A Filha das Trevas - Marcados (LIVRO 2 - COMPLETO)

Capítulo Vinte e Sete - Dangerous Desire



Belinda se deixou arrastar pelo trem, até estarem na cabine que passara a ser seu ponto de encontro com Ty dentro do Expresso Hogwarts.
—Diga que tem um ótimo motivo para me sequestrar. –Ela falou, se jogando em um dos bancos e deixando a mochila no chão, logo começou a assoprar as mãos.
—Você parece que vai congelar. –Ele falou sorrindo e sentando ao seu lado.
—Está muito frio. –Ela concordou, enquanto ele passava o braço por seus ombros.
—Sequestrei pra dar meu presente de natal. –Ele sorriu e ela o encarou de cenho franzido, se aconchegando seu peito.
—Gosto de presentes. –Brincou e ele sorriu.
—Só não sei se comprei o certo, mas...
—Para de enrolar. –Ela brincou.
Ty a deixou sentar de frente pra ele e puxou o saquinho preto de veludo do bolso do casaco, lhe estendendo em seguida.
—Isso não é nenhuma pegadinha dos gêmeos, não é? –Questionou de cenho franzido e ele riu.
—Juro que eles não têm nada com isso e foi uma escolha somente minha.
Bell pegou o embrulho e puxou cuidadosamente a fita negra de cetim, virando o conteúdo em sua mão, sentindo o metal frio em contato com sua pele e o analisando em seguida.
—Que lindo. –Ela falou, ainda encarando atentamente o delicado anel de prata com uma pequena pedra de lápis-lazúli.
Taylor deu de ombros, atento ao sorriso dela, era uma das raras vezes que ele conseguia notar doçura na menina, quando ela era pega de surpresa por alguém que gostasse, mesmo que minimamente.
—Quando vi lembrei de você. –Ele sorriu e ela o encarou. –Feliz natal.
Belinda sorriu e o abraçou, sentindo o calor do rapaz lhe aquecer. Ela gostava de estar ali, se sentia aconchegada e segura.
—Obrigada. –Ela sussurrou em seu ouvido. –Feliz natal, meu garoto nerd.
Taylor riu baixinho e sentiu os lábios dela contra seu pescoço, mas em seguida a menina se afastou. Bell sentou normalmente e colocou o anel no dedo médio da mão esquerda, analisando como o presente ficara.
—Ficou muito bom. –Ele falou, segurando sua mão e inspecionando, a vendo assentir.
—Eu tenho que entregar o seu, mas estou indisposta a procurar na mochila. –Ty riu, atraindo o olhar da menina.
—Você indisposta? –Fingiu surpresa e ela rolou os olhos, mas sorria.
—Muito engraçado.
—Foi mesmo.
Bell notou o brilho nos olhos verdes do rapaz, o que a fez sorrir. Estavam perto demais, contudo Belinda não queria sair dali.
Lestrange aprendera a gostar da companhia do rapaz mais do que deveria, era perigoso, mas seu egoísmo não permitia que o deixasse ir embora de vez.
—Estou curioso pra saber o que tem pra mim, Lestrange.
Belinda sorriu e esticou a mão, puxando a mochila para o colo e abrindo-a.
—Merlin. Tem um mundo aqui dentro. –Ela bufou e ele riu.
Taylor a viu jogar o cabelo para o lado, frustrado com as madeixas que caiam em seus olhos enquanto procurava o que queria dentro da mochila.
—Rá! –Ela soltou, puxando uma caixa azul quadrada do tamanho da palma de sua mão.
—O que você tem pra mim? –Ele sorria enquanto ela o passou a caixinha.
—Bem, não tive muito tempo pra procurar algo, mas... –Deu de ombros.
Taylor retirou a tampa da caixa e viu a corrente de ouro reluzindo, a medalha de uma estrela, que seu núcleo brilhava azulado, contudo Ty sabia não ser uma joia, porém não saberia dizer do que era feito. O rapaz puxou o cordão da caixinha com cuidado e deixou a estrela girando em frente a seus olhos.
—Tem uma lenda que diz que todo Black traz o nome de uma estrela. –Ela sorriu, olhando para a medalhinha. A voz baixa e leve. –Talvez eu seja uma das únicas que não.
