Percebi que Carlos Daniel estava um tanto nervoso e demos uma pausa, peguei um copo de água para ele e o entreguei. Ele estava muito apreensivo, parecia preocupado, sei que o tomei por surpresa com essa pergunta repentina mas eu não podia mais esperar para saber sobre ele e Paola, talvez tenha sido demais a pressão que ele estava sofrendo naquele momento mas seria melhor para mim, para nós, seria algo que pudesse ser definitivo nas nossas vidas e eu precisava desta conversa. Logo que senti que ele estava mais calmo, ele continuou após respirar fundo e sentar-se no braço do sofá. Ele parecia um tanto envergonhado mas orgulhoso, e eu também já podia sentir orgulho dele, não imaginei que foi dessa maneira, tudo era totalmente diferente do que um dia eu havia cogitado e para ser sincera, eu me sentia bem aliviada. Ele estava cabisbaixo mas me olhou determinado e continuou.

...Depois daquele dia, ergui a minha cabeça e eu e Paola conversamos, assumi a minha responsabilidade e lhe disse que não se preocupasse porque eu daria o meu nome à criança e que eu não deixaria que lhe faltasse nada, também seria um pai presente e amaria e educaria o meu filho da maneira que deveria. Passei vários dias tentando absorver tudo aquilo. Logo no inicio, mesmo tendo dito à ela que não se preocupasse quanto à mim e à criança, eu não queria entender que isso aconteceu, não me via como um pai e muito menos assim desse jeito. Sempre pensei que quando tivesse um filho fosse com uma mulher que eu amasse e a que eu escolheria para ser a minha esposa...

Ao ouvir essa ultima frase eu gelei, meu coração acelerou e eu o olhei seriamente, ele realmente é um típico homem família e enquanto dizia, Carlos Daniel me olhava profundamente, seus olhos estavam muito amargurados. Via que ele se lamentava até hoje, mas não pela Lizete e sim pelo que viveu ao longo destes anos.

... Logo me acostumei com a idéia de ser pai, mesmo não tendo muito contato com Paola, eu sempre procurava saber sobre como ela estava e se ela estava se cuidando, me preocupava com o ser que ela carregava em seu ventre. Já podia amá-lo, não sei como mas eu já me sentia ansioso para tê-lo em meus braços, mimá-lo. Aos poucos já conseguia me ver como um pai.

Os dias pareciam passar rápido e eu tentava evitar ao máximo um contato direto com a Paola, não conseguia vê-la com bons olhos, na verdade nunca consegui, e nem o fato de ela esperar um filho meu fazia com que eu reagisse diferente.
Esperei que ela me ligasse pra me avisar sobre o pré-natal mas esperei em vão porque ela nem se importou em fazer isso, parecia que não se importava com nada, por um momento todos achamos que a gravidez traria ao menos um pouco de responsabilidade à sua vida mas todos estávamos enganados. Como não obtive resultados e não podia esperar por alguma atitude dela, liguei pra ela para saber se ela havia marcado com o médico mas quase não podia escutar o que ela me dizia por causa do barulho que havia no local. Ela me disse que esqueceu e que depois faria isso, que eu “relaxasse” porque estava me preocupando demais e estava tudo bem. Não gostava nada do que estava ouvindo e eu sabia que era mentira porque a conhecia e também sabia que ela não tava cuidando da saúde e gravidez como deveria, soube que ela estava numa festa àquela noite porque liguei para Paula para saber como estavam as coisas. Paula também vivia preocupada com Paola porque ela continuava bebendo, fumando, freqüentando as festas que costumava ir e chegava tarde em casa, quando chegava... Tudo aquilo me entristecia profundamente, mas não por me importar com ela e sim pelo meu filho, ela não podia brincar desse jeito e eu tive que tomar as minhas próprias atitudes, mesmo contra as suas vontades. No dia seguinte, pedi que minha secretaria agendasse uma consulta com o Obstetra para fazer o pré-natal de Paola naquela mesma semana e assim ela o fez. Paola não gostou nada da idéia de eu ter tomado a atitude sozinho sem comunicá-la mas não tinha outra opção, caso contrario, ela não o faria.

