A Força De Uma Paixão.

Capítulo 16 Segredos


Domingo amanheceu repleto de luz, o sol estava forte e o céu de um azul incrível.

A notícia de meu namoro com Carlos Daniel não deixou ninguém surpreso, apenas Paula que me olhava intrigada e com um pouco de tristeza, me senti mal em ter mentido pra ela.

O almoço seguiu tranqüilo e harmonioso, o fato é que eu já estava bastante apegada àquela família, e não me senti desconfortável. Depois do belo almoço que nos foi servido conversamos algum tempo na sala, Carlos Daniel se sentou ao meu lado entrelaçando a mão na minha, e Lizete estava em meu colo.

— Agora você tem que me chamar de vovó Piedade. – disse a simpática velhinha sorrindo para mim.

— Eu vou tentar dona Piedade...

— Vovó. – ela me corrigiu séria.

— Vovó Piedade. – disse sorrindo para ela.

— Tia Paulina, - Lizete olhou para mim – agora que você e o papai estão namorando, eu ainda tenho que te chamar de tia?

— Eh... bom Lizete, você que sabe, pode me chamar de tia, de Paulina, do que você achar melhor. – disse sorrindo olhando diretamente em seus olhos azuis.

— Sabe o que é... – ela disse e desviou os olhinhos dos meus – é que eu queria saber se posso te chamar de mamãe.

Meu coração disparou, eu já estava tão apegada a Lizete, já nutria um amor materno por ela, e ver ela ali dizendo que queria me chamar de mamãe fez meu peito inchar e meus olhos lacrimejarem.

— Claro que pode meu amor, - disse abraçando-a enquanto uma fina lagrima deslizou pelo meu rosto – claro que pode.

— Mamãe, - Lizete disse baixinho próximo ao meu ouvido – agora eu tenho uma mãe.

A abracei mais forte contra meu peito, era notável a falta que Lizete sentia de uma mãe.

— E eu tenho uma filhinha linda. – disse enquanto a mantinha presa em meus braços.

— Eu acho muito linda a relação de você e Lizete, - vovó Piedade dizia com um brilho no olhar – minha bisnetinha sente a falta de uma presença materna.

Notei um clima tenso entre Carlos Daniel e Paula, vovó Piedade os olhou como se reprovasse algo e continuo a admirar Lizete grudada em mim.

— Faz tempo que a mãe de Lizete... morreu? – perguntei diminuindo o tom de voz na ultima palavra.

Paula olhou diretamente para Carlos Daniel, sua expressão estava bastante preocupada, vovó Piedade observou novamente os dois.

— Lizete nunca teve mãe. – Carlos Daniel disse e baixou a cabeça, percebi que não era por tristeza e sim para não ter que receber o olhar que Paula lhe lançou.

— Ah eu... sinto muito. – disse por fim imaginando que esse assunto não era muito agradável.

— Bom dona Piedade eu tenho que ir pra casa, - Paula disse, notei que ela estava um pouco triste – estou com um pouco de dor cabeça, e Paola vai me ligar.

— Paola vai ligar? – perguntei surpresa, a cada dia minha ansiedade por conhecer minha irmã aumentava, mas Paola parecia não se importar muito com meu aparecimento.

— Vai sim Paulina. – Paula respondeu sorrindo enquanto senti Carlos Daniel ficar tenso ao meu lado.

— Não vejo a hora de poder conhecê-la.

— Eu vou dizer isso a ela minha filha, - ela sorriu com ternura – também não vejo à hora de poder ter minhas duas filhas juntas novamente.

— Será que tia Paola vai trazer presentes pra mim? – Lizete perguntou descendo de meu colo e indo ate minha “mãe”.

— Ela sempre traz, não é? – Paula disse enquanto passava a mão pelo cabelo de Lizete.

— Eu gosto muito dos presentes que tia Paola me dá. – Lizete falou com animação – E também estou com saudades dela.

— Eu vou falar pra ela que tem uma garotinha linda que esta com saudades, tenho certeza que ela vai se esforçar para voltar o mais rápido possível.

Lizete abraçou Paula, notei que as duas também eram muito apegadas, a forma como Paula olhava para Lizete, com carinho, atenção e amor, demonstrava isso.

Assim que Paula foi embora vovó Piedade subiu para descansar, enquanto eu, Carlos Daniel e Lizete fomos ate o jardim, Lizete brincava na casinha de bonecas e eu e Carlos Daniel nos sentamos bem juntinhos em dos bancos que havia embaixo das sombras, encostei meu corpo sobre seu peito e suas mãos envolveram minha cintura.