—Por quê? –Ele quis saber, continuando a encarar o presente.
—Meu nome, Belinda, quer dizer Serpente.
Ty sorriu e baixou a medalha, encarando a menina e tocando levemente seu rosto. Belinda sentiu o rastro ardente que a carícia do rapaz provocou em sua bochecha.
—A serpente mais aprazível que já conheci.
Isso a fez sorrir.
Tão próximos. Ela pensou, mordendo o lábio inferior.
Taylor a puxou para mais perto e colou seus lábios aos da menina, que ficou estática por um segundo, fazendo o rapaz recuar um pouco e ver o brilho devastador nos olhos negros.
—Des...
Belinda não permitiu que ele completasse a palavra, o puxou de volta pra ela, agarrando seu cabelo e o sentindo sorrir, mas a puxar para mais perto.
—Sem desculpas, Parker. –Ela sussurrou quando se afastaram para tomar ar, o que o fez sorrir e beija-la novamente.
Belinda não queria parar pra pensar, pois sabia que isso a faria recuar, contudo sentia falta dos beijos de Taylor, mais do que ela imaginava e gostaria de admitir.

Draco sentiu a maciez do cabelo castanho em sua mão e o calor emanando de seu corpo a proximidade dos dois pareceu incomodar Rúnda, que pulou dos braços dela e se aconchegou mais uma vez no banco. Mas o estopim foi ver Granger umedecer os lábios com a ponta da língua.
Malfoy a beijou antes de poder parar pra raciocinar, fora tão intenso e faminto, de ambas as partes. Praticamente colocaram seus corpos um ao outro.
Hermione era tudo o que Draco fora ensinado a odiar, pobre, Sangue-Ruim, Grifinória e certinha. Mas ele tinha de reconhecer o quão bonita e inteligente ela era, assim como não poderia negar que seus beijos eram viciantes e que ele se apaixonava cada vez mais.
Draco se afastou rapidamente dela, tão confuso e bruscamente que bateu contra a porta do outro lado da cabine. Hermione o encarou de olhos arregalados e bochechas coradas, sem entender bem o que acontecera e o que o olhar de Malfoy significava.
Malfoy não podia estar apaixonado por ela, não pela maldita Sangue-Ruim. Ele a viu pegar Rúnda e olhar confusa para ele. Draco se afastou da saída e deixou a menina ir embora, fechando a porta atrás de si.
—Puta que pariu. –Draco sussurrou e se jogou no banco. –Não, eu não posso.
Malfoy baixou a cabeça e a apoiou nas mãos.
Estar apaixonado por Hermione Granger era tudo que ele não podia e nem desejava. Era um perigoso desejo pra ele, pra ela e pra qualquer um que estivesse perto.

Belinda sorriu, estava sentada nas pernas do rapaz, o afastou um pouco, encarando os olhos verdes e ardentes, ainda brincando com o cabelo de sua nuca.
—Você é uma pessoa horrível, Lestrange. –Ele riu. –Deveria ter uma leia que proibisse parar um beijo no meio.
—Seria pior ainda. –Ela brincou. –Amo quebrar regras.
Ty riu e ela se aproximou, mordendo o lábio inferior dele e o puxando. Taylor tentou beija-la, contudo Bell se afastou rindo e negando com a cabeça.
—Isso não te torna uma pessoa menos terrível.
—Eu sei. –Ela riu e o beijou novamente.
Bell sentiu o aperto em sua cintura e leve puxar em seu cabelo, o que fez um arrepio descer por sua coluna e os cabelos eriçarem. Como gostava e odiava que Taylor despertasse essas coisas nela, o gostar e odiar na mesma proporção.
Lestrange se deixou perder no gosto de canela e hortelã por um longo e tranquilo tempo, contudo a mente pareceu romper a paz do momento e lhe implantar a imagem de Bellatrix gargalhando, o que a fez se afastar um pouco e encostar a testa contra a do rapaz, respirando fundo.
—O que foi? –Ele quis saber, a voz rouca de desejo.
—Eu... –Ela respirou fundo e deu um sorriso de canto sem humor. –Eu não deveria fazer isso.
