Ficamos parados diante da cama de mãos dadas, estava com vergonha, era necessário ser uma mulher muito segura para ficar nua e calma na frente de um garoto.

Adam soltou minha mão e aproximou-se das persianas e as fechou. Logo em seguida foi em direção ao interruptor e apagou as luzes, tentando provavelmente me deixar à vontade.

Ele veio até mim, e iniciou um beijo ardente, seu calor aumentando ainda mais meu desejo por seu corpo. Sua boca caminhou suavemente para meu pescoço, deixando beijos suaves por toda parte. Apertei minhas mãos em seus cabelos, ele soltou um gemido suave, fazendo me suspirar de prazer.

Como se eu fosse uma boneca, ele me carregou em seus braços, colocando-me na cama, os beijos recomeçaram ainda mais quentes. Senti suas mãos começarem a acariciar minha barriga por debaixo da blusa, e a levantarem devagar.

Ele era realmente bom nisso, mais do que timidez, sentia um desejo insuportável de senti-lo ainda mais próximo de mim, queria que virássemos um só.

Tentando copiar seus movimentos, só que de uma forma desajeitada, levantei sua camisa, ele me ajudou tirando-a e a jogando longe, levantei-me um pouco para que ele pudesse tirar a minha com maior facilidade.

Estávamos os dois nus da cintura para cima agora, mesmo nessa situação, Adam continuava a admirar meu rosto, parecia hipnotizado. Girei meu corpo de modo a ficar por cima do dele, ele me olhou surpreso, porém satisfeito que eu estivesse me soltando. Agora foi minha vez de beijar seu corpo, sua pele parecia estar em chamas e fiquei satisfeita em ouvir seus gemidos de prazer.

Fui descendo até alcançar o cós da sua calça, observei uma sombra estranha passar por onde minhas mãos tocavam, olhei em direção as persianas e vi alguém ali, dois olhos negros nos observavam.

Adam percebeu que havia algo de errado e sentou-se, olhando na mesma direção que a minha. Inesperadamente ele levantou-se e foi em direção a janela. Ouvi um barulho alto, seja quem for que estivesse em cima de nosso telhado, havia acabado de cair lá embaixo.

Adam fez a volta e saiu como um raio pela porta, deixando-me ali sozinha. Queria chorar, mas não fazia meu estilo dar chiliques deste tipo. Levantei-me, peguei minha blusa e a vesti. Desci as escadas depressa e fui em direção a porta da frente, parei com a mão na maçaneta.

Podia ser perigoso, mas ao mesmo tempo em que estava com medo por mim, temia por Adam lá fora sozinho com quem quer que fosse. Abandonei meu extinto de auto preservação, abri a porta e corri para lateral da casa em meio à escuridão.

Chegando lá vi dois lobos enormes, eles se encaravam sem se mover. Um deles era Adam, mas o outro não fazia idéia de quem poderia ser. Senti-me tola, ali parada como se estivesse me escondendo, não havia como se esconder do faro potente deles.

Respirei fundo e caminhei em sua direção, os dois desviaram o olhar para mim, Adam encarou-me como um aviso para que eu não me aproximasse, fiquei parada ali, com os dois agora encarando a mim.

O outro lobo era da mesma altura de Adam e com pelos negros extremamente brilhantes. Parecia-me estranhamente familiar. Ele aproximou-se de mim, a contragosto de Adam pelo que pude perceber, ele bufava como se o estivesse ameaçando, mas ele não parecia se importar e aproximou-se até ficar bem próximo de mim.

Encaramo-nos, sem pensar direito, estiquei minha mão, ele a olhou e como se me autorizasse a tocá-lo inclinou sua cabeça. Senti seus pelos, eram bem macios do jeito que eu imaginava, queria tocar os de Adam para ver se tinham a mesma textura magnífica.

Eu estava hipnotizada, como animais tão magníficos como eles poderiam ser pessoas.

— Chega! – Adam esbravejou de volta a sua forma humana – Não se aproxime de nos, ou não respondo por mim. – ele me puxou com força pelo braço e praticamente me arrastou de volta para dentro de casa.

Depois que eu entrei, ele bateu a porta com força e encarou-me, parecia extremamente irritado.

- Quem era? – perguntei curiosa. Quem teria curiosidade em nos espionar?!