O dia da consulta chegou e fui buscá-la em casa para irmos ao consultório. Se dependesse de mim eu não a veria mais, mas eu queria estar presente em pelo menos alguns momentos de sua gestação e mostrar-lhe apoio, não estava sendo fácil para mim mas pensei nela também, para ela deve ter sido muito difícil, ela sempre foi muito vaidosa e temia perder a sua beleza por causa da gravidez. Eu não conhecia nada dessas coisas e ao chegarmos ao consultório, o medico nos explicou que com o pré-natal era possível acompanhar o desenvolvimento do feto e, se houvesse algum problema, seria possível detectá-lo precocemente, aumentando as chances de deter o problema. Eu o ouvia tudo atentamente e achei muito interessante as coisas que ele me dizia, mas quando olhava para Paola a via distante, desinteressada, parecia estar com a cabeça longe e as vezes eu a chamava a atenção e ela fingia ter entendido tudo. Aquelas reações dela me deixaram muito furioso porque ela era a que devia estar mais interessada em tudo e parecia não ligar a mínima. No decorrer do exame, pude ver o pequeno embrião que já se formava em seu ventre, não sei descrever a sensação porque para mim foi inexplicável, eu já amava aquele pequeno ser com todo o meu coração e me emocionei enquanto olhava tudo com atenção no monitor com o medico explicando tudo, mas não quis demonstrar a minha sensibilidade a ninguém, muito menos à Paola. Ela por um momento, pareceu interessada mas logo demonstrava desanimo e ficava mais calada. Depois da consulta tivemos uma discussão, mais uma, e ela não se importava com nada mesmo, me disse com todas as palavras cuspindo na minha cara “-NÃO ENGRAVIDEI PORQUE QUIS, NÃO POSSO SAIR POR AÍ FINGINDO QUE ESTÁ TUDO LINDO PORQUE NÃO ESTÁ! A MINHA VIDA ESTÁ SEGUINDO COMPLETAMENTE DIFERENTE DO QUE EU PLANEJAVA E EU NÃO ESTOU DISPOSTA A ENFRENTAR ESSE INFERNO!”. Aquelas palavras me golpearam profundamente o coração e eu não entendia o que ela queria dizer com tudo aquilo, não conseguia acreditar que a gravidez não a tivesse sensibilizado nem um pouquinho, preferi entender que ela disse tudo aquilo porque era tudo muito recente, por estar com o emocional desequilibrado, e ela ainda não estava acostumada com aquela fase.

Continuei no pé dela para que seguisse todas as orientações dos médicos, fizesse os exames conforme lhe havia sido solicitado e cuidasse da saúde como deveria. Cuidar da saúde e alimentação eu sei que ela sempre cuidou, mas eu temia muito pela vida do meu filho porque tive medo que ela continuasse agindo daquela forma, e foi o que aconteceu...

Definitivamente eu estava chocada com tudo o que ouvia, não sabia se conseguiria ouvir mais. Como alguém pode ser tão fria ao ponto de agir assim quando se tem um ser sendo gerado em seu ventre? Em compensação, para mim foi lindo escutar Carlos Daniel falar sobre o bebê de uma maneira tão paterna e amável quando ainda nem o tinha em seus braços e em meio à tantos problemas que estava enfrentando, muito me admirou a sua atitude e o que eu sinto por ele só pode crescer com esses fatos e eu olhando-o, vendo-o todo emocionado ao falar sobre isso me fez querer abraça-lo forte, dizer o que eu penso a respeito de tudo mas eu me contive e mantive a minha postura, não podia tomar nenhuma atitude ainda, precisava ouvir mais.

