Os zumbis entravam na sala em grande número. Finn e Hera ficaram na minha frente para me proteger enquanto Marshall e Samuel estavam tentando espantar os zumbis. Mas era inútil. Cada vez mais entravam pela porta, tornando impossível fecha-lá de novo. Me virei para um dos cantos tentando achar outra saída e vi meu arco e a aljava em um canto, próximos a uma janela com tábuas. Eu corri na direção dele e um Zumbi avançara sobre mim. Ele estava prestes a morder minha panturrilha, quando Samuel chegou por trás dele e o furou no meio da cabeça. O Zumbi caiu para o lado, e Samuel me estendeu a mão para me levantar. Eu aceitei, e de boca aberta, tentei proferir um agradecimento.

– Hum... Ah... Eu... - disse, em choque.

– Me deve uma! - disse, sorrindo e voltando para ajudar Marshall, Finn e Hera a barrar os zumbis.

Peguei o arco e a aljava, a colocando nas costas e comecei a lançar minhas flechas nos zumbis. As duas primeiras flechas não acertaram meus alvos mas as próximas sim. Quando reparei, haviam apenas cinco flechas na aljava e o numero de zumbis não parecia ter diminuído.

Íamos morrer, se continuasse assim.

Tentei, então, puxar as tábuas da janela, para que pudéssemos escapar, mas eu não tinha força o suficiente. Chamei por Hera e ela veio correndo me ajudar.

– Estamos quase... - as tabuas se soltaram. Eu estava muito feliz - ... CONSEGUIMOS!!!!

Eu não devia ter gritado. Em menos de um segundo, todos os zumbis se voltaram para mim, me encarando com aqueles olhos sem vida. Eles se rastejavam na minha direção quando eu estava montando em Hera e Samuel estava nas costas de Marshall.

Prontos para partir, vi que Finn não estava em lugar nenhum. O procurei pela sala com o olhar e o encontrei sentado no chão, com a perna meio torta. Corri em sua direção e tentei o fazer levantar.

– Vai com eles logo! Eu vou só atrasar vocês! Alguém tem que ficar para trás! - disse, e sorriu, em meio a lagrimas de dor. Passei meu braço sobre sua cintura e o obriguei a ficar de pé, me usando como apoio. - Mas... Você tem que me deixar!

– Cala a boca, Finn. Não vou deixar ninguém pra trás, ok?!

Ele sorriu e passou seu braço sobre meu ombro. Ele se inclinou e deu um beijo na minha bochecha, o suficiente para que eu ficasse extremamente vermelha.

Fomos em direção de Hera e o ajudei a montar. Logo depois montei atrás dele. Os zumbis estavam logo atrás de nós quando pulamos da janela. Marshall voou com Samuel em suas costas e Hera comigo e com Finn.

Senti uma dor excruciante no tornozelo direito, mas não olhei para ver o que havia acontecido, pois a perna de Finn parecia mais importante.

– O que aconteceu ai? - eu disse, passando meus braços cuidadosamente em volta de sua cintura, para me firmar durante o voo.

– Hum... Não sei dizer... Dói muito... - disse, resmungando.

"Hera, precisamos ir a um lugar seguro! Finn não vai conseguir enfrentar muitos zumbis com a perna nesse estado!" disse para Hera, telepaticamente. Ela apenas respondeu mudando seu percurso em direção à casa da árvore. Infelizmente, a casa da arvore não era uma exceção dos ataques dos zumbis. Ela estava toda cercada por eles. Para Hera conseguir entrar na casa, ela teve que quebrar uma das janelas mais altas e entrar por ali. Marshall e Samuel entraram logo atrás de nós. O cômodo em que estávamos era o mesmo cômodo em que eu acordei da primeira vez que eu estivera lá. Parecia ser a muito tempo.

– Samuel me ajude aqui com o Finn! - disse, pois não conseguia o tirar de cima da Hera.

Samuel veio e me ajudou e o levamos para uma cama no quarto.

– Eu vou tentar defender a casa, ok? - disse Samuel, olhando pra mim. Seus óculos estavam meio embasados, por conta do suor, e os pontos na cabeça estavam ficando frouxos.

– Tudo bem, mas se precisar de ajuda, me chamem! - disse, enquanto Samuel e Marshall desciam as escadas apressadamente.

Hera, que se manteve comigo, também estava pensando em descer para ajudar, mas hesitou.