— Sebastian. – Adam respondeu sem rodeios. Minha boca se abriu em choque. Sebastian também era um lobo?!

— Eu não sabia que ele era um de vocês. – digo.

— Não somos parentes nem nada do tipo, ele é o que podemos chamar de “nômade”. – Adam explicou.

— O que ele queria aqui? –pergunto. Só de imaginar que ele nos tinha visto quase nus, ficava irritada.

— Você. – Adam respondeu e caminhou ferozmente em minha direção. Ele empurrou-me levemente contra a parede, prendendo minhas mãos uma de cada lado de meu rosto com as suas. – O que foi aquilo? – ele perguntou.

— O que? – perguntei confusa.

— Você o tocando daquela forma, sinceramente Mia, vocês pareciam íntimos demais para o meu gosto. – ele retruca e consigo perceber a irritação em sua voz.

Adam parecia um garotinho emburrado, não posso deixar de sorrir ao ver sua expressão.

— Está com ciúmes? – perguntei levemente chocada. Não existia nenhum garoto para mim além dele, não havia motivos para sentir ciúmes. Ele soltou minhas mãos e colocou as suas em meu rosto, aproveitei o calor delas, era reconfortante.

— Sim, muito! – ele respondeu. Seus lábios agora bem próximos dos meus, era muito difícil concentrar-me com ele assim tão próximo. – Nunca gostei dele e agora que ele quer você, gosto menos ainda.

— Ele não tem chances, você sabe disso. – retruco.

Adam encostou finalmente seus lábios nos meus. O beijo inicialmente leve tornou-se ardente, nossos corpos estavam grudados e seu calor inundava-me de todos os lados. Ele apertava minha cintura com seus braços e eu joguei os meus ao redor do seu pescoço. Quando finalmente nos separamos estávamos os dois arfando.

—Mia, você é tentadora demais. – ele disse como se fosse uma suplica.

— Podemos terminar o que começamos. – digo maliciosa.

— Venha. – ele retrucou.

Pegando-me pela mão nos voltamos para o quarto.

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Acordar com meu namorado do lado era magnífico, ele parecia um garotinho ali dormindo, com seus cabelos levemente desgrenhados. Levantei-me devagar para não acordá-lo, ainda estávamos nus, sentia-me desconfortável sendo vista assim por ele a luz do dia.

Tomei um banho longo, lavando meus cabelos. Estava extremamente suada, dormir com Adam era como dormir abraçada a o cobertor mais quente do mundo.

O mais incrível é que podia lembrar-me de cada toque que ele havia dado em meu corpo na noite anterior. Ele sabia exatamente o que fazer, parecia conhecer-me melhor do que eu mesma.

Ao terminar meu banho, vesti as roupas que havia levado comigo e voltei para o quarto. Adam ainda dormia, decido não acordá-lo. Desço as escadas e começo a preparar nosso café da manhã.

Meu celular começa a vibrar, é minha mãe, atendo:

— Oi mãe. – cumprimento-a.

— Bom dia Mia! Como estão as coisas? – ela cumprimenta-me.

— Igual ontem mãe. Se me ligar todos os dias não teremos novidades para contar. – Retruco bem humorada, rindo um pouco.

— Parece que alguém acordou de bom humor hoje. – ela disse e sabia que ela iria começar sua inquisição.

— Sim, ótimo humor para ser sincera. – retruco.

— Bom dia! – Adam surpreende-me abraçando-me por trás. Ainda sem camisa, apenas com sua calça jeans está extremamente sexy.

— Terra pra Mia?! – Mamãe chama minha atenção ao telefone.

— Desculpe mãe, o que você disse? – pergunto desviando meu olhar do corpo perfeito do garoto ao meu lado.

— Adam dormiu por ai? – ela pergunta em tom de conspiração.

— Sim, tem problema? – respondo engolindo seco.

— Não, vocês são namorados é normal isso. Então? – ela respondeu curiosa.

— Então o que? – me fingi de desentendida.

— Rolou? – ela perguntou moderninha. Como dizer isso com Adam ali do meu lado?!

— Sim, mas sem detalhes agora. – respondo. Sinto o olhar de Adam em meu rosto, parece estar se divertindo com meu constrangimento.

— Ok, eu tenho que desligar então, não vou mais atrapalhar a ação. – ela diz, rindo alto do outro lado linha.

— Mãe! – chamo sua atenção e nos duas rimos.

