A manhã tinha sido produtiva. Eu estava feliz por ter melhorado o modo de pensar e talvez Seth estivesse certo, se eu fosse criada desde pequena aqui com eles eu seria uma pessoa bem diferente e talvez até melhor do que sou.

Pensei em Marcel, ele mentiu o tempo todo pra mim, mas mesmo assim eu sou grata a ele por ter me criado e eu não poderia nunca odiá-lo e espero que eu ainda possa vê-lo algum dia.

Coloquei uma roupa mais confortável e Stefan já estava me esperando no telhado.

—Oi.—Eu disse.

—Oi—Ele respondeu seco.

Ele começou me ensinando alguns golpes de defesas, estava mais centrado, não falava outra coisa que não fosse pertinente a essas "aulas". Estranhei o modo como ele agia, quando terminamos nos sentamos.

—Stefan, tem alguma coisa te incomodando?

Ele me olhou e me pareceu que estava pensando se responderia ou não, mas finalmente ele respondeu.

—Lina, eu não sou o que você acha que eu sou...Na verdade isso é o que somos, um dia você vai matar...de novo...E você vai gostar, não vai sentir remórcio ou culpa.

E voltamos ao assunto.

—Stefan é impossível matar alguém e não sentir nada.

—Nem todos sentem.— Olhei para ele surpresa—Quando desligamos as emoções, tudo some por dentro. Não sente culpa, não sente piedade, não sente amor ou carinho por ninguém, enfim não sente nada.

—Como alguém teria coragem de fazer isso?

—Para alguns é a única solução, para mim é a destruição.

—Você já desligou alguma vez não é? Você estava falando sério sobre esquartejar pessoas...

—Sim.

—E como foi desligar?

—Horrível.

—Bom saber, assim nunca desligo a minha.

—Eu não vou deixar você fazer isso.— Ele acariciou minhas mãos de repente, nós olhávamos para elas juntas.

—Eu sei.—Falei baixinho.

Ele se levantou e estendeu sua mão pra mim, segurei e me levantei. Nossas mãos ainda estava uma na outra, Stefan me olhava diretamente nos olhos.

—Por que a pergunta se eu já desliguei e não se eu estou desligado?

—Você disse que é como não sentir nada e você sente. Se não sentisse não se importaria em deixar que eu faça o mesmo. Quero dizer, você se importa com a filha do seu amigo...

—Tem razão, me importo com a filha do demônio.— E o Stefan divertido voltou— Você é diferente seria uma pena se desligasse sua humanidade...Seria...—Ele procurou por palavras e eu entendi o que ele queria dizer.—Seria o inferno na terra.

Dei um tapa nos ombros dele.

—Hei! Eu não faria isso se não fosse extremamente necessário tá e não o chame de demônio.

Ele franziu a testa obviamente por eu defender Klaus e continuou olhando a cidade.

—Sente falta dele?— Ele disse.

—Do Klaus? Nem um pouco, eu vivo com ele.—Disse rindo.

—Você entendeu Lina.

—Jacob foi meu primeiro amor, Stef.— Brinquei o chamando de Stef, ele riu —E você sentia muita falta dela pelo visto.

—Car? Ela é minha melhor amiga, já tivemos nossos momentos, mas ela sempre amou Klaus isso não é novidade pra ninguém.—Stefan respondeu sem rodeios sabendo que eu estava falando dela.

—Oh, vocês dois tiveram momentos e Klaus sabe disso? —Fiquei surpresa.

—Claro sabe de tudo. E ele sabe que é passado, Car é totalmente apaixonada por ele. Nunca ficaria com outro homem, que não fosse ele…—Ele colocou as mãos no bolsos e baixou seu olhar—Você também não ficaria com outro homem que não fosse ele?

—Não sei, nunca pensei em outra pessoa— mentira— desse jeito. E você ainda ama a Elena?— Ele me olhou surpreso. — Qual é, eu não sei de tudo, mas só um idiota não entenderia...Quem ficou com ela primeiro, você ou seu irmão?

Ele deu um sorriso de lado.

