã respondeu com um balançar de cabeça. – Papai parece estar no mundo da lua, e Lydia? Aquela menina está cada dia mais louca! Mary na dela como sempre, aparentemente está fazendo aulas de canto, mas não sei bem se ela leva jeito.

— Mary? Aulas de canto? – A expressão de Jane ficou pensativa, estava tentando imaginar sua irmã cantando.

— Exatamente. E agora Kitty está um grude com a Lydia, o que me preocupa um pouco. Amo Lydia, mas sei que ela é um pouco inconsequente e papai tem preguiça de lhe falar não, pois sabe o quanto ela vai ficar enchendo o saco dele até conseguir o que quer.

— Ou seja, quase nada mudou na casa dos Bennet. – Jane falou da família com carinho, estava com saudade, mas não tinha tido a chance de visita-los, pois assim que terminou o mestrado, ela conseguiu um emprego e próximo de conseguir suas férias, recebeu uma proposta para trabalhar em outro escritório de arquitetura.

— Nadinha. – Concordou Elizabeth.

— Vou te deixar dormir mais um pouco, só queria avisar que cheguei e te dar um abraço.

— Não, Jane. – Elizabeth levantou-se e deu um longo bocejo. – Já vou levantar, ou não vou conseguir dormir à noite.

— Ótimo! – Respondeu Jane sorrindo. – Vou preparar um chá, assim você continua me colocando a par das novidades.

— Pode deixar!

Elizabeth e Jane sentaram-se no sofá e bebericaram um pouco do chá que a mais velha havia preparado. Das novidades da viagem passaram a outros tópicos, como a bela casa de campo que Jane estava ajudando a projetar e o término da vizinha com o namorado estranho. Ambas riram bastante e mataram a saudade uma da outra, até que Lizzie se lembrou do recado que ouvira mais cedo.

— Ah! Acho que temos uma daquelas festas chiques para ir. – Elizabeth disse animada. Após o banho e o sono, ela estava renovada e muito interessada no evento. – Charlotte deixou uma mensagem, pelo que entendi vai ser amanhã à noite e eu posso levar alguém.

— Jura!? – Jane exclamou ainda mais contente, ela adorava os eventos e já tinha avisado a irmã que quando ela arranjasse um namorado, que ele fosse médico e tivesse seu próprio convite, pois ela não abriria mão de acompanhar a irmã. – Por favor, diz que você quer ir, faz tanto tempo que não faço nada de bom, só trabalho.

— Não sei, vou pensar a respeito. – Elizabeth respondeu zombeteira e foi reprendida por uma careta ameaçadora da irmã. – Já que insiste, agora está me devendo uma semana de louças lavadas.

— Até duas, se você quiser. – Respondeu Jane enquanto se levantava e retirava as xícaras deixadas sobre a mesa de centro. – Já começo agora.

Elizabeth riu e foi até o telefone para ligar para Charlotte, que atendeu toda animada. Aquele hospital sem sua melhor amiga não era a mesma coisa e ela tinha tantas novidades, algumas boas, outras nem tanto, mas ela não iria entrar em detalhes, contaria tudo na festa. Ficou combinado, então, que Charlotte passaria no apartamento das garotas Bennet para busca-las no dia seguinte às sete horas da noite.