...Mais algumas semanas se passaram e, apesar do conflito que havia entre mim e Paola, eu estava sempre procurando saber como estavam as coisas. Havia uma ansiedade enorme dentro de mim e ainda aumentou quando eu fui a uma reunião em outra cidade e no caminho me deparei com uma loja gigante que só tinha coisas para bebês. Senti uma vontade grande de parar e entrar ali e foi o que eu fiz, tinha muita curiosidade também e parecia que o “instinto paterno” já me dominava. Quando entrei naquele lugar que quase parecia um Shopping Center de tão grande que era, quase me perdi em tantas coisas que tinha ali, se dependesse de mim, eu levaria tudo mas preferi deixar que Paola fizesse as compras para o bebê, sabia que Paula a ajudaria e a vovó Piedade e a Adelina também estavam muito empolgadas com tudo isso, também ainda não sabíamos o sexo do bebê e isso me deixava com duvida do que eu podia levar, até que uma vendedora se aproximou de mim e, ao me ver tão confuso quanto a escolha da cor de uns sapatinhos que eu já estava segurando me perguntou qual eu levaria e eu disse a ela que talvez não levasse nada porque não sabia ainda se era um menino ou uma menina porque Paola só tinha oito semanas de gestação, e para a minha surpresa, ela me disse que já existia um exame que era realizado a partir da oitava semana de gravidez e que apontava o sexo do bebê com quase 100% de certeza. O nome do exame era Sexagem Fetal. Com essa informação, ela me deixou ainda mais ansioso e eu apenas segui a dica que ela me deu sobre a cor dos sapatinhos, os comprei e segui o meu destino. Quando eu cheguei em casa, a primeira coisa que fiz foi pesquisar sobre esse tal exame e lá estava, ela tinha razão, mas era um exame de sangue e eu mais uma vez teria de conversar com a Paola para que o fizesse.

Não me esforcei muito para conseguir convencê-la a fazer o exame e quando soube que ela estava esperando uma “menina”, meu coração transbordou de um sentimento que eu não posso explicar, mas o que me dominou foi a felicidade de saber que eu teria uma “princesinha” e só podia amá-la ainda mais.

Os meses se passaram e, apesar de ser com discussão na maioria das vezes, eu consegui fazer com que Paola fosse a todas as consultas com médicos e fizesse sempre os exames necessários, Paula também ajudou muito com tudo isso, ficava do lado de Paola o tempo todo e quando eu não a acompanhava nas consultas, ela o fazia. Eu achava que estava tudo bem com ela porque apesar de ela ser fria e me preocupar quanto às emoções que ela poderia transmitir à bebê, não pareceu ter algum problema emocional ou de saúde e de certa forma, me tranqüilizava, até que um dia Paula me ligou desesperada preocupada com Paola, a principio eu achei que algo tinha acontecido com ela e minha filha mas quando ela me disse que Paola tinha saído de casa há dois dias e que até agora não tinha voltado, seu celular chamava e ela não atendia. Quando Paula me disse aquilo, senti uma raiva me dominando, eu não acreditava que ela tinha saído grávida e a única coisa que eu conseguia imaginar era que ela estava com um de seus namorados se divertindo, como sempre fazia. “Seria possível que nem a gravidez a deixaria quieta?” Paola nunca teve freios, sempre foi assim, irresponsável e nos deixou muito preocupados. Ligamos para todas as amigas dela que conhecíamos e ninguém sabia aonde ela foi. Não tinhamos mais para quem ligar, ficamos a tarde inteira tentando localizá-la e nada, até que Paula recebeu uma ligação. Já era muito tarde e Vanessa, uma das amigas de Paola falava à Paula desesperada ao telefone dizendo que estava com Paola em um hospital em Monterrey mas que não nos preocupássemos porque ela e o bebê não corriam mais risco de vida. “Como assim não corriam ‘mais’ risco de vida?”, “Como está a MINHA FILHA?”, “Porque estavam tão longe?”, “O que estavam fazendo lá?”, estas eram as perguntas que eu fazia à Vanessa quando Paula me passou o telefone, se antes eu estava preocupado e com raiva, estes sentimentos apenas aumentaram, mas a preocupação foi muito maior porque eu só podia pensar na minha filha, um ser puro, inocente e que não tinha culpa da mãe irresponsavel que tinha, ela não merecia sofrer assim com tão pouco tempo de vida, sei que ela estava apenas no ventre, mas acredito ela podia sentir o que sua mãe sentia também. Tivemos que viajar até Monterrey para ficar com Paola e, quando chegamos ao hospital, nos identificamos e logo depois um médico veio conversar com a gente, “ele disse que por sorte a levaram de imediato para o hospital e que Paola tinha tido um descolamento de placenta, que ela teve um sangramento forte, o que comprometeu o suprimento de oxigênio e de nutrientes para o bebê, que era perigoso tanto para a criança, quanto para a mãe. A condição em que ela estava fez com que o bebê tivesse algum risco de ter problemas para crescer dentro do útero, de nascer prematuramente e até mesmo de não sobreviver.”. Quando ele nos disse isso, precisei me conter para não fazer uma besteira, principalmente depois que eu soube qual foi o motivo de ela ter ido parar naquele hospital, Vanessa nos disse que elas tinham ido à algumas festas nos ultimos dias e que ela sempre bebia, desta vez estavam numa outra ‘festa entre amigos’ e ela acabou bebendo um ‘pouco demais’, mesmo quando ela pediu que não bebesse, o que fez com que ela começasse sentir uma forte cólica e sangrar, ela tinha brincado com fogo e desta vez havia se queimado e se ela pensava que depois disso, ela ficaria numa boa para voltar a fazer essas besteiras novamente ela estava muito enganada. O médico nos disse para não nos preocuparmos porque eles já haviam aplicado um medicamento e elas estavam bem, mas que precisaria ficar internada em observação por mais algumas horas até que ele lhe desse alta, receitou alguns medicamentos, pediu que Paola tivesse repouso absoluto e se cuidasse, pois ainda corria o risco de perder a criança ou ter parto prematuro, nos orientou também que procurássemos o Obstetra dela para que ele a acompanhasse até o final da gravidez.

