A Guardiã

Quebrando o Limite


Terra 1

10 dias antes...

— Você está mais concentrada nos seus treinos, estou sentindo melhorias. – Oliver disse enquanto enxugava seu suor em uma toalha. – Se continuar desta maneira, focada, irá conseguir alcançar seu resultado esperado.

— Ótimo. – A menina disse enquanto tirava as luvas de sua mão. – Finalmente descanso. – Ela se jogou no chão do tatame arrancando risadas de seu pai. – Você pega muito pesado pela idade que tem.

— Está me chamando de velho? – A menina levantou o rosto apoiando seu corpo com os cotovelos.

— Vamos combinar que o senhor não é mais um jovenzinho de 20 anos. – Ela piscou para o pai brincando com a situação.

— É venho sentindo que estou ficando um pouco travado.

— Quero ficar meio travada assim quando tiver sua idade. – Ela sorriu.

— Vou te mandar para Lian Yu talvez você consiga ficar um pouquinho igual a mim.

— Não obrigada, eu acho que estou bem. – Ela levantou-se indo em direção a sua mala com roupas limpas e coisas necessárias para o banho.

Ambos caminharam em direção dos banheiros. Quando Oliver terminou ainda esperou mais 10 minutos que para ele parecia uma eternidade até que sua filha apareceu com os cabelos molhados, ela estava bem arrumada como sempre gostava de andar, ele sorriu ao se dar conta na bela moça que ela havia se tornado e o que mais apreciava nela era sua determinação e o amor com que realizava seus deveres.

— Sabe do que sinto falta? – Oliver perguntou atraindo a atenção da jovem para si.

— Não, o que é?

— Quando pequena você e seu irmão adoravam as noites de sexta.

— Ah sim, as noites de Big Belly Burger. – A garota sorriu. – E hoje é sexta.

— Já liguei para Felicity avisando que levaríamos comida. – Ele sorriu enquanto caminhavam em direção à porta.

***

- Tudo bem agora eu preciso da total atenção dos meus irmãos mais velhos, porque estou um pouco... Intrigado seria a palavra certa? Acho que nervoso com a universidade.

Oliver sorriu mantendo Felicity tão perto de si quanto podia, ambos estavam no sofá não tendo mais essa disposição para comer esses alimentos, Oliver se referiu a noite do Big Belly Burger porque era o momento que Felicity estabeleceu para que eles passassem com a família reunida, no fim de semana William não ficava em casa e Olivia quando adolescente queria ir para as festas com os amigos, então a sexta-feira era o dia de reunir a família.

- Essa ansiedade de pré-universidade. – William riu enquanto deliciava mais uma batata frita. – Eu quase nem me lembro disso mais, faz tanto tempo, vocês eram uns pirralhos ainda, você ia fazer um ano quando fui para a universidade. – William apontou para o garoto.

- Não precisa ficar lembrando que você é velho Will. – Olivia sorriu para o irmão que jogou uma almofada na mesma. – Irmãozinho deixa uma pessoa com as memórias mais frescas da universidade lhe contar como que é. – Ela se ajeitou no chão largando seu hambúrguer na mesa de centro. – Sem as melhores partes porque o nosso pai está aqui. – Ela riu encarando a feição séria que Oliver fez ao ouvir a frase.

- Quais são as melhores partes? – Connor perguntou enquanto se preparava para mais uma mordida em seu hambúrguer.

- Depende pra qual irmão você irá fazer essa pergunta. – Ela olhou para William que naquele momento ria lembrando-se de sua época de estudos.

- Universidade é um lugar mágico para alguns Connor, só depende do ponto de vista de cada pessoa. – William disse. – Tipo para a nossa irmã deve estar sendo entediante tendo um relacionamento.

- Pelo o que eu conheço de meu irmãozinho posso ficar tranquila de não ter que lidar com outro completo idiota na família. – Olivia revirou os olhos.

- Relacionamento é algo bom. – Connor se manifestou.

- Como eu disse anteriormente, depende do ponto de vista. – William provou de mais uma batata frita com um sorriso travesso em seu rosto.

- Vê se cresce Will. – Olivia reprovou a atitude do irmão mais velho. – Ei a gente comete erros Connor é normal de todo o ser humano, se sua ansiedade for sobre a escolha de seu futuro ou indecisão fique tranquilo é assim mesmo que devemos lidar. – Olivia tentou tranquilizar o garoto. – Veja só a mamãe. – Ambos os irmãos tentaram segurar o riso, mas foi impossível.

