Bendito acordou em cima de um colchão, no meio de uma sala. Ele virou-se para os lados, procurando o velho, que estava bem do seu lado, sentado numa cadeira de madeira enquanto bebia um gole de água. O velho abriu um sorriso animado quando o viu desperto.

— Você ainda está vivo! Isso é tão bom! – ele se levantou apressado e foi até a cozinha. Voltou trazendo um jarro d’água. – Tome! Você deve estar muito desidratado...

O meio monstro bebeu a água toda com muito gosto, e muito rápido. Logo o jarro estava vazio.

— Onde... onde eu estou? – perguntou Bendito. A casa onde estava era feita de tijolos, numa arquitetura árabe. Era diferente de tudo o que ele havia visto. – Que lugar é esse?

O semblante do velho entristeceu-se. Ele ficou quieto.

— Por favor, me diga. – disse Bendito. – Eu vim aqui através de árvores-máquina. Eu vim aqui atrás de saber o que são elas, de onde vem, pra que servem, por que me protegem...

— Você veio aqui através das minhas árvores? – ele se assustou.

— Sim. Eu e meu companheiro Querido. Mas ele sumiu desde que chegamos na última árvore, a árvore dos espelhos...

O velho começou a chorar. Lágrimas escorriam sob seu rosto, e um sorriso se abriu.

— Eu não acredito que alguém conseguiu chegar... Eu não acredito... Eu... Eu estou tão feliz...

Bendito não entendia nada. Aquele homem o abraçou.

— Obrigado... obrigado por ter vindo... – ele o segurava forte. – Alguém finalmente veio...

Eles ficaram abraçados por um tempo.

— Por favor, me explique tudo isso. – disse o meio monstro.

— Eu vou... é só que... eu nunca achei que... alguém conseguiria chegar até aqui. Eu estou tão feliz... Eu estou tão feliz. – e ele não parava de chorar.