A Donzela com Azul nos Olhos

Capítulo 1 - Preludio do Sábio


Ash estava na beira do lago, que até o início daquele verão estava congelado. Ela observava com os olhos azuis a cadeia de montanhas coberta por neve, que ficava logo atrás da gigantesca bacia d’água próxima a ela. Sentada, ela apenas esperava pelo assovio do vento, que cortava o ar e a atingia no rosto. Logo após uma lufada, aconchegou-se, abraçando-se, esperando evitar a perda de calor com o ambiente gélido. Ficar aqui é reconfortante, pensou.

Imediatamente depois disso, a moça escutou passos esmagando a neve por de trás dela. Não se deu o trabalho de olhar para trás, pois já sabia quem era.

— Você vai morrer de frio desse jeito. – disse Brig. E, então, sem esperar uma resposta, ele pôs nos ombros de Ash seu casaco, feito de peles de animais que ele caçara. Sua vestimenta estava carregada de calor, o que fez a garota sorrir um pouco. Ela gostava de ter Brig ao seu lado, apesar de abominar o motivo.

— Obrigada - disse, apenas. Naquele momento, ela levantou seu rosto, que antes fitava a paisagem, e olhou na direção do rapaz. Brig era um rapaz forte, com os traços comuns da tribo, os olhos eram azuis, límpidos com a água do lago; cabelo e pele, brancos como a neve. - O Sábio já adentrou à Vila?

— Ainda não, mas seu pai me pediu para levá-la de prontidão à Assembleia.- o rapaz deu uma pequena pausa - A maioria já está reunida.

Sem responder nada, Ash ficou mais alguns minutos examinando os arredores. Depois, se levantou e, junto ao Brig, rumaram de volta à Vila.

Antes de cruzarem o portão de entrada, Ash retirou o casaco de seus ombros e devolveu ao rapaz, que imediatamente colocou. O perfume primaveril da moça impregnara na vestimenta, fazendo Brig deixar escapar um sorriso de canto de boca.

Como Ash, Brig também gostava da companhia da moça, e entendia o porquê da moça sempre se isolar no mesmo lugar, ela só queria ter uma vida normal. Desde de pequena fora colocada no cargo mais importante da Vila, coisa que ela nunca pediu, fora obrigada, por causa de sua alta afinidade com o mundo espiritual.

Indo em direção a Assembleia o garoto retira um embrulho do tamanho de sua mão do bolso e entrega para ela.

— Aliás, Donzela com Azul nos Olhos. – disse o rapaz, chamando-a pelo seu nome apropriado na Vila – Não achou que eu ia esquecer, não é? Feliz aniversário.

— Obrigada, Protetor com Azul nos Olhos – disse a garota, abraçando o rapaz sem se importar com o frio que os castigavam, já que tinham um ao outro para se esquentar naquele momento. Decidiu abrir o presente mais tarde, ao fim da Assembleia.

E, então, ambos adentraram o prédio oval esculpido em mármore que se localizava ao centro da tribo.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.