—Por quê?
—Eu só não... –Suspirou e olhou para a janela do lado. –Não é justo colocar você na confusão toda que eu tô agora.
Taylor fez careta, percebendo que havia milhares de coisas não ditas naquela frase.
—Bell...
Belinda não o encarou, mas lhe deu um beijo na bochecha e se ergueu de sua perna, puxando a mochila para o ombro e abrindo a porta da cabine.
—Feliz natal, Parker.
Lestrange não ouviu a resposta, mas se afastou com rapidez dali. Bellatrix não estava ali só para lhe deixar com hematomas, mas sim destruir sua mente e relacionamentos, destruir sua paz. Seja lá o que Taylor significasse, era bom que esquecesse o sentimento.
Belinda encontrou a cabine dos amigos com facilidade, porque os xingamentos sobrepunham todo o barulho do corredor. Bell sorriu e abriu a porta da cabine.
—Por Merlin, vocês só sabem se xingar? –Ela sorriu, encontrando os olhos azuis de Douglas.
—É nosso jeito de demonstrar carinho. –Respondeu e ela sorriu.
—Sempre desconfiei.
Belinda entrou na cabine se jogou entre os dois Sonserinos, pousando a cabeça no ombro de Daniel.
—Isso tudo é preguiça? –Ele brincou.
—Não, é amor. –Ela debochou, fazendo o grupo rir. –Mas e ai, o que eu perdi?
—Estávamos elogiando a idiotice do Coren. –Murilo informou sorrindo com tranquilidade.
—Mas que o Marcos é idiota não é segredo pra ninguém. –Ela fez careta. –Me conta uma novidade. –Os amigos riram.
Marcos lhe mostrou o dedo médio e ela deu um sorriso de canto.
—Ela só disse verdades, cara. –Douglas falou. –Você só tá ficando pior.
—Coisa que eu achei não ser possível. –Daniel argumentou.
—Vocês são as criaturas mais idiotas do planeta. –Marcos xingou, rolando os lindos olhos verde-azulados.
—Esse é você, meu amor. –Bell implicou. –Nós somos apenas irritantes. –Lhe deu uma piscadela de canto.
—Vai sonhando, Lestrange.
—Não é sonho, é uma constatação.
—Eu amo quando ela vem com toda essa vontade de irritar o Marcos. –Murilo comentou.
—Ela gosta de irritar todo mundo, não só o leão idiota. –Douglas argumentou e Belinda assentiu, sorrindo. –Tá vendo?!
—Eu sou um amorzinho. –Ela deu um sorriso fingido, que fez os amigos rirem.
—Já disse, tanto quanto um diabinho de pimenta. –Marcos falou.
Bell rolou os olhos e sorriu.
—Isso me faz lembrar que tô com fome.
—GRANDE NOVIDADE! –Disseram eles e ela riu.
—Estou em fase de crescimento, licença.
—A gente ouve essa desculpa há anos.
—E vão continuar ouvindo se depender de mim. –Ela informou.
Tayner encarou sua mão e apontou o anel.
—Bonito. –Comentou e ela sorriu, encarando os olhos absurdamente azuis. Um pedaço do céu.
—Aquisição de natal. –Sorriu e se colocou de pé. –Quem vai comigo atrás de comida?
—Bora. –Daniel se colocou de pé também.
—Não vão perguntar o que a gente quer? –Murilo se fez de indignado.
—Se eu trazer bombas de bosta vocês vão ter que comer sem reclamar. –Lestrange avisou.
—Sim senhora. –Eles brincaram, enquanto a menina saia da cabine.
—Taylor tem bom gosto. –Daniel comentou, quando estavam afastados da cabine dos amigos.
Belinda sorriu e o encarou.
—Quem disse que foi ele?
Daniel rolou os olhos castanhos e colocou a mão no topo da cabeça da menina.
—Te conheço, Baixinha.
Belinda bufou e bateu na mão dele.
—Teu cu.
Daniel riu.
—Vai muito bem, valeu.
—Como você é idiota! –Ela xingou, mas ria.
—Senti falta desse carinho todo. –Ele a puxou pelos ombros e beijou a têmpora dela, o que a fez sorrir.