Se dependesse de mim, eu não olharia mais na cara dela, depois que Paola entrou em minha vida dessa forma, eu não tive mais um sossego, não queria ter nenhum tipo de vinculo com ela, nunca quis e quando cai na besteira de ficar com ela foi que vi que tinha atado um laço indestrutivel entre nós e isso me machucava muito, sabia que podia esperar qualquer coisa vindo dela, achei que ela mudaria com a gravidez mas me enganei, quis poder não estar com ela mas as circustancias me obrigavam. Depois de tudo isso, voltamos para casa e eu, junto com Paula e a vovó Piedade decidimos que Paola ficaria em minha casa, eu precisava evitar que ela fizesse mais uma de suas loucuras e sabia que se ela fizesse algo, dessa vez prejudicaria a minha filha, a principio ela não quis mas conseguimos convencê-la. Ela parou de beber, mas descobri que de vez em quando ela fumava escondida e consegui fazer com que ela parasse também. Disse à ela que enquanto estivesse carregando a minha filha em seu ventre, ela não faria o que quisesse e que eu a impediria de fazer as suas besteiras, o que a deixava furiosa porque ela não estava acostumada a ter alguem impondo limites e regras à ela o tempo todo. Algumas vezes ela tentou me seduzir, mas eu deixei bem claro que só estava fazendo tudo aquilo por causa da criança...

Pobre Carlos Daniel, enquanto eu pensava outras coisas a respeito da gravidez de Paola e o julgava, ele havia enfrentado dificuldades e as encarado de frente, coisa que nem todo homem faria. Realmente era de se admirar.