Quando Olivia estava realmente animada ou confortável no ambiente ela adorava pegar no pé de todos, era uma característica irritante para quem não a conhecia melhor, mas ela não se importava.

- Isso é verdade. – Felicity concordou entrando na brincadeira.

- Felicity. – Oliver chamou sua atenção.

- O que é? Não estava falando sobre você. – Ela fez cara de desentendida antes de depositar um doce beijo nos lábios do homem.

- Mas já que a carapuça serviu é porque tem culpa no cartório. – William completou.

Oliver suspirou e revirou os olhos sorrindo logo em seguida, manteve sua mão entrelaçada à mão de Felicity enquanto sentia o cheiro delicado da mulher que mantinha sua cabeça repousada sobre o ombro dele, uma cena que não era tão difícil de presenciar no dia-a-dia de ambos.

- Nem sempre fui esse homem que vocês estão acostumados. Eu aprendi muito com o tempo e vocês também um dia irão aprender, porque haverá pessoas que entram em nossa vida para nos guiar nesta jornada, para iluminar nosso caminho. – Oliver e Felicity trocaram olhares e sorrisos. – Eles estarão sempre presentes nos momentos mais difíceis. – Ele disse sem tirar os olhos dos dela.

Olivia adorava ter seus pais como exemplo de relacionamento, eles deixavam claro que não existia relacionamento perfeito, que um relacionamento é constituído de brigas e discussões, de explicações e entendimentos, de duvidas e esclarecimentos e acima de tudo de confiança e amor. Era saber abrir mão de certas coisas para fazer bem ao seu parceiro.

- Eu acho que já encontrei minha luz, mas tem uma certa pessoa que vive tentando apaga-la. – Olivia disse como se não quisesse nada, comendo mais uma ou duas batatas fritas e em seguida bebendo seu refrigerante de olho em seu pai.

Felicity riu, aquela sua risada doce que fazia o corpo de Oliver despertar, ela olhou para o homem que se encontrava indignado com o julgamento da filha e Felicity entendia as alfinetadas que a filha dava no pai, Oliver podia não admitir, mas cuidava demais de Olivia por ela ser a única menina e ela odiava aquilo, pois, queria ter os mesmos direitos que os irmãos, queria ter sua liberdade.

As coisas pioraram ainda mais depois do segundo namorado do colégio, Tom era um rapaz gentil aparentemente não havia o que se queixar dele, até seu pai morrer violentamente na mão de bandidos. O rapaz se transformou em um poço de lamentações e ódio e quando Olivia decidiu que aquilo não servia mais para ela resolveu terminar o relacionamento e Tom surtou. Tentou forçá-la a reatar o namoro e quase chegou agredi-la, no fundo ela fingia ter esquecido daquilo, mas ela sempre se lembrava da maneira que Tom lhe encarou como um assassino, ele segurou seus braços de maneira tão forte que as marcas ficaram em sua pele pálida durante dias e mais dias e ela chorou porque não conseguiu entender como Tom foi tão fraco a ponto de se perder daquela maneira.

Ela lamentava que aquilo houvesse acontecido com ele, mas quando se toma decisões erradas e escolhe o pior caminho a vida um dia te tira de cena e foi o que aconteceu com ele. Quando iniciava seu 6º período da universidade recebeu uma ligação da mãe do rapaz dizendo que havia perdido seu filho em uma briga de traficantes, ela apenas guardou as memórias boas que havia restado de Tom, daquele rapaz genial que ele sempre quis se tornar, compareceu ao funeral e se despediu do rapaz que um dia foi o amor de sua vida.

- Cuidados de pai. – Oliver disse sério. – Quando tiver seus filhos você entenderá.

- A mamãe não surta comigo, ela só me pede delicadamente para que eu tome cuidado. – Ela bebeu mais um pouco do seu refrigerante. – Mas eu acho fofo quando você tem crises de ciúmes.

- Eu fico fofo. – Ele olhou indignado para Felicity que sorria para o marido. – Eu perdi o respeito dentro dessa casa quando?

- Nunca teve. – Os três irmãos disseram juntos arrancando uma risada da mãe.

- Desculpa amor. – Felicity segurou o rosto do homem e o beijou arrancando suspiros apaixonados das crianças. – Vamos manda-los para o concerto. – Ela piscou.

- Certo. – Oliver disse enquanto os jovens sorriram divertidos.

