A Filha de Mycroft Holmes

Capítulo 8 - Estudo e Disciplina


Não que eu gostasse de admitir, mas aqueles malditos rastreadores foram uteis, sem eles não poderia prever o que teria acontecido, mas celular pode ser descartado, roupas com rastreadores podem ser removidas, não seria melhor colocar um rastreador dentro do corpo? Na nuca seria obvio para mostrar seu domínio sob uma mulher o dominante tem a tendência de puxar os cabelos, podendo assim ver a incisão, atrás da orelha seria um bom lugar, mas o local perfeito seria um não visível, dentro da área do couro cabeludo, a cicatriz seria coberta pelo cabelo camuflando perfeitamente.

— Acima da orelha seria um bom local. – Falou Mycroft em quanto tomávamos nosso café da manhã exagerado demais para ser consumido por duas pessoas.

— O que? – Perguntei desentendida, não tinha falado nada.

— Você estava pensando em um rastreador mais complicado de se livrar. – Respondeu o Holmes bebendo um pouco de chá, que tinha um nome chique demais para eu me lembrar de como pronunciar, que acompanhava umas bolachas que possuía a textura de marshmallow de tão fofa que era sua superfície, mas não parecia conter muito açúcar em sua composição. Inaceitável, bolachas tem que ser doces!

— Como adivinhou? – Os Holmes eram assustadores na arte da dedução, nós humildes mortais só podíamos aprender através de sua linha de raciocínio.

— Sua linguagem corporal, você tocou a nuca, seguiu para orelha e depois para o cabelo. Considerando que você foi sequestrada na noite passada e só pude encontra-la rapidamente por causa do rastreador pregado na etiqueta da sua blusa, foi fácil deduzir. – Explicou. Abri a boca espantada, era uma dedução simples, mas me deixou impressionada.

— Eu quero esse super poder. – Apontei o meu garfo para sua pessoa decidida. – Você e o Sherlock são incríveis na arte da dedução, eu quero poder fazer isso também.

— Não é um super poder. – Censurou.

— Para mim é, e vou chamar assim. – Vi balançar a cabeça com descrença. Noob, você esta lidando com uma adolescente, e nós gostamos de nomear o simples para deixa-lo divertido.

Depois que Mycroft saiu para o trabalho eu fui direto para o meu cantinho de estudo, lendo livros e artigos sobre a linguagem corporal, é claro que eu não ia aprender da noite para o dia, demorou semanas para alguma coisa útil ficasse registrado na minha mente e o blog do Dr Watson ajudou bastante, linguagem técnica não era divertido e nem emocionante, mas dentro de um relato vivido com uma prosa cheia de reviravoltas e momentos de suspense ajudaram meu cérebro a encarar os estudos como algo útil e divertido.

Aprendi muitas coisas uteis, principalmente em saber quando alguém esta mentindo, micro expressões faciais delatavam a pessoa sem que ela percebesse e somente alguém treinado para ver perceberia a mentira sem precisar de um polígrafo.

— Senhorita Holmes? – Chamou Maharet, seus olhos provavelmente estavam arregalados com o atual estado do meu quarto, varias folhas espalhadas a minha volta, pilhas de livros me cercando em quanto eu lia um artigo no notebook que estava acima de alguns livros empilhados cuidadosamente para que eu não curvasse minha coluna para ver a tela.

— Já esta na hora do almoço? Posso jurar que tomei o café da manhã ainda há pouco. – Falei distraída.

— Suas tarefas estão se acumulando, terá provas em breve, não pode desperdiçar seu tempo com seus hobbys. – Informou a governanta em um tom calmo, mas mostrava seriedade em suas palavras, o que me fez da às costas ao notebook e encara-la com um olhar desagradável ao reparar na pilha que deveres que estavam em suas mãos.

— Porque eu preciso estudar essas coisas? Quem sabe o que o futuro me aguarda, posso virar uma agente ou uma detetive, o que eu estou aprendendo vale muito mais do que tem nessas folhas. – Respondi frustrada, escola.... Ô coisa chata.

— Todo o conhecimento é importante. – Sorriu Maharet, aquele sorriso definitivamente não era algo bom.

— Um dia ainda usarei essas palavras contra você. – Prometi em quanto devolvia o sorriso irônico.

— Aguardarei ansiosamente. – Sem para onde fugir peguei os livros dos seus braços e coloquei no canto menos bagunçado, os deixando lá até que a zona que eu criei estivesse mais ou menos organizada, era melhor não misturar as folhas.

***

Terminei todos os exercícios, nunca sentia tanta dor de cabeça e ódio como nesses últimos dias, por um momento cogitei tacar fogo em tudo, mas aí lembrei que seria levada a um psicólogo se fizesse isso ou pior, vai saber como os Holmes cuidam dos seus filhos desequilibrados.

— Merope? – Chamou Mycroft abrindo a porta.

— Pai. – Respondi – Vai algum lugar? Falou com um tom de aviso.

— É só isso que consegue deduzir? – Aquele sorrisinho de canto me provocava de um jeito...

— Pelas suas vestes requintadas vai para algum lugar importante, e o fato de eu ouvir a governanta reclamando que vai sobrar comida para o jantar, indica que um de nós não vai estar em casa, e como você não me comunicou antecipadamente é algo que surgiu de repente, mas eu resolvi encurtar para poupar saliva. – Respondi.

Toma essa, Holmes!

— Nada mal. – Sua expressão estava seria, mas aposto que atrás daquela mascara ele estava orgulhoso. – Ficarei uns dias foras, e não poderei lhe fazer atividades, deixarei você aos cuidados do meu irmão.

— Tem mais chance de eu cuidar dele do que ele cuidar de mim, se não tiver a governanta lembrando que um corpo humano precisa ser alimentado ele esqueceria de comer. – Sherlock era dessas, quando estava concentrado em um caso nada mais importava de acordo com os relatos do Dr. Watson.

— Comporte-se, e tente não ser sequestrada. – Falou ao fechar a porta.

— E você tente voltar inteiro pra casa, de preferência vivo! – Gritei em resposta.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.