"Pode ir, eu vou ficar bem!" - disse, tentando a incentivar. Ela olhou para mim e voou pela janela, para tentar atacar os zumbis do lado de fora. Eu tentei colocar uma tala no pé do Finn, mas minha visão estava ficando falhada. Procurei pelo quarto algum remédio para a dor do Finn mas eu ficava cambaleando pelos cantos e não conseguia me concentrar. Era como se eu estivesse em um barco. Quando senti que ia cair no chão, a dor no tornozelo voltou. Olhei para ele e com muita dificuldade consegui focar a visão. Meu tornozelo estava todo ensanguentado, e havia uma mordida ali. Uma mordida grande. E a pele ao redor da mordida estava ficando escura.

Tentei gritar, mas a voz não saia. Finn tentou se levantar bem na hora em que cai no chão. Ele não conseguia sair da cama, mas tentou me ajudar.

Eu estava tentando me levantar, mas minhas pernas não se moviam.

– Ai meu Glob! Um Zumbi aqui dentro! Fionna, vem aqui matar ele! - disse um menino, que acabara de entrar no quarto. Seus cabelos eram rosas e ele me lembrara muito a Jujuba. Logo em seguida, entrou uma menina loira de saia azul escura e blusa azul clara, usando uma espada de ouro. Ela olhou pelo quarto e não notou o Finn. Seus olhos se pousaram em mim e ela levantou a espada vindo correndo na minha direção. Tentei dizer que eu não era um Zumbi, mas tudo o que saiu da minha boca foi um grunido. No ultimo segundo, Samuel entrou na frente da espada, fazendo com que a menina parasse bruscamente a espada.

– Para! Ela não é um Zumbi! - disse Samuel, pegando meus braços e me levantando. - Ela é humana, como nós.

Ele me colocou na cama, ao lado de Finn. Ele sorriu para mim, enquanto colocava minhas pernas sobre a cama, quando viu a mordida.

– Ela não é um Zumbi, mas foi mordida por um! É só uma questão de tempo. - disse a menina. Ela ainda segurava a espada, próxima ao meu rosto. - a podridão já alcançou metade da perna dela. Ela não vai sobreviver.

– Não vou deixar que a matem! - gritou Finn, tentando se levantar.

– Muito menos eu! - disse Samuel.

– Tudo bem! Tudo bem! Eu tenho um pouco de antídoto comigo, no caso de uma emergência. - disse o garoto rosa. Ele pegou um frasquinho com um liquido azul e o despejou na minha ferida. Ela, quase instantaneamente começou a cicatrizar.

Em menos de dois minutos, eu já estava andando. Enquanto eu agradecia Samuel, a menina ficava me encarando. Perguntei se ele gostaria que eu fechasse os pontos que haviam sido abertos durante a batalha e ele falou que estava bem.

– Você é a namorada dele? - perguntou a menina, que estava, agora, do meu lado. Ela parecia ser humana, e ter a minha idade.

– Não! Ela é a minha versão dessa dimensão! - disse Samuel, quase desesperado. Ele parecia se preocupar demais com o que a menina pensava dele. Talvez até fossem namorados. Eu sorri ao pensar naquilo.

– Mas vocês são muito chegados um no outro. Isso é estranho. - disse a menina, com os olhos entreabentos.

– Eu gosto de outra pessoa! Não tem chance de que eu vá gostar dele. - falei, quase imediatamente depois me arrependi. Finn, que estava recebendo ajuda do menino rosa, se levantou da cama e caminhou mancando na nossa direção.

– Ah é? Então de quem você gosta? - falou ele, me observando. Eu não podia falar pro Finn de quem eu gostava, por que eu gostava dele!

– Podemos deixar isso pra depois? Se vocês não se lembram, estamos sendo atacados! - gritou Marshall, do andar inferior.

Todos começaram a descer para o ajudar. Quando fui descer, senti a mão de Finn segurar a minha. Me virei para ver o que ele queria algo incrível aconteceu. Quando me virei, ele me beijou. Sentir seus lábios contra os meus me deixou sem reação. Aos poucos, fui relaxando e passei meus braços em volta do seu pescoço. E ele passou seus braços pela minha cintura, fazendo com que eu chegasse mais próxima dele.

Era uma sensação estonteante e maravilhosa. Todo o seu calor me envolvia. Era muito bom. Mas ficou calor demais. Tivemos que nos afastar e nos soltar, mas mesmo assim, continuava calor. Fui tentar abrir a janela para entrar um pouco de vento quando vi o motivo do calor. A casa estava pegando fogo.