- Agora falando sério maninho. – Olivia passou o braço sobre o obro largo do irmão. – Não precisa ficar preocupado, universidade parece um bicho de sete cabeças quando a gente não conhece, mas quando você se acostumar com a rotina você vai ver que nenhum bicho é indomável, nem mesmo a universidade.

- Tudo bem. – Ele sorriu para a irmã. – Obrigado.

Logo adiante, em um dos edifícios da frente do prédio em que se encontrava a família uma figura obscura os observava mantendo um ódio fixo em seu olhar que estremeceria a estrutura de qualquer um. Olivia da Terra 7 não tirava um minuto sequer para descansar, se não estava observando a família Queen ela estava mantendo seu plano em ativa, ela queria esperar, torturar seu clone da Terra 1 achando que teriam alguns momentos de paz, enquanto isso sangue de mais inocentes escorriam em suas mãos.

- Você vê aquela família? – Ela questionou para uma garota ao seu lado que chorava compulsivamente, uma garota que carregava o mesmo nome e a mesma aparência física que a sua. – Faz tempo que os venho observando e não tive a intenção de mata-los ainda, de todas as 85 Terras que visitei até agora, eles são os que mais se parecem com a minha família.

- Como isso é possível? – A garota choramingou mais uma vez.

- Nada é impossível neste mundo, ou nestes mundos.

- Você é um monstro.

- Eu aprendi a ser um, é diferente, mas eu costumava ser como aquela garota que se parece tanto com a gente. Agora está na hora de voltar para casa Olivia, tenho muitas famílias para destruir ainda. – Ela sorriu diabolicamente caminhando em direção à fenda que levaria a garota em prantos de volta para a sua Terra.

- Um dia você irá encontrar uma pessoa que irá parar você da pior maneira.

- Você diz me matando? – Anjo Demônio ergueu a sobrancelha. – Acho que isso não seria capaz, eu morri quando meus pais também se foram. Acho também que ninguém será capaz disso.

- Talvez ela seja.

- Ela é uma guardiã, não sei se você sabe, mas eles têm uma boa conduta a zelar. – Ela empurrou a garota para dentro da fenda em seguida fechando o mesmo com um dispositivo em que Caitlin construiu ao lado de Barry, obviamente tudo isso tinha um preço Olivia tinha sua vingança enquanto o casal recebiam tecnologias roubadas de outros planetas e eles mantinham o acordo enquanto isso.

Olivia da Terra 7 respirou fundo e apreciou mais uma vez aquela família, ela pensou que já estava passando da hora de agir e começaria naquele exato momento. Ela percebeu que aquela família estava lhe afetando quando hesitou por alguns segundos puxar o gatilho, mas tão rapidamente como um pensamento ela congelou seu coração e disparou, acertando em cheio seu alvo.

William caiu no chão enquanto Oliver protegia Felicity e ajudava ela a se esconder em um local seguro. Olivia vendo que Connor se protegeu correu até William para ver a situação do irmão, mas não pôde deixar de ter seus olhos atraídos pela a figura tenebrosa que sobrevoou o céu. Furiosa ela correu em direção à sacada e pulou abrindo suas asas e se aproximando cada vez mais de sua sósia.

O Anjo Demônio desacelerou seu bater de asas e aguardou que a outra garota chegasse para que a briga se iniciasse. Manteve seu sorriso no rosto, quando os primeiros socos foram trocados ela percebeu que Olivia estava mais forte que da ultima vez e também se encontrava mais ágil, mas aquilo não bastava enquanto ela estivesse lutando cega pela raiva. Olivia apenas sentiu o baque da estrutura de concreto do prédio bater contra suas costas e apenas gemeu quando seu corpo reclamou de dor. Pessoas que estavam na rua assistiam ao espetáculo abismados lá de baixo, curiosos para desvendar quem seria a nova vilã de Star City.

- Se você quer sossego em sua vida novamente Olivia Queen terá que me matar, mas como todo herói você também fraqueja diante de mim.

- Sua filha da mãe. – Esbravejou Olivia com dificuldade enquanto tentava acertar mais um golpe.

- Lute Olivia como uma guerreira, não como uma perdedora. Saiba que estou lhe dando chances de salvar sua família, mas se eles morrerem será por sua irresponsabilidade. – Anjo Demônio derrubou a outra loira no terraço do prédio lhe acertando chutes enfurecidos como havia deferido em um dos capangas de Ra’s algum tempo atrás. – Você irá perder sua família e a culpa será sua. – Ela acertou um soco no rosto de Olivia que a fez ficar completamente desorientada. Se não fosse por um raio amarelo passar por lá naquele momento ainda receberia mais um soco que ela ainda aguardava por ele. Logo Don retornou ajudando a garota a se sentar, eles estavam no alto de outro prédio e conseguiam ouvir o barulho de helicóptero se aproximando.

