A Escolha Do Guerreiro

A Chegada de Tigresa


Na província de Guangdong no sul da China, mais precisamente na cidade de Guangzhou, viviam os tigres. Havia disputas entre os tigres brancos e os tigres-do-sul, e elas eram celebradas em arenas de luta. Os tigres treinavam durante meses na academia de kung fu.

Em um dia marcado, os escolhidos, geralmente o futuro herdeiro da liderança e o desafiante, lutavam até que um deles fosse nocauteado ou desistisse. O vencedor, ganhava o direito de se apoderar das terras e ambos os clãs tinham bons planos para aquele lugar. Nenhum dos futuros governantes, ou pretendentes, não queriam nada mais que mandar ali e se o povo não aprovasse alguma alguma atitude, poderiam pedir uma nova disputa.

Fosse macho ou fêmea, o herdeiro deveria se dedicar ao treino quando fosse a hora, para então ter o direito de estar no comando. Antes da luta principal, outros aprendizes mostrariam suas habilidades, para que pudessem mostrar o quão bom eram para serem guerreiros à serviço do ganhador. O poder sempre se alternava entre os dois grupos.

O festival de luta virou tradição entre os tigres para mostrar o seu nível na técnica e ocorria todos os anos em uma determinada época do ano. Apenas eram marcadas as lutas para se estabelecer um novo líder quando o herdeiro do clã soberano estava pronto para reinar e lutar ou perder, isso era na fase adulta, e então ele era desafiado e sua luta era a última do festival, para decidir tudo e à partir daí, se tinha o novo governante. Essa disputa, o festival tradicional, é o resultado do acordo de paz entre os dois tipos de tigre.

O líder do povo de Guangzhou é um tigre-do-sul chamado Feng, acabou de ganhar a disputa e o direito de liderar a cidade. Logo após cada disputa, haverá um festival.

– Filho, está pronto? - Chamou a mãe de Feng do corredor.

– Sim, mãe. Já vou sair.

– Não demore, eu e seu pai estaremos no festival esperando você pra te apresentar como novo líder.

– Tá.

Ele já estava trocado e estava deitado na cama com as patas em sua nuca como travesseiro. Estava com um sorriso estampado no rosto. "Sou o novo líder de Guangzhou, haha, sou demais!", pensava ele uma e outra vez.

Sua roupa era de um azul turquesa com padrões de videira em dourado e sua calça era azul com uma linha dourada de cada lado.

Depois de um tempinho, desceu pelas grandes escadarias da casa onde morava e saiu, se despedindo dos empregados para se dirigir à praça central que ficava ali perto.

– Olha quem está aqui...

– O que você quer Bái? A surra que te dei hoje não foi o suficiente? - Perguntou Feng com um sorriso malicioso, apenas olhando sorrateiramente para o outro.

Bái era um tigre branco que disputou a liderança da cidade com Feng e digamos apenas que perdeu muito feio... mesmo. Tinha ainda marcas de socos e chutes à mostra e algumas faixas enroladas em torno de sua barriga e da perna esquerda. Estava acompanhado de outros tigres brancos. O perdedor apenas rosnou.

– Tô vendo que não tem mais nada a dizer haha.

Seguiu o caminho até a praça central e está esperando que seu pai o chame para passar seu cajado com uma pedra de jade encrustada na parte de cima, era o símbolo da realeza ali.

De repente a vê. "Ming-Yue, é ela..."

A tigresa-do-sul por quem havia se apaixonado desde que entrou na Academia Zhuang Wu: Academia Xiaolin de Kung Fu estilo tigre. A academia recebeu esse nome para homenagear o tigre que propôs a disputa como tratado de paz.

Ming-Yue é a mais forte das discípulas do mestre de Guangzhou e também a mais fechada. Não se pode chegar perto dela sem congelar ou sentir um arrepio na espinha. É a guerreira mais respeitada de lá e os rumores são de que nunca será capaz de se casar algum dia. Feng ficou abobalhado olhando para ela, suspirava a todo momento, a achava linda com suas listras finas, deus olhos âmbar e sua seriedade. Ela vira o olhar em sua direção e o olha friamente e ele estremeceu de medo do que ela poderia fazer, mas foi salvo pelo gongo, literalmente.

