A Dona da Loja de Discos
Nem tudo são flores
Quando Sasori foi embora de Konoha, deixou Sakura ansiosa para o reencontro dali a um mês. No entanto, o ruivo sabia que era importante ele voltar para Suna sozinho. Precisava preparar o terreno para que a rosada fosse lá e não pegasse sua avó e seus amigos desprevenidos. Deidara já sabia que a reconciliação com a moça tinha dado certo, mas contar isso para a sua avó seria muito mais complicado. Chiyo nunca acreditou que o neto fosse namorar de verdade com uma garota de outra cidade. Além disso, havia toda a predileção da velhinha por Shion, o que Sasori escondera da amada para que ela não criasse antipatia pela senhora sem conhecê-la. Se Sasori tivesse sorte, vovó Chiyo acharia Sakura tão incrível quanto ele. Pelo menos, era assim que o rapaz pensava.
Quando chegou em Suna, encontrou Deidara e sua avó discutindo sobre algum programa de TV na sala. Ambos ficaram muito felizes ao ver o ruivo de volta. Sasori os abraçou e ouviu Deidara brincar sobre parecer que ele não ia voltar nunca mais, o que deixou Chiyo chateada. Para ela, seu neto tinha que ficar em Suna com ela. Ponto final.
— E aí, cara? Pronto pra despejar todas as novidades? – Perguntou Deidara fingindo não saber de nada só pra instigar o ruivo a contar a verdade para avó.
— Como foi com a tal Sakura, meu neto? Ela partiu se coração? – Perguntou Chiyo verdadeiramente preocupada com o neto. Sasori estava preocupado, mas era porque temia que sua avó não entendesse sua relação com a rosada.
— Na verdade, vovó, eu e Sakura nos acertamos! – Sorriu.
— Parabéns, cara! – Disse Deidara.
— E cadê ela? Essa moça veio com você?
— Ela vem no mês que vem vovó. Nosso namoro será um pouco diferente dos namoros que eu já tive antes.
— Por que?
— Dessa vez, ela ficará em Konoha, eu em Suna e todos os meses nos encontraremos como um casal.
— Não vai dar certo – Constatou.
— Não agoura o namoro do menino, dona Chiyo! – Repreendeu Deidara.
— Só estou falando a verdade. Dentro de seis meses, no máximo, isso acaba. Namoro à distância? Eu já te aconselhei sobre isso, querido. Deveria ter me ouvido. – Avisou Chiyo.
— Vovó, não custa nada me apoiar né? – Pediu Sasori.
— Se você quer tentar, que tente! Não tem meu apoio! Mil vezes a Shion! – Disse a velhota.
— Vovó, a senhora nem conhece a Sakura! Dê uma chance a ela está bem? Ela passará o próximo mês aqui como nossa hóspede. Espero que a respeite.
— Não vou destratar essa garota, mas não tem meu apoio. Deixo claro.
— Ok, vovó.
Após a avó se recolher, Deidara e Sasori começaram a pôr o papo em dia. Por mais que os dois amigos conversassem por telefone, sempre tinham mais assunto ao vivo.
— Ela te deu muito trabalho dessa vez? – Perguntou Sasori ao amigo.
— Mais ou menos. Sua avó é muito teimosa.
— Com o que ela teimou dessa vez?
— Ela tomava um remédio, esquecia e aí queria tomar de novo. Como eu não deixava, fazia um escândalo. Ficou me chamando de loiro destrambelhado. Essas coisas. – Contou Deidara.
— Foi mal por isso.
— Relexa, cara! To acostumado com a dona Chiyo! E com a Sakura? Ficou tudo bem mesmo?
— Sim, tá tudo ótimo! Só espero que mês que vem quando ela chegar a vovó não a trate mal, porque lá em Konoha eu fui super bem tratado pelos pais dela.
— Foi fácil se livrar do ex dela?
— Não muito, mas assim que ela percebeu que ainda me amava enfretamos tudo. Inclusive, o ex dela. O imbecil me bateu você tem noção?
— Mas você revidou né?
— Claro, pois tinha que me defender!
— Assim que se fala! Cara, a Karin andou te procurando. – Informou Deidara.
— Ela falou o que queria? – Perguntou preocupado.
— Não, mas ela parecia triste.
— Depois eu vou procurá-la. Você falou pra ela o que eu fui fazer em Konoha?
— Contei que foi atrás da Sakura. Fiz mal? Você ainda queria transar com ela?
— Claro que não! Eu mesmo só não contei porque não tive oportunidade. Só estranhei que ela não me ligou nenhuma vez. Se fosse importante, teria ligado.
— Vai ver ela não queria incomodar sabendo que você estava com a Sakura!
— Pode ser.
— Agora a amizade de vocês vai ser sem sexo ou o seu namoro com a Sakura é liberal?
— Agora vai ter que ser sem sexo. Não vou trair a Sakura.
— Que bom pra Sakura! E que péssimo pra ruiva e pra você! – Comentou Deidara.
— Eu amo a Sakura, Deidara. Não é sacrifício nenhu ficar longe da Karin, sexualmente falando.
