A Força De Uma Paixão.

Dentro de um abraço


O dia amanheceu perfeito. Os sons da natureza em seu despertar e os braços de Carlos Daniel me trouxeram calmaria e aconchego.

Abri os olhos, me acostumando com a claridade que entrava pelas enormes janelas, certamente estava um dia lindo lá fora. Ergui minha cabeça e encontrei Carlos Daniel me fitando com um sorriso quase imperceptível, me perguntei há quanto tempo ele estaria ali me observando.

— Bom dia! – disse com a voz rouca, me sentando sobre a cama e esfregando meus olhos.

— Bom dia meu amor. – seu olhar carregado de ternura e carinho fez meu coração pulsar mais forte – Esta se sentindo bem? – sua pergunta soou preocupada, e ele acariciou levemente meus lábios com a ponta do dedo.

— Muito bem. – afirmei sorrindo enquanto meu corpo se arrepiava com aquela leve caricia.

— Me deixaste maluco ontem a noite senhora Bracho. – ele sorriu ainda acariciando meus lábios – Tem noção do que me fizeste sentir?

— Não, mas posso imaginar. - sorri com minha face corando.

Carlos Daniel apenas sorriu enquanto aproximava seu rosto do meu capturando meus lábios, foi um beijo rápido, mas intenso e dedicado.

— Deve estar com fome meu amor, ontem acabamos dormindo sem nem ao menos jantar. – ele disse enquanto inspirava o ar de meu pescoço e beijava meu queixo.

— É verdade, - gemi involuntariamente, meu corpo parecia ainda mais sensível com suas caricias e reagiu imediatamente – estou mesmo com muita fome. Mas não queria sair dessa cama agora.

Carlos Daniel afastou o rosto de meu pescoço e me encarou maliciosamente.

— Esta me fazendo propostas tentadoras senhora Bracho. – antes que eu pudesse responder meu estomago roncou alto fazendo com que seu riso ecoasse pelo quarto – Mas eu seria um irresponsável se deixasse minha esposa e meu filho com fome.

Com carinho ele acariciou meu ventre e logo depois se inclinou para beijá-lo, levei minha mão ate a sua e entrelacei meus dedos aos seus.

— Acordou faz tempo? – perguntei curiosa.

— Tempo suficiente para pedir um delicioso café da manha para nós. – disse com um sorriso.

— Hmmm... – gemi observando o sol lá fora – que horas são?

— Já são quase nove meu amor. – ele disse se levantando e indo ate uma mesinha, pegando uma bandeja com frutas, torradas, roscas, pães, suco, leite... Meu estomago roncou mais uma vez quando vi aquela quantidade de comida.

— Nossa, estou mesmo com muita fome. – afirmei com os olhos brilhando, Carlos Daniel sorriu e ajeitou a bandeja sobre meu colo se sentando ao meu lado na cama, o cheiro daqueles pães e roscas fresquinhos encheu minha boca de água.

Peguei um pedaço do pão e o levei ate a boca.

Parecia que eu não comia há dias, e tudo estava tão gostoso, tão saboroso. Carlos Daniel me olhava sorrindo enquanto saboreávamos daquele delicioso café. E quando terminamos, ele colocou a bandeja na mesinha ao lado da cama e se virou para mim.

— Estava mesmo faminta minha Lina. – sorriu aproximando seu rosto do meu, e logo em seguida roçou seus lábios nos meus – Agora que estão bem alimentados, que tal um passeio pela fazenda? Tem lugares lindos aqui.

— Acho uma ótima idéia. – o beijei apaixonadamente – Vou tomar um banho e saímos.

Enquanto tomava banho pensava em tudo que me acontecera nesses primeiros meses de casada, cada momento que vivemos, tão intenso e nosso, a minha nova família, Lizete, e aquele bebezinho que crescia em meu ventre. Nunca em minha vida me imaginava ser tão feliz e completa, ainda mais depois de tudo que passei.

Aquele hotel fazenda era maravilhoso, o ar puro, o contato com a natureza e as paisagens rurais, tudo transmitia paz e sossego.

Visitamos o estábulo com cavalos magníficos, depois alimentamos os peixes, e andamos pela fazenda de charrete. Senti-me novamente com oito anos.

A comida estava incrivelmente saborosa, feita em um fogão a lenha e com um aroma que exalava por todo o restaurante da fazenda.

Depois de almoçarmos fomos andando ate um lago que ficava próximo ao hotel.

— Gostou do passeio? – Carlos Daniel me perguntou enquanto estávamos sentados embaixo de uma das imensas arvores que haviam por ali e admirávamos o entardecer.

— Adorei. – sorri olhando o sol tocar o lago no horizonte – Foi um dia perfeito.

— Posso dizer que nossa noite aqui foi ainda mais perfeita. – ele sorriu contornando meus lábios.

