A Força dos Otakus

Preparação para a Reunião dos 3 líderes otakus.


Estado Geral do Norte

Uma garota franzina e baixinha corria entre as tendas montadas numa região afastada da cidade. Na verdade, a última coisa que eles podiam fazer agora era se aproximar da próxima cidade com tantos feridos. A espada ao batendo em sua perna, mas ela não tinha energia suficiente nem pra um shumpo simples. Finalmente chegua na maior tenda espalhada no meio das outras, pede licença em voz alta, mas ninguém me responde, então simplesmente entra.

Lá dentro havia outra garota, mais forte, mais avantajada, com uma faixa branca no braço esquerdo, sentada no chão bebendo alguma coisa e olhando uns papéis.

- Com licença, Layla-sama. - Perguntou a garota franzina.

Layla levantou o olhar devagar, e revirou os olhos ao ver a garota na entrada de sua tenda.

- Ora, vamos Nora, já mandei parar de me chamar assim, venha entre logo. - Ela falou com um pingo de irritação na voz.

- Perdão, Layla-san.

- Diga, diga, novidades?

- Mais ou menos... - Nora tirou um jornal de uma bolsa e jogou aos pés de Layla, esta o pegou e deu uma rápida olhada na página. - Eles caíram direitinho.

- Conseguiram mandar uma mensagem pro pessoal do Oeste?

- Sim, mandamos, não sabemos se chegou ou não. Mas não tinha nada de grande relevância, não. - Apressou-se a dizer Nora, depois de ver o olhar de Layla.

- Ótimo, a divisão de administração me mandou um relatório. - Falou ela, levantando os papéis que estavam na sua mão. - Eles terminaram a limpeza de memória dos habitantes da última cidade. E nós temos que definir algumas coisas para viagem, o Frank realmente concordou em ficar aqui para cuidar das coisas?

- Claro! - Falou a voz de um garoto, a voz vinha de um canto cheio de entulhos no fim da tenda, apesar do som não havia ninguém no lugar.

- Hm? Frank, você tá aí? - Perguntou Nora, cuja mão escorreu pra o guarda-mão da sua zampakutou.

Mesmo antes que ela pudesse sacar uma mão firme e quente segurou a sua retendo o movimentou e alguém deu um beijo estalado no pescoço da garota.

- Calma Nora-chan, sou apenas eu. - Falou Frank cujo corpo aparecia aos poucos atrás de Nora.

Ele se distanciou dela, e ela, num movimento muito rápido, sacou a espada e desferiu um golpe horizontal no lugar onde antes estava Frank.

- Volta aqui, seu desgraçado, mandei você parar de fazer isso, não foi? E tava espionando a Layla-sama, seu pervertido, apareça. - Gritou Nora.

Sua cabeça, do nada, foi pra frente num movimento forçado, ela atacou num golpe na diagonal o espaço atrás dela. Frank apareceu sentado em cima da cama de Layla.

- Hey, você tá meio lenti- Começou a falar Frank, interrompido por Layla:

- Os dois quietos agora! - O rosto dela parecia calma, mas a voz expressava irritação e raiva.

Nora reteve a espada no ar e embainhou num movimento tão rápido quanto o fez para retirá-la. O sorriso gaiato do rosto de Frank murchou e sumiu.

- Frank, leia esses relatórios e pegue os mais antigos na minha bolsa debaixo da cama, não mecha em absolutamente mais nada dentro dela. - Ele a obedeceu sem exitar. - Você começa amanhã, vá conferir se a divisão médica precisa de alguma coisa e conferir o suprimento de alimentos e dinheiro. Eu preciso conversar com Nora.

- Sim, Layla-sama. - Ele falou. - Mas... - Começou receoso. - Eu não deveria ficar e ouvir a conversa também?

- Não, não precisa. - Ela respondeu.

- Mas é que eu... - Ele achou que tinha ido longe demais por isso se deteve, mas Layla não gritou com ele, simplesmente fechou os olhos e murmurou:

- Modo Hentai. - Um fogo rosa queimou todo o seu corpo e Nora não pode deixar que um gritinho escapasse, mesmo já tendo visto aquele fenômeno algumas vezes.

Quando as chamas se dissiparam, os cabelos loiros de Layla tinham ficado dar cor da chama, havia um tom vermelho vivo nos seus lábios como se ela tivesse passado batom, estava usando apenas uma espécie de sutiã em forma de chamas que deixava bem nítido as características da garota, suas coxas também estavam à amostra e sensualmente dobradas (a sensualidade acabava desviando a atenção dos dois chifrinhos que haviam aparecido na ponta de sua cabeça e os dentes levemente mais afiados).

