Estavam todos na maior comemoração no abrigo do pai do Harry. Hermione, Luna e Victor tinham recebido uma boa nota pelo trabalho que tinham feito com as crianças, e depois de algum tempo juntando dinheiro eles finalmente tinham conseguido organizar uma pequena festa de agradecimentos para os pequenos.

As crianças estavam radiantes com a ideia de poderem comer algumas besteiras e dançavam animadas junto de Luna e Neville que levaram um aparelho de som para o local alegando que festa sem música, não é festa. Lá, além das crianças estavam presentes os três estudantes que realizaram o trabalho: Hermione, Luna e Victor. Também estavam Gina que ajudou na confecção dos figurinos dos pequenos, Harry que conseguiu autorização para que os amigos trabalhassem com as crianças, Neville que sempre fora junto com os amigos para ajudar nos ensaios e Rony.

Hermione estava encostada em um canto próximo a janela e observava a todos. Luna e Neville que pareciam mais infantis do que as crianças enquanto dançavam com elas, Gina paparicando a menina que tinha feito o papel de Julieta, Rony na mesa dos quitutes comendo junto com alguns meninos e meninas, Victor que fora puxado pela criançada a se juntar aquela animada roda de dança. A cena era um tanto divertida, ver Victor completamente grande, desengonçado e sem coordenação motora tentando fazer alguns passos de dança era ridícula. Entretida naquela visão ela nem pode ver que Harry se aproximara encostando-se ao seu lado.

— Pensamento longe? — o moreno perguntou finalmente se fazendo presente.

— Não, nem tão longe assim. — ela apontou para Victor enquanto ria.

— É, ele pode ter nascido pra muita coisa, menos pra ser dançarino.

— Definitivamente. — concordou e os dois riram.

— Porque está aqui sozinha? Não vai aproveitar, não? Você esperou tanto tempo pra conseguir fazer essa festinha.

— É, eu sei. — ela disse um pouco acuada.

— Quantas vezes eu vou ter que te dizer que não dá pra você esconder nada de mim?

— Não precisa dizer, você me conhece mais do que eu mesma me conheço.

— Isso é verdade, assim como você me conhece mais do que eu mesmo me conheço.

— Mas dessa vez eu não estou escondendo nada, você já sabe o que é. — ela cruzou os braços e passou a fitar os próprios pés.

— Você vai revê-los amanhã, não é? — Harry já sabia do que se tratava, ela falava sobre o pai e o irmão — Está preocupada?

— Muito. Não sei o que esperar, não sei como estão e será estranho...

— Por que vai ser estranho?

— Faz tanto tempo que não nos vemos, parece que eu nem os conheço mais, o que não deixa de ser verdade. Meu pai já é um senhor e meu irmão um homem formado, não é essa a imagem que tenho deles.

— Não será muito diferente pra eles, Mione. Você não é mais a garotinha que eles conhecem.

— Eu sei, e isso me assusta e me machuca ao mesmo tempo... como pode uma coisas dessas, Harry? Eu não saber quem é meu próprio pai, ter estado no mesmo lugar que meu irmão há um tempo atrás e sequer ter o reconhecido? Isso é uma coisa absurda, não existem coisas assim... — ela parecia confusa.

— Deve ser uma loucura mesmo.

— E é, eu sinto que vou explodir a qualquer momento. Tem tanta coisa na minha cabeça que eu não consigo nem pensar mais direito!

— Relaxe, Mione. Aproveite a festa e esqueça um pouco disso, não será tão difícil olhando pra esses sorrisos, não é? — ele se referiu as crianças que gargalhavam animadamente agora que Rony tinha se juntado aquela roda de dança.

— Não mesmo. — Hermione sorriu — Se lembra quando nós éramos as crianças do abrigo?

— É claro que me lembro! Aprontamos muitas coisas naquele verão, ein?

— Aprontamos e muito! Lembra quando pintamos nossos rostos de preto e fingimos estar numa missão secreta?

