A Escolhida

Capitulo 30: Pressentimento


Corra. Corra. Corra. Corra.

Esse era o único aviso que minha mente ordenava para meu corpo. Meus pés estavam paralisados, por alguma força surreal que eu suspeitava ser susto repentino.

Mason gritava algo em minha face, palavras desconexas e sem sentindo, pelo menos para mim. Era como se alguém tivesse estourado meus tímpanos e eu não estivesse alheia a nenhum barulho a minha volta. Eu via tudo, pessoas gritado, correndo, via desepero nos olhos azuis de Mason, sentia o aperto de sua macia mão contra a minha, me puxando, tentado me levar para um refúgio seguro em que eu pudesse acreditar na breve ideia de paz. Vi Maxon correndo até mim, vi Aspen vindo também ate mim, subitamente a sensação deDéjà vu*tomou conta de minha mentem, porém meus sentidos apitavam informado-me que dessa vez seria diferente. Que dessa vez eu morreria no final.

De repente um barulho me tirou de minha entorpecente linha de pensamentos, era um grito, uma briga. Maxon e Mason estavam novamente brigando e eu já não suportava mais isso.

– Calados, vamos para um abrigo- gritei já não suportando aquele duelo.

Fomos nos 4 correndo para o abrigo da família real, como da ultima vez, porém dessa vez eu não estava sendo carregada.

De repente um rebelde entra na nossa frente fazendo com que paremos abruptamente. Mason que estava ao meu lado juntamente de Maxon, segura meu pulso, como se também pressentisse que algo ruim ia acontecer, e ia, eu sentia isso, e pelo visto ele também. O rebelde sulista, empunhava um revolver e eu sabia que um passo em falso ,ele não hesitaria em atirar.

Maxon tirou sua mão de meu braço, como estava quando paramos de correr, e foi para a linha de frente com Aspen para tentar acalmar o rebelde. Ele dava um passo de cada vez, calculando seus movimentos e palavras, ele sabia, assim como eu, que um passo em falso, e ele não hesitaria em atirar.

Havia uma fenda entre Aspen e Maxon, esta fenda dava uma visão ampla de mim e de Mason.

Meu ex e atual. O pensamento poderia me fazer rir, se não estivéssemos nesse situação.

Aspen empunhava a arma de maneira profissional, e eu sabia que para me protejer, ele não hesitaria em atirar.

– Não faça isso...- Falou Maxon, erguendo os braços em sinal de rendição.

– Me de apenas um motivo...- O sulista com olhos verdes cruéis falou, destravando em seguida a catraca da arma. Aspen ao ver o que ele fez, imitou o gesto. Eles estavam prontos para atirar, e eu sentia que eles não hesitariam.

Haveria sangue no recinto, e eu torcia para que não fosse o meu.

– Você não quer fazer isso, você não vai...- Maxon falou com calma.

–Jura?! Quer apostar?- Ele espreitou os olhos, mirando em seu alvo, não era Maxon, não era Aspen, não era Mason, era eu. Ele iria atirar em mim.

O que aconteceu a partir daí foi um pouco confuso.

Ouvi um barulho de disparo, e vi o rebelde sendo atingido no estomago. Porém antes que ele caísse no chão, ou vi segundo disparo, sentindo meu corpo sendo jogado de lado por alguém, Mason, e meu braço direito arder em dor. Ele atirou em mim. Ele atirou em mim!

Senti meu corpo sendo indo de encontro ao chão, e não tinha forças para parar o impacto eminente.

Dois pares de braços fortes interromperam minha queda, e eu olhei para quem havia me segurado, Mason.

Ele atirou em mim, mais porque justamente em mim? Tendo dois príncipes a seu alcance?

–Querida, você esta bem? Isso é sangue?- Perguntou Maxon ajoelhado do meu lado, afoito.

– Tô- respondi tentando disfarçar a dor.

– Olha anjo, você tem que ter algumas aulas comigo de como fingir estar bem- Ele falou com seu tom brincalhão.

– Mason, não é hora nem lugar para brincadeirinhas- Repreendeu Maxon com raiva, seu rosto ganhando uma coloração diferenciada.

Algo nas orbes azuis de Mason me diziam que ele não estava brincando. Eu conseguia ver algo negro e obscuro se remexendo no interior de seu olhar.

–Precisamos levar a senhorita America para um abrigo!- Eu sentia a relutância de Aspen ao falar senhorita America, eu sabia o quanto ele se controlava para não me chamar de Meri ou de Minha.

–Não dá tempo!-Gritou Maxon desesperado. E na verdade não dava, olhando para o lado que tinha uma vista para as portas do jardim e vi, centenas de rebeldes aparecendo entre as arvores.

Mason me levantou como se me peso fosse equivalente ao de uma pena, meu braço latejou, a bala não tinha saído, tive outroDéjà vu, o dia em que torci o tornozelo e Mason me carregou, é como se...varias coisas que aconteceram antes, estivessem acontecendo de novo.

–Tem que fazer uma dieta anjo, e da próxima vez use um vestido mais longo, não que eu esteja reclamando- Mason falou no meu ouvido, e eu sabia que ele estava brincando pelo seu tom brincalhão e a sua facilidade para me levantar.

Meu corpo estava sonolento, e eu estava quase inconsciente, mais mesmo assim não me impedi de corar quando me lembrei que meu vestido de Deusa grega era curto. Ele tentou cobrir a parte solta do meu vestido com a mão, em um gesto rápido, o que fez com que eu corasse mais ainda.

Maxon olhou torto para ele.

– Deixe-me leva-la- Maxon falou já estendendo seus braços, como se Mason fosse simplesmente falar“ toma aqui, pegue”.

Os braços de Mason se apertaram com mais força em torno de mim. Como se tivesse medo que eu fosse escorrer como areia entre seus dedos.

– Cara, estamos no meio de um ataque rebelde sulista, uma garota lindíssima esta ferida- ele inclinou o rosto em minha direção e me deu uma piscadela, comigo ainda em seus braços- e você esta disputando para carrega-la? Depois eu que sou o infantil- ele falou dando ênfase no eu- e convenhamos você que carregou ela da ultima vez. Nada mais justo do que eu carrega-la agora- ele completou como uma criança que tenta argumentar porque pegar a ultima bolacha do pacote.

Maxon abriu a boca para retrucar mais eu não deixei.

– DÁ PARA PARAR DE BRIGAREM E ME LEVAR PARA A DROGA DO ABRIGO!- Exclamei, deixando sair do meu corpo os últimos pingos de sanidade que me restavam.

Os três se assustaram e se puseram a correr como nunca.

Aspen abriu um abrigo e nos três entramos.

Lembrei-me subitamente da vez em que eu e Maxon tivemos que ficar aqui durante um ataque.

Só que dessa vez era diferente.

Eu não estava só com Maxon aqui. Também havia Mason e Aspen.

Eu estava ferida, com uma bala alojada no braço,

E a guerra la fora, não parecia que ia acabar na base de horas.

Aquilo seria uma tortura.

*Déjà vu: Expressão francesa, que significa, lietralmente, já vi isto antes ou já visto.