— Te amo Mia, relaxe um pouco. Até mais. – Ela despede-se.

— Também te amo mãe. – despeço-me desligando.

Estou sorrindo quando me viro para Adam entregando-lhe um sanduíche natural que preparei para ele, sem dizer nada vou para a geladeira em busca de suco.

— Você e sua mãe são bem intimas. – ele comenta.

— Sim, ela é bem tranqüila. Posso contar tudo sem me preocupar em ser repreendida. – comento com carinho.

— Fui seu primeiro? – ele perguntou quando me sentei ao seu lado. Enrubesci, deveria ter dito antes? Como ele poderia saber?

— Como sabe? – perguntei, sem coragem para encará-lo.

— Dá para perceber. Como se sentiu? – ele perguntou, olhei para ele e parecia genuinamente curioso.

— Bem. Você me deixou bem á vontade, eu gostei muito. – respondo sincera. Sentia minha pele queimar de vergonha. Lentamente ele abriu um sorriso triunfante.

— Foi à melhor noite da minha vida, nunca vou me esquecer. – ele disse, deixando-me orgulhosa de mim mesma.

Não tinha resposta para aquilo, terminamos de comer em silêncio.

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Era um lindo domingo de sol, Adam e seus irmãos iriam jogar futebol, e ele fazia questão de minha presença. Fiquei nervosa só de imaginar conhecer sua enorme família ainda mais porque conhecia o maior segredo que eles guardavam.

Coloquei um vestido florido bem leve e sandálias bem confortáveis. Penteei meu cabelo e usei maquiagem bem leve. Desci as escadas e ele estava na sala me esperando. Fiquei constrangida com o olhar malicioso que ele me deu.

— Vamos? – perguntei para quebrar aquele silêncio incomodo.

— Você está linda. – ele disse e levantou-se para me abraçar. Ele deu beijos leves em minha nuca.

— Obrigada! – retruco.

Dirigir com Adam me observando, era algo incrivelmente ruim. Queria admirar seu belo rosto, mas ao invés disso podia sentir seu olhar sob o meu.

Quando chegamos a sua casa, vimos uma quantidade absurda de carros estacionados, demorei bastante para encontrar um lugar bom para estacionar.

Entramos juntos na casa e dei de cara com a mãe dele nos esperando.

— Lembrou que tem mãe agora? – ela perguntou o repreendendo levemente.

— Sim, estou aqui não estou? – ele retrucou sarcástico dando um forte abraço nela. – Mãe você já conhece a Mia, nossa vizinha e agora minha namorada. – ele fez a devida apresentação oficial.

A boca de sua mãe se abriu em um arco de surpresa ou choque, não tinha certeza. Ela inesperadamente, se jogou em meus braços para um abraço forte. Adam pareceu tão surpreso quanto eu com a atitude dela.

— Que bom! Não sabe quanto eu esperei que esse garoto me apresentasse alguém! Vem comigo, vou te apresentar pra todos! – ela disse e saiu me puxando. Olhei para trás em busca de ajuda do meu namorado, mas ele apenas deu de ombros sorrindo.

Minha nova sogra me apresentou a absolutamente todas as pessoas ali, a avó de Adam foi outra que praticamente se jogou em meus braços de tanta felicidade por me conhecer.

— Eu sempre gostei de família grande, espero muitos netos em breve ouviu?! – ela disse. Se houvesse um jeito de me enterrar ali eu o faria.

— Para com isso vovó. – Lia disse mal humorada, me levando embora com ela.

— Você me salvou! – digo agradecida. Caminhamos em direção a mesa principal que estava lotada de comigo.

— Elas são loucas, ainda mais que você é nova no pedaço. – Lia disse.

Enchemos nossos pratos de petiscos e fomos nos sentar no que Lia chamava de “mesa das cunhadas”, todas as esposas de seus irmãos mais velhos estavam ali e me confortavam contando suas histórias da primeira vez que haviam ido ali.

Era uma sensação maravilhosa ver uma família enorme e cheia de amor. Queria muito ter tido irmãos e crescido em um ambiente gostoso assim. Mas de uma forma estranha estava grata por minha vida turbulenta me ter feito conhecer alguém tão especial quanto Adam.

O dia foi acabando, e aos poucos as pessoas começaram a ir embora. Sentados na sala os garotos ficaram jogando, nós subimos para o quarto de Lia, que era enorme alias.

