Quando acordei, a Princesa Jujuba não se encontrava mais no cômodo.

Consegui me sentar sem muita dificuldade e quando olhei para o lado, vi que alguém estava adormecido em uma cadeira, ao lado da minha maca. Eu não conseguia ver seu rosto, pois os cabelos loiros e brilhantes estavam caídos por cima da cara. Arrumei seus cabelos delicadamente, para não o acordar. Assim que todo o cabelo estava para trás consegui ver seu rosto. Era o Finn. Ele estava esperando eu acordar? Ele começou a resmungar e se mexer. Ele abriu os olhos, bem sonolentos, sorriu ao me ver e voltou a fechar os olhos enquanto murmurava:

– Ah... Você acordou!... Isso é... Bom... Como está... Se sentindo? - ele voltara a dormir, agora com a cabeça jogada para trás.

– Por que ficou esperando eu acordar? Por que não foi para casa se estava tão cansado e com sono? - perguntei. Não parecia justo que ele ficasse me esperando sendo que mal nos conhecíamos direito.

– Você... Humana... Não... Nos separar mais... - disse, entre respirações leves e cansadas.

Eu já não estava mais me sentindo tonta então me levantei da maca e deixei Finn dormindo, após colocar uma manta de marshmallows em volta dele.

Andei em direção a saída do quarto e logo na entrada, encontrei Jake, dormindo ao lado da porta como se fosse um cão de guarda. Ele acordou assim que me escutou abrindo a porta de alcaçuz.

– Anh? Saphira? Cadê o Finn?

– Ele está lá dentro. Ele acabou cochilando. Eu gostaria de falar com a Princesa Jujuba. Onde ela está?

– Por ali! - disse Jake, esticando seu braço ao longo do corredor, a direita.

Agradeci e segui seu braço. No final do corredor havia uma grande porta dupla. Dei um soquinho na pata de Jake, para que ele soubesse que eu cheguei até onde a Princesa estava. Ele me deu um sinal de positivo e recolheu o braço.

Antes que eu pudesse entrar na sala, um menino passou e esbarrou em mim. Derrubei meus óculos e me abaixei para apanha-los mas o menino foi mais rápido. Olhei bem para ele. Ele parecia um humano, o que me assustou. Ele sorriu e seguiu pelo corredor, no sentido contrário do que havia vindo.

Bati na porta, esperando que alguém me respondesse. Lá de dentro escutei a Princesa falando para eu entrar. Empurrei a porta e entrei no que parecia ser um laboratório gigante. No centro dele estava a Princesa Jujuba com um jaleco branco segurando uma prancheta.

– Aproxime-se, Saphira, a humana - disse, sem nem mesmo desviar os olhos da prancheta, que havia vários papeis. - Você pode me dizer o que é isso? - me mostro a prancheta com um amontoado de gráficos e análises.

Não precisei pensar muito nisso para responder.

– É um análise de ondas cerebrais afetadas por algum tipo de distúrbio físico. Dá pra ver que a pessoa com essas ondas está visivelmente perturbada. Se a pessoa estivesse bem, as ondas seriam frequentes e menores.

– Ah! Obrigada! Pode se retirar agora Mordomo Menta. - de dentro de uma máquina no fundo da sala saiu uma bala de menta enorme com um terninho e um rosto. Ele agradeceu a Princesa e se retirou.

A Princesa olhou para mim e perguntou se eu estava me sentindo melhor. Respondi que sim, mas estava faminta então ela me ofereceu um sanduíche. Eu achei que ele fosse doce, mas na verdade era bastante salgado.

– Então o que você vai fazer a respeito sobre aquelas coisas que me seguiram no deserto?

Ela ficou pensando por alguns momentos antes de responder.

– Vou tentar achar aliados pois pelo o que Hera me disse, eram milhares de zumbis. Vou pedir para que Finn e Jake vão ao encontro de uma amiga minha e de varias outras Princesas. Talvez até o Rei Gelado possa ajudar, se pedirmos com jeitinho... - disse, ainda escrevendo em sua prancheta. - Saphira, pode por favor trazer o sulfato de alumínio para mim?

Fui em direção a mesa oposta a qual estávamos e peguei um frasco com uma coisa rosa dentro.

– Aqui está Princesa. - entreguei o frasco para ela. Ela me olhou por alguns instantes antes de falar.

– Alguma coisa me diz que você é bem inteligente. Talvez você sido uma importante médica no passado. - eu achei difícil de acreditar que eu poderia ser uma médica, pois as roupas com as quais eu havia acordado eram de uma adolescente normal. - Como você sabe o que é um sulfato de alumínio? - disse, sorridente.

Eu ia falar que era obvio que aquele frasco continha sulfato de alumínio mas não consegui arranjar nenhuma explicação para o fato de eu saber o que é sulfato de alumínio.

– Eu queria lhe sugerir algo. Que tal voce ficar aqui no Palácio e me ajudar com minhas pesquisas. Assim, podemos trabalhar com a sua memória e tentar recupera-la o mais rápido possível! O que você acha?

Eu estava preste a aceitar a oferta, quando Finn e Jake entraram no laboratório.

Finn já tinha colocado seu capuz e já estava com uma espada na mão. Sua espada era dourada e estava bem amassada e velha. Ele se dirigira a Princesa e se ajoelhara.

– Jujuba, qual é a missão importante que tem para nós?

– Eu quero que vocês vão reunir alados para nós! Todos que possam ajudar ao máximo. - disse a Princesa, depois fez um sinal para que Finn se levantasse. Jake ainda estava parado na porta, apenas observando.

