A Força De Uma Paixão.

Capítulo 9 Tocada


— Paulina?

Me levantei e o olhei, ele estava lindo com um enorme sorriso no rosto e um brilho imenso no olhar.

— Você veio! – disse se aproximando e depositando um beijo em minha face.

— É eu vim... Parabéns. - disse totalmente sem jeito e o abraçando-o.

— Obrigado. – ele disse me olhando intensamente com um sorriso nos lábios.

Novamente me perdi na imensidão daqueles olhos.

— Eu não sabia do que você gosta. – disse nervosa com aquele olhar e pegando a garrafa de vinho que estava sobre a mesa, apenas um laço vermelho enfeitava a garrafa.

— Não precisava se incomodar Paulina, - disse pegando a garrafa e examinando-a com atenção – mas eu adorei, vejo que tem muito bom gosto, - ele sorriu e me olhou – vou guardar para uma ocasião especial.

Retribui o sorriso enquanto ele levava a garrafa ate uma pequena adega que havia na sala com alguns vinhos e bebidas.

— E então? – disse voltando ate mim e acenando para nos sentar, ele se sentou no sofá a minha frente – Soube que se mudou hoje.

— É - sorri – finalmente sai daquele hotel.

— Fico feliz por você Paulina. – afirmou.

— Obrigada Carlos Daniel, por tudo. – disse com sinceridade – desde que cheguei aqui você e sua família tem me ajudado muito.

— Nós que te agradecemos Paulina, por ter ajudado Lizete.

Sorri agradecida, e um silêncio imperou entre nós, Carlos Daniel me olhava pensativo passando a mão suavemente pelo queixo, o que estava me deixando bastante nervosa.

— Você deixou algum namorado na Espanha? – perguntou com um sorriso tímido me fazendo corar rapidamente e me deixando ainda mais nervosa – Me desculpe, eu estou sendo intrometido. – ele disse com a voz tímida percebendo meu nervosismo.

— Não, não tem problemas Carlos Daniel, - disse e forcei sem sucesso um sorriso – bom é que... bem eu tinha um namorado sim, mas... ele também morreu no acidente com meus pais.

— Eu sinto muito Paulina, - ele disse se levantando de onde estava e se sentando ao meu lado pegando em minha mão – deve ter sido muito duro pra você enfrentar tudo sozinha.

— Foi sim, - disse segurando as lágrimas – mas desde que cheguei ao México tenho me recuperado bem.

— Estamos aqui para te ajudar no que for preciso. – ele afagou levemente minha mão fazendo minha pele formigar.

— Obrigada. – respondi com um sorriso.

— E você e Paula? Estão se dando bem? – perguntou.

— Estamos sim, - sorri – Paula é mulher incrível.

—Que bom. – ele sorriu.

Nossos olhares se encontraram, e novamente como em todas as vezes que se cruzavam nos perdemos no olhar do outro, como se buscássemos alguma resposta dentro do outro, uma resposta que eu sequer sabia a pergunta.

— Atrapalho algo? – perguntou Rodrigo entrando na sala com Carlinhos e trazendo nossa atenção de volta.

— Não Rodrigo, claro que não. – Carlos Daniel disse nervoso soltando minha mão e se levantando rapidamente como se fosse um adolescente pego fazendo besteira, eu apenas senti minha face esquentar.

— Paulina... – Carlinhos disse e correu ate mim me dando um forte abraço – que bom que você veio.

— Oi Carlinhos – disse segurando suas mãos e o olhando – como você esta?

— Bem. – ele respondeu sorrindo.

— Boa noite Paulina. – Rodrigo me cumprimentou com um sorriso.

— Boa noite Rodrigo. – disse um pouco tímida também como se estivesse sido pega em flagrante.

— Onde estão todos? – perguntou curioso.

— Patrícia esta ajudando Lizete, - Carlos Daniel respondeu – Agora da vovó e da senhora Montaner eu não sei.

— Elas estão na cozinha, eu vou ir lá cumprimentar dona Piedade. – disse me levantando e inventando uma desculpa para sair daquela sala.

O jantar transcorreu em um clima muito agradável, a família Bracho estava radiante, e eu ate me sentia parte daquela família. Depois do jantar todos estavam interditos em conversas paralelas, Carlos Daniel com Rodrigo, Piedade e Paula, e eu e Patrícia conversávamos próximas a escada.

— Você tem que ir ate minha casa me visitar Paulina. – ela disse sorrindo.

— Claro Patrícia, e você também esta convidada a ir ao meu apartamento.

— Vou adorar.

Olhei em volta procurando por Paula para chamá-la para ir embora, já estava ficando tarde e eu estava bastante cansada, mas notei Lizete sentada sozinha no sofá da sala e bastante triste.

— O que a Lizete tem? – perguntei preocupada olhando para Patrícia.

—Ela esta assim por causa de uma festa que vai haver na escola. – respondeu.

— Por causa de uma festa? – perguntei confusa.

