Quando Riven partiu para cima de Shyvana, estava disposta a matar e morrer. Não dava a mínima para o comando demaciano. Shyvana não pegaria leve com ela, nem seria boazinha. Então, não viu um só motivo para ter aquele comportamento. Sempre que lhe perguntavam qual a batalha mais importante de sua vida, a resposta era sempre a mesma. "A próxima". E não seria diferente dessa vez. Daria o seu máximo, e que o dragão a segurasse, se fosse capaz.

A espada quebrada foi interceptada pela manopla direita de Shyvana, enquanto a esquerda, armou um soco profundo. Riven desviou, rolando e passando a espada na perna da mulher. A armadura bloqueou completamente o impacto, e a loira recuou. Mas mal teve tempo de respirar. Shyvana já partiu para cima de si, dando uma série de socos.

Riven pulava para trás, desviando como podia e se protegendo com a espada. Entretanto, não foi rápida o suficiente para bloquear um ataque que a atingiu em cheio na barriga, levando-a ao chão imediatamente.

Um soco potente veio de cima a baixa, e se a noxiana não desviasse a cabeça, teria seu crânio esmagado. Atingiu a demaciana com as duas pernas, empurrando-a para trás, para ter tempo de respirar.

Shyvana era uma maquina. Já estava de novo em cima dela, atacando-a intensamente.

– O que foi, Rivs? Não está aguentando a pressão?

Riven sentiu a raiva lhe povoar a cabeça, mas conseguiu se controlar, em seguida. Já estava difícil o suficiente, resistir aquele massacre normalmente. Caso se alterasse, a morte era certa. Sentiu as costas de baterem contra uma parede, surpresa. Já havia chegado ao canto da arena. Shyvana sorriu, como que sentindo a vitória de aproximar e avançou.

Riven não teve qualquer dúvida. Ativou a escudo na hora. O ar se tornou mais denso, ao redor dela, e entrou em um turbilhão, juntamente com a própria energia da garota. E os socos de Shyvana, faziam a estrutura tremer.

– Isso é tudo que você tem? - Shyvana cuspiu. - Eu esperava mais! - Gritava, enquanto continuava a bater.

Riven percebeu uma certa constância nos golpes dela. Pensou rápido, enquanto sentia a iminência do rompimento do escudo. E assim que ele foi partida, rolou pela lateral de Shyvana. O punho da mulher acertou a parede em cheio, causando muito barulho. E Riven desceu a espada com mais força ainda, bem no meio das costas dela.

O aço contra aço gerou um som ainda mais ensurdecedor, e Riven pôde sentir a lâmina vencendo a armadura e criando um corte considerável nas costas de Shyvana. A Meia-Dragão se virou rapidamente, mas Riven já havia se afastado o suficiente para respirar um pouco aliviada.

Era possível ver as gotas de sangue pingando das costas da mulher. Riven sorriu, provocativamente para ela, embora começasse a sentir de modo um pouco mais intenso a dor no abdome.

Shyvana tinha ódio no olhar. Fitava a noxiana como se ela já estivesse morta. E, se dependesse de si, seria uma morte dolorosa. Um pilar flamejante surgiu, ao redor de si, e logo a envolvia completamente, quase como se ela estivesse no meio de um furacão de fogo. Riven fitou-a, impressionada. Fiora não havia exagerado. Shyvana realmente era um monstro.

Não teve muito tempo para admirá-la. Logo uma labareda foi lançada em sua direção. Riven pulou para o lado, e correu para cima de Shyvana. Entretanto, não tinha muita ideia do que faria, a seguir. Como conseguiria ferir Shyvana? Quando chegou perto dela, sentiu a temperatura esquentar.

– Está vendo, prostituta? Está vendo o que te espera? - Shyvana pulou em cima de Riven, desferindo uma série de socos. - Vai morrer queimada!

Ela estava muito mais intensa. E quente. Riven já suava, só de se manter próxima. Então percebeu a pele de Shyvana ficando vermelha, por sobre a armadura. A temperatura esquentando. Lembrou-se das palavras de Fiora, dias antes.

"Quando Shyvana for se transformar em dragão... acredite em mim... você vai saber... Vire a espada nessa hora. E a jogue para longe. O impulso que ela ganha na transformação é monstruoso. Vai te esmagar".

