A Fronteira - Capítulo 02

CENA 01

ERAM 9 horas da manhã, Victor estava na praça, sentado num banco debaixo de uma árvore, ele olhou as notificações e viu que recebeu mensagem dos seus pais na noite anterior. Carla, amiga de Victor aparecia.

Carla: "Ligação dos seus pais?"

Victor: "Será que chegou a hora de eu abrir o jogo pra eles? Contar toda a verdade"

Carla: "Você precisa contar, tirar esse peso das costas, eles algum momento vão entender"

Victor: "Meus pais são mega conservadores, eles nunca vão aceitar ter um filho viad... eu orei tanto a Deus, pedir pra tirar esse desejo de mim, eu sofri tanto, Carla, cheguei a passar mal. Mas não adianta, esse sou eu, não posso mudar quem sou"

Carla: "Eles são seus pais, o dever deles como cidadãos é te respeitar e apoiar acima de tudo. Pelo menos você tem pai e mãe, e sabe que você é minha família, Victor, eu perdi meus pais quando eu ainda era criança, e se você sofrer, eu também vou, eu sempre vou está do seu lado pro que der e vier."

Carla chorava naquele momento, Victor a abraçava, consolava ela.

CENA 02

Charlene ia visitar sua Tia Dalva, ela dava um beijo na testa dela, e chegava toda feliz, com cara de quem iria mimar ela.

Charlene: "Toma tia, comprei esse vestido pra você"

Dalva: "Charlene querida, eu agradeço muito, que vestido lindo. Já tá empregada? Fico feliz!"

Charlene: "Tô sim tia, tô trabalhando como garçonete num café, lá eles pagam muito bem."

Dalva: "Que bom querida, a sua mãe ficaria muito orgulhosa vendo a filha nessa idade já independente. Mas senta aí, que eu acabei de preparar um bolo de fubá que está de comer rezando"

CENA 03
Branca ia em direção até a sala de Raul, chegava toda carinhosa com ele.

Raul: "Branca, obrigado pelo café. Mas agora preciso terminar de anotar mais algumas coisas aqui."

Branca ficava triste: "Até no sábado, final de semana você anda trabalhando quando está em casa. Já percebeu que você nunca mais teve um momento especial pra mim?"

Branca ia em direção a porta sair, Raul chamava por ela.

"Só vou resolver isso aqui rápido, que hoje vamos sair pra almoçar aonde você quiser. Agora, cadê meu beijo?"

Branca fica animada e beija Raul.

CENA 04

Victor voltava pra casa, subia as escadas e ia até seu quarto, e se jogava na cama. Ele ficava pensativo. Lembrava dos primeiros sinais em relação a sua sexualidade na infância.

Túnel do Tempo
2005

Victor estava observando o Zelador trabalhar no jardim de uma fazenda dos seus pais, que haviam saido nesse dia.
O Zelador ia em direção dentro de uma cabana, ele abaixava suas calças, pra colocar outras, Victor olhava escondido de um canto o Zelador se trocar de roupa.

Fim do Túnel do Tempo.

Victor pegava seu celular e colocava uma música, Ribs da Lorde. Escutava enquanto ficava deitado com seus pensamentos.

CENA 05

Fábio ia até o mercado de Marcelo, é onde ele geralmente comprava qualquer produto, ele e Marcelo eram muito amigos.
Fábio pegava um Iorgute, algumas bolachas e ia em direção ao caixa.

Marcelo: "E ai Fábio Varão, Deus é contigo amigo"

Fábio: "Tomara amigo, que ele me dê sabedoria daqui pra frente, vim comprar um lanche e já tô indo pro escritório"

Marcelo: "Vou ficar aqui orando por você amigo, Deus nunca falha, ele é contigo"

Fábio pegava o lanche e saia. Marcelo via na TV do seu mercado uma propaganda lgbt.

Marcelo indignado: "Nada está perdido, Deus pode libertar a vida dessas pessoas, basta elas quererem".

CENA 06

Dalva recebia Estela na sua casa, conversava sobre o relacionamento com o marido dela.

Estela: "Eu e o Bruno não estamos passando por uma fase boa no nosso relacionamento, ele chega em casa e vai direto pro computador, ou as vezes ele sai pra ir pro bar com os amigos dele. O que eu faço minha amiga?"

Dalva: "Amiga, hoje em dia todos os casamentos estão assim, não é surpresa pra ninguém, por isso inventaram essa moda de abrir relacionamento, que pra mim é pura safadeza. Só um pretexto pra poder trair a mulher ou o homem"

Estela: "Amiga, nem na cama o Bruno anda me satisfazendo. O que eu faço pra apimentar as coisas? Sigo o exemplo da Francisca, e começo a fazer o fio terra?