– Eu apresento à vocês o novo líder de Guangzhou, Feng do clã dos tigres-do-sul-da-china! - Anunciou o pai do jovem junto ao som do gongo.

Feng subiu ao palco e seu pai entregou a ele o cajado de jade. O povo aplaudiu, até mesmo os tigres brancos. E assim iniciou-se a festa em comemoração ao título herdado. Era a quarta geração desse clã a assumir o trono o que os deixava orgulhosos sem exagero.

"Bom, agora eu devo ser o tigre mais corajoso daqui. Vamos lá, Feng, você consegue, você consegue!", dizia a si mesmo.

– Ming-Yue?

– Mestre - disse a jovem tigresa curvando-se em respeito ao seu novo líder assim como os tigres que estavam a seu lado.

– O que será que ele quer? - Perguntou uma outra tigresa a seu namorado.

– Acho que... morrer. Burro, acabou de pegar o cajado e vai falar justo com ela - brincou o macho - auch! Por que você me bateu, Ah-Kum?

– Por falar assim da minha amiga, Mu - repreendeu ela.

– Tá bom, parei.

– Não precisa disso, Ming-Yue - sorriu Feng.

– Precisa de algo?

– Eu só quero te convidar pra... dançar - pediu ele envergonhado.

Ming ficou paralisada e surpresa. Nunca foi chamado para dançar. Ele queria brincar com ela é?

– Está brincando comigo é? - Rosnou ela.

– N-não, claro que não - negou ele agitando as mãos com medo do que ela pudesse fazer - só quero dançar mesmo. Sério, é verdade.

– Hm, não estou com vontade, obrigada.

– Sério que não? Por favor, é uma festa Ming-Yue... vamos.

Feng estendeu sua pata livre para ela e ela aceitou duvidosa. Na verdade não sabia dançar e nem queria aprender, ainda mais na frente de seus companheiros de treino. Que os deuses a livrassem disso, era o que pedia em pensamento, mas não foi assim. Em um piscar de olhos, Feng deixou seu cajado com seu pai e está no meio da praça dançando com ela.

"Ai, por que, meus deuses? Ele só me deixa irritada". Mas não era irritação, ela sentia o mesmo que ele por ela e apenas não queria demonstrar, queria se dedicar fielmente ao kung fu durante toda sua vida e talvez algum dia ter a honra de ser a Grã-Mestre de Zhuang Wu.

Aquela noite, na festa, foi mágica para ambos. Mesmo não querendo se envolver, Ming-Yue pensava em viajar para outro templo para ficar longe de Feng e se foi para o Palácio de Jade treinar com Mestre Oogway e se aperfeiçoar pelo simples motivo de que seu mestre havia dito a ela que logo seria a Grã-Mestre, assim que chegasse a hora dele, ele a havia escolhido e ela aceitou de bom grado. Foi essa sua desculpa para partir, embora não fosse mentira, não era toda a verdade.

Não conseguiu ficar longe de casa o suficiente para esquecer os sentimentos pelo imperador tigre, seu treinamento individual havia acabado, ela estava pronta para voltar e esperar a hora de seu mestre para assumir seu lugar na academia. Ela amadureceu muito aprendendo com a sabedoria da velha tartaruga.

Voltou e ao ver novamente Feng, já não era mais a mesma tigresa que queria fugir do que sentia para se dedicar ao kung fu. Agora ela sabe que há mais coisas na vida além disso, assim como Feng já sabia

Pensou que seu sonho seria adiado quando decidiu estar com ele, mas nada disso aconteceu e ainda assim, treinava kung fu na academia, mesmo depois de casada.

Na academia, ela estava treinando luta corpo-a-corpo com sua colega Ah-Kum para demonstração da luta e Feng se ocupava com as relações da cidade antes de fazer sua sessão de treino. A líder tigre já era mestre de alguns tigres mais jovens. De repente se sentiu tonta e caiu sentada.

– O que foi, Ming? Está se sentindo mal? - Perguntou a amiga se aproximando.

– Foi apenas uma tontura... só isso. Vamos voltar à luta...