— Concordo plenamente senhor Bracho. – sorri o puxando para um beijo carregado de cumplicidade e amor.

— Voce me completa em tudo Lina, - ele puxou delicadamente meu queixo fazendo-me encará-lo – o que sinto por voce é maior que qualquer coisa que já fui capaz de sentir na vida...

— Te amo tanto Carlos Daniel. – disse e o abracei forte, afundando meu rosto em seu peito, sentindo-o, desfrutando-o. Nunca conseguiria dizer em palavras o quanto o amava, o quanto o queria, o quanto ele me fazia feliz... mas tinha a plena certeza que ele compreendia.

Ficamos ali até o crepúsculo, com a alma e corpo em completa paz.

Assim que a noite caiu voltamos para a capital, e embora sentisse uma vontade enorme de ficarmos mais alguns dias ali, também me sentia ansiosa em voltar e fazer todos os exames para saber como estava nosso bebe.

Chegamos duas horas depois, e fomos recebidos com um com um abraço apertado de Lizete e a recepção calorosa dos Brachos, era maravilhoso estar em casa.

***

— Amor, acorda... Lina, temos que levantar... – Carlos Daniel dizia enquanto me despertava com seus beijos – vamos perder a hora amor meu...

— Só mais um pouquinho Carlos Daniel... – resmunguei me virando na cama, ficando de costas para ele.

— Meu amor, temos que levantar, esqueceu que hoje vamos ouvir pela primeira vez o coraçãozinho do nosso bebe!? – ele disse com a voz meiga beijando minha nuca.

Assim que disse isso, me despertei automaticamente e me virei para ele, só então pude notar aquele brilho tão intenso em seus olhos acompanhado de um sorriso perfeito.

— É hoje... – sussurrei olhando-o em seus olhos.

— Sim meu amor, hoje. – disse com ternura se inclinando para beijar levemente meus lábios.

Meu coração acelerou em meu peito só com o fato de saber que dentro de poucas horas ouviríamos o coração de nosso bebe. A noite passada parecia mais longa que o normal e minha ansiedade me fez passar horas acordada esperando que amanhecesse, só consegui dormir depois que Carlos Daniel massageou minhas costas e meus pés.

Mas finalmente havia chegado à hora, nos arrumamos ansiosos, e quando passava pelo enorme espelho na parede de nosso quarto não resiste e parei para observar meu reflexo. Levei minhas mãos ate meu ventre, minha gravidez ainda era imperceptível, mas eu já começava a notar pequenas mudanças em meu corpo.

— Podemos ir meu amor? – Carlos Daniel perguntou se aproximando e logo me abraçando por trás, colando suas mãos em minha cintura. Busquei seu olhar e o vi me observando.

— Claro... – sorri – não vejo a hora de ouvir o coraçãozinho de nosso bebê.

— Eu também minha Lina. - ele sorriu baixando o olhar para o meu ventre, deslizando suas mãos por minha cintura – Vai ficar tão linda daqui há alguns meses.

— Vou estar mais gorda. – sorri acariciando sua mão que deslizava em meu ventre.

— Vai ficar linda amor meu, linda. – disse me virando para ele, sorri e carinhosamente ele me beijou – Vamos?

— Claro. – sorri e peguei minha bolsa, entrelaçando minha mão na dele.

Seguimos ate a cozinha, Cacilda nos serviu com seu maravilhoso café, e quando já estávamos saindo vovó Piedade desceu as escadas.

— Bom dia meu filhos. – ela nos cumprimentou com um beijo no rosto – Acordaram cedo.

— Bom dia vovó, - respondi sem conter meu sorriso – hoje vamos fazer à primeira ultrassonografia, e vamos ouvir o coraçãozinho do nosso bebê. – acabei de dizer já com a emoção me invadindo.

— Minha filha, - vovó afagou minhas mãos – a primeira vez que se ouve o coração de um filho é um momento muito especial da gravidez.

— Tenho certeza que sim vovó. – disse sorrindo e sentindo meus olhos umedecerem.

— Amor... – Carlos Daniel disse com ternura me abraçando.

— Vejo que vão se emocionar muito nessa consulta. – vovó sorriu e encarou o neto – E voce Carlos Daniel cuide bem de sua esposa, e não se esqueçam de gravar a ultrassom para que eu e Lizete possamos ver esse bebezinho também.

— Tudo bem vovó, - Carlos Daniel respondeu beijando-lhe o rosto – agora nós já vamos para não chegarmos atrasados.

— Vão com Deus meus filhos. – ela sorriu acariciando meu rosto.

Nos despedimos de vovó e seguimos ate a clinica, a todo momento Carlos Daniel me olhava, e aquele sorriso em seus lábios não o abandonava, estávamos ansiosos e empolgados. Em pouco tempo chegamos a clinica.