- Ah, mas Frank-kun, o que nós vamos conversar é segredo de garota. - Falou ela pondo o dedo indicador nos lábios.

O rosto de Frank se tornou vermelho como um tomate e ele tentou falar alguma coisa, mas como nada saia ele simplesmente, acenou com a cabeça e saiu fingindo que estava lendo os papéis.

- Por que você fez isso, Layla-sama? Não era necessário. - Perguntou Nora também estava com o rosto um pouco vermelho.

- Besteira, é bom não sair de forma. - Um fogo branco queimou seu corpo e ela voltou a sua forma original. - Mas, enfim, o que queria discutir com você é a viagem. Provavelmente, o líder do Oeste não vai faltar, mas tem aquele possível grupo do Leste, que é o que me preocupa, se eles forem realmente sobreviventes, eles irão, mas tenho medo que eles tenham se aliado ao exército. O que você acha?

- Eu não sei, eu acho difícil que alguém do governo conseguisse escrever, aquilo e mesmo que eles fossem. Eles não estariam pedindo ajuda assim se fossem muitos, nós nos mostramos capazes de aniquilar boa parte do exército sem suar, só estamos tendo tantas baixas por causa "deles", mas mesmo assim, a senhora conseguiu matar dois deles e eu inutilizar um.

- Bom, nós temos que ir até porque fomos nós que convocamos a reunião, mas teremos que ter cuidado, portanto, tome as providências necessárias para o caso de ocorrer imprevistos, e se quiser contate o pessoal do Oeste, confio neles.

- Certo. - Falou Nora, se levantando e saindo da tenda para ir atrás de sua missão.

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Estado Geral do Oeste

- Taylor, Taylor, Taylor... - Uma multidão de pessoas esquisitas, com espadas, facas, roupas e vários objetos diferentes gritava numa espécie de refeitório. A construção em si lembrava uma grande cabana de madeira, dentro havia várias grandes mesas, com um monte de gente sentada e um palco.

Os gritos pararam quando um garoto alto, forte, de pele morena e cabelo liso e bem preto entrou correndo no palco. Apesar de não haver microfone, ou qualquer amplificador pro violão que ele portava, sua voz retumbou por todo o salão.

- E aí, pessoal? Mais uma noite de vitória, então vamos comemorar. Jason, manda ver. - Falou Taylor.

O garoto negro e forte em pé perto das mesas bateu palmas, resmungou alguma coisa e comida apareceu nas mesas.

Taylor começou a cantar uma melodia alta e que parecia ser ótima para todos. A música parecia se adaptar aos ouvidos de cada um. Depois da segunda música, Taylor parou e resolveu descer do palco. Todos comiam, bebiam e se divertiam conversando alto, mas este foi detido por um outro garoto bem branco dos olhos azuis e com duas espadas bem diferentes presas às costas fazendo um X.

- Ah, - Taylor subiu no palco novamente e falou:

- O chato do McRoy-san pediu pra eu lembrar a vocês que nós recebemos uma ligação do grupo do Norte e que temos uma reunião com eles no Estado Central daqui a uma semana, e que talvez, mais um grupo de junte a nossa causa. - O pessoal urrou de alegria. - Só isso, né? Posso ir? - Perguntou Taylor virando o rosto pro McRoy. Este fez um sinal com as mãos e Taylor completou. - Ah, e quem vai nos substituir na liderança é o senhor Jason.

Alguns vaiaram, outros gritaram. Taylor simplesmente desceu do palco, pegou um rádio simples daqueles portáteis e começou a ouvir de olhos fechados a música que saia, mas incrivelmente parecia que ele estava mastigando.

Depois de um tempo, McRoy chegou com uma bandeja e se sentou a frente do Taylor:

- Hey, você precisa comer comida de verdade também, sabia? – Perguntou McRoy, pondo a bandeja na frente de Taylor.

- Quê? Ah, tá, eu vou comer. Só que é bem legal assim, sabe? – Taylor respondeu enquanto colocava o rádio desligado na mesa.

- E aí, tá preparado para ir pro Estado Central? Soube que você era de lá antes de vir para cá. – Puxou assunto o McRoy.