— Você contou pra Sakura sobre Karin?
— Não achei necessário.
— Então, cuidado mano, se ela descobrir pode ficar com ciúmes.
— Se você não contar, ela não vai descobrir! Além disso, não tem nada demais, afinal a Sakura também transou com outra pessoa no tempo que ficamos longe.
— Se você acha... – Deidara deu de ombros.
[...]
No dia seguinte, após voltar a trabalhar, Sasori ligou para Karin. O ruivo precisava saber o motivo pelo qual ela o procurou durante suas férias. A mulher não quis dizer o motivo por telefone e pediu para que o amigo encontrasse com ela em seu apartamento no fim do dia. Sasori acatou o pedido. Quando chegou no apartamento, tocou a campainha e ouviu o grito de Karin mandando-o entrar porque a porta estava apenas encostada. Sasori seguiu a voz da ruiva até encontrá-la dentro da banheira, nua e chorando. O rímel estava todo borrado. Sasori ficou preocupado.
— O que aconteceu, Karin? – Perguntou sentado na borda da banheira e esqueceu que a amiga estava completamente nua. Afinal, aquele corpo não era novidade para ele.
— Ele brincou com meus sentimentos de novo. – Disse soluçando e Sasori entendeu tudo. O homem que Karin amava devia ter prometido a ela alguma coisa nos últimos dias e, novamente, havia a magoado.
— O que ele fez dessa vez? – Sasori perguntou sentindo pena da amiga. Odiava ver Karin daquele jeito, chorando por um idiota que traía a mulher com ela sempre que dava na telha, abusando dos sentimentos que ela sentia por ele.
— O que você acha? – Limpou as lágrimas com as mãos – Prometeu que pediria o divórcio e, mais uma vez, me chamou de burra por acreditar.
— Ah, Karin! Eu odeio ter que concordar com ele, mas você foi burra! Por que ainda acredita nele? Ele sempre mente pra comer você.
— Eu sei. Idiota. Idiota. Idiota. – Disse se xingando, enquanto escondia o rosto com as mãos.
— Termina o seu banho e eu te espero na sala pra gente conversar melhor, tá? – Sugeriu Sasori e ela então encarou.
— Tá bom. – Assentiu e Sasori saiu de lá.
Quando Karin apareceu na sala, vestia um pijama de calça e blusa de mangas compridas. Antes de começarem de fato uma conversa, Karin abraçou o amigo, que a apertou contra o peito. Ela parecia frágil.
— É bom ter você de volta! – Disse Karin para Sasori.
— Quando esse idiota brincou com você?
— Tem dois dias e eu ainda choro.
— Por que não me ligou? Você podia ter ligado.
— E atrapalhar suas férias? Não, obrigada. Aliás, como foi com a sua amada? Diga que pelo menos um de nós tem sorte no amor! – Tentou forçar um sorriso.
— Foi tudo muito bem. Agora, eu tenho uma namorada. – Falou sorridente.
— Parabéns, Sasori! Você merece! Queria ter a mesma sorte de encontrar um cara tão legal que me fizesse esquecer aquele filho da puta do Suigetsu.
— É esse o nome dele?
— É. Nunca tinha falado né?
— Não.
— Enfim, eu tenho que esquecer essa história. Mas, esquecendo a minha triste sina, como conseguiu recuperar o amor da Sakura?
— Falei tudo que sentia e pedi para que ela decidisse. E ela tava noiva quando eu cheguei lá. Até briguei com o cara.
— Garota de sorte, dois caras brigando por ela.
— Você vai gostar da Sakura, Karin.
— Ela vem pra Suna?
— Sim, mês que vem ela irá passar as férias comigo aqui.
— Que ótimo! Vou ser uma ótima amiga pra ela também! – Prometeu Karin.
— Karin, posso te pedir uma coisa?
— O que quiser!
— Não conta pra Sakura que a gente tinha uma amizade colorida? O Deidara comentou comigo que a Sakura pode sentir ciúmes e eu queria evitar brigas.
— Claro! Eu nunca que vou contar isso! Sei como uma mulher insegura pode agir.
— Sakura não é insegura, mas...
— Ela é uma mulher apaixonada! É normal, ainda mais por causa da distância, que ela venha a sentir ciúmes se a gente contar da nossa amizade colorida.
— Então você me entende?
— Sim! Nem precisava me pedir, porque eu nunca que ia ser tão sem noção pra contar!
— Obrigado, Karin!
[...]
Vovó Chiyo não ficou nada feliz com a decisão do neto de manter um namoro à distância. A senhora acreditava que a nova namorada do ruivo talvez pudesse persuadi-lo a deixar Suna em breve, ideia que ela abominava. Por isso, Chiyo resolveu que tomaria as suas providências para que esse namoro não durasse muito. Assim, o seu único neto poderia se casar com Shion – a única moça que ela achava adequada para o ruivo. A senhora ligou para a loira e pediu para que ela fizesse uma visita, enquanto Sasori estava trabalhando. Assim, poderia contar as novidades.