– Até o Rei Gelado? Aquele velho? - Finn fez uma cara de que não queria ir falar com esse tal de Rei Gelado. Talvez eles não fossem amigos.

– Sim, até o Rei Gelado. Principalmente ele. Vou precisar dele para algumas pesquisas depois. Mas eu quero que me tragam a Marceline primeiro. Tenho que trocar umas ideias sobre o que podemos fazer.

Ao ouvir esse nome, quase chorei. Era como se o nome Marceline tivesse uma ligação direta com o meu coração. Eu tinha que ir me encontrar com ela. O mais rápido possível.

– E quanto a Saphira? Ela vai ficar aqui? - perguntou Finn. Ele estava corado quando perguntou. Fiquei pensando no que ele havia dito enquanto estávamos no outro quarto. Sobre nunca nos separarmos.

– Sobre isso, acho que Saphira irá ficar aqui e contribuir para...

– Não! Por favor! Deixe-me ir com eles! Eu acho que posso ser útil! - interrompi a Princesa.

Não queria falar na frente de Jake e Finn sobre o fato de que talvez eu conheça Marceline e de que ela esteja envolvida no meu passado mas não precisei explicar muito pois a Princesa Jujuba olhou para mim e sorriu, dizendo que eu podia ir com eles e pediu para que Finn e Jake fossem chamar Hera, para que ela pudesse me acompanhar.

Assim que eles se retiraram, me virei para a Princesa e falei entre resmungos de vergonha. Eu estava quase chorando.

– Me desculpe ter sido tão rude. Eu adoraria trabalhar em seu laboratório! Nada me deixaria mais feliz mas assim que você falou Marceline... Eu senti que precisava a ver. Acho que ela faz parte do meu passado. Talvez ela saiba mais sobre o que me aconteceu antes de eu acordar naquela rocha de gelo. Por favor, assim que eu voltar, eu posso trabalhar no laboratório?

A Princesa riu, levemente e passou a mão delicadamente sobre os meus cabelos

– Não precisa se preocupar. Pode trabalhar aqui a vontade quando voltar. Espero que descubra mais sobre o seu passado e também acho que será bom para o Finn passar um tempo com uma menina humana para variar - disse ela, com um sorriso meio maroto no rosto. O que ela quiz dizer com isso? - Ah! Mais uma coisa! Hera disse que vocês estabeleceram um contato espiritual - vendo que eu estava com uma cara confusa, ela explicou - significa que você consegue escutar os pensamentos dela e ela consegue escutar os seus. Vocês estão ligadas para sempre. Não deixe que nada aconteça com ela, pois a dor que ela sentir você também irá sentir. Boa sorte Saphira!

– Obrigada Princesa Jujuba! - disse, me curvando levemente.

– Me chame só de Jujuba! Ah! Antes de vocês partirem, poderia vir comigo a um lugar?

Eu assenti e a segui para fora do corredor.

Seguimos por um caminho virando varias vezes até chegar a uma porta parecida com a porta do quarto que eu havia acordado.

Entramos silenciosamente e encontramos um menino dormindo.
Jujuba me disse que ele havia chegado a poucos disse que quando o encontraram, ele estava quase morto. Ela me perguntou se eu o conhecia e disse que não.

O observei até que ele abriu os olhos vagarosamente. Ele olhou para nós duas e Jujuba começou a lhe fazer varias perguntas. Ele parecia também não se lembrar dos seu passado porém ele estava pior do que eu. Ele nem se lembrara do seu nome, então decidira das um nome para si mesmo, Nathan. Conversamos um pouco. Ele parecia ser uma criança bacana, mas me lembrei da minha missão de encontrar Marceline. Me despedi de Nathan e Jujuba.

– Não se esqueça de pegar suas coisas no seu quarto! - disse Jujuba, quando eu já estava saindo do quarto de Nathan.

Voltei ao quarto em que estava antes. Agora não havia mais ninguém.

Calcei os tênis de cores diferentes, coloquei a jaqueta, fiz uma trança nos meus cabelos que iam até a cintura e coloquei o boné.

Olhei pela janela e vi que era noite. Iriamos mesmo conversar com Marceline no meio da noite? Ela não iria se incomodar? Observei mais um pouco pela janela e vi que Finn, Jake e Hera já estavam a minha espera na entrada do Palácio.

Abri a porta para sair do quarto e o Mordomo Menta já estava a minha espera para me guiar para a saída.

Ao me juntar ao resto do grupo, Mordomo Mente se despediu e me deu um colar com uma pedra rosa.

– Caso precise entrar em contato com a Princesa Jujuba, esse colar irá te ajudar.

– Obrigada. Até mais! Coloquei o colar e montei em Hera.

Olhei para Finn e vi que já estava montado. Ele não olhou para mim mas vi que seu rosto estava mais vermelho que um tomate. Imagino se eu havia dito algo que o fizera passar vergonha.

Tentei falar com Hera mentalmente e disse:

"Por que o Finn está tão vermelho?"

"Não sei" falou mentalmente "Talvez não tenha sido por sua causa. E não precisa ficar fazendo esforço para falar comigo mentalmente. Eu escuto todos os seus pensamentos e voce escuta os meus, assim, podemos trabalhar melhor em equipe!" sua voz era bem forte mentalmente.

Achei que seria bom ter alguém para me ajudar a entender o que estava acontecendo. Fiquei feliz por ter Hera comigo.

Partimos do Reino Doce naquela noite, e nunca pensei que demoraria tanto para que eu voltasse a vê-lo de novo...