— É claro que lembro! A máfia tem medo de mim até hoje. Lembra de quando acidentalmente eu quebrei aquela boneca de porcelana horrível e assustadora da Dona Amélia?

— Acidentalmente? — estreitou o olhar para ele.

— É claro que foi acidentalmente! Minha intenção era apenas derrubá-la da prateleira, ela ter se estilhaçado em mil pedaços foi apenas uma fatalidade. — Hermione riu lembrando-se que aquela foi à mesma explicação que ele dera para Amélia que era uma das funcionárias do abrigo.

— Lembra do nosso primeiro beijo? — os dois gargalharam instantaneamente.

— Meu Deus, é claro que eu lembro! — disse tentando se recompor.

— Como éramos bobos, ainda bem que decidimos ser apenas bons amigos depois que descobrimos como era dar um beijo.

— Nem me venha com mentiras, Granger. Tenho certeza que ainda suspira lembrando do meu beijo. — disse brincalhão.

— Harry querido, aquilo não foi um beijo de verdade. Demos um selinho e decidimos que beijar era chato!

— Ok, éramos realmente bobos, beijar é muito bom! Não sabíamos de nada da vida, mas para quem queria matar a curiosidade até que foi bom ter sido com minha melhor amiga.

— Digo o mesmo. Mas, você beija muito mal. — Hermione zombou do amigo, sempre que se lembrava daquela situação tinha vontade de rir. Quando eram menores ela e Harry tinha sido motivo de piada por nunca terem beijado ninguém, então resolveram que acabariam com aquilo beijando um ao outro, mas assim que o fizeram resolveram que não beijariam mais ninguém pois era uma coisa nojenta. Hermione se lembrava de jurar nunca mais beijaria ninguém.

— Você também beija mal, queridinha. — eles riram e logo Harry voltou ao tom sério — Sinto muito não poder estar com você amanhã, mas sei que estará muito bem cuidada por Rony.

— Como sempre estou. — ela disse lançando um olhar apaixonado ao namorado que assim que a viu o fitando lhe mandou um beijo no ar fazendo-a sorrir.

— Isso é tão estranho. Nunca pensei que veria o Rony com alguém pra cuidar dele, muito menos alguém pra ele cuidar.

— Muitas pessoas já me disseram isso. E é realmente estranho pensar que até eu pensava dessa maneira.

— Eu sei... mas fico muito feliz com isso. Vocês dois são sem dúvidas os melhores amigos que eu tenho, e é bom saber que duas pessoas tão especiais quanto vocês estão juntos. Eu torço muito por vocês e pela felicidade dos dois! Como é que a Gina diz...? Eu shippo vocês dois. — ele disse e Hermione riu.

— Vocabulário da Gina ainda?

— Sim, já aprendi muita coisa. — disse rindo.

— Obrigada Harry. Eu também torço muito por você e pela Gina, além de serem o casal mais fofo do planeta, ela é maravilhosa, e você merece alguém assim como ela.

— Obrigado. Não precisa dizer essas coisas, você já é madrinha oficial do nosso casamento.

— Casamento? — Hermione perguntou animando-se.

— É, daqui há uns anos quem sabe. Pode ir se desanimando.

— Não fique enrolando a menina, Harry. — bronqueou.

— Não estou enrolando, só esperando o momento certo.

— Sei... — Hermione disse e os dois passaram a fitar Rony e Gina que se aproximavam dos dois.

Era engraçado vê-los um ao lado do outro. Eram tão parecidos fisicamente, mas quando se tratava da personalidade de ambos eles iriam de zero a dez facilmente. Gina sempre radiante e animada, Rony sempre calmo, tranquilo. Gina falante, Rony ouvinte. Gina extravagante e desinibida, Rony recatado e tímido. Mas se tinha uma coisa da qual ninguém poderia duvidar era o quanto os dois se amavam. Hermione já tinha presenciado várias cenas de carinho e afeto dos dois, principalmente de admiração que um sentia pelo outro. Era bem verdade que os dois brigavam feito cão e gato, mas quais irmãos não brigam? E a união dos dois compensava qualquer picuinha que tinham. Queria ela ter tido a oportunidade de ter um relacionamento assim com seu irmão...