– Nada disso! A senhora vai pra enfermaria ver o que é isso.

– Mas eu não tenho nada - choramingou Ming.

– Se não tivesse nada não teria se sentindo tonta e caído de bunda no chão, pela terceira vez só hoje hahaha

– Vai começar a rir agora? - Ming levantou uma sobrancelha.

– Tenho que admitir que foi engraçado hahaha - Ah-Kum continuava a rir mas vendo a expressão assassina da amiga, parou na hora e a ajudou se levantar - ah, vem, vou te levar lá.

Ming-Yue foi sem se queixar achando que era apenas cansaço, não conseguia dormir muito bem ultimamente e tinha sono várias vezes durante o dia, especialmente durante o treino ou a meditação, isso acontecia há algumas semanas. O que ouviu foi contra tudo o que pensou e nem se quer reagiu nos primeiros minutos.

– Senhora Ming-Yue? - Perguntou a tigresa que estava cuidando dela, a melhor médica da província.

– Você... eu... eu estou... o que?!

– A senhora vai ser mãe - repetiu a médica em um tom baixo e cálido.

– Parabéns amig... ahn... - Ah-Kum ia abraçar Ming, mas a amiga virou-se para ela com uma cara de fúria, então ela retrocedeu - acho melhor irmos agora hehe.

– Não posso ser mãe agora, como vou ficar à frente da academia se eu estiver com uma barriga enorme? Ninguém vai me respeitar... não posso isso agora!

Ming estava entre apavorada e preocupada. Não sabia se seria boa mãe, se conseguiria conciliar as coisas.

– Claro que pode, não é porque você é mestre de kung fu que não pode ter filhos e ainda ser respeitada por seus alunos e discípulos. Vamos, não fique assim... tem que contar à Feng - sorriu olhando em seus olhos.

– Ah, está bem, vamos - sorriu também e se levantou para caminhar para casa.

– Espere - pediu a médica e as duas tigresas se viraram para olhá-la - a senhora deve deixar de treinar pelo período de gravidez, fazer exercícios leves, como Tai Chi Chuan pelo menos por enquanto... até porque a barriga logo vai impedir que você treine perfeitamente.

– Está bem e obrigada - disse Ming-Yue e saiu da sala - Ah-Kum, será que vai dar tudo certo na academia?

– Claro que vai, amiga. Vou te levar para casa e peço para nosso mestre passar por lá, assim você conta pra ele e se recupera do que sentiu hoje.

Ao chegar em casa, Ming encontrou o marido em seu escritório. Chamou à porta e ele pediu para que entrasse. Ming achava que ele não iria gostar muito da notícia por poder colocar a perder os planos para o povo. Mas novamente ela estava enganada. O que faltou foi ele esmagá-la em um abraço, porque gritou aos quatro ventos, foi até a janela berrar. A segurou e começou a pular com ela até receber um soco no braço porque a estava deixando enjoada.

O mestre da academia de kung fu na qual os dois treinavam está na sala esperando o casal para conversar. Ao se inteirar da notícia, o mestre sorriu, ficou contente pela discípula.

– Mestre, eu sei que não vou poder mais comandar a academia - Ming-Yue abaixou a cabeça sendo abraçada por Feng.

– Por que pensou isso?

– Porque estou grávida, vou ter responsabilidades com o bebê...

– Não fale mais nada, não precisa se preocupar. Você pode ser mãe e mestre, é totalmente capaz. Minha hora ainda não chegou, saiba que haverá tempo para você se estabelecer e quem sabe um dia, seu filhote poderá treinar na academia com você, porque ele desde agora, é destinado a ser o desafiante pelo seu clã.

– Bem, isso é verdade Ming-Yue, nosso mestre tem razão.

– Então, se está tudo bem, fico feliz - disse a tigresa - obrigada, mestre - curvou-se junto ao marido pela decisão do sábio mestre.

O tempo passou.

A mesma médica que a atendeu no início, tomou conta durante todo o período de gravidez porque Ming-Yue não parava de treinar, não queria e sempre dava um jeito de escapar e fazer exercícios às escondidas num local secreto que só ela e sua melhor amiga Ah-Kum conheciam. Era pega de surpresa e ficava envergonhada disso.

