A Exilada

A Batalha Perdida


– O que querem conosco? - Yasuo perguntou, dando um passo para trás. Não havia gostado do tom de Xin Zhao, além de que, se entregar não fazia nem um pouco seu estilo. - Não temos nada a ver com vocês.

– Como não? - Foi a voz de Garen, encostando o cavalo ao lado do de Xin. Então olhou para Riven fixamente. - Então os boatos eram verdadeiros... a grande Riven! Exilada!

Riven ficou olhando para eles, pensando no que poderia fazer. E nada lhe vinha a mente. Poderia correr, mas estava a pé. Também não poderia lutar. Mesmo que Yasuo lhe desse sua espada quebrada, sabia que não venceria. Somente Xin Zhao, quando era escravo em Noxus, havia derrotado 200 soldados em uma arena de gladiadores. E Garen era um guerreiro conhecido. Quinn tinha uma precisão mortífera. As outras três, ela não conhecia, mas tinha certeza que eram igualmente perigosas.

– Alguém conhece esse cara? - Xin Zhao perguntou, virando a cabeça para seu grupo.

– Ele se chama Yasuo. - A voz de veio Lux. - Um antigo soldado Ioniano. - A maga fazia parte do pelotão de inteligência de Demacia, sendo uma espiã extremamente competente. Havia sido enviada para acompanhar de perto o conflito entre Noxus-Ionia. - Mas, foi considerado culpado pela morte do Ancião Renkhoz, um dos líderes de Ionia. Está foragido.

– Que notícia agradável! - Xin Zhao disse, pulando do cavalo, com sua lança em punho. - Nesse caso, só precisamos de Riven. - Ele começou a se aproximar de Yasuo.

O espadachim se preparou, sacando a katana.

– Riven... - Ele chamou.

A loira não entendeu muito bem, o esperando continuar.

Mas então, Yasuo jogou aos pés dela a espada quebrada, e a olhou nos olhos.

– Agora é para valer!

– Antes de terminarmos... - Xin Zhao prosseguiu. - Eu gostaria de perguntar. Sobre Katarina e Talon.

– Estão mortos. Eu mesmo fodi com os dois. - Yasuo deu uma gargalhada, mantendo a espada apontada para Xin Zhao.

– VOCÊ O QUE? - O descontrole de Garen foi evidente. Tanto que, de cima do cavalo, o general deu um salto, aterrissando no chão com os dois pés, contra a terra dura. Sua grande espada já foi imediatamente sacada.

Garen e Katarina possuíam uma rivalidade antiga, desde o dia em que a Lâmina Sinistra tentara silenciá-lo na calada da noite e falhara, ganhando uma cicatriz. Entretanto, os dois haviam passado dois dias desaparecidos, e, surgia em Demácia, o boato de que Garen tinha outros interesses com a noxiana, além de matá-la.

Fossem os boatos verdadeiros ou não, Garen tinha se tornado completamente obcecado por Katarina.

Riven ergueu a espada. Seus braços sangravam e doíam. Mas já tinha lutado em situações piores. E, de qualquer modo, iria morrer ali mesmo. Tinha certeza disso, então as circunstâncias não importavam muito. Parte de si queria fugir. Mas, quando pensava em sair correndo, não vinham pensamentos sobre o risco de ser morta ou sobre a incapacidade da fuga. Não. Tudo que conseguia vislumbrar em sua mente era no abandono de Yasuo para uma morte dolorosa.

Por mais que a relação deles fosse de inimizade, a garota o considerava seu parceiro. Não iria deixá-lo.

– Yasuo! - Disse para ele. - Agora é para valer! - Com uma certeza tão intensa que o espadachim a olhou de um modo como nunca tinha olhado antes. Como se pela primeira vez a visse realmente, e a respeitasse. - Não vamos morrer aqui hoje!

– DEMÁCIA! - Garen foi o primeiro que avançou.

Yasuo partiu para interceptá-lo, bloqueando seu golpe de espada com dificuldade.

O ioniano pode ver o ódio e o desprezo estampados no rosto do general. Esquivou, deixando a pesada espada bater no chão. Garen era maior e mais forte, mas possuía uma armadura bastante pesada e uma espada pouco ágil. Yasuo podia vencê-lo e, para ter alguma chance, teria que fazer aquilo rápido.

Xin Zhao, já disparou na direção de Riven. Um, dois, três golpes de lança.

– Renda-se, exilada! Nossas ordens são para capturá-la viva! Mas, se agir assim, posso cometer um deslize! - Ele provocou.

– Pode é? - Ela riu, e pôs-se a atacá-lo.

Xin Zhao bloqueou o golpe dela com o cabo da lança e acertou seu rosto com o fundo, fazendo-a rodar.

"Como você está enferrujada, heim Rivs?", pensou no fundo de sua mente. Então ergueu rapidamente o olho para Yasuo.

O ioniano se movia muito rápido ao redor de Garen, lhe minando a resistência com ataques consistêntes e intensos.

– O que foi, general? Essa irritação toda veio depois que eu disse ter fodido Katarina? Ela era sua namorada? Saquei, só você pode fodê-la, não é? - Riu.

Aquilo irritou Garen ao extremo, e ele cometeu um deslize. Deu um golpe com excesso de força, acertando o chão em cheio, e fazendo a espada se cravar no solo duro.

Yasuo percebeu esferas e energia vindo em sua direção na mesma hora, assim como um flecha mortal de Quinn. Conjurou sua parede de vento, protegendo-se de todos os ataques, enquanto sua espada voava na direção do pescoço de Garen.

– NÃÃÃÃÃÃO! - O grito estridente foi dado por Lux.

Mas não foi o som de um pescoço sendo rasgado, o que se ouviu a seguir. E sim de aço contra aço.