...Com ela lá em casa, pudemos controlá-la e ela não saía sozinha ou fazia qualquer coisa sozinha porque sempre tinha alguém por perto, já que ela precisava do repouso absoluto e tinha que seguir todas as prescrições médicas. O que ela fazia sempre sozinha era ir até o jardim para respirar um pouco de ar, ela fazia isso pelo menos duas vezes ao dia. Esperamos pacientemente pelo dia do nascimento de Lizete, esse foi o nome que a vovó Piedade escolheu para o bebê, ela disse que era em homenagem a minha mãe que se chamava Elisabeth e adorava este nome, que graças a Deus desenvolveu muito bem porque o restante da gravidez foi tranquilo e sem mais problemas, Paola já estava com quase nove meses de gestação e devido ao descolamento de placenta que ela teve logo no começo da gravidez, o obstetra achou melhor que o fosse feita uma cesariana e sabendo que não enfrentaria dores, Paola também preferiu. Ela continuava fria, indiferente, parecia mais incomoda e entediada cada dia que passasse. A gravidez não fez com que ela mudasse, o contrário, parecia que ela queria que acabasse logo. Faltando apenas uns três dias para completar os nove meses, a levei para o hospital, chegaria o grande momento, o nascimento da minha pequena e eu mal podia esperar para o momento mais feliz da minha vida acontecer. Pude ver todo o momento do seu nascimento e quando vi o seu rostinho todo franzido, seus olhinhos fechados e suas mãozinhas encolhidas uma forte emoção dominou o meu ser, aquele anjinho era minha filha e quando eu pude pegá-la nos meus braços, senti que tudo na minha vida começou a ter um novo sentido, Lizete encheu minha vida de luz, e decide que faria tudo para ela, que cuidaria e a protegeria para sempre.

Apesar das irresponsabilidades de Paola, Lizete nasceu saudável, era uma menininha forte e esperta.

Paola se negou a amamentá-la, e me lembro de ter visto pegá-la no colo por poucas vezes, dois meses depois Paola me chamou para uma breve conversa, onde jogou na minha cara que não aguentava mais a vida que estava levando e que definitivamente não havia nascido para ser mãe, brigamos e eu disse que procuraria os meus direitos para ter a guarda da menina mas ela fez questão de dizer que não precisava, que Lizete era minha e que ela não se importaria em deixá-la comigo porque eu saberia cuidá-la...

— Que espécie de ser humano é esse que abandona um ser que gerou no seu próprio ventre por nove meses? – Carlos Daniel levantou-se bruscamente com lágrimas nos olhos, a raiva estampada neles e ajoelhou-se de frente a mim, segurando as minhas mãos que estavam pousadas em meus joelhos. – Eu a odeio, a desprezo tanto... – Continuou cerrando os dentes, deixando que as lágrimas rolassem por seu rosto corado.

— Carlos Daniel eu... Sinto tanto... – Respondi olhando em seus olhos enquanto segurava o seu rosto com suas mãos ainda nas minhas e enxugava as suas lágrimas sem também conseguir conter as minhas e ele continuou a falar desviando o seu olhar do meu, apertando as minhas mãos nas suas.

...Me enfureci de tal forma que eu podia matá-la se não me controlasse, não podia cometer uma besteira ali quando tinha alguém que precisava de mim mais que tudo nessa vida. Apenas escutei aquelas ultimas frias palavras que jamais sairão de minha memória, “ELA É SUA E NÃO PRECISA BRIGAR POR ALGO ASSIM, EU NÃO VOU TOMAR ELA DE VOCÊ, NÃO SE PREOCUPE, PODE FICAR!” e logo ela desapareceu da porta, levando todas as suas coisas.

Paola realmente sumiu sem dar noticias, voltou à suas viagens e dessa vez com muito mais frequência. Quando ligava para Paula era que ficava sabendo sobre Lizete. A primeira vez que ela viu a filha depois de ter ido embora foi quando Lizete já tinha sete meses de idade e por um momento eu achei que ela renunciaria a sua vida leviana e voltaria para cuidar de sua filha, para vê-la crescer, fazer o que ela deveria fazer desde quando soube da gravidez, SER MÃE, mas apenas me equivoquei porque ela novamente sumiu e só retornou no primeiro aniversário de Lizete trazendo-lhe muitos presentes e ela não deixava de segurá-la e algumas vezes Paula a levou para a sua casa mas não demorava muito e logo a trazia, o papel de Paola era indiferente ao de ser mãe de Lizete e eu até tentei fazer com que Lizete a visse como mãe no inicio mas quando percebi que nem a própria Paola importava, logo ela voltou a sua rotina e esqueceu que tem filha e eu fui pai e mãe dela ao mesmo tempo e contei com a ajuda incondicional de vovó Piedade, Paula e Adelina, foi daí que eu decidi e deixei que minha filha visse Paola simplesmente como uma tia que e é o que acontece até hoje.

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