Ela pedia coisas diferentes para comer, dormia mais depois que os mal estares terminaram e passou a ficar mais sensível, ainda era forte por dentro e por fora, mas seu jeito era mais suave.

Chegou a hora do nascimento do filhote. Ming estava em seu quarto com a médica e Ah-Kum. Do lado de fora, Feng com seus pais e os pais dela, escutando o rosnados e xingamentos da tigresa para as duas pobres criaturas que a estavam ajudando que depois foi acompanhado de um choro. Quem estava sentado se levantou surpresos e felizes, o filhote nasceu, o possível herdeiro de Guangzhou.

– É uma fêmea e nasceu saudável. Podem entrar - disse a médica saindo com Ah-Kum -, mas deixem que ela descanse depois - advertiu.

Feng e os outros tigres entraram para encontrar deitadas Ming-Yue segurando firmemente algo, ao se aproximar, viu que era sua bebê. Ela olha para a filhote com um grande sorriso no rosto cansado e acaricia a bochecha dela.

– Oi - disse Feng sorrindo e com os olhos marejados.

– Oi, Feng. Veja, nossa filha.

– Posso segurá-la?

Ming entregou a bebê aos braços do pai que a olhou maravilhado. Ao abrir os olhos, a pequena mostrou as mesmas pedras preciosas dos olhos de sua mãe, suas listras na cabeça eram idênticas a de seu pai e ela encarava-o, parecendo que queria entender o que via.

– Oi, pequena, sou seu pai - disse Feng e a filhote sorriu.

Os avós dela se aproximaram para conhecer a neta, o tesouro de todos.

– Qual será o nome dela? - Perguntou a mãe de Ming.

– Eu gostaria de chamá-la de Yu - respondeu o pai de Feng.

– Não, que é isso? Ela deve se chamar Lu-Chu - disse a mãe de Ming.

– Credo, você acha que minha neta vai se chamar assim? - rebateu o pai de Ming franzindo o cenho.

– Mas esse nome é lindo - defendeu o pai de Ming.

– Gente, chega... eu vou escolher o nome dela.

– E qual será o nome dela, querida? - Perguntou Feng à sua esposa.

– Será Tigresa.

– Filha, você tem certeza? Não é um nome, é a espécie dela - perguntou o pai dela.

– Tenho certeza, é o que ela é e tigres são fortes, astutos por natureza, entre outras coisas.

– Está certo, querida. Será nossa Tigresa.

– Filha, onde você está? Tigresa! Espero que você esteja com as roupas de treino.

"Hahaha, ele nunca vai me encontrar aqui, depois que ele sair eu vou voltar pro meu treino", pensava a jovem Tigresa agora com dez anos de idade. Vestia uma camisa de mangas largas e compridas em azul com videiras douradas, calças folgadas negras e faixa ao redor da cintura em dourado. Ela se vestia com as cores do pai e não as da mãe, como Ming-Yue pedia sempre a ela que fizesse.

Ming-Yue se vestia de vermelho com calças negras e o mesmo padrão de videiras douradas bordado em sua camisa ou colete, dependia da ocasião, mas ela levava sobre a roupa, um manto verde jade com o padrão de um dragão desenhado em dourado e as videiras outra vez. O dragão representa a nobreza, proteção, a força, a sabedoria, honra e o poder, tudo o que um Grão-Mestre deve ser e ter.

Tigresa ainda escondida debaixo de sua cama esperando seu pai sair do corredor dos dormitórios pra poder sair dali e voltar ao seu local secreto de treinamento. Sua cauda balançando de um lado para outro em agitação, estava animada em fugir um pouco pra treinar e não se deu conta de que a ponta tricolor de sua cauda aparecia fora de seu esconderijo.

– Vamos, filha. Aparece minha pequena. Tenho que te levar pra assistir os treinos da sua mãe. Se chegar atrasada ela vai brigar.

– Mas os treinos da mamãe comigo são chatos! - Quando reparou que havia delatado seu esconderijo, tapou a boca com as patas.