- Unhum. Era sim, num tenho problema com aquele lugar não, só nunca gostei muito. Muita pressão sobre a população, sabe? “Você num pode ir aí!”, “Que é que você tá fazendo nesse beco”, “Você não pode namorar tantas meninas ao mesmo tempo”... Muitas regras idiotas, entende?

McRoy murmurou em concordância, era um cara bem fino, sempre respeitava as regras e as admirava. Nas poucas semanas que conviveram Taylor só o vira sujar as mãos quando ia lutar, por isso tinha chegado ao “posto” de “vice-líder”.

- Bom, o grupo do Norte, mandou a gente ter cuidado com o pessoal que vai vir do Leste, isso se eles vierem, claro. E para estar preparado para qualquer coisa. – Disse McRoy.

- Hm, ok! Elas não confiam no outro grupo não é? Achei aquela tal de Layla bem segura, em todos os sentidos. Uma ótima garota, não? – Ele deu uma cutucada no outro garoto.

- Você bem que podia falar das garotas sem esse jeito tosco, né?

- Que jeito? É meu jeito de ser, e elas sempre gostaram disso.

- Ah, olha, tanto faz, só come tua comida e faz tudo direitinho, partiremos um ou dois dias antes da reunião, então, se tiver algo a fazer, faça nos próximos três dias.

- Tá, tá... – Falou com voz entediada Taylor, antes de McRoy sair.

Estado Geral do Leste

Mais uma vez o conselho estava reunido, havia menos gente que de costume porque com a divisão de tarefas, apenas os representantes de cada grupo tinham aparecido, era mais fácil assim, entende?

Sinceramente, eu TIVE que fazer aquilo, mesmo com a Yue-chan no posto logo abaixo do meu era um absurdo que eu fosse o “líder”, do grupo. Eu num tinha feito nada, principalmente considerando tudo que a Yue-dono fez.

O problema é que muita gente (inclusive a idiota da Yue) queriam que eu fosse o líder, tenho a ligeira impressão crescente que eles tinham comido um dos cogumelos da Rai, que por sinal também estava na reunião e votava em mim para o líder, estranhamente ela até parecia lúcida.

- Meu Deus, vocês estão loucos. Tá, me dêem 5 motivos para eu ser o líder e eu aceito o posto quieto. Cinco motivos plausíveis, ok? – Falei já depois de uns vários minutos.

- Você tem o maior poder aqui, e tem potencial para desenvolver mais. – Argumentou Tetsuo.

- Não sou mesmo, tenho certeza que eu perderia para vocês, se vocês decidissem lutar contra mim, e a Yue tem muito mais poder que eu, ela fez as medidas de segurança mágicas, multiplicou nossa força, e tornou possível nosso contato com os otakus do Norte. – Respondi

- Aí você tocou em outro ponto, foi você que deu a maioria das ideias do que fazer e nos incitou a lutar, praticamente, todos nós estamos aqui por sua causa. Sem falar que além de eu não levar jeito pro combate físico, tenho minhas dúvidas se todos aqui poderiam vencer você se lutasse sério. – Reclamou Yue.

- Nem todas as ideias são minhas, e o fato de ter sido eu a trazer vocês pra cá, só me faz responsável pro suas vidas e um irresponsável na cabeça.

- Outro ponto então, você tem uma dívida eterna com todos nós, é responsável por nossas vidas e vai ser muito mais fácil, você cumprir sua promessa se for nosso líder, e se não gostar desse nome, pode considerar apenas representante. – Falou Hiro. – Sem falar, Naoki, que todos vimos que você tem senso de liderança, senso de companheirismo e não vai nos deixar na mão.

- Vocês realmente têm que mudar de ideia, eu não... – Comecei.

- Ah, francamente Naoki. Demos 5 motivos, você teve a maioria dos votos, todos aqui confiamos em você e se não bastar você salvou minha vida, então vou acompanhar você até o fim da minha ou da sua vida, e vou lhe ajudar. – Era a primeira vez que Akimi se dirigia a mim desde o nosso treino, eu fiquei um tanto vermelho pelo modo como ela colocou as palavras, e levou mais ou menos dois segundos pro resto do conselho também ligar os pontos e risos, gritos e ‘hmmms’ aparecerem.

Ainda com ar de riso Tetsuo foi com a Akimi:

- Eu também lhe acompanharei até o fim da minha ou da sua vida, parceiro. Eu e o Gurin.

Aí a coisa virou uma bola de neve, Yue, Hiro, os gêmeos, Luis, Rai e até um pessoal que eu não conhecia jurou lealdade a mim (dá pra acreditar?).

