A Escolhida

Capítulo 48: Infâmia: Parte 2: Nuvens sangrentas


Capítulo 48: Presságio Parte 2: Nuvens sangrentas
Anteriormente em Pretty Littl...ops...história errada.
Anteriormente em A Escolhida...
“–Prefiro a morte.”
“Mas...se aquilo fosse verdade, as nuvens negras que começavam a se formar no céu, tão inusitada sua presença...seriam um presságio, de que naquela noite, coisas iriam ocorrer.
E se ocorressem, eu não ficaria presa de novo...
Pois até lá eu já estaria morta.”
****
Não disse mais nada.
Nem quando Mason falou um “vamos” e saímos do restaurante indo em direção ao carro. Não disse nada quando o vento bateu em meu rosto com grande velocidade no caminho de volta.
A chuça começava a cair em finas gotas, e quando eu e Mason chegamos à entrada do palácio, sai do carro sem ao menos me importar em molhar minha roupa, ou pegar uma gripe. Eu só queria esquecer. Dormir, e fingir que aquela dor era apenas um pesadelo, que não era real.
–América espera!
Mason vinha atrás de mim. Um homem com um terno preto vinha em minha direção com um guarda chuva armado, mas neguei sua ajuda com a mão.
–Meu anjo! Espera!
Até aquele momento a chuva já tinha deixado minha roupa preta, meu sobretudo branco e meu cabelo vermelho encharcados.
Com um impulso para o qual eu não estava preparada, meu braço foi puxado com força, no mesmo instante que um raio cortou o céu...ele seria o primeiro daquela noite.
–America...-Mason sussurrou enquanto olhava em meu olhos mais perto do que nunca.
Com a maneira que ele me puxou, meu corpo voltou e foi parar contra o seu.
–America...-ele sussurrou novamente, seus cabelos negros estavam encharcados, seus olhos azuis estavam de tal forma que me assustou...estavam tempestuosos...determinados.
E o que estava rondando nossa "amizade", se é que posso chamar assim, desde o início de sua chegada ocorreu. Ele olhou meus lábios trêmulos e provavelmente quase roxos pelo frio. Eu olhei os dele, e antes que eu pudesse falar qualquer coisa...
ele me beijou...
No mesmo instante, em que mais um raio cortou o céu, na mesma velocidade que meus batimentos cardíacos, e os dele também. pois eu sentia.
Todas minhas defesas caíram aos meus pés, como se fosse folhas cálidas de outono, sem o mesmo peso de antes. Nossos lábios agiam por instinto de sobrevivência, e a chuva se misturava a eles, descendo por nossos lábios, queixos e além.
Eu senti todo o amor que ele sentia por mim naquele cálido beijo.
Eu senti...eu senti.
E por algum motivo que ainda não sabia...eu não o impedi.
***
Não disse nada quando Mason me deixou em meu quarto, perguntando se eu estava bem, e mexeu em algo na minha escrivaninha.
Meu estado era catatônico.
Eu não sabia o que fazer mais... Mason me beijou, a escolha é amanhã, e eu nem mesmo sei se Maxon me ama. Maravilha!
Ironia...oi?
Se Maxon não me amasse mesmo, eu me casaria com Mason?
Não...não...
O que eu faria?
Eu poderia ir para a corte italiana, mas...eu não suportaria. Não suportaria viver com minha liberdade presa. Sobre um código de princesa.
Acho que isso é o que todas da realeza pensam...mas, elas tem um par, elas tem alguém para amar, alguém que as ajude quando começam a ter claustrofobia...e eu, o que eu tenho?
Eu tenho Maxon!
Isso America, você tem Maxon, e ele te ama! Não duvide. Ele não gosta da Kriss tanto quanto gosta de você.
Varias verdades pareciam duelar dentro de mim, uma guerra em que razões e suspeitas, aperitivos do medo, se culpam, se matam, se sufocam, se deturpam...
E bem no meio disso, estou eu. De mãos atadas, recebendo todo o confronto da briga, porque por mais paradoxo que possa parecer, essa guerra, esse caos todo, estava acontecendo dentro de mim.
Me levantei ainda meio chocada da minha cama, que assim que eu tinha chegado, havia deitado, e me dirigi até a escrivaninha, onde um papel branco com detalhes dourados e vazios nas bordas, colado no espelho, chamou-me a atenção.
“Venho a noite te ver
–Mason”
Li o que o bilhete dizia, sem me importar muito.
É claro que ele vinha.
–Senhorita, o jantar está para ser servido- Anne me acordou dos meus devaneio...peraí, por quanto tempo eu deitei?
Olhei o relógio no criado mudo, constatando que eu havia ficado deitada na cama por rápidas 3:00 horas, TRÊS HORAS!
Algumas gotas de chuva fizeram barulho ao bater em minha janela de vidro fechada. Pareciam pedras jogadas contra uma árvore, quão grossas eram suas gotas.
Anne e Mary me deram banho e me ajudaram a vestir uma roupa de frio.
–Onde está Lucy?- Perguntei assim que calçaram sapatilhas brancas em meus pés.
–Está fazendo ajustes em seu vestido, para amanhã- Mary respondeu alinhando minha blusa preta de mangas longas, de acordo com minha calça branca justa. Anne ajeitou melhor meu rabo de cavalo, para que o mesmo ficasse mais firme, e em seguida me lançou um olhar preocupado.
–O que foi?- perguntei observando sua expressão.
–Não, é que...você já olhou para o céu?- ela enlaçou a mão no pescoço em sinal de angústia, enquanto se dirigia até a janela- as nuvens estão muito pesadas, e mais negras do que em qualquer outra chuva...e o dia da escolha é amanhã a noite...
–Peraí, a escolha vai ser amanhã a noite, mesmo com essa chuva?- Perguntei espantada.
–Era para ser no jardim, mas talvez façam algo interno, dentro do palácio, vai depender de amanhã.
Ótimo, nada parecia conspirar ao meu favor.
–E nossa...- Anne continuou- você já viu essas nuvens? Essas gotas? Vai ser muita chuva, e eu estou com um mau pressentimento...
–Quando eu era pequena- Mary começou se dirigindo para o lado de Anne na varanda- meu pai dizia que cada gota era uma lágrima, e que cada raio, uma revelação, ou um acontecimento. As lágrimas poderiam ser de felicidade, ou de tristeza, os momentos poderiam ser tristes ou felizes, mas o que importava era que- ela trilhou com seu dedo indicador o caminho de uma gota de chuva que escorregava desregulamente do outro lado do vidro- as gotas e os raios, te davam um sinal, como se falassem que você não é a única a passar por aquilo, como se dissessem de alguma maneira que você não esta sozinho. Que alguém te entende.
Olhei para ela fascinada com suas palavras.
–Por isso- ela continuou- eu nunca chorava em dias chuvosos, apenas em dias ensolarados, pois achava que minhas lágrimas evaporavam e ajudavam alguém a entender que eu também passei por aquilo, que eu os entendo.
O beijo de Mason...o raio...fortes emoções.
Lucy entrou esbaforida no quarto, ofegante e tentando falar algo que nenhuma de nós entendia.
–Lucy, respira- falei para ela amostrando como ela devia respirar.
–A-america, você tem que estar perfeita!- ela falou enquanto abria meu guarda roupa.
–Porque? É só um jantar!- falei sentando na ponta da cama.
–O príncipe Mason falou que hoje vai vir no seu quarto, pediu para te avisar, caso não tivesse lido o bilhete.
É, aquela noite seria de fortes emoções...