Dalva: "Deixa eu te falar, se você for fazer esse negócio, vai perder seu marido de vez, e vai ter que se contentar com um vibrador. A melhor coisa é você dar um chá pra ele, eu conheço um chá fantástico que vai te ajudar e que resolve essas coisas na cama. Perai"

Dalva dava os ingredientes do chá pra Estela, que agradecia, e ia embora.

Dalva via Douglas escutando música do lado da casa dela.

"Olhar o caminhar do elemento" de Matuê. Douglas escutava a música e dançava.

Dalva indignada: "Você chama isso de música meu jovem?

Douglas: "O Tia da Charlene, deixa eu curtir meu som nessa parada aqui"

Dalva indignada: "Não se fazem mais músicas como antigamente."

CENA 07
Eram sete da noite, Victor chegava no bar, estava organizando as mesas e cadeiras, as pessoas começavam a entrar, iria ter show de apresentação ali essa noite.

Renato (Chefe de Cozinha) - Victor, conseguimos contratar uma moça, ela vem cantar aqui essa noite.

Victor: "Estou mega empolgado pra ver"

As pessoas iam entrando, Victor começava a atender elas, e trazer os pedidos de cada um. Charlene chegava no local, se preparava pra entrar no palco do bar. Antes ela ia no banheiro retocar a maquiagem, passava um gloss e ia em direção ao palco.

Charlene (Animada) - É uma honra ter recebido esse convite pra cantar aqui essa noite. Eu vou cantar a música, Era uma Vez, essa canção é muito especial e dedico ela a meus pais.

"Era uma vez
Um lugarzinho no meio do nada
Com sabor de chocolate
E cheiro de terra molhada
Era uma vez
A riqueza contra a simplicidade
Uma mostrando pra outra
Quem dava mais felicidade

Pra gente ser feliz
Tem que cultivar as nossas amizades
Os amigos de verdade
Pra gente ser feliz
Tem que mergulhar na própria fantasia
Na nossa liberdade"

Fábio chegava no bar, ele gostava de frequentar toda noite após voltar do escritório. Ele via Charlene cantando no palco, dava um sorriso.

"Uma história de amor
De aventura e de magia
Só tem a ver
Quem já foi criança um dia
Uma história de amor
De aventura e de magia
Só tem a ver
Quem já foi criança um dia"

Charlene após finalizar, ficava emocionada e feliz naquele momento, Fábio a via de longe e ficava super encantado.

Charlene: "Fábio, que bom que você tá aqui"

Fábio: "Eu costumo vim aqui todas as noites. Sua apresentação foi um arraso, amiga. Eu não sabia que você cantava"

Victor entrava na conversa, e chamava a atenção dos dois.

Victor: "Vocês não querem sentar, e pedir alguma coisa?"

Fábio: "Pode trazer pra gente aquele sanduba que o Renato sabe fazer muito bem"

Victor anotava o pedido e levava até Renato. Fábio e Charlene conversavam.

Charlene: "Minha mãe sempre cantava pra mim, costumava cantar essa música todas as noites antes de eu dormir"

Fábio: "Você não pensa em investir na carreira como cantora?"

Charlene: "Eu faço isso como diversão, sempre vou nos bares, eventos e canto. É um momento que eu gosto pra mim e solto a Charlene que existe dentro de mim."

Fábio: "Você foi sensacional"

CENA 08

Marcelo fechava seu mercado, guardava a chave no bolso. Durante o caminho ele via dois rapazes se beijando no beco. Ele ia em direção a eles.

Marcelo: "Deus criou Adão e Eva, não dois Adão. Se libertem enquanto é tempo"

Um dos rapazes indignado, respondeu: "Amar não é pecado, o nosso amor é muito mais forte"

Marcelo indignado: "Esse tipo de amor só leva vocês a perdição e contamina a alma de vocês. Se libertem enquanto estão vivos"

CENA 09

Mais tarde, Victor terminava de organizar tudo pra fechar o bar, ele tirava o avental, e o boné, guardava tudo no armário e saia.

Ele ia em direção a um ponto tentar conseguir pegar um táxi, mas não conseguia. Fábio que havia deixado Charlene até em casa, estava passando em direção a rua que ele estava.

Fábio: "Você quer uma carona? Entra ai"

Victor aceitava: "Obrigado! Eu tava aqui há um tempo tentando conseguir pegar um uber, táxi e você aparece"

Fábio: "Vai, entra aí, eu te levo até em casa."

Fábio chegava em frente ao condomínio onde Victor estava hospedado, morando.

Victor: "Obrigado pela carona. Toma esse dinheiro"

Fábio: "Não precisa, eu gosto de ajudar as pessoas. E você foi muito gentil comigo essa noite no bar"

Fábio tirava os cintos pra dar um abraço em Victor, que sentia alguma coisa, Victor andava em direção a porta do condomínio, olhava pra trás e Fábio lhe desejava boa noite.