— É que vai haver um baile na escola deles com o tema da família, vai ser uma festa á fantasia.

— E ela não quer ir? – perguntei ainda mais confusa.

— Quer sim, ela não fala de outra coisa. Acontece que todos os coleguinhas dela vão ir com o pai e a mãe.

— Ah... – entendi o porquê da tristeza de Lizete, como ela não tinha mãe, provavelmente iria a esta festa apenas com Carlos Daniel – eu vou falar com ela Patrícia.

Fui em direção a Lizete e me sentei ao seu lado.

— Porque esta triste meu amor? – perguntei passando a mão pelo seu rostinho.

— Sabe tia Paulina, vai ter uma festa na minha escola, e todos os meus amigos vão com o pai e a mãe, - ela encheu os olhinhos de água fazendo meu coração ficar apertado – só eu que vou com meu pai porque não tenho uma mãe.

— Tem muita criança no mundo sem mãe minha princesa. – disse olhando-a com carinho.

— Mas eu queria muito ter uma mãe, - ela disse me olhando e deixando as lágrimas caírem partindo meu coração – eu queria que você fosse minha mãe, assim você poderia ir à festa da escola comigo e o papai.

— Olha pra mim meu amor, - disse com todo carinho levantando seu rostinho – eu... sei que não sou sua mãe, mas se você quiser e se seu pai aceitar, bom, eu posso ir a festa com vocês.

Antes que eu terminasse de falar um enorme sorriso iluminou sua face, fazendo meu coração inchar de felicidade.

—Você faria isso tia? – perguntou ainda sorrindo.

— Claro minha princesa, você não se importa se eu for? – perguntei.

— Não tia, eu vou gostar muito de ir com você e o papai, - ela disse e beijou meu rosto e logo em seguida me deu um forte abraço – obrigada tia Paulina, eu vou contar agora mesmo pro papai.

Lizete saiu correndo pela casa em busca de seu pai, eu fiquei alguns minutos no sofá pensando se havia tomado a decisão correta de me convidar assim para ir a essa festa, de repente um medo de que Carlos Daniel pudesse ficar chateado fez um nervosismo apoderar de meu corpo, me levantei e resolvi ir ate o jardim respirar um ar fresco e pensar no que tinha acabado de fazer.

Caminhei pelo jardim em volta daquela imensa casa, pensava na burrada que havia feito, mas ao me lembrar de como Lizete havia ficado contente, me fez perceber que valeria a pena arriscar, e se Carlos Daniel não aceitasse teria que arrumar uma solução para que Lizete não ficasse triste.

— Paulina! – aquela voz chamando meu nome com tanta suavidade fez meu coração bater forte no peito, me virei e o olhei parado a poucos passos de mim.

— Carlos Daniel. – disse avaliando sua expressão, ele parecia alegre, mas não dava pra ter certeza, havia apenas a luz da lua iluminando aquele local do jardim onde estávamos, notei que tinha me afastado um pouco da casa.

— Lizete me contou, - ele disse e caminhou em minha direção me fazendo prender a respiração – eu fico muito grato Paulina.

Apenas alguns centímetros nos separavam, a noite estava fria e eu podia sentir o calor que emergia do seu corpo.

— Me desculpe Carlos Daniel, - disse imaginando se ele estaria zangado – eu falei sem pensar, se você não quiser não tem problemas.

— Eu quero. – ele disse firme.

Meu coração acelerava a cada segundo, podia sentir a pressão em meus ouvidos e me perguntava se Carlos Daniel não estava ouvindo as batidas que ecoavam em meu peito.

— Bom, eu acho melhor voltar. – disse convencida em fazer isso, mas meus pés pareciam ter grudado no chão me impedindo de me mexer.

— Espere Paulina, - ele pegou meus braços e aproximou seu corpo do meu acabando com aqueles poucos centímetros que nos separava – eu queria te dizer uma coisa.

Finalmente pude olhar em seus olhos, fazendo o mundo parar a minha volta, seu corpo estava quente, seu perfume me entorpeceu, e com certeza agora ele sentia a força e a velocidade que meu coração batia no peito.

— Pode falar. – disse sem desviar os olhos dos deles e com a respiração falha.

Ficamos alguns segundos fitando o outro. E como uma força, um imã, nossos rostos foram se aproximando, eu havia perdido a noção de tudo, a única coisa que estava ciente era daqueles olhos e daquelas mãos segurando meus braços.

Quando nossos rostos estavam quase colados fechei os olhos involuntariamente, foi automático, apenas uma reação do meu próprio corpo. Senti seus lábios quentes e macios roçarem os meus, perdi a sustentação das minhas pernas e agradeci por ele esta segurando meus braços. O que era apenas um leve toque de lábios começou a ganhar forma, minha boca se abriu dando acesso a ele, nossos lábios agora se moviam juntos, no mesmo ritmo, era calmo, suave, paciente, como se nada mais importasse.