— Vantagens de ser a única garota! – ela diz em tom de explicação dando-me uma piscadela.

Fiquei admirando suas fotos, ela havia feito muitas viagens em família, Londres, Brasil, Argentina, Caribe foram alguns dos lugares famosos que reconheci. Ela ligou a TV e começou a procurar algo no Netflix. Sentei-me ao seu lado na cama.

— O que aconteceu com vocês dois ontem? – ela perguntou de repente. Enrubesci.

— Como assim? – me fingi de desentendida.

Lia bateu em minha cabeça com um travesseiro.

— Não se finja de boba Mia! Comigo isso não cola viu. – ela me repreende e nos duas rimos.

— O que se acontece entre namorados. – respondo sem revelar detalhes.

— Credo, só de imaginar ele pelado, tenho vontade de vomitar. – ela diz, solto uma gargalhada alta.

Somente Lia para deixar uma situação constrangedora se tornar leve.

Fazer maratona de filmes de terror com ela era bem confortável, dávamos muitas gargalhadas. Depois do terceiro filme, ouvimos batidas leves na porta.

— Entra. – Lia diz. Adam abriu a porta e sem cerimônia deu a volta na cama e sentou-se ao meu lado.

— Hora de ir. – ele me diz com um sorriso cansado.

— Credo Adam, está expulsando ela ou o que? – Lia esbravejou.

— Não, mas eu quero minha namorada só pra mim agora. Quase não ficamos juntos hoje. – ele retrucou tranqüilo. Havia notado hoje que todos eles eram apaixonados pela irmã, Lia podia dizer qualquer coisa que nunca os tirava do sério.

— Ok, quem sou eu pra estragar a noite do casal. – ela diz maliciosa.

— Tchau. – despeço-me dando um forte abraço em minha amiga.

— Até mais irmãzinha. – Adam despede-se dela.

Caminhamos pelo corredor de mãos dadas.

— Posso ficar com você hoje? – ele pergunta.

— Claro. – respondi sorrindo.

— Tenho que pegar algumas coisas e tomar um banho. – ele disse e me levou para uma das últimas portas do corredor, seu quarto. – Fique á vontade, não vou demorar. – ele diz caminhando em direção ao banheiro.

Seu quarto é estilo viajante, cheio de lembranças compradas em outras cidades e imagens de paisagens incríveis. Queria muito fazer uma viagem com ele, seria incrível.

Bisbilhotei seu guarda roupa, seu cheiro maravilhoso estava impregnado ali. No canto, uma caixinha cor-de-rosa com um laço branco ao redor me chamou a atenção. Um presente, mas pra quem?

— Não posso deixar você sozinha um minuto, que já sai estragando surpresas. – ele diz atrás de mim, assusto-me e quase caio em cima de suas roupas, ele me segura. Encaramo-nos.

— Pra mim? – pergunto emocionada.

— Sim, iria te dar em breve, mas acho que vou ter que antecipar. – ele diz. –Abra. – ordena delicadamente.

Retirei laço com delicadeza e abri, era uma pulseira, com um pingente em formato de lobo, era lindo.

— Eu que fiz. – Adam diz orgulhoso.

— Sério? – perguntei surpresa, era incrível, eu nunca conseguiria fazer algo do tipo.

— Posso? – ele pergunta pegando-a de minhas mãos. Estendo meu braço para ele.

Com habilidade, ele a coloca em mim. Fico olhando para o lobo que de agora em diante irá sempre me acompanhar.

— Gostou? – ele pergunta.

— Amei. – respondo, abro um sorriso gigante para ele.

Um presente vindo dele era extremamente especial para mim.

— Vamos, temos que nos despedir dos meus pais antes de ir. – ele diz pegando sua mochila em cima da cama.

— Algo me diz que vai ser mais demorado do que imaginamos. – digo pensando em como toda a família dele adorava conversar.

— Está com pressa de ficar sozinha comigo? – ele pergunta malicioso me abraçando.

— Muita. – respondo roubando-lhe um beijo. Ele me olha lascivo.

— Vamos. – ele sai me puxando pela mão.

Algo me dizia que a vontade que eu tinha de ficar a sós com ele era recíproca, e que seria assim por muito tempo, nunca nos saciaríamos um do outro. Eu iria adorar viver assim para sempre.