Assim que chegaram Rony abraçou Hermione por trás e Gina se pendurou no pescoço de Harry, o que fez a morena rir internamente. A ruiva também era diferente dele, diferente dela e de qualquer outra pessoa. Gina era uma pessoa única no mundo, daquelas que você nunca pode perder.

— Sobre o que estão falando? — Gina perguntou.

— Sobre o quanto somos sortudos por termos vocês dois. — Hermione respondeu e Harry respirou aliviado pela amiga não ter falado nada de casamento.

— Awnt, que fofinhos! — Gina disse beijando a bochecha de Harry e em seguida beijou-lhe nos lábios.

— Ah, por favor, será que podem ir se agarrar pra lá? — Rony disse mas suas palavras não surtiram efeito no casal que ainda beijava-se — Cara, ela ainda é minha irmã!

— E daí? — Gina o enfrentou — Se for assim desgrude-se da Mione, ela é como uma irmã pro Harry e mesmo assim você não se importa de agarrá-la na frente de ninguém.

— Que bobagem, gente! — Hermione disse ao ver os irmãos preparando-se para uma discussão — Ninguém aqui é menor de idade e pode fazer o que bem entender, e ser irmão da Gina não te dá o direito de proibi-la de beijar o Harry, Roniquinho.

— Essa é minha garota, por isso a considero como uma irmã! — Harry disse para provocar Rony.

— Então os dois vão se agarrar pra lá, quero ficar sozinho com minha namorada. — disse ríspido.

— Não precisa pedir duas vezes! — Gina respondeu no mesmo tom e saiu puxando Harry pela mão.

— Amor, não fique brav... — Hermione disse virando-se para o ruivo, mas não pode terminar sua frase já que ele tinha tomado seus lábios para si.

— Relaxa... eu só queria te beijar mesmo. — ele inclinou-se para beijá-la outra vez e ela o envolveu pelo pescoço — Então quer dizer que você é sortuda por me ter?

— Sim, eu sou. E muito. Também falamos sobre como você cuida de mim e me protege.

— Dever de namorado, não é?

— Pode ser... mas as vezes acho que eu recebo mais do que mereço.

— Lá vem você com essas bobagens de novo! Você merece muito mais, eu é que não posso retribuir tudo o que faz por mim.

— Você é que faz as coisas por mim, Ron...

— Oh Deus, — ele disse tombando a cabeça pra trás e voltou a encará-la — não existe essa história de quem faz mais e quem faz menos, ok? Você cuida de mim porque me ama e eu cuido de você porque eu te amo, simples assim.

— Você me ama? — ela perguntou radiante, sabia que ele a amava, mas adorava ouvi-lo dizer aquilo o tempo todo.

— É claro que amo! — ele disse aquilo e passou a percorrer um caminho de beijos dos lábios da garota, passando por suas bochechas até chegar em seu pescoço, onde lhe deu uma leva mordida fazendo-a estremecer. — Só que eu te amo mais.

— Que iludido! Até parece que me ama mais do que eu amo você.

— Amo sim. — ele disse beijando-a apaixonadamente.

— Estamos muito melosos ultimamente, né? — ela perguntou assim que o beijo cessou.

— Estamos mesmo. Será que já ficamos com diabetes? — ele fez uma cara intrigada que fez Hermione gargalhar.

— Tio Rony, você não vai voltar para a dança não? — perguntou um pequeno garotinho que se aproximara dos dois.

— Vou sim, Pedro! — Rony respondeu — Vou levar minha parceira junto comigo.

— Não vai não! Eu é que vim tirar a Mione pra dançar! — disse indignado.

— Ah, que pequeno galanteador você é Pedrinho. — Hermione disse e desvencilhou-se de Rony para segurar as mãos do garotinho — Me desculpe Ron, mas você acaba de perder sua namorada para este rapazinho aqui.

— Estou de olho em você, viu? — Rony tentou parecer ameaçador, mas o garotinho já tinha levado Hermione para a roda de dança.