Riven nunca tinha visto a transformação, mas tinha certeza de que ela estava próxima. Entretanto, ao invés de sentir medo, começou a pulsar, de excitação. Liberou a runa, fazendo a espada crescer. E como era bom, ter a Lâmina do Exílio completa em sua mão. Sentiu-se invencível, naquele momento. Foi quando Shyvana pulou em cima de si, se tornando um dragão de 4 metros de comprimento e sendo envolta por uma cortina de chamas.

Riven cortou com ar, reunindo o máximo de energia possível e a rajada de vento que atingiu a adversária foi tão intenso que, não só cancelou sua investida, como arremessou-a do outro lado da arena, apagando suas chamas no processo.

Shyvana acertou o chão em cheio, batendo a cabeça dracônica com um baque alto. Escutou os gritos da platéia, surpresos com aquela reviravolta. A própria demaciana estava ridiculamente abestalhada, diante de tão rápida resposta da Exilada, que havia, literalmente, lhe brincado consigo, naquele momento. Riven a humilhara como ninguém jamais fora capaz.

Logo as labaredas de fogo reapareceram, e o dragão cuspiu um jato de fogo. Riven não se fez de rogada. Um novo corte de vento dividiu o pilar flamejante, e a loira correu para cima de Shyvana. Aquilo estava demorando demais. Era hora de matar o dragão.

Shyvana esticou uma garra e tentou acertar Riven. Mas a loira estava ligeira e desviou daquele ataque. Mas não do impacto com a cauda, que a jogou longe.

Riven sentiu a mente vacilando, por alguns segundos. Havia sido uma porrada e tanto. Mas logo balançou a cabeça e voltou a se concentrar. Ela era imensa. E muito forte. E logo teve que rolar, para desviar da bola de fogo, que quase lhe atingiu.

– Porcaria... - A animação instantânea que havia sentido logo passou. Shyvana era forte. Riven não podia se esquece daquilo. Não sabia se dragão conseguia sorrir, mas imaginou que ela estava, pela sua cara. E prometeu a si mesmo que, se podia sorrir, também faria o dragão chorar. Partiu para cima de Shyvana mais uma vez, disposta a encerrar a luta, de qualquer jeito. Fosse como fosse, iria usar tudo que tinha, naquele momento.

Pulou para cima de Shyvana e sentiu ela rugir. O dragão era grande demais, e tamanho trazia inúmeras vantagens. Mas também, desvantagens que Riven sabia explorar. Era difícil para ela, desviar do corte de vento.

Dessa vez, Riven concentrou completamente o ataque. Não uma rajada de vento forte, como uma ventania. Foi uma onda cortante, bastante coesa, que, ao atingir Shyvana, causou dor extrema, e a fez se retorcer. Riven aproveitou o momento para descer com a montante bem no pescoço de Shyvana.

A lâmina entrou um pouco. O dragão gritou ainda mais alto, se balançando completamente. Um jato de fogo foi lançado na direção da loira, que ligou o escudo, imediatamente. Não faltava muito. Se conseguisse enfiar a espada mais um pouco...

Mas, as garras vieram. Penetraram os escudo já enfraquecido pelas chamas como faca na manteiga, e rasgaram Riven, do pescoço à cintura, fazendo-a girar no ar, antes de cair no chão.

Shyvana agarrou o cabo da espada e a jogou longe, ainda com expressão de dor. Ela estava acabada, isso era visível. O ferimento no pescoço era profundo demais. Mas não estava tão acabada. Não como Riven.

A loira estava desarmada e sangrando muito. E a dor dos cortes era demais. Sentia o sangue escorrendo de si. Seria difícil se levantar. Continuar a lutar então, era incogitável. Olhou para Shyvana. O dragão rastejava lentamente em sua direção.

Riven tentou se arrastar, de quatro, para o mais longe possível dela. Mas não havia como escapar. Era uma arena.

"Ah, Yasuo... aonde você está... Dói muito... eu... preciso de você", pensava, enquanto sentia os olhos se encherem de lágrimas. Olhou para a platéia. No fundo, sabia que ele não estava ali. Mas desejava que estivesse. Como queria vê-lo, ainda que uma última vez.

Entretanto, sua última visão seria do dragão, que, assim como a morte, se aproximava rápido.