—Eu sei, você me ama.
—Puta que pariu. –Ele a empurrou de leve. –Que caralho de menina convencida!
—Sou assim por culpa de vocês. –Ela deu de ombros.
—Eu criei um monstro! –Ele fez careta e ela sorriu.
—Bom que você sabe.
Belinda não lembrava a última vez que comprara tanta besteira e nem que se deixou esquecer tanto dos problemas, mas estava extremamente confortável na cabine com os amigos, principalmente depois que Freddie e George se juntaram a eles.
Lestrange deixou as preocupações afastadas por tempo suficiente para se deixar rir divertida e tranquilamente, enfrentaria o que estava por vir na hora certa, porém naquele momento aproveitaria os amigos.

O apito do trem soou para anunciar que estavam na estação. Belinda suspirou e se forçou a ficar de pé.
—E então, a gente vai sair durante essas férias? –Marcos questionou.
—Veremos se consigo não irritar Lucius. –Ela comentou, puxando a mochila para o ombro e seguindo o fluxo de alunos para fora do trem.
—Faz um esforço. –Freddie mandou.
—Tentarei. –Ela sorriu.
Belinda viu a plataforma cheia de abraços, risos, carinho e amizade, mas isso a fez se sentir como um balão furado, deixando todo o ar sair de seu corpo e murchar, principalmente quando seus olhos encontraram Narcisa ali perto, já na companhia de Draco, que parecia irritado com algo.
—Bem, a família aguarda. –Ela debochou.
Lestrange recebeu cada abraço como se fosse o último e quando estava pra se distanciar viu Ty passando ali perto. Ela o encarou e ele sorriu, se aproximando e a abraçando.
—Foi mal. –Ela sussurrou.
—Não é como se eu não soubesse que você é louca. –Ela sorriu levemente e recebeu um amigável beijo na testa. –Feliz natal, Lestrange.
—Tente não irritar sua família. –Ela o alertou, o que o fez rir.
—Olha só quem fala.
Bell sorriu e o deixou ir, virando novamente para os amigos.
—Nos falamos em breve.
Belinda havia vestido a máscara de tranquilidade
—Mande uma coruja. –Murilo ordenou e ela riu.
—Pode deixar, capitão. –Ela encarou Freddie e George. –Não se esqueçam de mandar aquela encomenda especial.
Freddie abriu um imenso e reluzente sorriso.
—Não vamos. –Assegurou.
—Ah, não mesmo. –George afirmou. –Até porque vamos mandar um extra muito legal.
—Eu tô com medo e pena de quem vai receber. –Douglas disse fazendo careta.
—Não precisa, amor. –Ela brincou.
—Se vocês receberem corujas nos nomes desses três, já sabem. –Daniel alertou. –Não abram!
Belinda riu.
—Aqui está. –Hermione se aproximou, oferecendo Rúnda.
—Olá, meu amor. –Disse ela pegando o gato, aninhando cuidadosamente nos braços e acariciando entre as orelhas. –Você chegando e eu indo, Mi.
Hermione sorriu e Bell notou haver algo errado, o que a fez arquear a sobrancelha.
—Nos falamos em Hogwarts. –Granger garantiu e ela assentiu.
—Tudo bem, tenho que ir mesmo. –Suspirou. –Feliz natal, meus amores.
—Feliz natal, Lestrange!
Belinda sorriu pelo coro dos amigos e se virou, caminhando até os Malfoy, vendo que Draco já estava com sua bagagem.
O natal mal havia começado, contudo já sugara todas as boas energias que Belinda estava.
—Olá querida. –A loira a cumprimentou, Bell arqueou a sobrancelha e passou direto.
—Vamos logo, Narcisa. –Ela disse, sem se preocupar com sutileza.
Draco se colocou ao seu lado, deixando o Elfo Doméstico levar suas bagagens e passou o braço pelos ombros da amiga, que se aninhou a ele.
—Vai ser um natal e tanto. –Sussurrou ele, sem humor algum.
—Vai mesmo, principalmente se depender de mim.
Malfoy permitiu um sorriso de canto, enquanto seguiam para o que provavelmente seria o pior natal de todos.