A Guerra Greco-Romana

Capitulo 29 - União


Alguém caminhava irritado em círculos, a sua silhueta era desfocada pela misteriosa neblina que cobria aquele cenário montanhoso e perigoso. Em sua volta diversas pedras desfilavam arrogantemente à sua passagem, pedras que feriam o destino e fragmentavam o tempo e o espaço. Uma antiga e magnificente torre imergia a pouco e pouco no meio do vasto nevoeiro. A pessoa parou, olhando-a tristemente como se nela tivesse inscrita a história abandonada e esquecida de diversas gerações, a história de um povo. De súbito, paços decididos quebraram o ar rarefeito da montanha esquecida no imenso globo.

– Está na hora de partires, rapaz. – Disse uma voz rouca e cansada pelo passar implacável dos anos.

– Claro. – Respondeu o rapaz com ar ensonado despedindo-se.

A milhares de quilómetros dali, a paisagem estava pintada de um branco muito brilhante e suave, a temperatura era bastante baixa, o inverno provavelmente estava para chegar. Um homem caminhava determinado, ultrapassando o frio congelante da cordilheira dos Pireneus. Uma velha e gasta maleta baloiçava na sua mão embalada pelo forte vento nórdico.

– Agora eu compreendo onde é de facto o meu lugar. Agora eu tenho a certeza de onde está a fonte da minha coragem e da minha vontade. Agora eu compreendo. – Murmurava o homem tremendo violentamente.

Num laivo de horror, uma energia mortal e poderosa quebrou a pesada neblina e o mortífero frio assertando com uma forte potência o coração dos dois homens.

– Tenho que me despachar! – Grunhiu o rapazote.

– Nunca me irei perdoar se alguma coisa acontecer. – Disse o homem angustiado, começando a correr lutando contra o poderoso vento.

Um cosmo avassalador, gigantesco, imponente cobriu na totalidade a sagrada atmosfera do santuário da Deusa Atena. A maior ameaça daquela injusta guerra pairava agora sobre a cabeça dos cavaleiros já bastante desgastados.

Ao sentirem aquela energia repleta de maldade, fúria e egoísmo todos os dourados ignoraram as dores, feridas e sangue que consumiam a sua alma e corpo, precipitando-se rapidamente até à entrada do abençoado salão da jovem Deusa.

Finalmente unidos junto das divinas portas, os cavaleiros de ouro olharam o vasto e profundo céu em busca do seu tenebroso e temido inimigo. Um raio cortou o azul angelical do firmamento, fazendo as belas e puras paredes brancas estremecerem agressivamente, uma luz muito brilhante ofuscou os olhos dos heróis de Atena. Com um novo estrondo o magnificente raio atingiu a superfície terrestre, nele materializou-se um homem imponente, divino e soberano.

– Bem, obrigado pela receção de boas vindas, que amáveis! – Disse o homem em voz omnipotente observando os cavaleiros reunidos em frente do décimo terceiro templo sagrado.

– Não passarás daqui! – Afirmou Sísifo dando um paço em frente preparando o seu arco justiceiro.

– Protegeremos a Deusa Atena com a nossa própria vida! – Reforçou o jovem Dokho juntando-se ao Sagitário.

– Não me façam rir cavaleiros inúteis! – Vociferou o recém-chegado olhando os dourados com desprezo.

– Um ser maligno como tu nunca compreenderá as nossas motivações, os nossos princípios os nossos sentimentos. – Um couro de vozes iluminadas pela esperança e pela amizade encheu o ar.

– Pelas gerações futuras! – Exclamou o gigante e bondoso Touro dourado.

– Pela liberdade! – Afirmou o jovem Régulos abençoado pela fortíssima constelação de Leão.

– Pelos heróis que antigamente deram as suas vidas por este santuário. – Disse Asmita calmamente.

– Pela lealdade que jamais pode ser quebrada! – Gritou o cavaleiro de Balança.

– Pelos puros laços que unem os seres humanos! – Berrou o Escorpião, lançando olhares com a fúria refletida ao seu inimigo.

– Pelo nobre e justo coração da humanidade. – Afirmou o fiel Sagitário.

– Pela insubstituível amizade! – Prenunciou Dégel com a sua habitual voz gelada.

– Pelo impossível que se torna possível. – Alegou o belo Albafica de Peixes recordando o seu combate.

– Pela honra de uma nação! – Uma voz trocista envolvida numa névoa arroxeada encheu o ar.

– Manigold! – Gritaram alguns dos presentes impressionados com a entrada do cavaleiro de Caranguejo.

– Voltei do mundo dos mortos! – Vociferou Manigold lançando um olhar de esguelha ao adversário. – Eu estou vivo, podem enxugar as lágrimas! – Um sorriso traquina dançava no rosto do Caranguejo.

Porém todas as atenções se voltaram para a escadaria que dava aceso ao salão da Deusa da sabedoria. Vários paços lentos, todavia determinados seguia em direção ao topo.

– Pela coragem de mudar. – Falou a voz calma e quase desconhecida de El Cid de Capricórnio.

– Meu amigo. – Murmurou Sísifo, o seu coração explodiu de alegria ao ver o cavaleiro que protege a décima Casa.

O oponente dos cavaleiros estava visivelmente irritado com aquele discurso banhado de esperança, luz e coragem.

– Pensam que são vocês que me derrotarão, a mim, o supremo Deus Júpiter? – Berrou o poderoso Deus Romano, atirando os nobres e valentes cavaleiros por terra apenas com uma insignificante onda de energia elétrica.

As enormes portas que protegiam a jovem Deusa abriram de rompante. Na sua umbreira encontravam-se dois homens, iluminados pelo brilho dourado da armadura de Carneiro.

– Não serão eles, seremos nós! – Exclamaram determinadamente, com a sede de luta a banhar-lhes os espíritos e os corações.

Qual o maquiavélico plano de Júpiter?