— Estão preparados para verem o bebê? - doutora Márcia perguntou enquanto espalhava um gel gelado em minha barriga, eu sentia minha pulsação frenética em meu ouvido, e Carlos Daniel estava parado ao meu lado na cama segurando firme minha mão.

— Estamos. – respondemos juntos, entre um olhar de cumplicidade e confiança.

— Pois bem, então vamos ver como esta esse bebê. – ela sorriu carinhosamente colocando o aparelho de ultrassonografia em mim.

Fiquei completamente imóvel sobre a cama, com os olhos vidrados na tela na nossa frente.

— Hmmm. - ela disse depois de alguns segundos movendo o aparelho em meu ventre.

— O que foi doutora? Tem alguma coisa errada? – perguntei com o coração acelerado olhando-a com os olhos arregalados e logo depois olhando Carlos Daniel que tinha a mesma expressão que a minha.

— Calma Paulina, - ela riu – olha, aqui estão seus ovários, o direito e o esquerdo. – explicou mostrando-nos na tela, eu não conseguia assimilar tudo o que ela explicava, meu único foco era saber onde estava meu bebê no meio daquele monte de coisas – Opa!

Aquele opa gelou-me completamente.

— O que foi? – Carlos Daniel perguntou visivelmente preocupado.

— Se vocês não ficarem calmos vão acabar tendo uma crise de nervos. – ela nos olhou sorrindo e logo mostrou um circulo preto – esse é o saco gestacional – prendi a respiração à medida que ela movia o aparelho ate dizer à tão esperada frase – Aí esta o seu bebê Paulina!

Durante poucos segundos tudo ficou em silencio, minha atenção estava totalmente naquela minúscula coisinha branca no meio de um borrão, meu coração parecia querer sair de meu peito, e senti a mão de Carlos Daniel apertar a minha.

— Olha só, ele já tem 2,5mm.

Sorri com os olhos cheios de água olhando para Carlos Daniel.

— E um serzinho desse tamanho já consegue fazer esse som.

Ela disse soltando aquele Tutum Tutum Tutum acelerado e constante.

Não consegui dizer nada, era como se as palavras houvessem fugido. A única coisa que conseguia fazer era ouvir aquele som alto que meu filhinho fazia.

Sem me conter mais deixei que as lágrimas caíssem livres por minha face, enquanto um sorriso bobo e apaixonado dominava meus lábios. Carlos Daniel ajoelhou ao meu lado e beijou minha mão e logo depois minha face, encarei-o e vi seus olhos marejados e o mesmo sorriso em seu rosto.

— Nosso filho meu amor, - ele disse com a voz emocionada – nosso bebezinho.

Apenas concordei com a cabeça enquanto preenchíamos nossa alma e coração com aquele som frenético.

— Parabéns, - doutora Márcia sorriu observando-nos – o bebê de vocês esta bem, e sua gravidez esta evoluindo perfeitamente Paulina, seus exames não apontaram nenhuma alteração. Se continuar assim vai ter uma gravidez bastante saudável e tranqüila.

Outra vez concordei com a cabeça, ainda estava tomada pela emoção, Carlos Daniel continuava ajoelhado ao meu lado.

— Vejo que estão muito emocionados. – ainda sorria enquanto tirava o aparelho de ultrassom e aquele gel de minha barriga – Vou deixar vocês sozinhos e esperá-los na minha sala.

— Obrigado doutora. – Carlos Daniel respondeu e logo doutora Márcia saiu deixando-nos sozinhos.

Meus olhos encontraram os de Carlos Daniel e ele sorriu limpando as lagrimas de minha face.

— Te amo tanto Paulina. – ele disse acariciando minha face – Obrigado por me dar esse presente divino, obrigado meu amor.

— Eu te amo tanto Carlos Daniel! – disse com a voz embargada, carregada de emoção.

O abracei fortemente e selamos aquele momento com um beijo cheio de amor e felicidade.

***

Os dias seguintes se resumiram em muitos enjoos, quase nada parava em meu estomago, e apesar da preocupação de Carlos Daniel eu estava bem, a cada dia notávamos mudanças em meu corpo, minha cintura estava mais arredondada e meus seios doloridos. Carlos Daniel passava horas acariciando meu ventre, observando atento a cada mudança de meu corpo. Eu adorava tudo aquilo, adorava ser mimada por ele, e sabia que para Carlos Daniel aquilo tudo era novo também, já que com Lizete ele não pode desfrutar e nem estar presente em cada momento.

A cada dia nosso filhinho crescia mais em meu ventre, junto de inúmeros novos sentimentos, cada dia se fortalecia mais o amor por aquele serzinho, e eu aprendia um novo significado na vida.