Seus olhos se abriram bem enquanto via seu pai abrir a porta do quarto e caminhar por ele. Ele sabia onde ela estava, mas queria brincar com Tigresa.

– Hm, vamos ver onde ela pode estar - disse ele com pose pensativa, abaixou-se quando viu ponta da cauda da filha pra fora da cama e a segurou - achei!

– Ah! Papai, que susto! - Resmungou a pequena enquanto era puxada pelo pai para sair de lá.

– Vamos pra academia? Não? - Perguntava ele colocando a sentada em seu colo.

– Hm, eu não quero.

– E por que, pequena?

– Porque a mamãe não me deixa entrar no circuito, sendo que eu sei fazer sozinha. Eu já entrei lá e fiz tudo certinho, mas você lembra o que ela fez, me deixou de castigo... ficou bem brava...

– É verdade, sua mãe é bem temperamental mas é que ela não quer que você se machuque... você é a nossa menininha, nosso tesouro.

– Mas como vou aprender assim? Eu quero ser a melhor guerreira da China, gosto muito de kung fu, mas a mamãe não me deixa treinar - abaixou a cabeça com o cenho franzido.

– Filha - chamou Feng levantando a cabeça da menina com sua pata -, você será uma grande guerreira, não tenho dúvidas disso. Você é persistente e gosta muito do que faz e vai ser uma ótima líder um dia.

– Verdade?

– Sim - vendo que ela ia perguntar, e ele já sabia o que era, ele continuou -, mas ainda é muito cedo pra você saber de tudo sobre o festival de lutas, você é muito nova.

– Tá bom, papai - suspirou cansada disso.

– Agora vamos.

Ambos se levantaram e foram para a academia de Zhuang Wu. Ao chegar, Ming-Yue estava dando treino a alguns guerreiros e dizendo sua frase de sempre:

– O iniciante quer usar sua arma, o sábio pode usar a arma, mas o mestre é a arma.

Dito isso a Grã-Mestre percebeu sua família e pediu para falar à sós com sua filha em um grande salão cheio de pergaminhos de estudo. Ambas se sentaram de frente uma para a outra em posição de lótus.

– O que quer, mamãe?

– Filha, você ainda não está na idade de saber o motivo do festival e de seu treinamento...

– Que treinamento? - Murmurou a pequena felina sendo irônica.

– O que você disse? - Ming levantou uma sobrancelha encarando-a.

– Nada, é que... eu sei que sou muito nova pra treinar duro como os outros tigres e blá, blá, blá...

– Mas você vai começar o treinamento junto aos outros de sua idade.

Tigresa ficou atônita e depois um grande sorriso surgiu em seu rosto. Ming-Yue estava orgulhosa que sua filha amasse tanto a arte do kung fu quanto ela e seu marido.

– Sério?!

– Claro, por que não? Você começa hoje.

– Obrigada, mãe - lançou-se num abraço.

– De nada, filha - Ming-Yue separou-se dela - mas durante os treinos, você deverá me chamar de mestre, porque é a tradição e os outros podem pensar que estou facilitando as coisas pra você.

– Não tem que pensar nada, vou me dedicar e treinar mais duro do que todos eles, mas farei isso, mestre - Tigresa levantou-se e curvou para a mãe.

– Vamos lá. Vou levar você até sua turma de treinamento.

Tigresa assentiu e seguiu a mãe até o grande salão de treinamento. Lá, viu vários outros tigres brancos e do sul de várias idades treinando, alguns aparelhos que ela ainda não conhecia.

Mesmo assim, ela treinaria em seu local secreto para ficar mais forte logo depois do treino, se aguentasse. Ela treinava socando pedras e árvores havia um tempo e se machucou repetidas vezes, mas isso só a deixava com mais vontade de treinar, ficaria mais entusiasmada.

Seus pais nunca a encontraram treinando assim, suas amigas, filhas de sua tia Ah-Kum, a ajudavam dizendo que Tigresa brincou ou passeou com elas assim que voltavam para casa. As gêmeas, Shaohanna e Seyoung a acompanhavam e apenas elas compartilhavam do treino da pequena felina.

Agora, Tigresa vai treinar como sempre quis e se dedicar completamente ao que ama.