—Eu a namorei primeiro, mas aí ela se apaixonou pelo meu irmão e eu não ia impedir dele ser feliz ao lado dela, família é importante Lina. — Ele disse me cutucando.

—Hei! Não precisa jogar na cara tá, eu estou aprendendo a considerar minha verdadeira família.

—Vem, vamos entrar você já esta muito boa, derrubaria um exército.

—Obrigada.—Disse abrindo um sorriso forçado, ele riu.

Entramos e vimos Caroline conversando com Klaus.

—Você tem que me deixar preparar essa festa!

—OK! Como quiser love agora me deixa resolver outras coisas.— Klaus parecia não estar muito feliz.

—Ah vocês dois, arrumem suas malas estamos indo pra casa.— Ela disse ignorando Klaus e sorriu pra nós.

— Já era hora — Stefan passou por nós indo para o seu quarto, eu o segui quando Car me parou.

—Precisa de ajuda com as malas Lina?—Caroline me perguntou como se eu não fosse ir também.

—Obrigada, Seth vai me ajudar Car.— Sorri de canto pra ela. Klaus me ficou surpreso e escondeu um sorriso. Ele percebeu que eu ficaria e não iria embora.

—Ah Meu Deus! Que linda, pode me chamar assim sempre que quiser. —Ela me esmagou no seu abraço, mas logo soltou. Ela olho para Klaus que saiu andando sem falar nada.

[...]

—Ouvi dizer que essa casa nova é uma mansão que Elijah havia construído com Klaus pra todos morarem juntos quando você nascesse.—Seth disse enquanto me ajudava a arrumar minhas coisas.

—Eu achei que ia ser construída ainda, vi Klaus com papeis de construção.

—Ah aquilo é pra consertar o estrago daqui, onde vai ser o lar somente dos vampiros, tipo a nossa fortaleza.

—Nossa?—Me sentei na cama olhando pra ele intrigada.

—Elijah quer que eu faça parte do conselho da família. —Ele sentou do meu lado.

—Seth, você tem certeza do que está fazendo, isso elimina todas as chances de irmos embora.

—Eu achei que já tínhamos conversado sobre isso bruxinha. Você sabe que devemos ficar aqui, se eu voltar e eles verem no que eu me tornei, vão me odiar.

—Você quer viver aqui, não é?—Ele acenou que sim

—Então vamos levar essas malas lá pra baixo meu hibrido.— Disse dando uns belisco nele e enchi o seu rosto de beijinhos, senti um cheiro na minha porta.

—Desculpe não queria atrapalhar.— Stefan disse na porta, ele tinha ficado sem jeito, eu soltei o Seth.— Vim avisar que Elijah está esperando por vocês.

—Estamos descendo, cara.— Seth disse pra ele me abraçando, Stefan tinha ficado sério e saiu sem dizer nada.

[...]

A casa noca era maior do que eu imaginava e muito linda.

—Uau.—Eu disse quando sai do carro.

—Cabe umas duzentas pessoas aqui—Seth disse encantando.

—Somos uma família grande Seth, merecemos um lugar grande e aconchegante para viver.— Elijah disse saindo do carro.

—Cara, eu vou ter um quarto só meu né?

Elijah riu

—Claro que vai, você é da família.

Sorri ao ouvir isso. Quando olhei para a porta vi Klaus nos olhando, eles estavam tirando as malas do carro, respirei fundo e fui devagar até ele.

—Oi — Eu disse baixinho para ele.

—Seja bem vinda SweetHeart. — Ele me cumprimentou com sua cabeça, e logo se retirou entrando pra grande casa.

Revirei meus olhos, ele é tão difícil quanto eu.

—Eu disse que ele tava chateado.— Seth disse colocando as malas pra dentro.

—Fica quieto.

Entrei pelo imenso Hall e tinha uma pequena mesa de centro com uma carta destinada pra mim.

A peguei e abri.

"Você sempre terá escolha"— K.M

Olhei para o alto da grande escada central e vi Klaus me olhando com as mãos nos bolsos, ele deu um pequeno sorriso de canto.

—O que é isso vampirinha? — Seth disse.

Continuei olhando para Klaus e ele para mim enquanto guardava a carta no bolso da minha calça.

—Minha liberdade.