— Então, ele voltou de Konoha namorando a tal Sakura? – Perguntou Shion e Chiyo assentiu.
— Ele está completamente cego por esta moça, Shion. Peço para que me ajude a afastar meu neto dela.
— Mas o que eu posso fazer dona Chiyo?
— Tente reconquistá-lo! – Sugeriu.
— Eu já tentei. Agora que eles estão namorando será ainda mais difícil. – Lamentou Shion.
— Eu confio em você. No próximo mês, Sakura estará aqui em Suna. Talvez se você aparecer aqui em casa e fazer ciúmes? – Sugeriu e Shion sorriu.
— Ta aí. Essa pode ser uma boa ideia. Vou pensar em algo do gênero. Dona Chiyo, a senhora é brilhante! – Riu Shion. Ela já começara a mirabolar um plano para separar o casal.
[...]
Enquanto isso em Konoha...
Desde que Sakura terminou o noivado, a vida de Sasuke se tornou mais problemática do que já era. Se antes o Uchiha só tinha que se preocupar com os negócios da empresa de sua família, agora ele tinha que aguentar o eterno mau humor de seu pai mil vezes piorado porque o filho havia perdido a noiva.
Fugaku proibiu que o filho assumisse a presidência da sua empresa até que fosse um homem casado. Achava que Sasuke sustentava uma pose de garotão irresponsável e que só um matrimônio faria com que o filho fosse visto com outros olhos pelos seus sócios. Após Sakura dá um pé na bunda de Sasuke, Fugaku sugeriu ao filho que arranjasse uma nova noiva, mas o filho não quis.
— Ela vai me pagar! – Disse Sasuke e Itachi riu da cara do irmão.
— Você fala como se a Sakura fosse culpada por todos os seus problemas. – Disse Itachi.
— E ela é! – Esbravejou Sasuke.
— Só porque não te quis? Cara, ela já gostava do outro muito antes de você pedir a mão dela em casamento.
— Papai não vai me dar a presidência da empresa por causa disso.
— Não. Ele falou pra você arrumar outra esposa. Por que não arranja ao invés de ficar se lamuriando por causa da Sakura?
— Não tem outra garota como ela.
— Mas tem milhões de garotas diferentes! Deixa de ser trouxa!
— Eu vou, mas não antes de tentar acabar com esse namoro da Sakura!
— Pra que vingança, mano?
— Porque ela me trouxe problema com o papai. Só por isso. Esse namoro dela vai acabar! Escreve aí.
— Você é ridículo mesmo. – Debochou Itachi.
— Tava conversando com o bobo do Naruto outro dia e ele me disse que no próximo mês ela vai para Suna visitar o ruivo maldito.
— E o que vai fazer?
— Eu vou também só pra estragar esse romance.
[...]
No fim da noite, Sasori ligou para a namorada. Já estava morrendo de saudades dela. Precisava ouvir sua voz para poder dormir em paz e, dessa forma, sonhar com ela.
— Que saudade eu to sentindo da sua boca! – Confessou Sasori.
— Eu sei, meu amor. Também estou com saudades. Sua avó ficou feliz em saber de nós?
— Ficou, amor. Só que, assim como os seus pais, ela teme por causa da distância. No entanto, insisti para ela não se preocupar com isso porque nosso amor é forte.
— Estou ansiosa para conhecê-la!
— Ela também está, assim como meus amigos Deidara, Ino e Karin.
— Do Deidara e da Ino você já tinha falado comigo, mas quem é Karin?
— Uma amiga. Ela torceu muito para que nós nos acertássemos, Sakura.
— Que bom! Ela não é aquela ex-namorada que você falou né?
— Claro que não! Minha ex se chama Shion.
— Eu vou conhecer essa Shion aí também?
— Sinceramente, meu amor, eu espero que não.
— Só por que ela me odeia?
— Por que eu não acho fosse um encontro agradável para nenhum de nós.
— Você já viu essa Shion depois que voltou para Suna? – Perguntou interessada.
— Não e nem quero ver tão cedo. Melhor assim. E você viu o Sasuke?
— Também não. Quer dizer, ele até foi a loja, mas mamãe que o atendeu. Parece que ele está tendo problemas com o pai.
— Por causa do casamento não realizado?
— Exatamente! Parece que ele não poderá assumir a empresa, algo assim.
— Bem feito! – Comentou Sasori e Sakura riu.
— Meu amor, não precisa desejar mal ao Sasuke.
— Ele quis nos separar, amor! Não vou com a cara dele!
— Bem, eu preciso desligar porque amanhã trabalho. – Avisou Sakura.
— Mas já? – Lamentou Sasori.
— Amanhã nos falamos, meu amor!
— Posso te ligar assim que acordar?
— Claro que pode! Sonhe comigo viu?
— Você também, Sakura! Sonhe comigo!
— Eu te amo!
— Eu amo muito mais! – Disse Sasori e então desligaram. O casal nem imaginava quantos inimigos ainda teriam que enfrentar para ficarem definitivamente juntos.
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