Enfim, eu acabei cedendo. Então, codificamos e enviamos mais uma carta para os Otakus do Norte, dizendo que havíamos entendido a mensagem e que iríamos à “festa do Chá”. Eu e Yue acertamos alguns pontos da viagem, por exemplo, como iríamos (de carro), quem dirigiria (eu), como faríamos para driblar curiosos, policiais e militares (mágica da Yue, claro), e o que coloríamos em pauta no encontro, também decidimos não confiar de primeira nos grupos que estivessem lá, e tomássemos “certas” precauções.

Foi, provavelmente, o conselho mais longo que tivemos até então, com a nossa ausência decidimos duplicar as medidas de segurança, aumentar a área de plantio, considerando que íamos manter o QG como refúgio, também decidimos manter as missões que já estavam em curso, mas não criar mais nenhuma, visto que nossa força estava sendo bem reduzida.

Depois que o conselho acabou fui treinar com Sanjyugurin e sozinho. Eu estava bem mais forte que antes de ganhar a zampakutou porque tudo que fazia era absorvido beneficamente pelo meu corpo, não tinha o corpo totalmente sarado como o do Hiro, porque ele treinava havia anos, mas ele estava até que bem tonificado, ri sozinho ao pensar nisso. Minha relação com Akimi se limitava à troca de olhares. E passei a me concentrar quase inteiramente no treinamento nos últimos dias antes de partimos. E no fim, havia conseguido mais duas zampakutous além das que já tinha e melhorado muito a minha esgrima. Talvez pudesse me comparar ao que esperava ser um líder de um dos outros grupos.

Acordei num dia com céu azul apesar das nuvens espalhadas pela enorme extensão do quase infinito. Arrumei minhas coisas na minha bolsa, me arrumei rapidamente e saí da minha área, percebi que muita gente ainda estava dormindo e rumei para o espaço fechado onde a Yue dormia, era bem pequeno, mas considerando que ela dormia sozinha tava melhor do que o resto do povo.

Ainda estava sonolento, entende? Por isso abri a porta sem bater, por muita sorte a porta não fazia barulho, porque o que eu vi fez-me acordar na hora. Yue e Hiro estavam dormindo juntos, abraçados de conchinha. Fiquei boquiaberto, então fechei a porta devagar e me encostei-me à parede do lado da porta.

Senti meu rosto ficar um pouco quente e pensei: “Ah! Eu sabia, aqueles dois nunca me esconderam nada, o que significa que naquele dia o Hiro realmente estava indo pro banheiro fazer... AAAh! Nossa! Será que...? Não, eles não fariam... Ou fariam? Caramba!”.

Bom, como bom grande amigo otaku dos dois sempre dei a maior força, eles formam até um casal bonitinho, mas eu nunca pensei que realmente ia acontecer... Olhei para o relógio tinha que me apressar a acordar ela, como faria isso sem chamar atenção?

Então voltei e andei fazendo o máximo de barulho que pude, cheguei a porta dela e continuei fingindo que estava andando, consegui ouvir uns sussurros e um barulho de gente se escondendo. Então bati na porta e esperei.

Yue abriu com cara de sono, me perguntei se meu rosto ainda estava vermelho.

- Já está na hora? – Ela indagou com voz meio embriagada.

- Tá sim. – Dei uma espiada discreta para dentro do quarto, inegável que ali dormiram duas pessoas.

- Ok, me arrumo em alguns minutos, você espera lá em baixo? – Anuí com a cabeça – Se der vai providenciando o café-da-manhã lá com a Rai-chan...

- Ah, beleza. – Me perguntei se era mais uma tentativa de me manter afastado.

Caminhei para longe do quarto pensando no que vira, realmente ainda podemos nos surpreender e o amor ainda se revela nos momentos mais estranhos e inoportunos. Passou rapidamente pela minha cabeça um vislumbre de Akimi e eu, mas afastei o pensamento rapidamente, pensando em o que ia fazer agora.

Assim que saí do prédio principal do QG fui inundado de uma luz viva e quente que vinha do sol, e senti a brisa fria acariciar a minha pele, adorava aquela sensação. Seria bom partir por aí, as aventuras são sempre pratos volumosos que só aparecem nas horas de maior fome, quando se torna inevitável não aceitá-lo e se esbaldar no mais delicioso jantar, o único problema é quando esse banquete está recheado de veneno.