- Temos que sair daqui, vou te levar para o hospital.

- Você está ferido. – Ela observou o corte no braço do rapaz e o sangue escorrendo pelo seu rosto.

- Ela joga sujo, não sabe lutar por conta própria. – Ele sorriu para amenizar a situação.

- Como soube?

— Sua mãe mandou um sinal de alerta. Agora temos que ir caso contrário amanhã você será foto da capa de jornais.

— Se eu for para o hospital também serei. – Ela disse enquanto sentiu a dor aguda se intensificar em seu abdômen.

— Mas eu ficarei mais tranquilo se a manchete for “Filha de Oliver Queen agredida nas ruas de Star City” do que “Olivia Queen é a Guardiã de Star City”, agora vamos. – Ele colocou sua mascara de volta ao rosto.

— Não, espera. – Ela o afastou ainda sentindo dores em algumas partes de seu corpo. – Me leve para o nosso centro de treinamento, eu tenho o poder de regeneração esqueceu?

— Tudo bem, eu fico lá com você e ligo para seus pais, agora vamos. – Ele levantou rapidamente e correu até o centro de treinamento, quando chegaram lá Olivia foi diretamente para uma das camas sentindo dificuldade em respirar compassadamente enquanto Don ligava para Felicity buscando notícias de Will e também para informa-la sobre sua filha.

— Sua mãe me disse que Will ficará bem. – Ele se aproximou da garota deslizando seus dedos delicadamente pelo rosto dela. – O tiro atravessou o ombro dele e não afetou nenhum nervo importante. – Ele sorriu para a garota que fechava os olhos aliviada pela notícia. – Ele vai ficar bem, mas e você?

— Eu também vou, só preciso de tempo. – Ela disse pausadamente olhando para o nada.

— Tudo bem. Sua mãe pediu para fazer algo para ela.

— O que é?

— Os policiais estão indo à sua casa buscar por provas e como você não pode aparecer assim na frente dos investigadores preciso limpar as provas que te ligam a este momento, prometo que volto rápido. – Ele sorriu travessamente, levantou e saiu tão rápido quanto um suspiro.

Ao chegar na esquina as viaturas já estavam paradas no prédio e os policiais começavam a descer dos veículos, Tornado tinha que ser rápido antes que o plano não pudesse ser executado. Já dentro do apartamento ele limpou tudo que pertenceu a Olivia naquele momento no tempo que lhe foi permitido saindo somente quando um policial já abria a porta do apartamento.

Quando voltou para o centro de treinamento trouxe consigo uma mochila com alguns pertences importantes de Olivia e sentiu-se um pouco impotente por não poder ajuda-la mais naquele momento, mas sentia que estava fazendo o que era certo.

— Trouxe seu celular, algumas peças de roupa e já liguei para o meu pai avisando sobre a parte dele no plano. – Ele sentou-se na beirada da cama segurando a mão dela. – Agora temos que ir.

— Mas o meu irmão, eu queria vê-lo.

— Você vai poder vê-lo quando voltarmos. – Ele tentou sorrir. – Temos que sair da cidade por hoje, sei que amanhã estará melhor e poderá voltar só vamos seguir de acordo com o plano. Você iria passar alguns dias na minha casa, mas que devido a tudo que ocorreu amanhã voltará para a cidade para ver seu irmão.

— Tudo bem. – Ela concordou enquanto Don colocava a mochila dela em suas costas e em seguida se preparava para erguê-la.

— Preparada? – Ele perguntou já do lado de fora do centro de treinamento. Ela consentiu e, então, partiram para Central City novamente.

Dias Atuais...

— Pai? – Don entrou correndo em sua casa vendo sua irmã lhe olhar assustada. – Dawn onde está o papai?

— No quarto. – A menina deu de ombros e voltou a desenhar enquanto o menino subia a escada já afobado.

- Pai preciso de sua ajuda. – O garoto disse tocando o ombro do pai.

- O que aconteceu meu filho? – Barry não pôde deixar de ficar espantado com a situação também.

- Daqui algumas horas a Olivia irá morrer, temos que impedir isso.

- Meu Deus do céu Don. – Barry o olhou espantado. – Você voltou no tempo.