No meio do caminho para investigar a origem dos restos de comida, Querido e Bendito encontraram a árvore de sol. Tiveram que deixar a pequena aventura de lado e subir para continuar sua jornada. Eles subiram, esperaram um pouco, e então Bendito desceu primeiro. Ele teve um susto quando a água espirrou na sua calça, mas o que viu em seguida o deixou paralisado. Querido desceu da árvore vagarosamente, para não se molhar.

Ao redor do pequeno e raso tanque onde a árvore se encontrava, o qual delimitado por um meio-fio de cimento, existia uma construção de dois andares, cheia de pequenos quartos, como se fosse um prédio de apartamentos. No meio dele havia um pátio a céu aberto, com azulejos coloridos, sujos de lama. Este pátio, no entanto, estava cheio de gente.

O grande grupo de pessoas encarava os dois meio monstros, com um ar surpreso e ameaçador. Bendito reconhecia alguns daqueles rostos dos programas de TV da polícia, onde ofereciam recompensas pela captura de um deles. Um silêncio tenso instalou-se no recinto, e ninguém ousava quebrá-lo. Bom, ninguém menos uma pessoa.

— Quem os mandou aqui? – uma velha saiu do meio do povo. Ela tinha um tapa-olho no olho esquerdo.

— Ninguém... – respondeu Querido. – Viemos por conta própria.

— Desde quando estão escondidos aí?

— A gente não estava. Acabamos de sair dessa árvore.

— Explique-se melhor.

— Podemos conversar em um canto mais fechado? – ventava bastante, sinal de que ia chover.

— Certo, certo. Me acompanhem, monstros. – ela também não queria se molhar.

E eles a seguiram.