— Esta tudo bem? – perguntei preocupada o olhando, desde que Paula havia saído notei que Carlos Daniel estava diferente, parecia nervoso.

— Esta sim meu amor, - ele disse e se inclinou para frente pressionando os lábios suavemente nos meus – eu te amo.

Me aconcheguei em seus braços e deitei minha cabeça em seu ombro, por um longo tempo ficamos em silencio apenas observando Lizete brincar em sua casinha, Carlos Daniel percorria com as pontas dos dedos a extensão de meu braço, desde meu ombro até meu pulso deixando um rastro quente e arrepiado onde ele tocava. Fechei os olhos sentindo suas caricias, era como se eu estivesse fora de orbita, flutuando, a cada toque dele meu estomago parecia estar cheio de borboletas, percebi que essas sensações que ele me provocava nunca me deixariam, mesmo que se passasse uma vida inteira.

— Acho que Lizete dormiu. – ele disse baixinho em meu ouvido me deixando completamente arrepiada pelo ar quente que saiu de sua boca – Eu vou levar ela para cama e volto para ficar aqui com você.

Assenti com a cabeça enquanto ele beijava meus lábios, ele pegou Lizete que estava dormindo debruçada sobre a mesinha e foi em direção a casa. Não demorou muito e ele voltou com um sorriso no rosto.

Carlos Daniel se sentou ao meu lado e me puxou para ele fazendo com que ficasse exatamente como estávamos, me senti protegida em seus braços.

— Carlos Daniel, - disse entrelaçando minha mão na dele – posso te fazer uma pergunta?

— Quantas quiser meu amor. – ele respondeu.

— Bom, é que... – eu tentava formular a pergunta, a verdade é que havia ficado intrigada com isso – eu notei que você e Paula ficaram meio estranhos quando perguntei da mãe de Lizete. É algo que eu não deva saber?

Senti sua respiração, assim como seus batimentos cardíacos acelerarem, o olhei confusa pela sua reação a minha pergunta.

— Foi impressão sua Paulina, - ele disfarçando com um sorriso, notei o nervosismo em sua voz – o que você saber sobre a mãe de Lizete?

— Não é que eu queira saber sobre ela... mas achei estranha a maneira que você e Paula se olharam.

— Acho que Paula esta é com medo de eu monopolizar você, - ele disse enquanto beijou meus lábios – é ciúmes de mãe, para ela deve ser difícil ver você assim, crescida, e transformada em uma mulher, quando a ultima lembrança que ela tinha de você era com cinco anos.

— Hmm... – disse pensando sobre o assunto e não muito convencida – mas ontem ela me disse que tinha algo que ela queria me contar, mas que não podia, e que talvez você mesmo me contasse.

— Ela te disse isso? – ele perguntou com a voz tensa.

— Disse sim. – respondi o avaliando.

— Eu... bem, é que... – suas sobrancelhas se juntaram, ele parecia estar em uma discussão interna – Prometo que te contarei quando chegar a hora, mas agora vamos mudar de assunto e aproveitar que estamos sozinhos aqui.

Ele me olhou e sorriu malicioso, aquele sorriso que me fazia esquecer de tudo, sua mão subiu pelo meu braço chegando em meu rosto, Carlos Daniel afagou minha bochecha, eu sorri e ele segurou delicadamente meu queixo, nossos rostos se aproximaram e nossas bocas colaram uma na outra, e um beijo calmo e suave surgiu se transformando em um intenso e urgente. Me separei ofegante, ele sorriu e distribui beijos pela minha face, meus olhos e novamente meus lábios.

— O que sinto por você é tão forte Paulina, - ele disse assim que nos afastamos, seus olhos brilhavam e eu estava mergulhada neles – é um sentimento tão intenso, puro... eu te amo Paulina.

— Eu também te amo. – disse e o puxei para um beijo.

Aquele domingo foi sim especial, passar o dia com Carlos Daniel era mágico, e a família Bracho já era minha família, tínhamos laços feitos em um passado que eu desconhecia, após jantar na casa Bracho Carlos Daniel me levou ao meu apartamento, já era bastante tarde e ele logo se despediu me deixando novamente sozinha, ao deitar em minha cama pensei em tudo o que havia me acontecido nos últimos meses, e como Carlos Daniel me ajudou mesmo sem perceber a me tirar de um poço de angustias e solidão, mas também havia algum mistério, um segredo que ele não queria que eu soubesse.