– Garen. Eu assumo daqui. - Yasuo ouviu a voz mais estranha de sua vida, vindo da boca da mulher. Ela tinha um sotaque bastante peculiar, arrastando as palavras que dizia.

– Fiora! - O general disse com raiva. - Eu não preciso de ajuda!

– Ah não? - A mulher deu um sorriso ao mesmo tempo divertido e provocador.

Riven aproveitou o descuido de Xin Zhao, com a cena, para voltar a atacá-lo. E partiu com tudo dessa vez. Precisava derrotá-lo agora.

Assim que Xin percebeu a investida, usou a lança para se proteger. E Riven ligou seu escudo, atrapalhando o movimento do senescal. Segurou o cabo da lança firmemente com uma mão e deu uma estocada em direção a sua barriga. O demaciano não teve escolha. Teve que largar a lança e pular para trás.

Ficou encarando a exilada apático, sem acreditar que havia sido derrotado por ela.

– Por que você não se rende? - Ela disse, mas com um tom brando. Sabia que não havia chance de vencer, então, talvez a diplomacia e um pouco de gentileza fossem as únicas coisas capazes de salvá-los. - Eu não sou mais uma noxiana. Não tenho nada com Noxus, nem pretendo criar nenhuma destruição a Demácia. - Rodou a lança na mão e ofereceu o cabo a Xin Zhao. - Tudo que quero é ir embora...

Xin hesitava entre pegar a lança e concordar com ela ou ser orgulhoso. Detestava os noxianos mais que tudo, por ter sido prisioneiro deles por séculos.

"Vai... por favor", Riven pensava, louca para que ele aceitasse seu gesto de boa fé, afinal, ao menos aparentemente, era ele quem estava liderando ali.

– Eu... - A mão do senescal se aproximou da lança.

Quando o som da luta recomeçou, mais intenso do que nunca, roubando a atenção de Riven e Xin Zhao.

As espadas de Yasuo e Fiora se beijaram duas vezes, antes de tornarem a ficarem afastadas.

Yasuo olhou melhor a mulher. Ela tinha uma rapieira, uma espada incrivelmente pequena e fina. Era bem nova, percebeu, com o cabelo negro cortado curto. Não dava para acreditar que era uma lutadora de verdade, apesar daquele traje de combate que vestia.

– Não gosto de cortar garotinhas. - Foi o que disse, a provocando. - É uma luta injusta.

– Riven que o diga. - Fiora respondeu, sem desviar o olhar. - E não precisa se preocupar com isso. A diferença de nível entre nós é gritante demais. Nem chamo isso de luta. - Colocou a espada diante da face, o fio fino da lâmina divindo perfeitamente seu rosto em duas metades iguais. - Valsa da lâmina. - Ela disse, e seu cabelo balançou um pouco.

– Nesse caso... - Yasuo avançou, decidido a terminar com aquilo. Um corte de espada em arco, para dividir Fiora ao meio. E algo realmente estranho aconteceu.

A garota praticamente desapareceu, se dividindo em duas. Uma delas, era o corpo da própria Fiora e a outra, uma Fiora luminosa, quase como se fosse uma aura. A alma dela? Yasuo não saberia dizer. E não teve tempo de pensar a respeito daquilo, pois a visão só foi lhe permitida em meio milésimo de segundo, devido a velocidade extrema com que a garota se rematerializou, atrás de si.

Yasuo sentiu a espada dela rompendo os tecidos da parte posterior de sua coxa. Fazia um bom tempo que não sentia tamanhar dor, embora jamais houvesse se esquecido da agonizante sensação.

Tentou se virar rapidamente. Fiora já não estava mais ali.

Yasuo sentiu a mão dele apertando seu ombro, por trás. "Ela já está em minhas costas! Isso é impossível!"

A rapieira perfurou o peito, atravessando-o completamente. Yasuo deu um grito de dor, ao ver a ponta da lâmina fina saindo de dentro de si. Fiora retirou a espada de dentro dele, e lhe deu um empurrão com força, fazendo-o desabar, ferido demais para poder retomar a luta.

– Mate-o... - Foi o que Garen disse, com o orgulho ferido.

Fiora olhou para o rapaz, como se estivesse decidindo se cumpriria ou não a ordem do general.

Yasuo devolveu o olhar, tentando engolir a vergonha. Jamais havia sido humilhado daquele jeito em toda sua vida.

– Faça o que tem que fazer... - Sussurrou para ela. Não acreditava em perdão. Era conhecido justamente pela alcunha Imperdoável. Fechou os olhos, esperando o golpe.

– Não! Por favor! - A atenção de Fiora foi subitamente roubada por Riven, que se colocou de joelhos, entre ela e Yasuo, com a espada erguida em gesto defensivo. - Se o pouparem, eu coopero com vocês.

Yasuo a fitou, embasbacado. Jamais esperaria tal atitude de Riven. De certo modo, aquilo até mesmo aumentava ainda mais sua vergonha.

– Não! - Garen gritou. - O homem é um fugitivo de Ionia, nossa nação aliada! Mate-o, Fiora! Isso é uma ordem! - Bradou.

O general estava acima da capitã da Guarda Real na ordem de comando. Era obrigação de Fiora obedecê-lo.

Entretanto, a duelista olhou no fundo dos olhos de Riven e acabou assentindo.

– Temos a cooperação da Exilada. E esse é objetivo da missão. - Disse, embainhando a espada. - Quando ao rapaz, se não morrer pelo corte vamos levá-lo ao Rei Jarvan IV. Ele saberá o que fazer. - Olhou para Xin Zhao e depois para Garen.

O senescal assentiu na hora, concordando com a mulher. Garen ainda mordeu o lábio inferior, lançando um olhar diabólico para Fiora, antes de fazer o sinal de positivo com a cabeça.