CENA 10

Victor entrava, subia as escadas e ia em direção até seu quarto. Ele pegava seu celular e colocava uma música, e se jogava na cama, ele tirava a camisa, estava fazendo um clima quente naquela noite.

"Às vezes no silêncio da noite
Eu fico imaginando nós dois
Eu fico ali sonhando acordado
Juntando o antes, o agora e o depois" Sozinho de Caetano Veloso.

CENA 11

Amanhecia, eram 9 horas da manhã, Judith abria as cortinas do quarto e aquela iluminação toda deixava Fábio exausto.

Judith (surpresa): Homem, saiu pra beber ontem a noite?

Fábio (exausto): Avisa ao meu pai que vou ir pro escritório só mais tarde. Quero tirar um tempo do dia pra descansar, esses dias foram puxados.

Judith: "Vou avisar o seu Raul."

Judith já ia saindo, e Fábio a chamou, levantou a mão pra cima, enquanto estava exausto com a cara no travesseiro.

Fábio: "Prepara aqueles ovos mexidos pra mim, e trás aqui no quarto. E umas panquecas também".

CENA 12

Victor tomava banho, escutava o celular tocando, saia do chuveiro e atendia.

Victor: "Alô, pode falar!"

Helena: "Victor, filho, sou eu Helena, sua mãe"

Victor: "Mãe, bom dia, como vão as coisas? Perdão por não ter ligado esses dias, andei ocupado"

Helena: "Ocupado pegando as gatinhas? Eu entendo filho, uma cidade como essa que você tá, ao seu redor você encontra tanta carioca bonita"

Victor: "Isso, mãe, mulher é o que não falta aqui. E o papai?"
Helena: "Seu pai tá na igreja se confessando com o padre, depois disse que ia pro trabalho."

Victor: "Manda um beijo pra ele, disse que eu tô morrendo de saudade dele, de vocês"

Helena: "Eu também filho, sinto saudade da sua presença aqui."

CENA 13

Júlio batia na porta da casa de Douglas. Douglas ia em direção a porta e abria.

Júlio: "Eu vi a placa aqui de fora, você corta cabelo?"

Douglas: "Sou especialista, entra aí meu chapa"

Douglas colocava a toalha em Júlio, penteava o cabelo dele, e ligava a máquina de cortar cabelo, aparava a lateral da cabeça.

Douglas: "Tá ficando firmeza, quem é a sortuda, ou sortudo?"

Júlio: "Me encontro solteiro nesse momento, mas mulher é o que não falta no bar onde eu trabalho"

Após um tempo, Douglas finalizava com a navalha o corte de Júlio.

Júlio: "O dinheiro tá aqui!"

Douglas: "Pô, mas aqui tem só a metade, cadê o resto da grana?"

Júlio: "Não sabia que tinha dado mais, vou bem ali buscar o resto".

Douglas trancava a porta com a chave, pegava a mão de Júlio e colocava na sua calça.

Douglas: "Eu Cortei na frente, agora quero picar atrás. Foge não, meu chapa"

Douglas encurralava Júlio contra a parede, dava um soco nas costas dele, e começava a meter muito forte dentro dele. Júlio gemia muito, e acabava caindo no chão.

Douglas: "Melhor você vazar agora daqui, e é melhor não contar nada pra ninguém. Porque se não, eu mando acabarem contigo"

Júlio enxugava suas lágrimas e saia dali.

CENA 14

Fábio colocou uma camiseta branca sem mangas, uma bermuda preta, e um tênis que ele adorava, e resolveu ir fazer uma caminhada naquele dia.

Ele saiu de casa e começava a correr pela rua, até chegar na praça, e encontrou Victor saindo de um mercado. Ele assobiava e acenava de longe.

CENA 15

Branca tomava café da manhã com sua amiga Nicole. Quando Judith aparecia toda arrumada, maquiada e bem produzida com cara de quem ia encontrar alguém.

Judith: "Dona Branca, será que posso dar uma saída?"

Branca: "Judith como você tá linda! Claro que pode, aliás, pode tirar o dia de hoje pra se divertir"

Judith agradecia, dava um jeito na testa de Branca e saia.

Nicole: "É isso que eu ouvir mesmo? Você deixando sua empregada sair essa hora?"

Branca: "Qual o problema? Deixa ela se divertir, sair, deve ter conhecido alguém."

Nicole: "Essas empregadas hoje em dia... vou te falar, depois daquela novela das empreguetes, não sabem mais o seu devido lugar".

CENA 16

Victor ficava encantado ao ver Fábio, o físico dele o deixava excitado, mas Victor tentava disfarçar.

Fábio: "Quer beber alguma coisa? É por minha conta!"

Victor: "Obrigado, eu tô precisando mesmo de novas amizades."

CONTINUA...